Você está na página 1de 100

República de Moçambique

COREP

MÓDULO ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA


Manual do Professor

Certificado Vocacional de Contabilidade Nível 5

FEVEREIRO
2011
1
ÍNDICE

I.PRINCIPAIS CONCEITOS, ETAPAS E MÉTODOS DA ANÁLISE ECONOMICO-FINANCEIRA DE UMA


ORGANIZAÇÃO .............................................................................................................................................. 5

1.1. Análise económico-financeira ....................................................................................................... 5

1.1.1. Conceito e definições ............................................................................................................ 5

1.1.2. Breve descrição da evolução da análise económico-financeira ........................................... 6

1.1.3. Objectivos da Análise Financeira .......................................................................................... 7

1.1.4. Análise Financeira Estática .................................................................................................... 8

1.1.5. Componentes das demonstrações financeiras de uma organização ................................... 9

1.2. Análise do Balanço ...................................................................................................................... 11

1.2.1. Sistematização da Estrutura do Balanço Patrimonial ......................................................... 12

1.3. Demonstração do Resultado ....................................................................................................... 22

1.3.1. Composição da demonstração de resultados ..................................................................... 23

1.3.2. Formas de elaboração da demonstração de resultados ..................................................... 24

1.4. Demonstração dos Fluxos de Caixa (Cash Flow) ......................................................................... 28

1.4.1. Vantagens do Fluxo de Caixa .............................................................................................. 33

1.4.2. Tipos de fluxo de caixa ........................................................................................................ 35

1.5. Limitação das ferramentas financeiras ....................................................................................... 36

II. RENTABILIDADE, ACTIVIDADE, LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO................................................................ 37

2.1. Rentabilidade e os rácios respectivos .............................................................................................. 41

2.2. Actividade e os rácios respectivos ................................................................................................... 49

2.3. Liquidez ou Tesouraria e os respectivos rácios ................................................................................ 50

2.4. Endividamento e os respectivos rácios ............................................................................................ 53

2
III. DEMONSTRAÇOES FINANCEIRAS: ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL .................................................. 55

3.1. Análise Horizontal ............................................................................................................................ 55

3.2. Análise Vertical................................................................................................................................. 59

IV. PRINCIPAIS ETAPAS DE ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA DE UMA ORGANIZAÇÃO ......................... 67

4.1. Etapas a ter em conta na análise financeira de uma organização ................................................... 68

4.2. Os Utentes e as suas Necessidades de Informação ......................................................................... 71

4.2.1. Reconhecimento de Activos...................................................................................................... 74

4.2.2. Reconhecimento de Passivos .................................................................................................... 74

4.2.3. Reconhecimento de Proveitos .................................................................................................. 75

4.2.4. Reconhecimento de Custos ...................................................................................................... 75

V. TÉCNICAS E MEIOS INFORMÁTICOS DE CÁLCULO NA PREPARAÇÃO DAS PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES


FINANCEIRAS ............................................................................................................................................... 81

5.1. O Balanço ......................................................................................................................................... 83

5.2. Demonstração de Resultados .......................................................................................................... 84

5.3. Elaboração do fluxo de caixa ........................................................................................................... 87

VI. CÁLCULO OS PRINCIPAIS RÁCIOS DE RENTABILIDADE, ACTIVIDADE, LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO.... 89

6.1. Análise da rentabilidade/rendibilidade ........................................................................................... 90

6.2. Análise da eficiência ou de actividade ............................................................................................. 93

6.3. Análise da liquidez ........................................................................................................................... 94

6.4. Análise estrutura de capitais............................................................................................................ 95

6.5. Rácios de alavanca financeira .......................................................................................................... 95

VII. RELATÓRIO DO DESEMPENHO ECONÓMICO DA ORGANIZAÇÃO......................................................... 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................. 100

3
Resultado de Aprendizagem 1:

Compreender os principais conceitos, etapas e métodos envolvidos na análise económico-


financeira de uma organização

Critério de Desempenho:

a) Descrever de forma precisa as diferentes componentes das demonstrações


financeiras utilizadas na análise económico-financeira (Demonstração de
Resultados, Balanço e Mapa de Cash-Flow) e a sua relevância para a tomada de
decisão;

b) Ilustrar correctamente os conceitos de rentabilidade, actividade, liquidez e


endividamento e a sua importância para o sucesso de uma organização relacionando
os mesmos com os respectivos rácios de análise;

c) Distinguir correctamente a diferença entre análise horizontal e análise vertical das


demonstrações financeiras de uma organização;

d) Descrever as principais etapas de análise económico-financeira de uma organização,


incluindo a preparação das demonstrações financeiras, cálculo dos principais rácios
de uma análise e elaboração do relatório de análise.

4
I.PRINCIPAIS CONCEITOS, ETAPAS E MÉTODOS DA ANÁLISE ECONOMICO-FINANCEIRA
DE UMA ORGANIZAÇÃO

1.1. Análise económico-financeira

1.1.1. Conceito e definições

A análise económico-financeira refere-se à avaliação ou estudo da viabilidade,


estabilidade e lucratividade de um negócio ou projecto. Engloba um conjunto de
instrumentos e métodos que permitem realizar diagnósticos sobre a situação financeira de
uma empresa, assim como prognósticos sobre o seu desempenho futuro.

Para que o analista possa verificar a situação económico-financeira de uma empresa, torna-
se fundamental o recurso a alguns indicadores, sendo que os mais utilizados são aqueles
que assumem a forma de rácios. Estes apresentam uma vantagem, não só de tornar mais
precisa a informação, como também de facilitar comparações, quer para a mesma empresa,
ao longo de um certo período de tempo, quer entre empresas distintas, num mesmo
referencial de tempo. Contudo, convém salientar que os rácios apenas constituem um
instrumento de análise, que deve, ser complementado por outros tantos. Com efeito, a
análise de indicadores, fornece apenas alguns indícios que o analista deverá procurar
confirmar através do recurso a outras técnicas.

A análise financeira é assim capacidade de avaliar a rentabilidade empresarial, tendo em


vista as condições actuais e futuras, verificar se os capitais investidos são remunerados e
reembolsados de modo a que as receitas superem as despesas de investimento e de
funcionamento.

5
1.1.2. Breve descrição da evolução da análise económico-financeira

“A pressão exercida pelo desenvolvimento do capitalismo e o apoio do raciocínio lógico


matemático podem ter formado o agregado que gerou a partida dobrada ou pelo menos
que facilitou que fosse introduzido nos processos de registos contábeis.” (SÁ, António
Lopes de. 1997.p.37.).

Nos anos 80, dá-se uma revolução financeira, marcada pelo aumento dos riscos financeiros
a que as empresas estavam expostas, pela crescente importância das emissões de títulos no
financiamento das empresas e pela consequente relevância quer da gestão de tesouraria,
quer das variáveis financeiras. A implicação desta revolução foi o aumento do número de
entidades que emitem pareceres sobre a situação financeira das empresas, não estando já
este papel reservado apenas aos bancos.

Esta evolução foi acompanhada de alterações na gestão das empresas, no sentido de


questionar os tradicionais instrumentos de análise financeira (como os rácios ou o fundo
de maneio), não para os inviabilizar mas antes para os enriquecer. Ã medida que a Análise
Financeira evolui, torna-se assim cada vez mais claro que não se trata de uma ciência
exacta e que não há uma forma única de analisar a saúde financeira de uma empresa.

Assim, de forma a alcançar a sobrevivência e desenvolvimento pretendido pela empresa, a


avaliação e interpretação da situação económico-financeira de uma empresa centra-se nas
seguintes questões fundamentais:

 Equilíbrio financeiro;
 Rentabilidade dos capitais;
 Crescimento;
 Risco;
 Valor criado pela gestão.

O recurso à análise financeira é extremamente importante para as diversas partes


interessadas numa boa gestão empresarial, sendo que essas partes interessadas são
6
gestores, credores, trabalhadores e as respectivas organizações, Estado, investidores e
clientes.

Cada grupo ou indivíduo tem diferentes interesses, por isso fazem a análise financeira mais
adequada aos objectivos pretendidos. Apesar desses objectivos poderem ser diferentes, as
técnicas utilizadas baseiam-se, fundamentalmente, no mesmo conjunto de informações
económico-financeiras:

 Balanço;
 Demonstração de resultados;
 Demonstração dos fluxos de caixa.

A técnica mais utilizada pela análise financeira é a que recorre aos rácios, um instrumento
de apoio para sintetizar uma enorme quantidade de informação, e comparar o desempenho
económico-financeiro das empresas ao longo do tempo. Constituem assim uma base da
análise financeira, mas não dão respostas. Essas encontrar-se-ão nos aspectos qualitativos
da gestão.

