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28/08/2023 20:17 Meio Ambiente, Social e Governança

Meio Ambiente, Social e Governança


Prof.ª Maria Eugênia dos Santos Buosi

Descrição

Apresentação das questões ambientais, sociais e de governança corporativa, envolvendo investimentos


responsáveis e finanças sustentáveis.

Propósito

Promover a reflexão sobre como a sustentabilidade pode impactar não somente as atividades das
empresas, mas também a forma como os investidores tomam suas decisões financeiras.

Objetivos

Módulo 1

Sustentabilidade e investimentos
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Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e os conceitos de investimento


sustentável.

Módulo 2

Investimentos responsáveis e regulação

Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias.

Módulo 3

Tendências e desafios
Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus
desafios e tendências.

meeting_room
Introdução
A maioria das pessoas já ouviu falar em sustentabilidade e muitas empresas, além de investidores, têm se
preocupado com esse tópico nos últimos anos.

Inicialmente, podemos pensar que isso tem apenas uma motivação ética ou de reputação, mas, na verdade,
o assunto tem ganhado mais força no mercado financeiro em função dos impactos que as questões
ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG) podem ter sobre vários aspectos, inclusive sobre a
rentabilidade das empresas em que estes agentes investem. É por isso que a agenda saiu das mesas dos
ambientalistas e foi parar no centro da discussão do setor financeiro.

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Neste conteúdo, vamos tratar com atenção cada uma destas dimensões. Primeiramente, vamos estudar
sobre a evolução da sustentabilidade ao longo do tempo e os mais recentes investimentos sustentáveis.
Depois, vamos aprender sobre os índices de sustentabilidade, aspectos da indústria e a regulação. Por fim,
vamos elencar as principais tendências e desafios do setor.

1 - Sustentabilidade e investimentos
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a evolução da sustentabilidade no
mercado de investimentos e os conceitos de investimento sustentável.

Evolução da sustentabilidade
Entre as três dimensões das questões ASG — ambientais, sociais e de governança corporativa —, a última
foi a primeira a ser incorporada pelos investidores. Fica claro quando entendemos que as ações de
governança são aquelas que influenciam como os conselheiros, diretores e demais executivos orientam as
decisões da empresa.

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Uma instituição com boas práticas de governança corporativa tem, portanto, uma melhor capacidade de
gestão e, por isso, espera-se que ela gere melhores resultados e maior valor para os seus acionistas (IBGC,
2015).

Hoje, podemos dizer que boa parte dos investidores institucionais, ou seja, organizações especializadas na
gestão de investimentos, já analisa a governança corporativa como parte das questões essenciais para a
escolha de empresas que vão compor, por exemplo, as suas carteiras de ações.

Comentário

De alguns anos para cá, especialmente a partir da década de 1990, as questões ambientais também
entraram na pauta. Os desafios ambientais, como o aumento da poluição e do desmatamento, as mudanças
climáticas e até mesmo desastres — como o que ocorreu em Brumadinho, MG — chamam a atenção para os
riscos que as questões ambientais podem representar para todos, mas especialmente, neste caso, para a
operação de uma empresa.

Finalmente, vários fatores levaram os temas sociais a serem considerados muito relevantes para as
empresas, como: o aumento do uso de mídias sociais até o envelhecimento da população e a entrada de
uma nova geração, os millennials, no mercado de trabalho.

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As questões sociais dizem respeito à maneira como essas organizações vão lidar com os seus
colaboradores, fornecedores, clientes etc. Afinal, uma empresa não é uma bolha fechada em si mesma.

Embora a sustentabilidade esteja só agora entrando nos debates financeiros, os conceitos ligados ao
desenvolvimento sustentável não são exatamente novos. O conceito oficial de desenvolvimento sustentável
foi definido em uma conferência das Nações Unidas, em 1987, e pode ser compreendido como:

Aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a


capacidade das gerações futuras de atender às suas necessidades.

(UNITED NATIONS, 1987)

Trazendo esse conceito para o universo financeiro, se usarmos mais recursos do que o nosso planeta é
capaz de regenerar, entraremos no “cheque especial” do nosso ecossistema.

Podemos pensar, inicialmente, que o conceito de desenvolvimento sustentável estaria na contramão do que
estudamos nos modelos econômicos tradicionais. De fato, existem algumas contradições.

Na economia, em muitos casos, consideramos as questões ambientais e sociais como variáveis externas
aos modelos, ou seja, que não têm relação com as projeções e análises (PENTEADO, 2010). Este, no
entanto, é um falso dilema.

A atenção para com o meio ambiente é fundamental para que tenhamos recursos,
como água e matérias-primas, destinados à produção, assim como os recursos
sociais (mão de obra) impactam a produção e o crescimento da economia.

A Universidade de Cambridge (CISL, 2015) estabeleceu um modelo que ilustra a lógica entre essas
dimensões e seus participantes, bem como as trocas que acontecem entre elas. No gráfico abaixo,
podemos observar que, para o funcionamento adequado e o crescimento da economia, precisamos dos
insumos ambientais e dos recursos sociais.

Em um olhar de longo prazo, começamos a discutir a sustentabilidade como uma forma de garantir
a perenidade das empresas. Veja:

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A lógica das relações entre meio ambiente, sociedade e economia.

As relações entre as áreas ambiental, social e econômica não dizem respeito apenas ao fornecimento de
insumos para a produção de bens e serviços. O resultado dessa produção também gera o que chamamos
de externalidades para a sociedade e o meio ambiente.

