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PROPÓSITO
Promover a reflexão sobre como a sustentabilidade pode impactar não somente as atividades
das empresas, mas também a forma como os investidores tomam suas decisões financeiras.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
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Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e os conceitos de
investimento sustentável
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A maioria das pessoas já ouviu falar em sustentabilidade e muitas empresas, além de
investidores, têm se preocupado com esse tópico nos últimos anos.
Inicialmente, podemos pensar que isso tem apenas uma motivação ética ou de reputação,
mas, na verdade, o assunto tem ganhado mais força no mercado financeiro em função dos
impactos que as questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG) podem
ter sobre vários aspectos, inclusive sobre a rentabilidade das empresas que estes agentes
investem. É por isso que a agenda saiu das mesas dos ambientalistas e foi parar no centro da
discussão do setor financeiro.
Neste tema, vamos tratar com atenção de cada uma dessas dimensões. Primeiramente, vamos
estudar sobre a evolução da sustentabilidade ao longo do tempo e os mais recentes
investimentos sustentáveis. Depois, vamos aprender sobre os índices de sustentabilidade,
aspectos da indústria e a regulação. Por fim, vamos elencar as principais tendências e desafios
do setor.
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MÓDULO 1
EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
Entre as três dimensões das questões ASG — ambientais, sociais e de governança corporativa
—, a última foi a primeira a ser incorporada pelos investidores. Fica claro quando entendemos
que as ações de governança são aquelas que influenciam como os conselheiros, diretores e
demais executivos orientam as decisões da empresa.
Uma instituição com boas práticas de governança corporativa tem, portanto, uma melhor
capacidade de gestão e, por isso, espera-se que ela gere melhores resultados e maior valor
para os seus acionistas (IBGC, 2015).
Hoje, podemos dizer que boa parte dos investidores institucionais, ou seja, organizações
especializadas na gestão de investimentos, já analisa a governança corporativa como parte
das questões essenciais para a escolha de empresas que vão compor, por exemplo, as suas
carteiras de ações.
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COMENTÁRIO
De alguns anos para cá, especialmente a partir da década de 1990, as questões ambientais
também entraram na pauta. Os desafios ambientais, como o aumento da poluição e do
desmatamento, as mudanças climáticas e até mesmo desastres — como o que ocorreu
recentemente em Brumadinho — chamam a atenção para os riscos que as questões
ambientais podem representar para todos, mas especialmente, neste caso, para a operação de
uma empresa.
Finalmente, vários fatores levaram os temas sociais a serem considerados muito relevantes
para as empresas, como, por exemplo: o aumento do uso de mídias sociais até o
envelhecimento da população e a entrada de uma nova geração, os millenials, no mercado de
trabalho.
As questões sociais dizem respeito à maneira como essas organizações vão lidar com os seus
colaboradores, fornecedores, clientes etc. Afinal, uma empresa não é uma bolha fechada em si
mesma.
Trazendo esse conceito para o universo financeiro, isso significa que, se usarmos mais
recursos do que o nosso planeta é capaz de regenerar, entraremos no “cheque especial” do
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nosso ecossistema.
A atenção para com o meio ambiente é fundamental para que tenhamos recursos, como água
e matérias-primas, destinados à produção, assim como os recursos sociais (mão de obra)
impactam a produção e o crescimento da economia.
A Universidade de Cambridge (CISL, 2015) estabeleceu um modelo que ilustra a lógica entre
essas dimensões e seus participantes, bem como as trocas que acontecem entre elas. Na
Figura 1, podemos observar que, para o funcionamento adequado e o crescimento da
economia, precisamos dos insumos ambientais e dos recursos sociais.
Fonte:Shutterstock
Figura 1 ‒ A lógica das relações entre meio ambiente, sociedade e economia. Fonte: CISL,
2015, tradução livre.
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As relações entre as áreas ambiental, social e econômica não dizem respeito apenas ao
fornecimento de insumos para a produção de bens e serviços. O resultado dessa produção
também gera o que chamamos de externalidades para a sociedade e o meio ambiente.
A poluição, as mudanças climáticas e outros fatores são exemplos dessas externalidades, que
podem gerar acidentes, prejuízos à saúde da população ou até mesmo mudanças estruturais
que prejudiquem a economia em longo prazo.