1.1.3. Objectivos da Análise Financeira

O diagnóstico da situação financeira de uma empresa pode surgir de uma necessidade


interna ou externa. Um diagnóstico interno pode ser necessário para tomar decisões de
gestão, utilizando a análise financeira como um instrumento de previsão no âmbito de
planos de financiamento e investimento ou para o controlo interno (acompanhamento da
actividade e comparação entre as previsões e a performance real). Pode também servir um
objectivo informacional, usando a informação financeira como instrumento de
comunicação interna ou como elemento de relações sociais na empresa.

Quanto ao diagnóstico externo, surge como instrumento de decisão para entidades


externas com influência junto da empresa, tais como bancos, investidores institucionais,

7
governos, fornecedores e clientes. O diagnóstico externo surge também como ferramenta
de comunicação com os investidores, o público, os media, as agências de rating e as
entidades que elaboram estudos estatísticos financeiros.

1.1.4. Análise Financeira Estática

A análise financeira estática baseia-se na informação que consta no Balanço, apresentando


uma apreciação de:

 Estrutura: bens e direitos de que dispõe a empresa e meios para os financiar;


 Solvabilidade: meios para fazer face aos compromissos a Médio e Longo Prazo
(incluindo dívidas e respectivos juros, despesas respectivas a obrigações assumidas
ou imperativos económicos e prestações fiscais, parafiscais ou sociais).
 Liquidez: meios para fazer face aos compromissos a Curto Prazo;

A análise financeira estática consiste em estabelecer relações entre conta e agrupamento


de contas do Balanço, da Demonstração de Resultados e da Demonstração dos Fluxos de
Caixa, ou ainda entre outras grandezas económico-financeiras. Estas relações têm várias
designações, tais como rácios, índices, coeficiente, indicadores, etc.

As demonstrações financeiras devem proporcionar informação acerca da posição


financeira, das alterações desta e dos resultados das operações, para que sejam úteis a
investidores, a credores e a outros utentes, a fim de investirem racionalmente, concederem
crédito e tomarem outras decisões, e contribuam assim para o funcionamento eficiente dos
mercados de Capitais. A informação deve ser compreensível para aqueles que a desejam
analisar e avaliar, ajudando-os a identificar a eficiência da gestão de recursos económicos.
São os administradores/ gerências que têm a responsabilidade pela preparação da
informação financeira. A qualidade essencial da informação proporcionada pelas
Demonstrações Financeiras é a de que seja compreensível aos utilizadores e deve satisfazer
as seguintes características:

8
 Relevância – a relevância deve ser entendida como a qualidade que a informação
tem de influenciar as decisões dos utilizadores, ao ajudá-los a avaliar os
acontecimentos passados, presentes e futuros, ou a confirmar ou corrigir as suas
avaliações.
 Fiabilidade - significa que a informação tem de estar liberta de erros materiais e de
juízos prévios, ao mostrar apropriadamente o que tem por finalidade apresentar ou
se espera que razoavelmente represente.
 Comparabilidade a divulgação e a quantificação dos efeitos financeiros de operações
e de outros acontecimentos devem ser registadas de forma consistente pela
empresa e durante a sua vida, para se identificarem tendências na sua posição
financeira e nos resultados das suas operações. Além disso, as empresas devem
adoptar os princípios de normalização contabilística, a fim de se conseguir
comparabilidade entre elas.

Estas características resultam da aplicação de conceitos, princípios e normas contabilísticas


adequados. Se assim for, as demonstrações financeiras evidenciarão uma imagem
verdadeira e apropriada da posição financeira e do resultado das operações da empresa.

1.1.5. Componentes das demonstrações financeiras de uma organização

Muitas entidades apresentam, juntamente com as demonstrações contábeis básicas, um


relatório da Administração descrevendo e explicando as características principais do
desempenho financeiro da entidade e os principais riscos e incertezas que enfrenta. Esse
relatório deve contemplar, além do solicitado pela lei, entre outras as seguintes
informações:

a) Descrição dos negócios, produtos e serviços; comentários sobre a conjuntura


económica geral relacionada à entidade, incluindo concorrência nos mercados, actos
governamentais e outros factores exógenos materiais sobre o desempenho da
companhia; informações sobre recursos humanos; investimentos realizados;
pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços; reorganizações

9
societárias e programas de racionalização; direitos dos accionistas e políticas de
dividendos, societárias e perspectivas e planos para o período em curso e os futuros;

b) Factores principais e influências que determinam o desempenho, incluindo


mudanças no ambiente no qual a entidade opera, a resposta da entidade às
mudanças e seu efeito, a sua política de investimento para manter e melhorar o
desempenho;

c) Fontes de obtenção de recursos da entidade; e

d) Os recursos da entidade não reconhecidos no balanço por não atenderem à


definição de activos.

Muitas entidades apresentam, além das demonstrações contábeis, informações adicionais,


como balanço social, relatórios sobre custos e outros factores relacionados a questões
ambientais, particularmente em sectores de indústria em que esses factores são materiais
no processo de tomada de decisão económica pelos usuários das demonstrações contábeis.
Esses relatórios e demonstrações adicionais não estão abrangidos pelas normas que
regulam a emissão de um conjunto completo de demonstrações contábeis. Assim, quando
divulgadas, serão efectuadas como informação complementar às demonstrações contábeis,
não se confundindo com os quadros desta ou com as notas explicativas.

Comparação do objectivo das diversas Demonstrações Financeiras

Balanço | Demonstração de resultados | Demonstração de fluxos de caixa

10
1.2. Análise do Balanço
1º Membro 2º Membro

Aplicações Origens

Caixa e Depósitos em Instituições Obtidas/geradas pela organização:


Financeiras = Fundos Próprios
(ou Activo Líquido)
Existências
De Terceiros:
Dívidas a receber
= Capital Alheio
Imobilizações
(ou Passivo)
= Activo Total

A tabela mostra que existe um documento contabilístico que expressa a situação


patrimonial de uma empresa num determinado momento (geralmente um trimestre,
semestre ou ano). Este documento permite comparar o activo (bens que a empresa possui
assim como o dinheiro que tem e as dívidas de terceiros), com o passivo ou capital alheio (o
que a empresa deve a terceiros, quer seja empréstimos bancários, responsabilidades para
com o Estado, dívidas a fornecedores, etc). A diferença entre o que tem e o que deve é
designada de Situação líquida (composta pelo Capital que foi usado para criar a empresa,
pelo acumular de resultados positivos ou negativos ao longo dos anos de funcionamento da
empresa, e por eventuais reavaliações de componentes do activo).

Assim, análise do balanço é uma demonstração contábil que tem por objectivo mostrar a
situação financeira e patrimonial de uma entidade numa determinada data, representando,
portanto, uma posição estática da mesma. O Balanço apresenta os Activos (bens e direitos)
e Passivos (exigibilidades e obrigações) e o Património Líquido, que é resultante da
diferença entre o total de activos e passivos. O balanço patrimonial é uma das peças
extraídas dos livros contábeis, que faz parte do conjunto das demonstrações financeiras,

11
representa de forma sintética o património da empresa em determinado momento,
elaborado segundo os princípios contábeis geralmente aceitos.

Segundo Matarazzo (1998, p.43), o balanço patrimonial: É a demonstração que apresenta


todos os bens e direitos da empresa – Activo -, assim como as obrigações - Passivo Exigível
– em determinada data. As diferenças entre Activo e Passivo é chamada Património Líquido
e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através de recursos
trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos
internamente.

Assaf Neto (2002, p.58) menciona que: O balanço apresenta a posição patrimonial e
financeira de uma empresa em dado momento. A informação que esse demonstrativo
fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura se apresentará
relativamente diferente algum tempo após seu encerramento.

Documento contabilístico que expressa a situação patrimonial de uma empresa num


determinado momento (geralmente um trimestre, semestre ou ano). Este documento
permite comparar o activo (bens que a empresa possui assim como o dinheiro que tem e as
dívidas de terceiros), com o passivo ou capital alheio (o que a empresa deve a terceiros,
quer seja empréstimos bancários, responsabilidades para com o Estado, dívidas a
fornecedores, etc).

A diferença entre o que tem e o que deve é designada de Situação líquida (composta pelo
Capital que foi usado para criar a empresa, pelo acumular de resultados positivos ou
negativos ao longo dos anos de funcionamento da empresa, e por eventuais reavaliações de
componentes do activo).

1.2.1. Sistematização da Estrutura do Balanço Patrimonial

As contas que são classificadas no Balanço Patrimonial, representando os elementos do


património que estão registados na escrituração comercial da empresa, estão agrupadas de
maneira que facilita o conhecimento e análise da situação financeira da mesma.
12
Como vimos é demonstrado em forma equacional, sendo o lado positivo representado pelo
Activo, que são os direitos e os bens e o lado negativo representado pelo Passivo
representando as obrigações, e a diferença entre Activo e Passivo, é o Património Líquido
que representa o investimento dos proprietários na constituição da empresa.

Activo

Activo = Capital alheio + Situação líquida

A equação quer dizer que num Balanço, o Activo é igual à soma do Capital alheio com a
Situação líquida, ou seja, o Capital Alheio (Passivo) e a Situação líquida (Capitais próprios)
financiam o Activo.