A poluição, as mudanças climáticas e outros fatores são exemplos dessas externalidades, que podem gerar
acidentes, prejuízos à saúde da população ou até mesmo mudanças estruturais que prejudiquem a
economia em longo prazo.

Exemplo

O agronegócio, com o apoio de alguns relatórios de instituições, como a Embrapa, busca medir o efeito
potencial das mudanças climáticas na agricultura brasileira.

De acordo com pesquisa, boa parte dos cultivos analisados apresenta um potencial de queda na produção,
dependendo do cenário de aumento médio de temperatura e o horizonte de tempo (EMBRAPA, 2008).

Em um país como o Brasil, que tem uma boa parte do PIB ligado ao agronegócio, os impactos das
mudanças climáticas podem representar uma queda no crescimento econômico.

Ao analisar esses impactos potenciais, os investidores entendem que as questões ASG podem representar
riscos à rentabilidade das suas carteiras e, por isso, aumentam a busca por informações que permitam que
estes profissionais consigam incorporar, também, tais riscos aos seus processos de análise de empresas e
decisão de alocação em carteira.

O aumento da demanda por informações ASG das empresas é crescente, segundo pesquisas de mercado,
como a da Ernst & Young (EY), que aponta que cerca de 90% dos investidores acredita que essas
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informações podem ser importantes no ajuste do valor atribuído às empresas (EY, 2018).

Esse movimento, que passou a tratar de temas ASG entre os investidores, ficou mais conhecido
como investimentos responsáveis. Nas próximas seções, abordaremos os principais conceitos, iniciativas e
práticas do mercado brasileiro e internacional sobre esta agenda.

Investimentos responsáveis

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A sustentabilidade na perspectiva do investidor
Saiba mais sobre a perspectiva do investidor sobre a sustentabilidade.

O conceito é mais amplo do que uma responsabilidade moral, já que também trata do dever que os
investidores institucionais têm com os seus clientes, de analisar de forma adequada os riscos das
empresas e outros ativos nos quais investem.

Se essas questões podem, de fato, impactar a capacidade das empresas de gerar resultados, é dever
desses profissionais considerá-las nas suas decisões. A esta responsabilidade, damos o nome de dever
fiduciário.

A seguir, discutiremos um pouco mais sobre como cada um desses fatores impacta o mercado de
investimentos, em seus diversos aspectos.

tivos
Consideramos ativos os bens que o investidor possui em carteira. São considerados exemplos dessa classe:
ações, títulos públicos do governo, dívidas de empresas (ex.: debêntures), cotas de fundos de investimento,
moedas, entre outras modalidades possíveis.
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Relevância: quais questões ASG são mais importantes?


Existem várias iniciativas que listam questões ambientais, sociais e de governança corporativa a serem
analisadas em um processo de investimento. Entre elas, podemos selecionar como exemplo a do próprio
PRI, adequada por se tratar de uma iniciativa orientada especificamente para este mercado.

A tabela a seguir mostra uma lista de alguns destes fatores, que não devem ser vistos como exclusivos. O
tópico é complexo, mas podemos considerá-lo um bom ponto de partida.

Ambiental Social Governança

Mudanças climáticas Direitos humanos Suborno e corrupção

Esgotamento de recursos
Escravidão moderna Remuneração de executivos
naturais

Diversidade e estrutura do Conselho de


Gestão de resíduos Trabalho infantil
Administração

Condições de
Poluição Lobby e doações políticas
trabalho

Relações
Desmatamento Estratégia tributária
trabalhistas

Exemplos de Fatores ASG.


Adaptado de PRI, 2020.

Diversos fatores ASG devem ser considerados, mas eles vão depender, basicamente, do que estamos
analisando. As questões mais relevantes no setor de petróleo, por exemplo, que têm impactos significativos
sobre o meio ambiente, não são as mesmas do setor de educação, com um impacto muito maior sobre os
aspectos sociais.

Chamamos de materialidade esse olhar setorial específico sobre as atividades de cada empresa para
determinar a relevância das questões ASG.

Vamos analisar uma empresa do setor de varejo: as Lojas Renner. Entre as questões ambientais, as mais
relevantes talvez sejam, por exemplo, o uso de energia nas lojas ou as emissões de gases de efeito estufa

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(GEE) da sua operação logística, como o transporte das mercadorias por caminhões a diesel, altamente
poluentes. No entanto, ao analisarmos os seus aspectos sociais, alguns pontos chamam a atenção.

assignment_late
1º ponto
O relacionamento com os fornecedores: sabemos que a cadeia de confecção está altamente exposta a
riscos de trabalho degradante ou análogo ao escravo. Como compradora, a Renner possui a
corresponsabilidade por estes fornecedores.

assignment_late
2º ponto
O relacionamento com o cliente: qualquer empresa no setor de varejo que lida diretamente com o
consumidor final precisa estar atenta às suas demandas, necessidades e satisfação, para garantir e
aumentar sua participação no mercado.

Entre as questões de governança corporativa, embora todas sejam relevantes, pode-se dar atenção extra à
forma como a empresa remunera seus executivos (se por metas exclusivamente de curto prazo ou
considerando aspectos mais estratégicos e de longo prazo) e seus programas de diversidade,
especialmente considerando a diversidade de gênero e classe social de seus consumidores.

Neste caso, ter representantes de diferentes públicos apoiando a elaboração da estratégia pode ser um bom
negócio para a companhia!

Mapear e controlar esses aspectos pode representar um custo adicional às empresas,


certo?

