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E ORÇAMENTÁRIA
AULA 3
Olá! Nesta terceira aula, abordaremos temas que dizem respeito à gestão
do capital de giro das empresas. Como sabemos, a necessidade recorrente de
fazer empréstimos de curto prazo para cobertura do caixa é sinal de que a gestão
do capital de giro não vai bem.
A boa administração do capital de giro é resultado de políticas adequadas
‒ tanto de curto quanto de longo prazo ‒, as quais se refletem na situação
financeira do caixa. Assim, embora o foco de nosso estudo seja a gestão do
capital de giro, perceberemos que isso tem a ver também com outras decisões,
como aquelas que envolvem políticas de financiamento do imobilizado e de
distribuição de dividendos.
Esperamos que o conteúdo desta aula desperte o seu interesse com
relação a esse assunto.
CONTEXTUALIZANDO
2
Não é o nosso propósito nesta aula tratar das decisões de finanças de
longo prazo, pois veremos esse assunto na próxima aula.
Assim, neste momento, daremos ênfase ao estudo das decisões de
finanças de curto prazo com foco no estudo da necessidade de capital de giro
(NCG), capital de giro (CDG) e saldo de tesouraria (ST). Veremos também o
conceito de capital circulante líquido (CCL).
3
Lembre-se do significado de empréstimos e financiamentos (do
passivo) concedidos pelos bancos: o primeiro é de uso livre pela empresa; o
segundo está condicionado à comprovação do objeto (bem) do financiamento.
Com base nos dados contábeis do Quadro 2, temos que:
𝑭ó𝒓𝒎𝒖𝒍𝒂: 𝑵𝒐𝒎𝒆𝒏𝒄𝒍𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂:
𝑭ó𝒓𝒎𝒖𝒍𝒂: 𝑵𝒐𝒎𝒆𝒏𝒄𝒍𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂:
𝐶𝐶𝐿 = 𝐴𝐶 − 𝑃𝐶
4
Ross et al. (2015, p. 932, grifo nosso) resumem CCL e CDG da seguinte
maneira: “o capital circulante líquido (CCL) – o uso de recursos não
financiados pelo passivo circulante – e o capital de giro (CDG) – fonte de
recursos para o giro das operações”.
Ainda sobre o capital de giro (CDG), Ross et al. (2015, p. 932) dizem que:
Assim, teremos:
𝐶𝐷𝐺 = (𝑃𝑁𝐶 + 𝑃𝐿) − 𝐴𝑁𝐶 → 𝐶𝐷𝐺 = (300 + 700) − 800 → 𝐶𝐷𝐺 = 200 𝑚𝑖𝑙
5
Quadro 5 ‒ Balanço patrimonial (BP) ajustado para o estudo do capital de giro
(em milhões ‒ R$)
Primeiro passo
Ajustar o balanço patrimonial (BP) da seguinte forma:
Segundo passo
Demonstrar o balanço patrimonial (BP) ajustado na forma de diagrama,
conforme mostra a Figura 1.
PCF = 20
ACF = 50
PCC = 110
ACC = 150
PNC + PL = 170
ANC = 100
Terceiro passo
Determinar a necessidade de capital de giro (NCG).
Sendo:
7
NCG = necessidade de capital de giro
ACC = ativo circulante cíclico
PCC = passivo circulante cíclico
Quarto passo
Determinar o capital de giro (CDG).
Sendo:
Quinto passo
Determinar o saldo de tesouraria (ST).
𝑆𝑇 = 𝐴𝐶𝐹 − 𝑃𝐶𝐹 ∴ 𝑆𝑇 = 50 − 20 ∴ 𝑆𝑇 = 30
Sendo:
ST = saldo de tesouraria
ACF = ativo circulante financeiro
PCF = passivo circulante financeiro
𝑆𝑇 = 𝐶𝐷𝐺 − 𝑁𝐶𝐺 ∴ 𝑆𝑇 = 70 − 40 ∴ 𝑆𝑇 = 30
O passivo circulante cíclico (ou operacional) não cobre (ou não financia)
integralmente as aplicações (ou usos) de recursos do ativo circulante
cíclico. Assim, existe uma necessidade complementar de cobertura
(financiamento) de giro na ordem de R$ 40.