Devido às empresas se financiarem com Capitais Próprios e Alheios, o Activo,


normalmente, é maior que o Capital Alheio. Caso não se verifique, ou seja, sempre que o
Activo for inferior ao Passivo (valor do Capital Próprio vai ser negativo), existe falência ou
insolvência técnica da empresa.

Numa óptica financeira, o activo corresponde ás aplicações de fundos ou investimento.


Estes bens e direitos da empresa são financiados quer por capitais próprios, quer por
capitais alheios. Por isso, também se designa o 2º membro do balanço como origens de
fundos ou financiamento.

O total das aplicações de fundos iguala, a todo o momento, o total das origens de fundos,
podendo enunciar-se a equação fundamental da contabilidade da seguinte forma:

 Activo = Capitais Alheios + Capitais Próprios

 Aplicações de Fundos = Origens de Fundos.

Numa óptica financeira, o activo corresponde às aplicações de fundos ou investimento.


Estes bens e direitos da empresa são financiados quer por capitais próprios, quer por

13
capitais alheios. Por isso, também se designa o 2º membro do balanço como origens de
fundos ou financiamento.

No activo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos


elementos nelas registadas no seguinte grupo:

a) Activo circulante;
b) Activo realizável a longo prazo;
c) Activo permanente, dividido em investimentos, activo imobilizado e activo diferido.

Activo Circulante: é composto pelas contas de liquidez imediata e subdivide-se em:

1. Disponível;

2. Direitos Realizáveis no Exercício Seguinte;

3. Existências; e

4. Despesas Apropriáveis no Exercício Seguinte e Pagas Antecipadamente.

Deve-se entender como disponível, as contas onde são registados os valores que
representam o dinheiro em caixa, os saldos disponíveis em contas de movimento bancário,
os saldos de contas relativas aos activos imediatamente liquidáveis.

Direitos Realizáveis no Exercício Seguinte classificam-se neste subgrupo os seguintes:

(i) saldos relativos a aplicações em valores mobiliários, operações no mercado aberto e


saldos de recursos para os quais não haja uma necessária aplicação no momento;

(ii) contas a receber, com vencimentos para o exercício seguinte, tais como:

A) contas ou duplicatas a receber por vendas mercantis (inclusive cheques pré-


datados);

B) adiantamentos a empregados, e outros;

14
(iii) a parcela do imposto, relativa a opções por incentivos fiscais, até o momento do
recebimento do Certificado de Investimento (CI);

Adicionalmente, classificam-se nas Existências as seguintes contas:

a) stocks de mercadorias, matérias-primas, embalagens e materiais secundários


empregados em processo de produção, materiais de consumo e produtos em
trânsito, subprodutos e resíduos;

b) stock de imóveis pronto para a venda ou em construção com prazo de entrega


até 12 meses;

c) stock de materiais em poder de terceiros.

Despesas Apropriáveis no Exercício Seguinte são aquelas em que se regista os valores das
despesas antecipadas, devem ser apropriados como os prémios de seguros e despesas
financeiras diferidas, referentes a financiamentos apropriáveis no exercício seguinte.

Activo Realizável a Longo Prazo

Direitos Realizáveis após o encerramento do Exercício Seguinte:

Neste subgrupo serão registadas, dentre outras contas, as que representam os seguintes
direitos:

I- Realizáveis após o encerramento do exercício seguinte: Duplicatas a Receber,


Adiantamentos ou Empréstimos a Fornecedores ou a Sociedade Coligada ou
Controlada, Adiantamentos ou Empréstimos a Directores.

II- Despesas Apropriáveis após o encerramento do Exercício Seguinte: São


registadas neste subgrupo, as despesas antecipadas, referentes a encargos
financeiros exigíveis após o exercício seguinte ao do encerramento do Balanço.
Mais, enquadram-se no activo realizável a longo prazo os seguintes: os direitos
realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de

15
vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas,
directores, accionistas ou participantes do lucro da companhia, que não
constituírem negócios usuais na exploração objecto da companhia.

Activo Permanente

Divide-se em três subgrupos:

a) Investimentos;

b) Imobilizado; e

c) Diferido.

O subgrupo de Investimentos divide – se em: a) participações permanentes em outras


sociedades; b) os empreendimentos relativos ao plantio de florestas destinados à protecção
do solo ou à preservação do meio ambiente, sem que se destinem à manutenção da
actividade da empresa; c) as aplicações em Incentivos Fiscais, após o recebimento do
Certificado de Investimento (CI), quando houver a intenção de manter estes valores como
investimentos; d) as importâncias aplicadas na aquisição de imóveis, desde que não sejam
para revenda ou destinadas à manutenção das actividades da empresa (ex: imóveis para
aluguer); e) as aplicações em ouro, quando não constarem do objecto social da pessoa
jurídica.

Escritura – se nesse subgrupo os bens e os direitos que tenham por objecto bens
destinados para a manutenção das actividades da empresa ou exercidos com essa
finalidade, abrange até as actividades de propriedade industrial ou comercial. Subdivide –
em: máquinas, equipamentos, construções, direito de exploração de minas e jazidas,
reservas florestais, patentes de invenções e marcas, fórmulas e processo de fabricação,
ponto comercial e outros direitos de idêntica natureza, deverão ser classificados neste
subgrupo, classifica-se também, as benfeitorias realizadas em imóveis de terceiros.

Por seu turno, regista-se no subgrupo de Activos Diferidos, as seguintes aplicações: a) os


juros pagos ou creditados aos accionistas durante o período que anteceder ao início das
operações sociais; b) as despesas pré-operacionais ou pré-industriais, quando não se
16
identificarem com elementos específicos do Activo Permanente Imobilizado ou de
Investimentos; c) as despesas com pesquisas científicas ou tecnológicas, quando não
exercida opção para apropriação directa em conta de resultado; d) as despesas com o
desenvolvimento de jazidas ou minas; e) as despesas com a reestruturação, reorganização
ou modernização das empresas; f) as benfeitorias ou construções em imóveis locados, sem
direito a indemnização, cujo contrato tenha prazo determinado; g) as despesas com
prospecção e cubagem de jazidas e depósitos, realizadas por concessionárias de pesquisas
ou lavra mineral, sob orientação técnica de engenheiro de minas; h) a parte dos custos,
encargos e despesas operacionais, registados durante o período em que a empresa, em fase
inicial de operação, utilizou apenas parcialmente os seus equipamentos ou as suas
instalações.

Passivo

No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) Passivo circulante; b)


Passivo exigível a longo prazo; c) Resultados de exercícios futuros; d) Património líquido,
dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e
lucros ou prejuízos acumulados.

Passivo Circulante

São escrituradas as obrigações da empresa, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do


Activo Permanente, vencíveis no exercício seguinte. Neste grupo classificam – se os seguintes
subgrupos:

a) Fornecedores;

b) Empréstimos Bancários;

c) Obrigações Tributárias;

d) Obrigações Sociais;

e) Provisão para o Imposto de Renda e Contribuição Social.

Passivo Exigível a Longo Prazo

17
Escritura-se neste grupo as contas que representam as obrigações vencíveis após o
encerramento do exercício seguinte, incluindo financiamentos para aquisição de direitos
do Activo Permanente. Classificam-se neste grupo as seguintes contas:

Financiamentos; b) Hipotecas; c) Parcelamentos de Débitos Fiscais e Sociais; d) Créditos de


Empresas Coligadas e Controladas; e) Provisão para o Imposto de Renda e Contribuição
Social sobre lucros cuja tributação seja diferida.

Resultados de Exercícios Futuros

As receitas diferidas e antecipadas, conforme exige a legislação vigente, as contas que


devem integrar os resultados de exercícios futuros devem ser as receitas de exercícios
futuros e os seus custos e suas despesas correspondentes. As contas que se classificam
neste subgrupo são as seguintes:

a) O valor contratado das vendas a prazo ou a prestação, para recebimento em


período-base subsequente, pelas empresas imobiliárias, e, por diminuição, os custos
respectivos;

b) As receitas diferidas de contribuintes contratantes de construção de estradas e


semelhantes, por diminuição os custos correspondentes;

c) O valor recebido antecipadamente na venda de bens, serviços ou mercadorias, ainda


não produzidos, ou para entrega futura, nos casos de produção a curto prazo;

d) Os juros e receitas financeiras recebidas antecipadamente, em operações


financeiras;

e) Os alugueis recebidos antecipadamente;

f) Os adiantamentos recebidos pela venda de bens importados e por diminuição os


custos correspondentes.

18
Perez Junior e Begalli (2002, p.169) citam: Nos resultados de exercícios futuros, serão
classificadas as receitas já recebidas referentes a bens ou serviços ainda não concluídos,
deduzidos dos custos incorridos para sua produção até a data do balanço.