Sim, é verdade. E é justamente por isso que vários profissionais acreditam que a sustentabilidade reduz os
resultados das empresas. Esse é um dos principais mitos do investimento responsável e já existem várias
evidências contrárias a esse dilema.

Tomemos o exemplo citado há pouco, das Lojas Renner. O investimento em eficiência energética — troca de
iluminação por lâmpadas mais econômicas e regulação do ar condicionado — não traz benefício apenas
para o meio ambiente, mas reduz o custo de manutenção das lojas.

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Comentário

Projetos, como o de eficiência energética, muitas vezes se pagam em um curto espaço de tempo e podem
ser vantajosos para as empresas.

Outra questão que podemos analisar, no mesmo exemplo, é a gestão de fornecedores. Não podemos
negociar o aspecto ético de remuneração e condições de trabalho dignas dos funcionários do setor de
confecção. Esse é um custo que sequer deveria ser discutido.

Independente disso, o controle sobre os fornecedores reduz a chance de a empresa se envolver em um


escândalo sobre trabalho análogo ao escravo, como já vimos em algumas organizações do setor. Além de
pagar multas e indenizações, os danos à marca podem custar a fidelidade de clientes e a receita da
empresa.

A gestão da sustentabilidade, portanto, tem duas vantagens:

Preservar o valor das empresas, evitando riscos que podem prejudicar a receita, a reputação e gerar
passivos trabalhistas e em outras esferas cíveis e judiciais.

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Antecipar tendências e aumentar a geração de valor para os colaboradores, clientes, cadeia de fornecedores
e, por consequência, os acionistas.

É isso que vários estudos têm demonstrado estatisticamente. Uma pesquisa de Harvard aponta que as
empresas com boas práticas em sustentabilidade apresentam nível mais baixo de endividamento, maior
fidelidade de clientes e maiores indicadores de retorno (ECCLES, 2012).

No mesmo estudo, a avaliação de duas carteiras de ações, uma com as melhores e outra com as piores
empresas em sustentabilidade, demonstrou que o desempenho das ações também pode ter relação com as
questões ASG.

O próximo gráfico mostra o que teria acontecido se uma pessoa investisse um dólar em uma carteira de
ações com as melhores empresas em sustentabilidade versus a mesma quantia nas piores empresas nesse
quesito.

Desempenho de uma carteira teórica de ações com alto nível de sustentabilidade (high) e baixo nível de sustentabilidade (low).

Com o tempo, as questões ASG passaram a ser vistas pelos investidores como uma forma de avaliar a
gestão das companhias. Aquelas que estão preocupadas com a satisfação dos seus colaboradores, a
gestão adequada de fornecedores, o olhar para o meio ambiente e para a governança corporativa tendem a
realizar uma gestão mais madura de suas atividades.

Com isso, tendem a apresentar um desempenho melhor que seus concorrentes. É simples: empresa que
está no vermelho não pensa no verde!

Demanda dos clientes: qual é o tamanho do mercado ASG?

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Conforme o mercado conhece melhor as questões ASG e seus impactos, começa a surgir a demanda por
produtos que incluam essa agenda em seus processos de escolha de empresas e de alocação de recursos.

Globalmente, surge um mercado de investimentos socialmente responsáveis, ou SRI (socially responsible


investments). Os primeiros fundos dessa natureza surgiram ainda nos anos 1970 e 1980, mas foi na década
de 1990 que os investimentos responsáveis ganharam a primeira referência de mercado, por meio de
um índice de sustentabilidade.

Em 1999, foi lançado na bolsa de Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index (PRI, 2020).

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Qual das alternativas representa melhor o falso dilema entre o desenvolvimento sustentável e os
modelos econômicos tradicionais?

A Variáveis ambientais não têm relação direta com o desenvolvimento econômico.

Variáveis ambientais não são sequer consideradas como propulsoras do


B
desenvolvimento econômico.

Variáveis ambientais desempenham um papel maior do que deveriam nos modelos


C
econômicos.

Modelos econômicos são completamente incapazes de incorporar os fatores


D
ambientais.

E Os modelos tradicionais já consideram fatores de desenvolvimento sustentável.

Parabéns! A alternativa A está correta.

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Modelos econômicos tradicionais incorporavam as variáveis sociais e ambientais como externas


(exógenas) ao desenvolvimento econômico, de modo que não tinham impacto direto na economia.

Questão 2

De que maneira a gestão da sustentabilidade pode preservar o valor de uma empresa?

A Criando novas estratégias de marketing ambiental.

B Fidelizando mais os clientes.

C Trabalhando ativamente para gerar valor por meio de políticas ambientais.

Evitando os riscos associados a fatores ASG que prejudiquem receitas, reputação e


D
condições de trabalho.

E Aumentando seus custos.

Parabéns! A alternativa D está correta.

A preservação de valor ocorre por meio da redução dos riscos associados aos fatores ASG.

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2 - Investimentos responsáveis e regulação


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais índices sustentáveis e
tendências regulatórias.

Os índices de sustentabilidade
Índices de ações são a principal referência para sabermos a média de desempenho deste tipo de
investimento em determinado mercado. No Brasil, por exemplo, o principal índice de ações é o IBOVESPA,
que vemos anunciado todos os dias nos jornais e publicações do mercado financeiro.

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Quando ouvimos que um índice subiu ou caiu, isso significa que, em média, suas ações se valorizaram ou
desvalorizaram, respectivamente.