EXEMPLO
Podemos trazer como exemplo o agronegócio, com o apoio de alguns relatórios de instituições,
como a Embrapa, que buscam medir o efeito potencial das mudanças climáticas na agricultura
brasileira.
De acordo com a pesquisa, boa parte dos cultivos analisados apresenta um potencial de queda
na produção, dependendo do cenário de aumento médio de temperatura e o horizonte de
tempo (EMBRAPA, 2008).
Em um país como o Brasil, que tem uma boa parte do PIB ligado ao agronegócio, os impactos
das mudanças climáticas podem representar uma queda no crescimento econômico.
Ao analisar esses impactos potenciais, os investidores entendem que as questões ASG podem
representar riscos à rentabilidade das suas carteiras e, por isso, aumentam a busca por
informações que permitam que estes profissionais consigam incorporar, também, estes riscos
aos seus processos de análise de empresas e decisão de alocação em carteira.
O aumento da demanda por informações ASG das empresas é crescente, segundo pesquisas
de mercado como a da Ernst & Young (EY), que aponta que cerca de 90% dos investidores
acredita que estas informações podem ser importantes no ajuste do valor atribuído às
empresas (EY, 2018).
Esse movimento, que passou a tratar de temas ASG entre os investidores, ficou mais
conhecido como investimentos responsáveis. Nas próximas seções, abordaremos os
principais conceitos, iniciativas e práticas do mercado brasileiro e internacional sobre esta
agenda.
INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS /
O conceito é mais amplo do que uma responsabilidade moral, já que também trata do dever
que os investidores institucionais têm com os seus clientes, de analisar de forma adequada os
riscos das empresas e outros ativos em que investem.
ATIVOS
Se essas questões podem, de fato, impactar a capacidade das empresas de gerar resultados,
é dever desses profissionais considerá-las nas suas decisões. A esta responsabilidade, damos
o nome de dever fiduciário.
A seguir, discutiremos um pouco mais sobre como cada um desses fatores impacta o mercado
de investimentos, em seus diversos aspectos.
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Existem várias iniciativas que listam questões ambientais, sociais e de governança corporativa
a serem analisadas em um processo de investimento. Entre elas, podemos selecionar como
exemplo a do próprio PRI, adequada por se tratar de uma iniciativa orientada especificamente
para este mercado.
A Tabela 1, a seguir, mostra uma lista de alguns destes fatores, que não devem ser vistos
como exclusivos. O tópico é complexo, mas podemos considerar este como um bom ponto de
partida.
Direitos
Mudanças climáticas Suborno e corrupção
humanos
Esgotamento de Escravidão
Remuneração de executivos
recursos naturais moderna
Condições de
Poluição Lobby e doações políticas
trabalho
Relações
Desmatamento Estratégia tributária
trabalhistas
Diversos fatores ASG devem ser considerados, mas eles vão depender, basicamente, do que
estamos analisando. As questões mais relevantes no setor de petróleo, por exemplo, que têm
impactos significativos sobre o meio ambiente, não são as mesmas do setor de educação, com
um impacto muito maior sobre os aspectos sociais.
Vamos analisar uma empresa do setor de varejo: as Lojas Renner. Entre as questões
ambientais, as mais relevantes talvez sejam, por exemplo, o uso de energia nas lojas ou as
emissões de gases de efeito estufa (GEE) da sua operação logística, como o transporte das
mercadorias por caminhões a diesel, altamente poluentes. No entanto, ao analisarmos os seus
aspectos sociais, alguns pontos chamam a atenção.
Entre as questões de governança corporativa, embora todas sejam relevantes, pode-se dar
atenção extra à forma como a empresa remunera seus executivos (se por metas
exclusivamente de curto prazo ou considerando aspectos mais estratégicos e de longo prazo) e
seus programas de diversidade, especialmente considerando a diversidade de gênero e classe
social de seus consumidores.
Sim, é verdade. E é justamente por isso que vários profissionais acreditam que a
sustentabilidade reduz os resultados das empresas. Esse é um dos principais mitos do
investimento responsável e já existem várias evidências contrárias a esse dilema.
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condicionado — não traz benefício apenas para o meio ambiente, mas reduz o custo de
manutenção das lojas.
Projetos como este, muitas vezes, se pagam em um curto espaço de tempo e podem ser
vantajosos para as empresas.