Património Líquido

O património líquido é a diferença entre o Activo e o Passivo Exigível, que representa a


primeira origem de recursos da empresa. As contas que constituem esse grupo são as
seguintes: a) Capital Social b) Reservas de Capital c) Reservas de Reavaliação d) Reservas
de Lucros e) Lucros ou Prejuízos Acumulados Assaf Neto (2002, p.70) diz que: Representa a
identidade contábil medida pela diferença entre o total do activo e os grupos do passivo
exigível e resultados de exercícios futuros. Indica em outras palavras, o volume de recursos
próprios da empresa, pertencente a seus accionistas ou sócios.

Capital Social

Serão discriminados nesta conta o montante subscrito e, como dedução, a parcela do


mesmo, ainda não realizada. Assaf Neto (2002, p.70) afirma que: O capital social inclui os
valores investidos pelos accionistas ou sócios da sociedade (integração de capital), ou
aqueles gerados pela própria empresa (lucros), e que não foram distribuídos, por
deliberação de seus proprietários, sob forma de dividendos.

Reservas de Capital

Nesta subdivisão serão agrupadas contas que registam: a) a contribuição do subscritor de


acções que ultrapassar o valor nominal; b) as doações ou subvenções para investimento; c)
as reservas de Incentivos Fiscais; d) o resultado da Correcção Monetária do Capital
Integrado, enquanto não capitalizado.

Reservas de Reavaliação

Serão classificadas como Reservas de Reavaliação, as contrapartidas de aumentos de


valores atribuídos a componentes do Activo, em virtude de nova avaliação com base em

19
laudo firmado por peritos ou empresas especializadas que tenham sido nomeados pela
Assembleia Geral das companhias.

Segundo Assaf Neto (2002, p.71) as reservas de reavaliação: Representam as


contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos de activos em virtude de
novas avaliações. Quando o custo corrigido de diversos activos permanentes for inferior ao
valor de mercado, a sociedade poderá promover, desde que a assembleia de accionistas
aprove e a avaliação seja feita com base em laudos técnicos de peritos ou firma
especializada, a correcção de seus valores até atingir o de reposição.

Reservas de Lucros

São reservas constituídas pela apropriação de lucros da companhia, podendo assumir as


seguintes características:

a) Reserva Legal que é aquela destinada a assegurar a integridade do Capital Social da


companhia, podendo ser utilizada para compensar prejuízos ou para aumentar o
capital. Será constituída, anualmente, mediante a retenção de 5% (cinco por cento)
do Lucro Líquido do Exercício, até o limite de 20% (vinte por cento) do Capital
Social Realizado. Entretanto, a companhia poderá deixar de constituí-la no exercício
em que o saldo dessa reserva, acrescido dos montantes das reservas de capital,
exceder a 30% (trinta por cento) do capital social.

b) Reservas Estatutárias são aquelas que o estatuto pode prever ou criar, desde que
para uma:

 Identifique, de modo preciso e correcto, a sua finalidade;

 Fixe os critérios de determinação da parcela anual do lucro líquido que será


destinada à sua constituição; e

20
 Estabeleça o limite máximo da reserva. Existem várias modalidades de Reservas
Estatutárias. Entre elas podemos citar as constituídas para: Aumento de Capital
Social, Reembolso de Acções a Accionistas Dissidentes, Resgate ou Amortização de
Acções.

c) Reserva para Contingências, que poderá ser estabelecida pela Assembleia Geral,
como destinação de parte do Lucro Líquido do Exercício, para compensar, em
exercício futuro, a diminuição do lucro proveniente de perda que pareça provável e
cujo valor possa ser estimado. Quando não mais existirem as razões da sua
constituição, o seu saldo será revertido para Lucros ou Prejuízos Acumulados, no
exercício no qual os motivos acima mencionados não mais existirem.

d) Reserva para Plano de Investimentos, constituída da parcela do Lucro Líquido do


Exercício, para suportar os investimentos discriminados no orçamento de capital da
companhia.

Reserva de Lucros a Realizar, que poderá ser aprovada pela Assembleia Geral, no exercício
em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido para Reserva Legal, Reservas
Estatutárias, Reserva para Contingências e Reserva para Planos de Investimentos. São
considerados como Lucros a Realizar:

1. O saldo credor da conta de registo das contrapartidas dos ajustes da correcção


monetária;

2. O aumento do valor de investimento em Coligadas e Controladas; e

3. O lucro em vendas a prazo realizável após o término do exercício seguinte. Assaf


Neto (2002, p.72) afirma que: Essas reservas indicam os lucros retidos da empresa
com finalidades específicas. O montante das reservas de lucros, com excepção das
reservas para contingências e de lucros a realizar, não poderá ser superior ao do
capital social. Se isso ocorrer, a assembleia da empresa deverá deliberar a

21
destinação desse excesso, podendo ser aplicado no aumento de capital, ou na
distribuição de dividendos aos accionistas ou na absorção de prejuízos.

Lucros ou Prejuízos Acumulados

Nesta subdivisão está incluída a parte dos Lucros ou Prejuízos Acumulados de exercícios
anteriores, do Lucro Líquido do Exercício sem nenhuma destinação específica e, também,
como valor rectificadores dos elementos do Património Líquido, do Prejuízo do Exercício,
se for o caso.

1.3. Demonstração do Resultado

Evidencia a formação de resultados num certo período (entre dois balanços), avalia a
situação económica da empresa. Ou ainda, a DR coloca em evidência os proveitos e os
custos ocorridos ao longo de determinado período de tempo (trimestres, semestre ou ano)
e o resultado é a diferença entre eles.

Esta formação de resultados evidencia-se pela síntese dos custos e proveitos em grupos
homogéneos, sendo que:

 Resultados = Proveitos – Custos


 Proveitos > Custos = Resultado Positivo (Lucro)
 Proveitos < Custos = Resultado Negativo (Prejuízo)

Ou ainda, a Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo principal


apresentar de forma vertical resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de
operações realizadas num determinado período, normalmente, de doze meses.

22
Assim, as empresas deverão na Demonstração do Resultado do Exercício, como mostrado
na anterior identidade resumida, discriminar:

a) A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os


impostos;
b) A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos
e o lucro bruto;
c) As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
d) O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
e) O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o
imposto;
f) As participações de debêntures, empregados, administradores e partes
beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou
fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como
despesa;
g) O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por acção do capital social.

1.3.1. Composição da demonstração de resultados

Dividimos em três componentes:

Resultado Operacional (Operating Income) que é o resultado gerado pela actividade


principal da empresa sendo apurado pela diferença entre os Proveitos Operacionais
(vendas, prestação de serviços, outros proveitos operacionais) e os Custos Operacionais
(compra de mercadorias e matérias-primas, salários e encargos, custos gerais de produção
e amortização do imobilizado).

Tal que:

Resultado Operacional = Proveitos Operacionais – Custos Operacionais


23
Resultado Financeiro evidência os lucros ou prejuízos decorrentes das decisões financeiras,
quer no que concerne à aplicação de excedentes, quer no que toca ao financiamento das
necessidades financeiras. É apurado pela diferente entre Custos e Perdas e Proveitos e
Ganhos, ambos de natureza essencialmente financeira (juros suportados e obtidos, ganhos
e perdas de empresa do grupo ou associadas, amortizações e rendimentos de imóveis,
provisões e rendimentos de aplicações financeiras, diferenças de câmbio favoráveis e
desfavoráveis, descontos de pronto pagamento obtidos e concedidos, etc).

Tal que:

Resultado Financeiro = Proveitos e Ganhos (natureza financeira) - Custos e Perdas


(natureza financeira)

Resultado Extraordinário diz respeito à diferença apurada entre Custos e Perdas e


Proveitos e Ganhos, com respeito a valores meramente ocasionais ou eventuais.
Exactamente por esse carácter pontual e inesperado interessa ser um resultado tratado em
separado já que em regra é imprevisível.

Tal que:

Resultado Extraordinário = Proveitos e Ganhos (natureza extraordinária) - Custos


e Perdas (natureza extraordinária)

O Resultado Líquido (RL) é apurado pela soma algébrica dos três componentes,
deduzida de impostos sobre rendimento (IRC).

1.3.2. Formas de elaboração da demonstração de resultados

Existem duas formas de elaboração da demonstração de resultados:

 Demonstração de resultados por natureza;

24
 Demonstração de resultados por funções.

Demonstração de Resultados por Natureza

A Demonstração de Resultado formal é a demonstração de resultados por natureza em que


os custos e proveitos aparecem de acordo com a sua própria natureza, ou seja, o custo é
imputado ao respectivo centro de custo (Matéria Prima; Mão de Obra Directa; Gastos
Gerais de Fabrico; Custo de distribuição, etc).

Logo a demonstração de resultados agrega os proveitos e os custos em grupos


homogéneos, consoante a sua natureza.

 Resultados Operacionais = Proveitos Operacionais - Custos Operacionais


 Resultados Financeiros = Proveitos Financeiros - Custos Financeiros

Na Demonstração de Resultados por funções os resultados são apurados de acordo com as


funções empresariais (produção, comercial, administrativa, financeira, etc.).