A criação de um índice de sustentabilidade tem como principal objetivo conferir a tese que apresentamos
neste documento. Se as ações de empresas com boas práticas em sustentabilidade tendem a ter uma
rentabilidade maior, poderia se esperar que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do
que os tradicionais do mercado.

Foi com esta intenção que surgiram os índices de sustentabilidade, que são carteiras teóricas de ações
escolhidas por suas iniciativas e indicadores ASG.

Mas afinal, para que serve um índice? expand_more

A partir desta referência teórica, gestores de investimentos podem espelhar ou se referenciar nessa
carteira e criar fundos de investimento compostos por estas ações.

Assim, pessoas físicas ou grandes investidores institucionais que queiram investir em empresas
mais sustentáveis podem alocar seus recursos nesses fundos de investimento.

Além do Dow Jones Sustainability Index, outros índices foram criados em diversos países do mundo,
inclusive no Brasil. A B3 lançou em 2005, ainda como Bovespa, o índice de sustentabilidade empresarial
(ISE), que há 17 anos avalia as empresas listadas no mercado brasileiro em diversos aspectos da
sustentabilidade. O processo de construção do ISE segue as seguintes etapas:

As empresas listadas na B3 são convidadas a participarem do processo de seleção da


carteira do ISE.

Para as que aceitam, é enviado um questionário que avalia as práticas da empresa em sete
dimensões (B3, 2020).

Sete dimensões

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Dimensão Definição

Compromissos com o desenvolvimento sustentável, alinhamento às boas

Geral práticas de sustentabilidade, transparência das informações corporativas e


práticas de combate à corrupção.

Impactos pessoais e difusos (para toda a sociedade e o meio ambiente)


Natureza do produto dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas, adoção do princípio da

precaução e disponibilização de informações ao consumidor.

Relacionamento entre sócios, estrutura e gestão do conselho de


Governança
administração, processos de auditoria e fiscalização, práticas relacionadas
corporativa
à conduta e a conflito de interesses.

Econômico-financeira
Políticas corporativas (normas e procedimentos internos), gestão
Ambiental (iniciativas e processos), desempenho (indicadores e metas) e

cumprimento legal.
Social

Política corporativa, gestão, desempenho e nível de abertura das

Mudança do clima informações sobre o tema (quanto a empresa divulga ao mercado sobre as
suas iniciativas e como mede a sua exposição a questões climáticas).

Dimensões do ISE.
Adaptado de B3, 2020.

Após a consolidação das notas, as empresas são submetidas à aprovação do conselho


deliberativo do ISE, CISE, composto por profissionais que representam as associações de
empresas, de instituições financeiras e da sociedade civil.

A carteira teórica é definida e divulgada ao público. Ela vale por um ano, de janeiro a
dezembro.

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A B3 monitora e divulga diariamente a valorização do índice, calculado com base no preço


das ações que compõem a carteira.

Além do ISE, a B3 também possui um índice que olha exclusivamente para as questões climáticas. É
o índice carbono eficiente (ICO2), que compõe a sua carteira teórica a partir de um cálculo que usa como
referência as emissões de gases de efeito estufa das empresas.

Outros índices no mercado internacional possuem características distintas. Na bolsa de Londres, por
exemplo, o FTSE4GOOD é um índice de sustentabilidade que avalia não somente as iniciativas das
empresas, mas as classifica de acordo com o risco setorial em relação às questões de sustentabilidade
(FTSE, 2013).

É outra forma de olhar a materialidade, usada na composição de um índice. Veja a seguir a classificação de
riscos ASG usada no Reino Unido:

3. Alto expand_more

Agricultura;

Transporte aéreo;

Aeroportos;

Materiais de construção;

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Químicos e farmacêuticos;

Construção;

Engenharia de grandes sistemas;

Cadeias de fastfood;

Alimentos, bebidas e tabaco;

Florestas, papel e celulose;

Mineração e metais;

Petróleo e gás;

Geração de energia;

Logística terrestre e marítima;

Supermercados;

Produção automobilística;

Gestão de resíduos;

Água;

Controle de pragas.

2. Médio expand_more

Construção Do It Yourself (DIY);

Equipamentos elétricos e eletrônicos;

Distribuição de energia e combustíveis;

Engenharia e equipamentos pesados;

Indústria financeira;

Hotelaria, catering e facilities;

Indústria manufatureira;

Portos;

Impressão e publicação de jornais;

Incorporadoras;

Varejistas;

Aluguel de veículos;

Transporte público.

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1. Baixo expand_more

Tecnologia de informação;

Mídia;

Financiamento ao consumo;

Investidores em propriedade;

Pesquisa e desenvolvimento;

Atividades de lazer e esporte;

Serviços de suporte;

Telecom;

Distribuidores atacadistas.

Os índices são uma alternativa para o desenvolvimento de produtos de investimento. Em todo o mundo,
aumenta significativamente o número de investidores e o volume de recursos que adota o olhar para os
riscos e oportunidades ASG, entre as suas práticas de investimento.

Esses investimentos não acontecem somente no mercado de ações, e são adotados até mesmo por
investidores globais na compra de títulos públicos, comparando as políticas públicas de sustentabilidade
entre os países em que podem investir.

Atenção!

É importante analisarmos esse mercado para entender os riscos, bem como as oportunidades de negócios
que surgem da integração ASG.

A indústria de investimentos responsáveis no mundo


Aqui, vamos dar um passo importante para entender não apenas o que são investimentos responsáveis,
mas como investidores usam informações ASG para decidir em quais ativos investir.