Outra questão que podemos analisar, no mesmo exemplo, é a gestão de fornecedores. Não
podemos negociar o aspecto ético de remuneração e condições de trabalho dignas dos
funcionários do setor de confecção. Esse é um custo que sequer deveria ser discutido.
Preservar o valor das empresas, evitando riscos que podem prejudicar a receita, a reputação e
gerar passivos trabalhistas e em outras esferas cíveis e judiciais.
É isso que vários estudos têm demonstrado estatisticamente. Uma pesquisa de Harvard aponta
que as empresas com boas práticas em sustentabilidade apresentam nível mais baixo de
endividamento, maior fidelidade de clientes e maiores indicadores de retorno (ECCLES, 2012).
No mesmo estudo, a avaliação de duas carteiras de ações, uma com as melhores e outra com
as piores empresas em sustentabilidade, demonstrou que o desempenho das ações também
pode ter relação com as questões ASG.
A Figura 3, a seguir, mostra o que teria acontecido se uma pessoa investisse um dólar em uma
carteira de ações com as melhores empresas em sustentabilidade versus a mesma quantia nas
piores empresas nesse quesito.
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Figura 3 - Desempenho de uma carteira teórica de ações com alto nível de sustentabilidade
(high)
e baixo nível de sustentabilidade (low). Fonte: ECCLES, 2012.
Com o tempo, as questões ASG passaram a ser vistas pelos investidores como uma forma de
avaliar a gestão das companhias. Aquelas que estão preocupadas com a satisfação dos seus
colaboradores, a gestão adequada de fornecedores, o olhar para o meio ambiente e para a
governança corporativa tendem a realizar uma gestão mais madura de suas atividades.
Com isso, tendem a apresentar um desempenho melhor que seus concorrentes. É simples:
empresa que está no vermelho não pensa no verde!
Conforme o mercado conhece melhor as questões ASG e seus impactos, começa a surgir a
demanda por produtos que incluam essa agenda em seus processos de escolha de empresas
e de alocação de recursos.
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ainda nos anos 1970 e 1980, mas foi na década de 1990 que os investimentos responsáveis
ganharam a primeira referência de mercado, por meio de um índice de sustentabilidade.
Em 1999, foi lançado na bolsa de Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index (PRI, 2020).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) O de que variáveis ambientais não têm relação direta com o desenvolvimento econômico.
GABARITO /
1. Qual das alternativas representa melhor o falso dilema entre o desenvolvimento
sustentável e os modelos econômicos tradicionais?
A preservação de valor ocorre por meio da redução dos riscos associados aos fatores ASG.
MÓDULO 2
OS ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE
Índices de ações são a principal referência para sabermos a média de desempenho deste tipo
de investimento em um determinado mercado. No Brasil, por exemplo, o principal índice de
ações é o IBOVESPA, que vemos anunciado todos os dias nos jornais e publicações do
mercado financeiro.
Quando ouvimos que um índice subiu ou caiu, isso significa que, em média, suas ações se
valorizaram ou desvalorizaram, respectivamente.
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Fonte: rafapress/Shutterstock
A criação de um índice de sustentabilidade tem como principal objetivo conferir a tese que
apresentamos neste documento. Se as ações de empresas com boas práticas em
sustentabilidade tendem a ter uma rentabilidade maior, poderia se esperar que um índice
composto dessas empresas se valorizasse mais do que os tradicionais do mercado.
Foi com esta intenção que surgiram os índices de sustentabilidade, que são carteiras teóricas
de ações escolhidas por suas iniciativas e indicadores ASG.
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Fonte: metamorworks/Shutterstock
Além do Dow Jones Sustainability Index, outros índices foram criados em diversos países do
mundo, inclusive no Brasil. A B3 lançou em 2005, ainda como Bovespa, o índice de
sustentabilidade empresarial (ISE), que há 15 anos avalia as empresas listadas no mercado
brasileiro em diversos aspectos da sustentabilidade. O processo de construção do ISE segue
as seguintes etapas:
Para as que aceitam, é enviado um questionário que avalia as práticas da empresa em sete
dimensões (B3, 2020).
A carteira teórica é definida e divulgada ao público. Ela vale por um ano, de janeiro a
dezembro.
A B3 monitora e divulga diariamente a valorização do índice, calculado com base no preço das
ações que compõem a carteira.