As organizações cotadas são obrigadas a incluir a demonstração de resultados por funções


nos seus relatórios anuais.

É de salientar que existe uma distinção nítida entre resultados operacionais e resultados
financeiros. Nos resultados operacionais integram-se os proveitos e custos respeitantes à
exploração, enquanto que nos resultados financeiros se consideram os proveitos de
aplicações de capital e os custos dos financiamentos, assim como ganhos ou perdas
resultantes de aplicações financeiras.

 Resultados Correntes = Resultados Operacionais + Resultados Financeiros


 Resultados Extraordinários = Proveitos e Ganhos Extraordinários - Custos e Perdas
Extraordinários
 Resultado antes de Impostos = Resultados Correntes + Resultados Extraordinários

Por fim, temos então o Resultado Líquido do exercício:

25
 Resultado Líquido do exercício = Resultado antes dos Impostos - Imposto sobre o
Rendimento Extraordinário

Resumindo:

Numa Demonstração de Resultados mostram-se os proveitos e custos incorridos pela


empresa durante o período em análise. O que a empresa vendeu, menos o que lhe custou
aquilo que vendeu, menos os custos de manter a própria empresa em funcionamento,
menos a amortização dos equipamentos usados na empresa, menos os custos de
financiamento da empresa, menos os impostos que teve que pagar sobre os rendimentos
assim gerados. O que sobra, é o resultado líquido (o lucro).

Desde logo é de notar que estes proveitos e custos geram-se no momento em que se dão os
factos que os originam, e não necessariamente na data em que a empresa recebe ou paga o
dinheiro a eles relativo. Essa é, aliás, a grande diferença entre a Demonstração de
Resultados e o Mapa de Cash Flows.

Assim, quando uma empresa acorda vender algo a um cliente, imediatamente regista a
venda e o custo daquilo que vendeu na sua conta de resultados, sendo que se o pagamento
não for a pronto ela ficará com uma dívida do cliente no seu Balanço.

Da mesma forma, todos os meses a empresa reconhecerá parte do custo do subsídio de


férias e natal dos seus empregados, mesmo sabendo-se que só os pagará mais tarde.

É à Demonstração de Resultados que iremos buscar as variáveis que nos ajudam a


determinar se uma empresa está “cara” ou “barata” face à sua actividade (pois a
Demonstração de Resultados espelha a actividade da empresa num dado período). Coisas
como os Resultados Líquidos (expurgados de Resultados Extraordinários) usados para

26
calcular o PER, ou o EBITDA/EBIT/Vendas usados para calcular EV/EBITDA, EV/EBIT,
EV/Sales.

Para se compreender onde aparecem estas variáveis, abaixo está a disposição normal para
uma Demonstração de Resultados:

Em certa medida, os resultados gerados por uma empresa são indissociáveis da forma
como depois são aplicados, e essa forma afere-se pelo impacto dos resultados nas rúbricas
do Balanço. Para onde é que vai o dinheiro que a empresa ganha?

Se vai para coisas que se podem desvalorizar (equipamentos, existências) ou para dar
crédito a terceiros (clientes), de pouco servirá aos accionistas (excepto na medida em que
27
permite a continuação e expansão da actividade). Se paga endividamento e em algum ponto
acumula liquidez, isso mais tarde ou mais cedo poderá parar no bolso dos accionistas. Se
está obrigada a investir constantemente em equipamento só para continuar a funcionar e
ser competitiva, isso também pouco ajudará os accionistas. Tem sempre que existir, no
presente ou no futuro, a perspectiva de que os (bons) resultados da empresa se traduzam
em dinheiro que será liberto para os seus accionistas, ou então pouco valor a empresa terá
sejam quais forem os resultados apresentados.

Por outro lado, não raras vezes os resultados bons de uma empresa podem ser
obscurecidos por resultados extraordinários negativos, ou por amortizações elevadas de
investimentos elevados feitos no passado e que não se espera se repitam no futuro.

1.4. Demonstração dos Fluxos de Caixa (Cash Flow)


O fluxo de caixa não é nada mais do que a distribuição no tempo de todas as entradas e
saídas de numerário geradas pelas actividades da empresa, lida portanto, com conceito de
fácil assimilação, a disponibilidade financeira, facilitando o entendimento por todos.

O fluxo de caixa é uma demonstração dinâmica, que oferece ao gerente financeiro uma
bagagem de informações que o ajudará na tomada de decisões. Representa a previsão, o
controle e o registo de entradas e saídas financeiras durante um determinado período,
contendo informações sobre a vida financeira da empresa. Através dele, obtêm-se as
informações sobre o estado de liquidez da empresa; como utilizar seus recursos por um
determinado período; se há capacidade da empresa aplicar recursos e/ou se há
necessidade de buscar um empréstimo.

A demonstração de fluxos de caixa relata movimentos de caixa durante o período,


classificados por actividades operacionais, de investimento e de financiamento, de forma a
proporcionar informação que permita aos utentes das demonstrações financeiras

28
determinar o impacto dessas actividades na posição financeira da empresa e nas quantias
de caixa e seus equivalentes.

Pode-se dizer que o fluxo de caixa nos dá a seguinte comparação:

 Demonstração de Fluxos de Caixa→ Alterações na Posição Financeira

Assim, em Finanças, o fluxo de caixa (designado em inglês por "cash flow"), refere-se ao
montante de caixa recebido e gasto por uma empresa durante um período de tempo
definido, algumas vezes ligado a um projecto específico.

A contribuição do fluxo de caixa é portanto, fundamental no entendimento do


funcionamento da própria empresa e das implicações das decisões tomadas. Além disso
podemos citar outros aspectos da actividade que a manutenção de um fluxo de caixa pode
ajudar a perceber e compreender:
 Existência de concentração de pagamentos/recebimentos;
 Sazonalidade nas vendas;
 Necessidade e resultados das políticas de marketing e promoções;
 Estrutura de custos/despesas fixa;
 Necessidade da separação dos controles pessoais e da empresa;
 Necessidade de uma remuneração pelo trabalho do empreendedor;
 Efeitos dos tributos;
 A noção de passivos/obrigações.

O fluxo de caixa é de vital importância para a eficácia económico-técnico, financeira e


administrativa das empresas, sejam elas micro, pequenas, médias ou grandes, a tal ponto,
que muitas instituições de crédito exigem a sua apresentação antes de concederem
empréstimos ou financiamentos a seus clientes. As empresas que o utilizam dificilmente
fracassam, o mesmo não ocorre com aqueles que dele não fazem uso para planejar e
controlar as suas actividades. Através do fluxo de caixa a empresa poderá saber

29
antecipadamente (no início de um período) o que ela terá de necessidade ou de excedentes
de recursos financeiros, podendo com isso tomar a decisões mais adequadas para
solucionar seus impasses. A sua adopção como ferramenta de gestão proporciona ainda
que a empresa tenha:
 Uma auto-planificação auxiliando-se de dados estatísticos;
 Uma visão de curto e médio prazo sobre o seu desempenho;
 Uma planificação de investimentos, quando os dados, mês a mês, apresentarem
índices de crescimento acentuado;
 Capacidade de tomar decisões rápidas, fundamentadas diante do surgimento de
dificuldades financeiras.

Existem dois tipos de fluxos: - outflow, de saída, que representa as saídas de capital,
subjacentes às despesas de investimento. - inflow, de entrada, que é o resultado do
investimento. Valor que contrabalança com as saídas e traduz-se num aumento de vendas
ou representa uma redução de custo de produção, etc.

Para calcular o valor acumulado entre as receitas previstas e as despesas durante


determinado período, são seguidos os seguintes passos:

1. Escolher um período de tempo para o estudo;


2. Reunir os valores totais das receitas obtidas para cada período, do total de períodos
em estudo;
3. Reunir o total de custos para o projecto, nos períodos correspondentes aos
estudados no 2º passo;
4. Efectuar a soma dos valores positivos do 2º passo com os valores negativos do 3º
passo
5. Tomar a soma de acumulados dos valores obtidos no 4º passo

Período de estudo: período de tempo a que reporta o levantamento de todos os “outflows”


e “inflows” relacionados com o projecto.

30
Uma projecção de fluxo de caixa demonstra todos os pagamentos (direito) e recebimentos
esperados em um determinado período de tempo. O controlador de fluxo de caixa necessita
de uma visão geral sobre todas as funções da empresa, como: pagamentos, recebimentos,
compras de matéria-prima, compras de materiais secundários, salários e outros, por que é
necessário prever o que se poderá gastar no futuro dependendo do que se consome hoje.

Exemplo:

Se uma pessoa recebe 5.000,00 MT mensais (ou 60.000,00 MT anuais), e gasta algo
equivalente a isso com as despesas correntes, logo seu fluxo de caixa será de igual valor. Com
esse fluxo de caixa ele poderá planificar para o futuro de curto prazo, ela também estaria
impedido de tomar empréstimos avultados, comprar bens de valores altos ou empreender
projectos acima de 100.000,00 MT, por exemplo. Para uma entidade jurídica, essa medida de
fluxo de caixa é idêntica. Portanto, o fluxo de caixa "mede" o valor do negócio em que a
empresa vem operando.