CDG = R$ 70,00
O passivo não circulante mais o patrimônio líquido cobrem (financiam)
integralmente as aplicações (usos) de recursos do ativo não circulante,
8
havendo sobra de fontes (financiamento) de longo prazo na ordem de R$
70 para a cobertura (financiamento) complementar de giro.
ST = R$ 70,00
O saldo de tesouraria corresponde à diferença entre os usos considerados
de tesouraria (caixa, bancos, conta, movimento títulos e valores
mobiliários), alocados no ativo circulante financeiro, e as fontes de
financiamento consideradas de tesouraria, alocadas no passivo circulante
financeiro.
O saldo de tesouraria corresponde ainda à diferença entre o capital de
giro (CDG) e a necessidade de capital de giro (NCG).
200
150
100
50
0
Ano 1 Ano 2 Ano 3
-50
-100
Períodos - anos
CDG NCG ST
Quadro 7 ‒ Ativo circulante (AC) e passivo circulante (PC) (em milhões ‒ R$)
𝐶𝐶𝐿 = 𝐴𝐶 − 𝑃𝐶
Com base nos dados que vemos no Quadro 7, podemos dizer que o
capital circulante líquido (CCL), que corresponde à diferença entre o ativo
circulante (AC) e o passivo circulante (PC), revela que a empresa dispõe de
recursos (de curto prazo) suficientes para pagar as suas obrigações vincendas
no curto prazo. Isso significa dizer que ao somarmos o montante em dinheiro no
caixa e nos bancos com os recursos que podem ser transformados em dinheiro
(títulos e valores mobiliários, contas a receber de clientes e estoques),
obteremos um valor maior do que o montante das obrigações a serem pagas no
curto prazo (empréstimos e financiamentos, fornecedores, salários e
contribuições, tributos).
Boa parte do ativo circulante (40%) é composto por contas caixa, banco
conta movimento e títulos e valores mobiliários. E é desejável que seja assim, já
que os estoques precisam ser vendidos primeiro para depois serem convertidos
10
em caixa na medida em que os clientes efetuarem os pagamentos das parcelas
do financiamento.
Assim, algumas políticas de boa gestão de caixa devem ser monitoradas
por quem cuida das finanças de curto prazo da empresa, tais como:
Portanto: 𝑪𝑪𝑪 = 𝑪𝑭
11
Logo, o ciclo de conversão de caixa da empresa é de 65 dias (ver Quadro 8).
Demonstraremos os passos a seguir para determinar o valor dos recursos
aplicados, dado por [estoques + clientes – fornecedores]:
Primeiro passo
Determinar o ciclo de conversão de caixa (CCC) ou o ciclo financeiro
(CF).
Segundo passo
Apresentar o diagrama com os prazos.
Terceiro passo
Determinar, a partir dos prazos, os valores correspondentes das contas
(estoques, clientes e fornecedores) com base em um ano de 365 dias.
Agora, calcule o valor da conta estoques:
𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠
→ 𝑃𝑀𝑅𝐸 = × 365 ∴ 60 = × 365
𝐶𝑀𝑉 7.500.000
450.000.000
→ 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 = ∴
365
→ 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 = 𝑅$ 1.232.877
𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
→ 𝑃𝑀𝑅𝑉 = × 365 ∴ 40 = × 365
𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 10.000.000
12
𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
→ 40 = × 365 ∴ 40 × 10.000.000 = 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 × 365
10.000.000
400.000.000
→ 400.000.000 = 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 × 365 ∴ 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 =
365
→ 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝑅$ 1.095.890
𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
𝑃𝑀𝑃𝐶 = × 365 ∴ 35 = × 365
𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 4.875.000
170.625.000
𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 =
365
𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 = 467.466
(R$)
Estoques 1.232.877
(+) Clientes 1.095.890
(-) Fornecedores 467.466
Recursos aplicados 1.861.301
Fonte: Adaptado de Gitman, 2010, p. 550.
Sendo:
13
ACC = Ativo circulante cíclico (ou ativo circulante operacional)
PCC = Passivo circulante cíclico (ou passivo circulante operacional)
14
processar uma análise dos clientes de forma a identificar a pontualidade
com que saldam seus compromissos;
identificar as razões de determinada variação na carteira de valores a
receber. Por exemplo, um aumento no valor de duplicatas a receber pode
ser devido a maiores vendas, dilatação do prazo de cobrança ou maior
volume de atrasos nos pagamentos.