SETE DIMENSÕES
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Dimensão Definição
Econômico-
financeira
Políticas corporativas (normas e procedimentos internos), gestão
(iniciativas e processos), desempenho (indicadores e metas) e
Ambiental
cumprimento legal.
Social
Além do ISE, a B3 também possui um índice que olha exclusivamente para as questões
climáticas. É o índice carbono eficiente (ICO2), que compõe a sua carteira teórica a partir de
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um cálculo que usa como referência as emissões de gases de efeito estufa das empresas.
Equipamentos elétricos e
Transporte aéreo Mídia
eletrônicos
Químicos e Pesquisa e
Indústria financeira
farmacêuticos desenvolvimento
Atividades de lazer e
Construção Hotelaria, catering e facilities
esporte
Engenharia de grandes
Indústria manufatureira Serviços de suporte
sistemas
Florestas, papel e
Incorporadoras
celulose
Logística terrestre e
marítima
Supermercados
Produção
automobilística
Gestão de resíduos
Água
Controle de pragas
Tabela 3 - Classificação de nível de impacto ASG do índice FTSE4Good. Fonte: FTSE, 2013,
tradução livre.
Esses investimentos não acontecem somente no mercado de ações, e são adotados até
mesmo por investidores globais na compra de títulos públicos, comparando as políticas
públicas de sustentabilidade entre os países em que podem investir.
ATENÇÃO
É importante analisarmos esse mercado para entender os riscos, bem como as oportunidades
de negócios que surgem da integração ASG.
A INDÚSTRIA DE INVESTIMENTOS
RESPONSÁVEIS NO MUNDO
Aqui, vamos dar um passo importante para entender não apenas o que são investimentos
responsáveis, mas como investidores usam informações ASG para decidir em quais ativos
investir.
Embora falamos bastante sobre mercado de ações, estes processos de investimento podem
valer para diferentes modalidades de investimento.
Fonte: PopTika/Shutterstock
À semelhança dos mercados tradicionais, cada investidor tem o seu jeito de escolher os ativos
que compõem a sua carteira. Alguns mais conservadores, outros mais arriscados, com
diferentes prazos e critérios de escolha. Isso vale para as questões ASG.
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Para entender como o mercado vem crescendo, é importante entender as diferentes
estratégias de investimentos responsáveis (BUOSI, 2017).
Região
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TOTAL $22.839 $30.683 34,34%
Tabela 4 - Volume de ativos que adotam estratégias ASG. Fonte: GSIA, 2018.
No Brasil, ainda temos poucas opções para os investidores que desejam direcionar seus
recursos para a sustentabilidade. Na pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), os gestores dizem que as principais estratégias
adotadas são o best in class, por 30%, e as exclusões, por cerca de 27% das instituições
(ANBIMA, 2018).
Para que a agenda avance no Brasil, assim como em outras regiões no mundo, é preciso que o
mercado de investimento inove, tanto nos processos de análise como na criação de novos
produtos de investimento.
A ideia desses investidores foi lançar um conjunto de princípios voluntários, mas que
trouxessem o compromisso dessas instituições com a agenda ASG.
PROPRIETÁRIOS DE ATIVOS /
Nesta categoria, em geral, estamos falando de grandes investidores institucionais, como
fundos de pensão — públicos ou privados —, fundações, famílias com grandes fortunas e
outras instituições que são detentoras de recursos de investimentos.
GESTORES DE ATIVOS
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PRESTADORES DE SERVIÇOS FINANCEIROS
Além de ter sido um dos primeiros acordos voltados para o setor financeiro, a força dos
investidores institucionais que o apoiaram gerou um movimento positivo que ampliou
rapidamente o número de signatários do acordo e o volume de recursos que passou a se
comprometer com a agenda ASG.
Em 2020, o PRI atingiu a marca de 3 mil signatários, que respondem por cerca de US$90
trilhões em ativos sob gestão.
No mercado brasileiro, o PRI ganhou força desde o início do acordo. Tendo a Previ — fundo de
pensão dos funcionários do Banco do Brasil — como um dos 20 apoiadores iniciais, o Brasil foi
o primeiro a estruturar uma rede local de signatários do PRI, em 2007.
O modelo brasileiro espelhou a criação de nove outras redes locais, para que investidores
possam considerar as particularidades de seus mercados no processo de debate e integração
ASG. Atualmente, o Brasil possui 65 signatários do PRI.