Não adianta a entidade ser gigantesca ou pequena demais, o valor desse empreendimento
estará no seu fluxo de caixa, ou melhor, se ambas tiverem um FC de, digamos, 1 milhão,
ambas terão o mesmo valor de mercado, pelas trocas de activos que eles realizam com o
mercado serem idênticas.

Apesar do nome, as contas-correntes da empresa tem o mesmo comportamento do seu


caixa e seu movimento faz parte desse fluxo de caixa. O que não pode ser considerado é a
transacção de depósito ou saque bancários, ou melhor, as transacções entre Caixa e Contas-
Correntes não são computadas.

O fluxo de caixa é uma óptima ferramenta para auxiliar o administrador de determinada


empresa nas tomadas de decisões. É através deste "mapa" que os custos fixos e variáveis
ficam evidentes, permitindo-se desta forma um controle efectivo sobre determinadas
questões empresariais.

31
O fluxo de caixa é de vital importância para a eficácia económico, técnico financeira e
administrativa das empresas, sejam elas micro, pequenas, medias ou grandes, a tal ponto,
que muitas instituições de crédito exigem a sua apresentação antes de concederem
empréstimos ou financiamentos a seus clientes. As empresas que o utilizam dificilmente
fracassam, o mesmo não ocorre com aqueles que dele não fazem uso para planejar e
controlar as suas actividades. Através do fluxo de caixa a empresa poderá saber
antecipadamente (no início de um período) o que ela terá de necessidade ou de excedentes
de recursos financeiros, podendo com isso tomar a decisões mais adequadas para
solucionar seus impasses.

Existem várias medidas com capacidade para caracterizar a rentabilidade de um projecto


de investimento: os resultados do exercício (do projecto) são à primeira vista a medida de
rendibilidade por excelência da actividade do projecto. Acontece que os resultados do
exercício (o lucro) é uma medida que depende de vários procedimentos nomeadamente do
registo contabilístico adoptado (como o método de valorização das existências, das
amortizações e reintegrações, etc), de tal forma que existem, em geral para a mesma
empresa e para o mesmo exercício, duas medidas distintas do lucro, uma para a
administração fiscal e outra para os accionistas.

As diferentes medidas dos resultados do exercício (lucro) provocariam, acaso se utilizasse


o lucro como medida de rentabilidade do projecto, que estes procedimentos poderiam
levar a considerar um bom projecto num mau projecto. Para evitar a dependência da
medida de rendibilidade do projecto do procedimento contabilístico, utiliza-se como
medida de rendibilidade do projecto o cash-flow.

O conceito de cash-flow designa os fluxos líquidos gerados pelo projecto que assumem a
forma de numerário. A vantagem do cash-flow relativamente ao lucro é que o cash-flow é
um conceito objectivo, bem definido, que é registável de forma inequívoca.

32
Os recebimentos e os pagamentos efectivos em numerário são os registos relevantes para a
medição do cash-flow. Na definição do cash-flow é importante identificar os recebimentos e
pagamentos do projecto em numerário, bem como o período de tempo em que esse fluxo é
gerado, dado que o dinheiro tem valor no tempo.

Este conceito é desagregável no projecto de investimento em: Cash-flow de investimento,


Cash-flow de exploração.

O cash-flow de investimento obtém-se a partir do plano global de investimento, e o de


exploração a partir do plano de exploração previsional. Estes conceitos são distintos e
medem coisas distintas se pretendermos medir a rendibilidade devemos usar o conceito de
cash-flow; se pretendemos medir a solvabilidade devemos utilizar o conceito de fluxo de
tesouraria.

1.4.1. Vantagens do Fluxo de Caixa

A diferença entre os mapas "tradicionais" e o mapa de cash flows é importante, porque


muitas vezes a expansão da actividade dita uma expansão contínua das necessidades de
fundo de maneio ou de investimento de tal forma que um negócio que nas demonstrações
tradicionais parece excelente pelos seus fantásticos resultados, na geração efectiva de
dinheiro pode ser extremamente fraco.

Isto acontece porque a expansão de rubricas como clientes ou existências não tem
virtualmente impacto nos resultados líquidos reportados por um negócio, mas facilmente
absorve toda a liquidez gerada pelo negócio.

Mais, o mapa de cash flow permite identificar atempadamente situações graves de ruptura
de tesouraria que podem levar à falência de uma empresa. É importante que mais do que a
falência técnica, a ruptura de tesouraria é, normalmente, o principal motivo de falência,
sendo que muitas empresas caem na falência ainda com valor contabilístico (capitais
próprios) positivos.

33
Resumindo, outros objectivos do fluxo de caixa são:

 Saldar as obrigações da empresa nas datas de vencimento;


 Planejar pagamentos em datas certas para não incorrer em inadimplemento;
 Ter um fundo com saldo de caixa para eventuais despesas;
 Quando tem caixa elevado programar para uma melhor aplicação e pelo tempo que
depois de analisado o fluxo pode se deixar;
 Buscar perfeito equilíbrio entre ingressos e desembolsos de caixa da empresa.
 Analisar fontes de crédito que oferecem empréstimos menos onerosos – em caso de
necessidade – com tempo já previsto.

Dentre as inúmeras vantagens decorrentes do uso do fluxo de caixa, destacam-se:


 Visão integrada do caixa: sabendo-se o saldo verdadeiro do caixa, busca-se a sua
optimização, através do aumento de entradas e/ou redução de saídas.

 Alta preocupação com competitividade e desempenho: ao se projectar um fluxo


de caixa, definem-se os parâmetros de desempenho. Ex.: Se uma empresa vender X,
sua actuação será modesta no mercado, sem influenciar a concorrência. Se vender X
+ Y sua actuação será satisfatória e equiparada aos dos concorrentes; mas caso ela
venda X + Y + Z, sua actuação passa a ser óptima e supera a condição dos
concorrentes. Com isso, esses indicadores de desempenho norteiam a empresa
quanto aos seus objectivos e metas a serem alcançadas.

 Equilíbrio financeiro de caixa: Permite à empresa conhecer seu ponto de


equilíbrio com relação ao caixa, ou seja, determinar qual o volume de capital que
precisa estar presente, ao mínimo, para que a empresa possa arcar com seus custos
dia-a-dia. Este procedimento evita situações prejudiciais à empresa como a falta de
caixa, o que pode gerar dívidas com empréstimos e o excesso de caixa, situação esta

34
referente a uma reserva muito alta de capital no caixa e que poderia ser
tranquilamente reaplicada em outros investimentos (custo de capital).

Para que a empresa possa atingir resultados significativos, é necessário que todos os
membros e departamentos estejam envolvidos com o processo, de maneira a alcançar a
sinergia e optimizar o desempenho da empresa.

1.4.2. Tipos de fluxo de caixa

Os fluxos operacionais são os fluxos de caixa – entradas e saídas – directamente


relacionado à produção e venda dos produtos e serviços da empresa. Esses fluxos captam a
demonstração do resultado e as transacções das contas circulantes (excluindo os títulos a
pagar) ocorridas durante o período.

As principais modalidades de ingressos operacionais são as vendas à vista; recebimento,


desconto, caução e cobrança das duplicatas de vendas a prazo realizadas pela empresa.
Quanto aos desembolsos operacionais podem ser relacionados com as compras de
matérias-primas à vista e a prazo, salários e ordenados com os encargos sociais
pertinentes, custos indirectos de fabricação, despesas administrativas, despesas com
vendas, despesas financeiras e despesas tributárias.

Nesse caso o fluxo que resulta da actividade económica da empresa deve ser superior ao
lucro líquido após o imposto de renda, devido a dois factores:
a) O montante de despesas não desembolsadas atribuídas ao período, principalmente a
depreciação que é um custo, porém não representa uma saída de caixa;

b) Desembolsos com investimentos não capitalizados, porém considerados como


despesas do período.

35
Os fluxos de investimento são fluxos de caixa associados com a compra e venda de activos
imobilizados, e participações societárias. Obviamente, as operações de compra resultam
em saídas de caixa, enquanto que as operações de venda geram entradas de caixa.

Os fluxos de financiamento resultam de operações de empréstimo e capital próprio.


Tomando ou quitando empréstimos tanto de curto prazo (títulos a pagar) quanto de longo
prazo resultará numa correspondente entrada ou saída de caixa. Do mesmo modo, a venda
de acções pode resultar numa entrada de caixa, enquanto que a recompra de acções ou o
pagamento de dividendos pode resultar em saída financeira.

O fluxo de caixa extra-operacional compreende os ingressos e os desembolsos de itens não


relacionados à actividade principal da empresa, como: imobilizações, vendas do activo
permanente, receitas financeiras, aluguéis, recebidos ou pagos, amortizações de
empréstimos ou de financiamentos, pagamento de contraprestações (leasing).