Embora falamos bastante sobre mercado de ações, estes processos de investimento podem valer para
diferentes modalidades de investimento.

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Investimentos responsáveis
Saiba mais sobre as estratégias de investimentos responsáveis.

Em todo o mundo, crescem anualmente os recursos direcionados a essas estratégias de investimento.


A Global Sustainable Investment Alliance (GSIA) aponta para um crescimento de 34% do volume de recursos
que adotam estratégias de investimento responsáveis em regiões desenvolvidas.

Na mesma publicação, são apresentados aumentos expressivos nas estratégias de produtos temáticos
(+269%), best in class (+125%), investimento de impacto (+79%) e integração (+69%), todas avaliadas entre
os anos de 2016 e 2018. Veja:
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Ativos (em US$ bilhões)


Região
2016 2018 Cresc. %

Europa $12.040 $14.075 16,90%

EUA $8.723 $11.995 37,51%

Japão $474 $2.180 359,92%

Canadá $1.086 $1.699 56,45%

Austrália/ NZ $516 $734 42,25%

TOTAL $22.839 $30.683 34,34%

Volume de ativos que adotam estratégias ASG.


Adaptado de GSIA, 2018.

No Brasil, ainda temos poucas opções para os investidores que desejam direcionar seus recursos para a
sustentabilidade. Na pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais (ANBIMA), os gestores dizem que as principais estratégias adotadas são o best in class, por 30%, e
as exclusões, por cerca de 27% das instituições (ANBIMA, 2018).

Para que a agenda avance no Brasil, assim como em outras regiões no mundo, é preciso que o mercado de
investimento inove, tanto nos processos de análise como na criação de novos produtos de investimento.

Como este é um assunto relativamente novo, a cooperação entre os vários agentes do mercado é
fundamental. No mundo, diversos grupos de trabalho, iniciativas colaborativas e acordos voluntários

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debatem a agenda ASG, mas uma em especial é orientada para o mercado de investimentos: o PRI.

Os princípios para o investimento responsável (PRI)


O PRI foi uma iniciativa que já começou grande. Lançado oficialmente em 2006, na Bolsa de Valores de
Nova Iorque, os princípios foram apoiados pelas Nações Unidas, na época representadas pelo secretário-
geral Koffi Annan, e contaram com a organização de 20 dos maiores investidores globais.

A ideia desses investidores foi lançar um conjunto de princípios voluntários, mas que trouxessem o
compromisso dessas instituições com a agenda ASG.

Os seis princípios falam da consideração de questões ASG na decisão de investimento, da influência na


adoção de melhores práticas pelas empresas, do trabalho colaborativo entre investidores e da transparência
ao mercado. Esses principios são:

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Princípio 1

Incorporaremos as questões ASG às análises e aos processos de decisão de investimentos.

Princípio 2

Seremos proprietários ativos e incorporaremos os temas de ASG às nossas políticas e


práticas de detenção de ativos.

Princípio 3

Buscaremos a transparência adequada nas entidades em que investimos quanto às questões


ASG.

Princípio 4

Promoveremos a aceitação de implementação dos princípios dentro da indústria de


investimentos.

Princípio 5

Trabalharemos em conjunto para ampliar a eficácia na implementação dos princípios.

Princípio 6

R t ti id d
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Reportaremos nossas atividades e progresso em relação à implementação dos princípios.

A seguir, saiba mais sobre as características dos proprietários e gestores de ativos, bem como dos
prestadores de serviços financeiros:

Proprietários de ativos

Nesta categoria, em geral, estamos falando de grandes investidores institucionais, como fundos de
pensão — públicos ou privados —, fundações, famílias com grandes fortunas e outras instituições que são
detentoras de recursos de investimentos.

Gestores de ativos

Nesta categoria, encaixam-se instituições especializadas na gestão de recursos de terceiros. Esses


gestores podem, inclusive, administrar fundos ou produtos que recebam os recursos dos proprietários de
ativos. Mas, também, podem criar produtos para o mercado de varejo, recebendo investimentos diretos de
pessoas físicas, por exemplo.

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Prestadores de serviços financeiros

Consultorias, agências de informação, bolsas de valores e outras instituições ligadas ao mercado de


investimentos podem aderir ao PRI nesta categoria.

E por que o PRI é tão importante?

Além de ter sido um dos primeiros acordos voltados para o setor financeiro, a força dos investidores
institucionais que o apoiaram gerou um movimento positivo que ampliou rapidamente o número de
signatários do acordo e o volume de recursos que passou a se comprometer com a agenda ASG.

Em 2020, o PRI atingiu a marca de 3 mil signatários, que respondem por cerca de US$90 trilhões em ativos
sob gestão.

No mercado brasileiro, o PRI ganhou força desde o início do acordo. Tendo a Previ — fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil — como um dos 20 apoiadores iniciais, o Brasil foi o primeiro a estruturar
uma rede local de signatários do PRI, em 2007.

O modelo brasileiro espelhou a criação de nove outras redes locais, para que investidores possam
considerar as particularidades de seus mercados no processo de debate e integração ASG. Atualmente, o
Brasil possui 65 signatários do PRI.

Regulação: como o ASG saiu do voluntário para o


regulatório

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Quando investidores trazem novos temas para a mesa, é natural que os reguladores queiram se informar
sobre a situação. É assim com diversos temas, e com o ASG não foi diferente. No mundo todo, bancos
centrais e comissões de valores mobiliários, os principais órgãos que regulam as operações financeiras,
articulam-se para entender melhor a agenda ASG e trazê-la para os seus instrumentos de supervisão do
sistema financeiro.