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Fonte: kan_chana/Shutterstock
Um estudo das Nações Unidas afirma que as regulações do sistema financeiro que abordam
as questões ASG dobraram entre 2013 e 2017 (UNEP-FI, 2018). O PRI, da mesma forma,
observa um aumento expressivo destas regulações, orientado especificamente para o mercado
de investimentos, como apresentado na Figura 4 a seguir:
A tendência de aumento da regulação sobre o tema não deve ser modificada nos próximos
anos. Em diversas regiões, o debate já faz parte das agendas do setor público e,
especialmente, do setor financeiro. Em 2017, foi estabelecida uma rede internacional de
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Bancos Centrais e Supervisores, a NGFS (da sigla em inglês Network for Greening the
Financial System, ou Rede para um Sistema Financeiro mais Verde, em tradução livre).
A iniciativa já conta com 54 membros dos cinco continentes, que representam mais de 57% do
PIB Global. O Banco Central do Brasil aderiu ao NGFS em 2020.
Uma vez que essas iniciativas se traduzam em novas regulações, aumentará o controle sobre
os gestores de recursos e, esperamos, sobre as empresas investidas. Até este momento, a
maior parte das regulações é orientativa, ou seja, indica de forma ampla e sem critérios
específicos que os investidores devem atentar para os riscos ASG na sua estratégia de
investimentos.
A evolução dessa tendência é definir quais são os temas e indicadores a serem monitorados e
reportados aos supervisores e ao mercado.
No mercado local, existem algumas regulações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional que
devem ser destacadas:
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A superintendência nacional de previdência complementar, responsável pela supervisão das
EFPC, emitiu, em complemento à Resolução 4.661/2018, uma instrução que orienta a adoção
das questões ASG pelos fundos de pensão, sugerindo que estas adotem um olhar setorial para
os riscos desta natureza.
FORMULÁRIO DE REFERÊNCIA
O recado é claro: aos investidores que ainda não consideram os temas ASG de forma
estratégica, a questão está, cada vez mais, migrando para uma agenda obrigatória. Antecipar a
regulação costuma custar menos às instituições, que têm mais tempo para implementar
estratégias, processos e controles.
Além disso, quem já possui experiência no tema consegue, inclusive, debater com o regulador
para dizer o que de fato funciona e o que torna inviável o processo de investimento. De
qualquer forma, o processo parece ser cada vez mais inevitável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
Destacamos que eles foram criados para indicar a valorização de empresas que respeitam as
ASG.
MÓDULO 3 /
Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de
investimentos, seus desafios e tendências
Com isso, surgem novos olhares para o ASG, que buscam orientar as políticas públicas, as
práticas das empresas e, por consequência, as decisões financeiras. Alguns desses tópicos
são explicados neste módulo, mas não concentram todo o debate em torno da
sustentabilidade, que é muito mais complexo.
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL (ODS)
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Entre todos os temas das questões ASG, as mudanças climáticas — sem dúvida — têm
chamado mais atenção, especialmente no setor financeiro e em países desenvolvidos.
Fonte: ParabolStudio/Shutterstock
Além disso, os efeitos das mudanças climáticas podem impactar severamente não apenas o
meio ambiente, como a própria sociedade. Eventos climáticos, como furacões e enchentes,
tendem a atingir mais regiões, impactando populações e gerando prejuízos à economia.
Esse grupo de cientistas de todo o mundo realiza estudos para avaliar em que nível estamos
em relação ao aumento médio de temperatura no planeta, quais as perspectivas para as
próximas décadas e os efeitos adversos desse aumento.
Você fica com febre. Agora, imagine se esse aumento for de 4 oC? Você precisa correr para o
hospital! O mesmo ocorre com o nosso planeta. Os efeitos de um aumento de temperatura
média, ainda que pequeno, podem ser desastrosos para muitos países.
Para entender como esses riscos podem impactar a economia, o Financial Stability
Board (FSB), responsável pela regulação do sistema financeiro internacional, criou uma
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força-tarefa para desenvolver recomendações para empresas e para o setor financeiro
avaliarem e divulgarem os seus riscos climáticos.
A importância da TCFD foi levar para o setor financeiro um conjunto de recomendações que
permitem às empresas avaliarem sua exposição aos riscos climáticos, mas também
identificarem oportunidades de negócios relacionadas ao tema.