Como foi dito por Assaf (2014, p. 671) no item anterior, o aging é um
controle importante da indicação do tempo em que as duplicatas a receber
15
encontram-se realizáveis. No entanto, ele não fornece maiores explicações com
relação a alterações no volume de vendas. Os valores a receber de uma
empresa sofrem alterações não somente pelas condições de pagamentos
(prazos), mas também por variações no volume de vendas.
Assim, Assaf (2014, p. 672) sugere o estudo do DVR (dias de venda a
receber), conceituando esse termo como “uma medida de controle que permite,
pela relação entre os valores a receber e as vendas médias diárias, apurar o
número médio de dias necessário para realizar financeiramente [transformar em
dinheiro] as vendas a prazo”.
O DVR pode ser assim representado:
10.200.000 10.200.000
𝐷𝑉𝑅 = → 𝐷𝑉𝑅 = → 𝐷𝑉𝑅 = 34 𝑑𝑖𝑎𝑠
108.000.000/360 300.000 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎
Empresa I Empresa II
Clientes (R$) Clientes (R$)
Vencidas no mês passado 1.000.000 10% 1.000.000 10%
A vencer no mês 2.500.000 25% 2.500.000 25%
A vencer em 1 mês 4.500.000 45% 2.000.000 20%
A vencer em 2 meses 2.000.000 20% 2.500.000 25%
A vencer em 3 meses - - 2.000.000 20%
16
Total 10.000.000 100% 10.000.000 100%
Fonte: Adaptado de Assaf, 2014, p. 673.
10.000.000 10.000.000
𝐷𝑉𝑅 = → 𝐷𝑉𝑅 = → 𝐷𝑉𝑅 = 40 𝑑𝑖𝑎𝑠
7.500.000/30 250.000 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎
𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 500.000
𝐼𝐺𝐶 = 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 → 𝐼𝐺𝐶 = 100.000 → 𝐼𝐺𝐶 = 5 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠
17
Onde:
Onde:
𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 100.000
𝑃𝑀𝑅𝑉 = × 360 𝑑𝑖𝑎𝑠 → 𝑃𝑀𝑅𝑉 = × 360
𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 500.000
→ 𝑃𝑀𝑅𝑉 = 72 𝑑𝑖𝑎𝑠
18
Atenção!
Alguns autores sugerem que se utilize os valores médios das contas,
considerando-se os dois últimos exercícios sociais. Se assim fosse, a conta
“vendas” corresponderia à média da demonstração do resultado (DR) dos dois
últimos anos; a conta “clientes” corresponderia à média do balanço patrimonial
(BP) dos dois últimos anos.
Caso o exercício social da apuração das vendas e da conta clientes fosse
semestral, então a número de dias a ser informado na fórmula seria de 180 dias;
para períodos trimestrais, 90 dias; bimestrais, 60 dias.
Onde:
19
𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (𝐶𝑂) = 𝑃𝑀𝑅𝐸 + 𝑃𝑀𝑅𝑉 → 𝐶𝑂 = 30 + 60 → 𝐶𝑂 = 90 𝑑𝑖𝑎𝑠
10.800.000,00
→ 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 = ∴ 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝑅$ 30.000,00
360
20
Basta substituir DVR por 30 (dias) e vendas médias diárias do período por
1 mil (360 mil / 360 dias).
21
Perguntamos: a empresa deve ou não relaxar os seus padrões de crédito?
Ou seja, ela deve adotar a nova política de crédito, aumentando o prazo para
seus clientes?
O que define se a empresa deve ou não relaxar os seus padrões de
crédito é o lucro líquido da empresa obtido com o plano proposto, ou seja,
aumento de 5% na quantidade vendida ‒ para 63.000 unidades – e ampliação
do prazo de recebimento das vendas ‒ para 45 dias. E para obter o lucro líquido
será necessário calcular: (I) o efeito da contribuição das vendas adicionais ao
lucro da empresa; (II) o custo do investimento marginal em contas a receber; (III)
as perdas marginais com créditos incobráveis.
Logo, o lucro líquido pode ser representado da seguinte forma:
Sendo:
22
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 = 𝑅$ 10,00 − 𝑅$ 6,00
Comentários:
23
incobráveis; (III) o lucro líquido com a implementação do novo plano de
relaxamento dos padrões de crédito. O último passo, traz a análise dos
resultados.
Segundo passo
Calcular o investimento médio de contas a receber.