Um estudo das Nações Unidas afirma que as regulações do sistema financeiro que abordam as questões
ASG dobraram entre 2013 e 2017 (UNEP-FI, 2018). O PRI, da mesma forma, observa um aumento expressivo
destas regulações, orientado especificamente para o mercado de investimentos, veja:

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Número cumulativo de intervenções regulatórias em relação às questões ASG.

A tendência de aumento da regulação sobre o tema não deve ser modificada nos próximos anos. Em
diversas regiões, o debate já faz parte das agendas do setor público e, especialmente, do setor financeiro.
Em 2017, foi estabelecida uma rede internacional de Bancos Centrais e Supervisores, a NGFS (Network for
Greening the Financial System, ou Rede para um Sistema Financeiro mais Verde, em tradução livre).

A iniciativa já conta com 54 membros dos cinco continentes, que representam mais de 57% do PIB Global. O
Banco Central do Brasil aderiu ao NGFS em 2020.

Uma vez que essas iniciativas se traduzam em novas regulações, aumentará o controle sobre os gestores
de recursos e, esperamos, sobre as empresas investidas. Até este momento, a maior parte das regulações

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é orientativa, ou seja, indica de forma ampla e sem critérios específicos que os investidores devem atentar
para os riscos ASG na sua estratégia de investimentos.

A evolução dessa tendência é definir quais são os temas e indicadores a serem monitorados e reportados
aos supervisores e ao mercado.

No mercado local, existem algumas regulações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional que devem ser
destacadas:

Resolução 4.327/2014 do Conselho Monetário Nacional (CMN) expand_more

É aplicável a todas as instituições que reportam ao Banco Central, desde os grandes bancos até
cooperativas de crédito, bancos de investimento, corretoras de valores etc.

É a principal regulação do Sistema Financeiro Nacional sobre o tema, traz a necessidade de as


instituições possuírem uma Política de Responsabilidade Socioambiental (PRSA) e um sistema de
gerenciamento do risco socioambiental.

Instrução CVM 552 expand_more

Orientada às companhias listadas na B3, coloca entre os itens a serem divulgados em seus
documentos regulatórios, especialmente o formulário de referência, questões relacionadas aos
riscos socioambientais das companhias, atendimento a regulação socioambiental e instrumentos
usados para a divulgação de informações ASG ao mercado.

Resolução 4.661/2018 do CMN expand_more

Orientada às entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), ou fundos de pensão, como


são conhecidos no mercado, a resolução orienta que, sempre que possível, as entidades observem
as questões ASG em seus processos de investimento.

Instrução 6/2018 da PREVIC expand_more

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A Superintendência Nacional de Previdência Complementar, responsável pela supervisão das EFPC,


emitiu, em complemento à Resolução 4.661/2018, uma instrução que orienta a adoção das questões
ASG pelos fundos de pensão, sugerindo que estas adotem um olhar setorial para os riscos desta
natureza.

ormulário de referência
O formulário de referência é um documento de divulgação obrigatória, exigido pela comissão de valores
mobiliários (CVM), no qual a empresa divulga as principais informações sobre suas práticas de gestão,
resultados financeiros, fatores de risco, atendimento à regulação e outras políticas relevantes.

O recado é claro: aos investidores que ainda não consideram os temas ASG de forma estratégica, a questão
está, cada vez mais, migrando para uma agenda obrigatória. Antecipar a regulação costuma custar menos
às instituições, que têm mais tempo para implementar estratégias, processos e controles.

Além disso, quem já possui experiência no tema consegue, inclusive, debater com o regulador para dizer o
que de fato funciona e o que torna inviável o processo de investimento. De qualquer forma, o processo
parece ser cada vez mais inevitável.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Assinale a alternativa que aponta o principal objetivo da elaboração de um índice de empresas


sustentáveis:

A Criação de um fundo de empresas sustentáveis.

A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do que os


B
índices tradicionais do mercado.

A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse menos do que


C
os tradicionais do mercado.

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O fato de servir apenas para pesquisas na área de sustentabilidade.


D

E Permitir que os investidores identifiquem empresas sustentáveis.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Destacamos que eles foram criados para indicar a valorização de empresas que respeitam as ASG.

Questão 2

No que consiste a estratégia de investimentos responsáveis de impacto?

A Consiste na avaliação da performance financeira e dos indicadores ASG.

Consiste em utilizar o poder de acionista ou investidor institucional para influenciar


B
boas práticas.

C Consiste em definir as melhores empresas do setor de sustentabilidade.

Consiste em direcionar recursos exclusivamente para setores ou empresas


D
sustentáveis.

E Consiste em investir em empresas não sustentáveis.

Parabéns! A alternativa A está correta.

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Existem diversas estratégias de desenvolvimento de investimento responsável. Uma delas é a


estratégia de impacto, que envolve a avaliação não só da performance financeira, mas dos indicadores
ASG — como emprego, renda e redução de emissões de GEE.

3 - Tendências e desafios
Ao final deste módulo, você será capaz de definir caminhos possíveis para a integração da
sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus desafios e tendências.

Tendências das questões ASG


Embora tudo que dissemos até agora mostre que já avançamos no entendimento da sustentabilidade pelas
empresas e pelos investidores, ainda há muito a ser feito. Este é um tema em constante evolução,
influenciado pelo aumento do conhecimento científico e pelas mudanças da nossa sociedade.