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Figura 6 - Riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados às mudanças
climáticas. Fonte: TCFD, 2020.
A partir das recomendações da TCFD, muitos investidores passaram a fazer análises dos
possíveis prejuízos que suas empresas investidas teriam com o aumento dos impactos das
mudanças climáticas, por exemplo.
O tema tomou uma proporção tão grande que, hoje, até mesmo os bancos centrais já estudam
uma forma de inserir essa agenda nas suas próximas regulações.
OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE E
COMO ENFRENTÁ-LOS
Afinal, se tudo que apresentamos é tão importante, por que ainda temos tanta polêmica quando
falamos em sustentabilidade? Por que governos, empresas e instituições financeiras ainda têm
dúvidas sobre a relevância deste tema?
COMENTÁRIO
Outra dificuldade é que este não é um tema para o qual podemos prescrever uma receita
única, que se aplique a todos os setores e empresas. A sustentabilidade exige uma reflexão
para encontrar a materialidade e os riscos específicos de cada organização, o que é mais
complicado quando ainda não existe tanto conhecimento sobre o tema.
Além do desafio em estabelecer essa materialidade, temos que considerar também que os
investidores precisam tomar decisões que exigem que os dados e informações analisados
sejam comparáveis. Nas demonstrações financeiras, isso ocorre com alguma facilidade, mas
este não é o caso das informações ASG.
Indicadores não são padronizados e não existe uma regulação específica que diga exatamente
o que as empresas devem informar sobre suas iniciativas e resultados nas questões de
sustentabilidade.
Alguns movimentos tentam endereçar esses desafios e já promovem bons avanços. É o caso
das iniciativas de relatórios de sustentabilidade, que criam padrões para apoiar as empresas
nessa divulgação.
Fonte: Stokkete/Shutterstock
Os próprios reguladores têm se articulado para aumentar a padronização de dados ASG nas
empresas, facilitando a vida de analistas e gestores de investimentos.
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O fundamental é ter consciência de que este é um caminho sem volta. Para atingirmos
patamares mais sustentáveis em nossa sociedade, precisamos, em primeiro lugar, nos informar
sobre este tema e debater a respeito nas universidades, empresas e no setor financeiro.
Ainda há muito caminho a ser percorrido, mas estamos na direção está correta. Precisamos
apenas aumentar a velocidade, e isso se faz com conhecimento e colaboração.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) O aspecto ambiental.
B) O aspecto social.
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GABARITO
1. Entre todos os temas das questões ASG, qual aspecto tem sido mais debatido e
chamado mais a atenção de governos e investidores dos países desenvolvidos nos
últimos anos?
Conforme falamos, o aspecto ambiental chama mais a atenção de diferentes atores, pois, entre
outros fatores, países desenvolvidos apresentam questões sociais menos urgentes, de modo
que podem focar em políticas ambientais.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, trouxemos o debate das questões ambientais, sociais e de governança corporativa
(ASG).
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Esperamos que você tenha compreendido a importância de aprofundarmos o debate de
sustentabilidade, baseados nos aspectos econômicos e financeiros que regem as economias
dos países contemporâneos.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIROS E DE
CAPITAIS – ANBIMA. 2ª Pesquisa de sustentabilidade: engajamento de questões
ambientais, sociais e de governança na análise de investimento de gestores de recursos. São
Paulo: ANBIMA, 2018.
B3. ISE: processo de seleção. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
CISL. Rewiring the economy. Cambridge: University of Cambridge Institute for Sustainable
Leadership, 2015.
ERNEST & YOUNG ‒ EY. Does your nonfinancial reporting tell your value creation story?
2018.
/
FINANCIAL TIMES STOCK EXCHANGE SUSTAINABILITY INDEX – FTSE4GOOD.
FTSE4Good index inclusion criteria: thematic criteria and scoring Framework. FTSE, 2013.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What are the principles for
responsible investment? 2020b. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
THE CENTRAL BANKS AND SUPERVISORS NETWORK FOR GREENING THE FINANCIAL
SYSTEM – NGFS. In: NGFS Annual Report 2019, 2020.
EXPLORE+
Acesse o site do Pacto Global – Rede Brasil, para se aprofundar ainda mais sobre as
questões discutidas.
CONTEUDISTA
Maria Eugênia dos Santos Buosi
CURRÍCULO LATTES