Onde:
365
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 =
𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
365
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 = → 12,2 (𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟)
30
365
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 = → 8,1 (𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜)
45
360.000
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 =
12,2
→ 29.508 (𝒑𝒍𝒂𝒏𝒐 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓)
378.000
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 =
8,1
→ 46.667 (𝒑𝒍𝒂𝒏𝒐 𝒑𝒓𝒐𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐)
Terceiro passo
Calcular o investimento marginal em contas a receber e seu custo.
Investimento marginal em contas a receber e custo do investimento
marginal
24
Quadro 15 – Investimento marginal em contas a receber
(R$)
(A) Investimento médio no plano proposto 46.667
(B) Investimento médio no plano anterior 29.508
(A - B) Investimento marginal em contas a receber 17.159
Retorno requerido sobre o investimento (custo de oportunidade) (15%)
(C) Custo do investimento marginal 2.574
Fonte: Adaptado de Gitman, 2010, p. 559.
(R$)
(A) Com o plano proposto (0,02 x R$ 10,00 p/unidade x 63.000 unidades) 12.600
(B) Com o plano anterior (0,01 x R$ 10,00 p/unidade x 60.000 unidades) 6.000
(A - B) Perdas marginais com créditos incobráveis 6.600
Fonte: Adaptado de Gitman, 2010, p. 560.
Quinto passo
Analisar os resultados, fazendo a comparação entre a contribuição das
vendas adicionais ao lucro e o custo adicional do investimento marginal
em contas a receber somados às perdas marginais com créditos
incobráveis. Se a contribuição adicional ao lucro for maior do que a soma do
custo marginal e das perdas marginais, então os padrões de crédito devem ser
relaxados.
Análise do resultado:
Quadro 17 – Análise do resultado
(R$)
(A) Contribuições das vendas adicionais ao lucro (Quadro 14) 12.000
(B) Custo do investimento marginal em valores a receber (Quadro 15) (2.574)
25
(C) Perdas marginais com créditos incobráveis (Quadro 16) (6.600)
(D) Lucro líquido com a implementação do projeto (novo plano) 2.826
Fonte: Adaptado de Gitman, 2010, p. 561.
26
TEMA 4 – GESTÃO DE ESTOQUES
27
A segunda coluna corresponde à porcentagem (%) de cada item em
relação ao total de todo o estoque. O valor do investimento de cada item deve
ser colocado em ordem decrescente de valor.
Para Assaf (2014, p. 699), “o valor do investimento apurado representa a
média anual de cada item estocado multiplicado por seu respectivo valor unitário.
Em ambientes inflacionários, é recomendado trabalhar-se com valores
corrigidos”.
A análise do Quadro 19 nos mostra que os dois primeiros itens (A e B)
correspondem a 71% do valor total dos investimentos em estoque. Portanto,
esses dois itens (A e B) devem ter a atenção especial da administração para que
o volume de seu estoque não fique demasiadamente elevado, o que poderia
consumir recursos desnecessários da empresa e provocar reflexos no caixa.
O Gráfico 2 mostra que 20% dos itens (formados por A e B) correspondem
a 71% do total dos investimentos em estoque.
Curva ABC
120%
Participação no investimento em
100%
80%
estoque (%)
60%
40%
20%
0%
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Itens (%)
28
O custo de compra representa todos os gastos resultantes das
necessidades de adquirir materiais ou de autorizar uma ordem de
produção, sendo excluído o valor de compra (ou de produção) efetivo
do bem. Dessa maneira, no custo de compra são considerados os
gastos adicionais oriundos da emissão de pedidos (ou de ordens de
produção), tais como despesas oriundas do departamento de compra,
despesas de transporte, despesas associadas ao recebimento e
inspeção dos materiais, despesas com manutenção e ajustes de
máquinas de produção, etc. (Assaf, 2014, p. 701, grifo do autor).
Possui um valor fixo por pedido feito; esse valor não se altera em razão
da variação na quantidade de estoque requisitada. Assim, dois pedidos
com quantidades de estoque distintas terão o mesmo custo.
Em determinado período, pode ser reduzido se o volume físico dos
pedidos ‒ ou tamanho do pedido ‒ aumentar. Isso porque o custo de
compra do período é medido pelo número de pedidos feitos. Ora, um
volume físico maior de pedidos (tamanho) reduz a frequência de pedidos
e, portanto, o custo de compra do período.
Os estoques médios no período mantêm relação direta com o volume
físico (tamanho) dos pedidos no período.