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Com isso, surgem novos olhares para o ASG, que buscam orientar as políticas públicas, as práticas das
empresas e, por consequência, as decisões financeiras. Alguns desses tópicos são explicados neste
módulo, mas não concentram todo o debate em torno da sustentabilidade, que é muito mais complexo.

video_library
Objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS)
Conheça agora os objetivos do desenvolvimento sustentável.

As mudanças climáticas e a TCFD


Entre todos os temas das questões ASG, as mudanças climáticas têm chamado mais atenção,
especialmente no setor financeiro e em países desenvolvidos.

Podemos considerar algumas razões para isso. Em primeiro lugar, as economias desenvolvidas estão
menos expostas às questões sociais que atingem outros países, como o Brasil, e, dessa forma, acabam
direcionando suas atenções para as questões ambientais.

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Além disso, os efeitos das mudanças climáticas podem impactar severamente não apenas o meio
ambiente, como a própria sociedade. Eventos climáticos, como furacões e enchentes, tendem a atingir mais
regiões, impactando populações e gerando prejuízos à economia.

O principal grupo de debate sobre as mudanças climáticas é o Painel Intergovernamental de Mudanças


Climáticas (Intergovernamental Pannel on Climate Change, ou IPCC).

Esse grupo de cientistas de todo o mundo realiza estudos para avaliar em que nível
estamos em relação ao aumento médio de temperatura no planeta, quais as
perspectivas para as próximas décadas e os efeitos adversos desse aumento.

Quando falamos de um aumento médio de 2°C de temperatura, podemos achar que é pouca coisa, certo?
Mas vamos fazer um paralelo: o que acontece com o seu corpo se a sua temperatura aumentar em 2°C?

Você fica com febre. Agora, imagine se esse aumento for de 4°C? Você precisa correr para o hospital! O
mesmo ocorre com o nosso planeta. Os efeitos de um aumento de temperatura média, ainda que pequeno,
podem ser desastrosos para muitos países.

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Para entender como esses riscos podem impactar a economia, o Financial Stability Board (FSB),
responsável pela regulação do sistema financeiro internacional, criou uma força-tarefa para desenvolver
recomendações para empresas e para o setor financeiro avaliarem e divulgarem os seus riscos climáticos.

A Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas (Task-Force for Climate-
related Financial Disclosures, ou TCFD). No mercado, a TCFD é chamada apenas pela sigla.

A importância da TCFD foi levar para o setor financeiro um conjunto de recomendações que permitem às
empresas avaliarem sua exposição aos riscos climáticos, mas também identificarem oportunidades de
negócios relacionadas ao tema.

As recomendações se organizam em 4 dimensões: a governança das instituições, ou seja, como as


lideranças estão olhando para as questões climáticas; a forma como os impactos reais são considerados
na estratégia; os processos de análise e gestão de riscos climáticos; e as métricas e metas estabelecidas
para a redução da exposição a estes riscos (TCFD, 2020).

A TCFD esclarece os potenciais riscos e as oportunidades que advêm da preocupação com a questão
climática. Com isso, bancos, investidores e seguradoras podem analisar mais detalhadamente esses riscos
em suas operações financeiras, veja:

Riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados às mudanças climáticas.

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A partir das recomendações da TCFD, muitos investidores passaram a fazer análises dos possíveis
prejuízos que suas empresas investidas teriam com o aumento dos impactos das mudanças climáticas, por
exemplo.

O tema tomou uma proporção tão grande que, hoje, até mesmo os bancos centrais já estudam uma forma
de inserir essa agenda nas suas próximas regulações.

Os desafios da sustentabilidade e como enfrentá-los


Afinal, se tudo que apresentamos é tão importante, por que ainda temos tanta polêmica quando falamos em
sustentabilidade? Por que governos, empresas e instituições financeiras ainda têm dúvidas sobre a
relevância deste tema?

Podemos começar pelo fato de que é difícil medir a sustentabilidade. Especialmente em um modelo
econômico tradicional, em que tudo é medido e priorizado pelo seu impacto na forma de cálculos, essas
questões ainda são um pouco abstratas para os líderes empresariais e financeiros.

Conforme avançamos no debate, vamos desenvolvendo conhecimento, fazendo contas e chegando aos
resultados que ajudam a convencer essas lideranças, mas ainda estamos trilhando esse caminho.

Comentário

Outra dificuldade é que este não é um tema para o qual podemos prescrever uma receita única, que se
aplique a todos os setores e empresas. A sustentabilidade exige uma reflexão para encontrar a
materialidade e os riscos específicos de cada organização, o que é mais complicado quando ainda não
existe tanto conhecimento sobre o tema.

Além do desafio em estabelecer essa materialidade, temos que considerar também que os investidores
precisam tomar decisões que exigem que os dados e informações analisados sejam comparáveis. Nas
demonstrações financeiras, isso ocorre com alguma facilidade, mas este não é o caso das informações
ASG.

Indicadores não são padronizados e não existe uma regulação específica que diga exatamente o que as
empresas devem informar sobre suas iniciativas e resultados nas questões de sustentabilidade.

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Alguns movimentos tentam endereçar esses desafios e já promovem bons avanços. É o caso das iniciativas
de relatórios de sustentabilidade, que criam padrões para apoiar as empresas nessa divulgação.

Os próprios reguladores têm se articulado para aumentar a padronização de dados ASG nas empresas,
facilitando a vida de analistas e gestores de investimentos.