1.5. Limitação das ferramentas financeiras

Devido ao carácter sintético dos documentos contabilísticos referidos, estes não


respondem por inteiro às exigências da análise financeira. Resumindo, temos como
principais limitações dos documentos contabilísticos, os seguintes aspectos:

 Não reflectem valores actuais;


 Existem contas para as quais é preciso fazer algumas estimativas;
 Enquanto a depreciação do imobilizado é uma prática corrente, a sua revalorização
é normalmente ignorada;
 Existem muitas rubricas com valor financeiro que estão omitidas do balanço;
 Os diferentes critérios valorimétricos utilizados podem provocar diferenciações nas
várias empresas;
 As normas contabilísticas são, muitas vezes, ditadas por imperativos fiscais que
reduzem o significado económico-financeiro da informação contabilística.
36
II. RENTABILIDADE, ACTIVIDADE, LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO

Em tese, um conceito deveria ser um termo que define uma realidade específica. A ciência
se baseia em conceitos como os de massa, força, aceleração, etc.

No mundo corporativo não é diferente, nossas actividades e progressos estão atrelados a


conceitos como valor, rentabilidade, capital humano, comprometimento, entre tantos
outros.

Acontece que a ciência da administração de pessoas e resultados não é uma ciência exacta
como a Física ou a Matemática, mas uma ciência humana.

Esta particularidade faz com que seja emprestada uma certa inexactidão aos conceitos
fazendo com que eles passem a não retratar mais a realidade.

Observe a prática da responsabilidade social em uma empresa que você conheça bem. Ela
representa a realidade da responsabilidade social ou apenas uma prática de marketing
social disfarçada sob o conceito de responsabilidade social? Trata-se de realidade ou
"conceito"?

Com o passar do tempo, vários departamentos nas empresas passaram a utilizar conceitos
como capital humano, por exemplo. Ao fazer isso, começaram a discursar sobre a
importância das pessoas, propondo que as pessoas são o mais importante capital da
organização. Até aqui, conceitualmente, tudo bem, mas trata-se de "conceito" ou de
realidade?

É perceptível e até tangível para estas pessoas que elas são o capital mais importante do
37
negócio? Elas sentem isso? Concordam com isso? Experimentam isso na prática das
relações quotidianas com seus pares, superiores hierárquicos e processos dentro da
empresa?

Um conceito que não expressa a realidade perde totalmente sua função e, além de não
cumprir o seu papel, ainda confunde as pessoas gerando insatisfação, perda da
credibilidade e stress.

Não há nada mais destrutivo em uma empresa que o abismo entre os seus conceitos e a sua
realidade. As pessoas não conseguem conviver por muito tempo com ironia, incoerência e
hipocrisia sem que, consciente ou inconscientemente, comecem a boicotar os resultados,
perdendo completamente o comprometimento e passando a realizar somente o necessário.

Grandes organizações são construídas sob crenças e valores vivenciados no dia a dia e não
sob o discurso vazio de "conceitos" emprestados, manipulados, maquiados e erroneamente
utilizados.

A distância entre os conceitos e a realidade de uma empresa determina a distância entre o


compromisso e o comprometimento das pessoas que compõem o seu elenco de talentos.

Compromissos são obrigações nem sempre agradáveis, podem ser adiados.


Comprometimento representa uma dedicação continuada, repleta de significado e que
expressa a nossa adesão à missão e às metas da organização.

Pessoas apenas compromissórias não fazem história em um mercado altamente


competitivo. Somente as pessoas comprometidas podem atingir alta performance. Assim, a
empresa tem que tomar uma importante decisão: "Conceito" ou Realidade?

38
Cabe ao RH colaborar com a ampliação da percepção dos demais departamentos sobre as
repercussões de conceitos dissociados da realidade e o seu custo para o futuro do negócio!

Portanto, neste capítulo vamos tratar de três conceitos importantes da vida das
organizações.

Agora vamos ver, individualmente, os três conceitos. Vamos começar com o conceito de
rentabilidade e os respectivos rácios.

É igualmente importante destacar que a técnica mais utilizada pela análise financeira é a
que recorre aos rácios, um instrumento de apoio para sintetizar uma enorme quantidade
de informação, e comparar o desempenho económico-financeiro das empresas ao longo do
tempo.

Constituem assim uma base da análise financeira, mas não dão respostas. Essas encontrar-
se-ão nos aspectos qualitativos da gestão.

Os rácios financeiros contêm, como qualquer instrumento de medida, vantagens e


inconvenientes.

No que concerne às vantagens dos rácios, estas podem sintetizar-se em:

 A elaboração do diagnóstico financeiro de uma empresa baseia-se no triângulo da


liquidez, estrutura financeira e rentabilidade que tem subjacente os rácios;

 Permitem tirar conclusões com base em dados quantificados;

 Possibilitam a utilização de grandes quantidades de informação de modo


relativamente sintético, simples e objectivo;

 Permitem tratar uma amostra constituída por dados de várias empresas num só
momento de tempo ou usar dados de uma só empresa reportados a vários anos;

 Contribuem para determinar a performance das empresas em termos de


rentabilidade, solvabilidade, liquidez e equilíbrio financeiro.
39
Quanto às desvantagens podemos resumi-las em:

Se tiver havido incorrecções ao nível dos Balanços, Demonstrações de Resultados e Anexos,


os rácios reflectirão essas incorrecções;

Em relação a determinados fenómenos, os relatórios financeiros podem não ser a base de


dados mais adequada para a sua análise;

As empresas podem realizar actividades em vários segmentos de negócios. Cada empresa


tem uma classificação das actividades económicas que corresponde à área de negócio mais
importante, se as conclusões disserem respeito a um só segmento e não à actividade global
da empresa, os resultados dos rácios podem ser enviesados;

As políticas de provisões e de amortizações adoptadas pelas empresas podem ser


diferentes e conduzir a distorções ao nível dos rácios;

Um grupo económico pode seguir uma política de transferência de preços entre empresas
no seio do grupo, motivada por interesses de optimização fiscal. Esses preços podem não
corresponder aos custos obtidos através da Contabilidade Analítica, conduzindo a que
numa empresa os resultados sejam superiores e que noutra sejam inferiores aos que de
facto se verificariam se o critério fosse somente o dos preços de mercado, sem que
houvesse outras motivações;

Os rácios financeiros são apenas um instrumento de análise que pode e deve ser
complementada por outros; tratam apenas dados quantitativos, não tendo em consideração
factores qualitativos como a ética, motivação, etc.

Resumindo, os rácios são uma razão ou quociente entre duas grandezas e


permitem:

 Quantificar factos / características da empresa;


 Apontar indícios / detectar anomalias;

40
 Fazer comparações no tempo e no espaço.

2.1. Rentabilidade e os rácios respectivos


Com a leitura das secções anteriores, já percebeu onde podemos encontrar a informação
relativa aos lucros e ao património da empresa. Se não percebeu, então nós ajudamos: na
demonstração de resultados e no balanço, respectivamente.

Resumidamente, como deve ter visto a demonstração de resultados dá-nos a informação


referente aos lucros com a seguinte estrutura:

Aos proveitos obtidos com as vendas e prestações de serviços da empresa retiramos os


custos operacionais e obtemos os resultados operacionais. Este valor, também conhecido
do inglês, como EBIT (Earnings Before Interest and Taxes, que significa literalmente
resultados obtidos antes de deduzidos os custos financeiros e impostos), permite uma

41
leitura rápida do valor que a empresa gerou durante um determinado período de tempo,
apenas tomando em consideração os custos directamente necessários para produzir e
vender os seus produtos.

Por vezes, alguns analistas utilizam um indicador parecido, denominado de


EBITDA (Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization). Este
indicador é igual ao valor apurado nos resultados operacionais desconsiderando os custos
com as amortizações. A ideia é fornecer uma aproximação simples ao fluxo de caixa (cash
flow) operacional, a partir da leitura da demonstração de resultados. Em nossa opinião, a
simplicidade deste indicador não compensa as distorções de informação por ele
provocadas (por outras palavras, é demasiado simples para ser levado a sério).

Se aos resultados operacionais subtrairmos os custos relacionados com os juros e outros


custos financeiros, obtemos os resultados antes de impostos. E, finalmente, se subtrairmos
os impostos aos resultados antes de impostos, obtemos os resultados líquidos do exercício,
ou o chamado lucro da empresa.

Quanto ao balanço, os dados que vamos utilizar para calcular a rentabilidade são:

a) A Situação Líquida (SL) que corresponde aos Capitais Próprios e representa, como já
mencionamos, o valor contabilístico da empresa.

b) O Capital Investido (CI), também comummente designado por Capitais


Permanentes, que corresponde à soma de todos os capitais de médio e longo prazo,
isto é, o valor que os donos da empresa investiram acrescido do valor que terceiros
emprestaram à empresa a médio e longo prazo,

c) O Activo Total (AT)

42
Então, em resumo, vamos comparar os resultados da empresa com o seu património para
analisar a rentabilidade de uma organização. E as fontes de informação são as seguintes:

Como se pode notar, Rentabilidade indica a percentagem de remuneração do capital


investido na empresa.