Assim:
Volume físico (tamanho) maior dos pedidos no período
29
custo de oportunidade (retorno de uma alternativa não aproveitada pela
empresa por optar em investir em estoque); custos de armazenagem,
despesas com seguros, eventuais perdas, deterioração e
obsolescência, impostos e taxas, etc. (Assaf, 2014, p. 701, grifo do
autor).
Assaf (2014, p.703) propõe o seguinte caso: suponha que uma empresa
preveja utilizar 10.000 unidades de determinada matéria-prima no próximo
exercício social. Cálculos indicam que o custo de compra (pedido) é de R$
400,00 por pedido e o custo de manutenção, de R$ 50,00 por unidade para o
pedido. Diante dessas informações, é possível descrever o comportamento
desses custos para diferentes quantidades de compras, conforme é apresentado
no Quadro 20.
1 2 3 4 5
Quantidade do Frequências dos Custo de pedido Custo de Custo total (R$)
pedido (Q) pedidos (R$) manutenção
(unidade) (R$)
100 100,00 40.000 2.500 42.500
200 50,00 20.000 5.000 25.000
300 33,33 13.333 7.500 20.833
LE = 400 25,00 10.000 10.000 20.000
500 20,00 8.000 12.500 20.500
600 16,67 6.667 15.000 21.667
700 14,28 5.714 17.500 23.214
Fonte: Adaptado de Assaf, 2014, p. 703.
30
A avaliação do Quadro 20 nos leva a concluir que a minimização dos
custos totais exige a emissão de 25 pedidos de 400 unidades cada um no ano
(lote econômico).
Que tal apresentarmos alguns cálculos sobre os dados do Quadro 20?
Demonstraremos os cálculos separadamente somente para a primeira
linha do Quadro 20 ‒ considerando 100 unidades para a quantidade do pedido
(Q) na coluna 1. A dinâmica dos cálculos será a mesma para as demais
quantidades do pedido (Q).
Para isso, utilizaremos as expressões matemáticas sugeridas por Assaf
(2014, p.705).
Admitindo-se que:
D = demanda
Cp (p) = custo de pedido (por pedido) no período
Cm (m) = custo de manutenção por unidade no período
Cr (r) = custo total dos estoques no período → (Cr = Cp + Cm)
Q = quantidade de cada pedido (em unidades)
𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 =
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜
10.000 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 = = 𝟏𝟎𝟎, 𝟎𝟎 𝒑𝒆𝒅𝒊𝒅𝒐𝒔
100 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
10.000 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 = 400,00 × ∴
100 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
31
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 = 𝑅$ 𝟒𝟎. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎
100 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜 = 50,00 × ∴
2
Q=100
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 (𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠)
Q=50 𝑄⁄
2 = 50 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
t0 t1 t2 t3 Tempo
Fonte: Adaptado de Assaf, 2014, p. 704.
por: (𝑄⁄2).
32
Percebemos que o exemplo dado não prevê a manutenção de um estoque
mínimo de segurança, o que seria recomendável em razão de o fornecedor poder
atrasar as entregas.
Coluna 5: custo total dos estoques no período
10.000 100
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (400,00 × ) + (50,00 × )∴
100 2
𝐷 𝑄
𝐶𝑝 × = 𝐶𝑚 ×
𝑄 2
Multiplicando-se por Q:
𝐷 𝑄
𝐶𝑝 × × 𝑄 = 𝐶𝑚 × × 𝑄 ∴
𝑄 2
33
𝑄2
𝐶𝑝 × 𝐷 = 𝐶𝑚 × ∴
2
Multiplicando-se por 2:
𝑄2
2 × 𝐶𝑝 × 𝐷 = 2 × 𝐶𝑚 × ∴
2
2 × 𝐶𝑝 × 𝐷 = 𝐶𝑚 × 𝑄 2 ∴
𝐶𝑚 × 𝑄 2 = 2 × 𝐶𝑝 × 𝐷 ∴
2 × 𝐶𝑝 × 𝐷
𝑄2 =
𝐶𝑚
Logo:
2 × 𝐶𝑝 × 𝐷
𝑄 ∗ = (𝑙𝑜𝑡𝑒 𝑒𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜) = √
𝐶𝑚
2 × 400,00 × 10.000
𝑄 ∗ = (𝑙𝑜𝑡𝑒 𝑒𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜) = √ ∴
50,00
34
financiamento de vendas incompatíveis com os prazos de pagamento ao
fornecedor; política de distribuição de dividendos agressiva com prejuízo à
manutenção de recursos próprios (patrimônio líquido) para financiar o giro da
empresa.