O fundamental é ter consciência de que este é um caminho sem volta. Para atingirmos patamares mais
sustentáveis em nossa sociedade, precisamos, em primeiro lugar, nos informar sobre este tema e debater a
respeito nas universidades, empresas e no setor financeiro.

Os impactos da sustentabilidade não ocorrem em outro lugar, distantes de nós. É uma discussão que nos
envolve diretamente e precisa da colaboração de todos para mudarmos o tom dessa conversa.

Ainda há muito caminho a ser percorrido, mas estamos na direção correta. Precisamos apenas aumentar a
velocidade, e isso se faz com conhecimento e colaboração.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

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Entre todos os temas das questões ASG, qual aspecto tem sido mais debatido e chamado mais a
atenção de governos e investidores dos países desenvolvidos nos últimos anos?

A Aspecto ambiental

B Aspecto social

C Aspecto de governança corporativa

D Aspecto das grandes empresas

E Aspecto financeiro

Parabéns! A alternativa A está correta.

Conforme falamos, o aspecto ambiental chama mais a atenção de diferentes atores, pois, entre outros
fatores, países desenvolvidos apresentam questões sociais menos urgentes, de modo que podem focar
em políticas ambientais.

Questão 2

Qual dessas dificuldades NÃO está associada aos desafios da sustentabilidade?

A A sustentabilidade é difícil de ser medida.

B Não há uma forma única de dimensionar a sustentabilidade.

C É difícil comparar políticas sustentáveis.

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D A sustentabilidade depende do ponto de vista.

E A não importância da sustentabilidade para o desenvolvimento.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Durante o conteúdo, estabelecemos que as principais dificuldades enfrentadas pelos defensores de


uma agenda sustentável concernem à medição e à comparação de medidas.

Considerações finais
Trouxemos o debate das questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG).

No primeiro módulo, destacamos como ocorreu a evolução da sustentabilidade como a conhecemos hoje e
definimos os investimentos responsáveis. Com isso, trouxemos uma visão ampla sobre a relação entre
finanças e sustentabilidade.

No segundo módulo, abordamos os diferentes índices de sustentabilidade e das suas principais funções, e
falamos sobre a importância do papel regulatório para o setor. Por fim, trouxemos os principais desafios e
tendências das questões ASG, adequando o debate aos dias atuais.

Agora você compreendeu a importância de aprofundarmos o debate de sustentabilidade, baseados nos


aspectos econômicos e financeiros que regem as economias dos países contemporâneos.

headset
Podcast
Para encerrar, ouça agora um resumo dos principais pontos abordados neste conteúdo.

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Acesse o site do Pacto Global – Rede Brasil, para se aprofundar ainda mais sobre as questões discutidas.

Pesquise sobre os princípios para o investimento responsável.

Pesquise na Internet artigos sobre a iniciativa econômica voltada para o meio ambiente.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIROS E DE CAPITAIS – ANBIMA. 2ª
Pesquisa de sustentabilidade: engajamento de questões ambientais, sociais e de governança na análise de
investimento de gestores de recursos. São Paulo: ANBIMA, 2018.

B3. ISE: processo de seleção. Consultado na internet em: 5 jul. 2020.

BUOSI, M. E. Integração ASG (questões ambientais, sociais e de governança) à análise de investimentos.


In: COMISSÃO de Valores – CVM & Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos no Mercado
de Capitais ‒ APIMEC. Livro TOP análise de investimentos. Rio de Janeiro: CVM, 2017.

CISL. Rewiring the economy. Cambridge: University of Cambridge Institute for Sustainable Leadership, 2015.

ECCLES, R. G. et al. The impact of a corporate culture of sustainability on corporate behavior and
performance. Working Paper, Harvard Business School, 2011.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Aquecimento global e a nova geografia


da produção agrícola no Brasil. São Paulo: Cepagri/Unicamp, 2008.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/00101/index.html# 42/44
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ERNEST & YOUNG ‒ EY. Does your nonfinancial reporting tell your value creation story? 2018.

FINANCIAL TIMES STOCK EXCHANGE SUSTAINABILITY INDEX – FTSE4GOOD. FTSE4Good index inclusion
criteria: thematic criteria and scoring Framework. FTSE, 2013.

GLOBAL SUSTAINABLE INVESTMENT ALLIANCE – GSIA. Global Sustainable Investment Review, 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA ‒ IBGC. Código de melhores práticas de


governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. 17 Objetivos para Transformar Nosso Mundo, 2020.
Consultado na internet em: 6 jul. 2020.

PENTEADO, H. Ecoeconomia — uma nova abordagem. São Paulo: Lazuli, 2010.

PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What is responsible investment? 2020a. Consultado
na internet em: 5 jul. 2020.

PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What are the principles for responsible
investment? 2020b. Consultado na internet em: 5 jul. 2020.

TASK-FORCE FOR CLIMATE-RELATED FINANCIAL DISCLOSURE – TCFD. Recomendações da força-tarefa


para divulgações financeiras relacionadas às mudanças climáticas. Tradução das recomendações
internacionais, Brasil, 2020.

THE CENTRAL BANKS AND SUPERVISORS NETWORK FOR GREENING THE FINANCIAL SYSTEM – NGFS.
In: NGFS Annual Report 2019, 2020.

UNITED NATIONS. Our common future. Genebra: United Nations, 1987.

UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI. Making waves: aligning


the financial system with sustainable development. Genebra: UNEP-FI, 2018a.

UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI.. Rethinking Impact to


Finance the SGDs. Genebra: UNEP-FI, 2018b.

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