Como vimos no Tema 1 (item 1.2), o saldo de tesouraria (ST) negativo,
em um ou mais períodos, revela que a empresa precisou recorrer a empréstimos
bancários de curto prazo para fechar o seu caixa.
Ross et al. (2015, p.954) propõem o caso da Metalúrgica da Serra S/A
para demonstrar essa situação:
Primeiro passo
Apresentar o “ativo” e o “passivo + patrimônio líquido”.
Quadro 21 ‒ Ativo
35
Empréstimos e financiamentos 17.000 10.000 32.000
Segundo passo
Ajustar o ativo e o passivo para fins de análise da necessidade de capital
de giro (NCG), capital de giro (CDG) e saldo de tesouraria (ST), conforme
demonstram os quadros 23 e 24.
Terceiro passo
Calcular a necessidade de capital de giro (NCG), capital de giro (CDG) e
saldo de tesouraria (ST)
𝑭Ó𝑹𝑴𝑼𝑳𝑨𝑺: 𝑵𝑶𝑴𝑬𝑵𝑪𝑳𝑨𝑻𝑼𝑹𝑨𝑺:
𝑁𝐶𝐺 = 𝐴𝐶𝐶 − 𝑃𝐶𝐶 𝑁𝐶𝐺 = 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑔𝑖𝑟𝑜
𝐶𝐷𝐺 = (𝑃𝑁𝐶 + 𝑃𝐿) − 𝐴𝑁𝐶 𝐴𝐶𝐶 = 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑐í𝑐𝑙𝑖𝑐𝑜
𝑆𝑇 = 𝐴𝐶𝐹 − 𝑃𝐶𝐹 𝑃𝐶𝐶 = 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑐í𝑐𝑙𝑖𝑐𝑜
𝑆𝑇 = 𝐶𝐷𝐺 − 𝑁𝐶𝐺 𝐶𝐷𝐺 = 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑔𝑖𝑟𝑜
𝑃𝑁𝐶 = 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑃𝐿 = 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝐴𝑁𝐶 = 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑆𝑇 = 𝑠𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑜𝑢𝑟𝑎𝑟𝑖𝑎
𝐴𝐶𝐹 = 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜
𝑃𝐶𝐹 = 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜
37
Quarto passo
Demonstrar o gráfico com as curvas representativas da NCG, CDG e ST.
300.000
200.000
100.000
0
-100.000 1 2 3
-200.000
-300.000
Anos
CDG NCG ST
Quinto passo
Analisar os resultados.
Segundo Ross et al. (2015, p. 956), o saldo de tesouraria (ST) da
Metalúrgica da Serra S/A indica a necessidade de aporte financeiro (NAF), e
pode ser analisado sob três aspectos:
38
(o autor se refere ao ativo circulante financeiro e passivo circulante
financeiro) é outra forma de calcular a necessidade de aporte financeiro
(NAF) como saldo de tesouraria.
39
𝑁𝐶𝐺 → 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑔𝑖𝑟𝑜
𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑜𝑠 23 𝑒 25
𝑺𝑻 = 𝑭𝑷 − 𝑵𝑻𝑭𝑷, 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜:
𝐹𝑃 → 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝑆𝑇 = 163.000 − 202.000
𝑆𝑇 = (39.000)
TROCANDO IDEIAS
40
NA PRÁTICA
Fórmulas:
Alternativas:
a) 80; 140; 60
b) 60; 140; 80
c) 140; 80; 60
d) 140; 60; 80
e) 60; 80; 140
Alternativas:
a) 600
b) 210
c) 510
d) 420
e) 350
Alternativas:
a) 100 dias
b) 65 dias
c) 45 dias
42
d) 30 dias
e) 50 dias
FINALIZANDO
43
REFERÊNCIAS
ROSS, S. A. et al. Administração financeira. 10. ed. Porto Alegre: McGraw Hill,
2015.
44
GABARITO
ST = 100 - 40 ∴ ST = 60
CCL = 210
CDG = (PNC + PL) - ANC ∴ CDG = (270 + 240) - 300 ∴ CDG = 510 - 300 ∴
CDG = 210
Ciclo financeiro = 40 + 60 - 0 ∴
45