Investimento é todo o capital aplicado na empresa, seja o capital social inicial mais os
aumentos (aportes) de capital adicional, mais os lucros reinvestidos na empresa.

A taxa de rentabilidade do investimento é calculada da seguinte forma: Lucro Líquido,


dividido pelo Investimento.
43
Por seu turno a lucratividade indica a percentagem de ganho obtido sobre as vendas
realizadas.

Exemplo 1:

Suponha uma hipotética empresa denominada Tatenda Agro, SA apresenta um lucro


Líquido mensal: 200.000,00 MT; Investimento total: 8.000.000,00 MT;
Qual é a taxa de rentabilidade dessa empresa.

Resposta: Taxa de rentabilidade: 2,5 % ao mês.

O prazo de retorno do investimento realizado é calculado da seguinte forma: Investimento,


dividido pelo Lucro Líquido.

Exemplo 2:

Suponha igualmente os mesmos dados da empresa anterior com Investimento total:


8.000.000,00 MT e Lucro Líquido mensal: 200.000,00 MT;
Prazo de retorno: 40 meses. Qual é o índice de lucratividade da Tatenda Agro SA?

Resposta:

O índice de lucratividade é calculado da seguinte forma:

Valor do lucro líquido, dividido pelo Valor das vendas.

44
Equação fundamental da rentabilidade

Rácios de Rendibilidade Chama-se rácio de rendibilidade ao indicador (expresso em %)


da relação entre o resultado (lucro ou prejuízo) e as vendas ou uma grandeza de capital.
Podem ter - se assim vários indicadores de rendibilidade. Numa empresa, a rendibilidade
toma três dimensões distintas segundo os objectivos da análise: rendibilidade comercial,
rendibilidade económica e rendibilidade financeira.

Rendibilidade comercial Está estreitamente relacionada com a política de preços da


empresa e a margem bruta que esta reserva sobre o preço de custo das mercadorias
vendidas. É o Rácio que analisa a relação entre os resultados e as vendas. Consoante o tipo
de numerador, assim se tem uma diferente noção de rendibilidade das vendas.

A Rendibilidade operacional das vendas É independente da política financeira adoptada


pela empresa (antes de encargos financeiros) e a incidência fiscal resultante da sua política
de investimento (dotações às amortizações), dependendo evidentemente, do sector de
actividade em causa e do grau de integração vertical do ciclo de produção.

Rendibilidade líquida das vendas Obtém-se a partir da margem líquida obtida pela
empresa após a dedução de todos os encargos.

Rendibilidade financeira A rendibilidade dos capitais próprios analisa a remuneração


que eles geram. Este rácio pode considerar-se o mais importante em finanças empresariais.
Mede a rentabilidade absoluta entregue aos accionistas. Um bom número traz êxito ao
negócio, tornando fácil atrair novos fundos que permitirão à empresa crescer, havendo
45
condições favoráveis de mercado, e isso, por sua vez, conduz a maiores proveitos. É a
medida de eficiência privilegiada dos accionistas e investidores.

Rendibilidade Económica Caso se queira analisar a rendibilidade, separadamente das


decisões financeiras, tem de se recorrer ao rácio Rendibilidade do Activo, que é um rácio de
avaliação do desempenho dos capitais totais investidos na empresa, independentemente da
sua origem (próprios ou alheios): A rendibilidade do investimento total permite avaliar a
eficácia da aplicação de capital na operação. Este é o melhor indicador para comparações
entre empresas. Pode ainda ser comparado com o custo do capital alheio, podendo
concluir-se se o endividamento pesa favorável ou desfavoravelmente na rendibilidade dos
capitais próprios. É um rácio que de avaliação do desempenho dos capitais totais investidos
na empresa.

Rentabilidade do Activo (ROA)

Este rácio divide o valor dos Resultados Operacionais (RO) pelo valor do Activo Total (AT)
e dá-nos a informação sobre qual a capacidade dos activos da empresa em gerar resultados,
afinal é para isso mesmo que servem: máquinas, equipamento produtivo, inventários,
equipamento administrativo, entre outros, têm de ser capazes de gerar resultados.

Naturalmente, quanto maior for o rácio de Rentabilidade do Activo melhor será a


performance operacional da empresa. Um rácio de ROA elevado significa que os activos da
empresa estão a ser bem utilizados e a produzir bons resultados.

É necessário ter em consideração o modo de funcionamento da empresa em questão.


Diferentes empresas requerem maior ou menor intensidade de activos. É normal que as
46
empresas do sector industrial tenham activos maiores do que as empresas de serviços, por
exemplo. Uma empresa do sector petrolífero necessita de uma infraestrutura física muito
superior à de uma empresa de recrutamento e selecção. Por isso, não faz sentido comparar
directamente o ROA destas duas empresas, sendo de esperar que a segunda tenha um ROA
muito superior ao da primeira em condições normais.

Rentabilidade dos Capitais Próprios (ROE)

A rentabilidade dos capitais próprios divide o valor dos Resultados Líquidos (RL) pelo
valor da Situação Líquida (SL). O significado do ROE prende-se com a capacidade e eficácia
de remuneração dos capitais investidos pelos donos da empresa. É portanto um rácio que
interessa particularmente aos donos, sejam sócios ou accionistas.

O ROE diz-nos qual a percentagem de lucro por cada metical investido. Se uma empresa
tiver um ROE de 20%, por exemplo, isto significa que cada 1.000 MT de capital próprio
criam 200 MT de lucro por ano. Esta informação é extremamente importante para os
investidores, que geralmente são atraídos por empresas que têm a capacidade de gerar
ROE elevados numa base sustentada. ROE elevados são sinónimo de crescimento e valor
acrescentado; qualquer gestor ou analista deve dar grande importância a este rácio.

Na análise do ROE, podemos decompor a sua estrutura em três partes:

a) A Rentabilidade Líquida das Vendas (RLV): quanto lucro em euros gera a empresa
por cada euro de vendas. A RLV divide o Resultado Líquido pelas Vendas, ambos os
47
valores que constam da Demonstração de Resultados, resumindo o desempenho da
empresa. As RLV são pois a margem líquida de lucro da empresa.

b) A Rotação do Activo (RA): quanto vende a empresa por cada euro de activos, ou seja,
o rácio entre as Vendas e o Activo Total. Resume a eficácia da gestão da empresa na
utilização dos seus activos.

c) Alavancagem Financeira (AF): divide o valor do Activo Total pela Situação Líquida e
dá-nos a informação sobre a intensidade de capitais alheios no financiamento da
empresa.

Então, ao analisarmos o ROE podemos analisar cada um destes três rácios separadamente e
comparar a sua evolução ao longo do tempo, para compreender melhor a eficácia da gestão
na manipulação destes instrumentos e para detectar eventuais problemas. Vejamos a
relação entre os três indicadores na seguinte equação, também conhecida como análise
DuPont:

ROE = Rentabilidade Líquida das Vendas x Rotação do Activo x Alavancagem Financeira

Na análise das relações destes indicadores, os gestores podem compreender melhor o


impacto da margem de lucro, da eficácia na utilização de activos e do grau de alavancagem
financeira na rentabilidade dos capitais investidos na empresa. É de realçar a grande
utilidade desta análise ao longo do tempo e principalmente a comparação destes
indicadores entre empresas do mesmo sector.

48
Além destas vantagens, análise DuPont permite ainda que os gestores simulem diferentes
cenários e o seu impacto na rentabilidade dos capitais próprios. O que acontece se a nossa
rentabilidade líquida das vendas aumentar 1%, e se aumentarmos o grau de alavancagem
financeira, qual será o impacto? Entre estas questões, muitas outras poderão ser analisadas
e discutidas como uma boa metodologia para a tomada de decisão.

2.2. Actividade e os rácios respectivos


Rácios de Funcionamento Os rácios de funcionamento servem para analisar a eficiência
das decisões na gestão dos recursos aplicados. Os rácios de funcionamento apuram - se em
termos. Devem utilizar - se valores médios de balanço de forma a não serem afectados
pelos valores acidentais em determinadas datam do balanço. Estes rácios só têm sentido se
comparados dentro do mesmo sector e entre empresas com características tecnológicas e
de mercado semelhante.

Assim, os rácios de actividade procuram caracterizar aspectos operacionais das actividades


económicas de uma empresa, nomeadamente, os que procuram determinar a rapidez com
que uma empresa cobra os seus créditos de clientes, regulariza as suas dívidas para com os
fornecedores e faz "rodar" os seus stocks de existências.

Rotação do Activo = Vendas totais (inclui prestação de serviço)/Activo

Este rácio indica-nos qual o grau de utilização dos activos.

Podemos dizer que o aumento do valor deste rácio ao longo do tempo poderá significar
uma melhor eficiência no aproveitamento dos activos da sociedade.

Tempo Médio de Recebimentos = (Clientes/(Vendas+Prest Serv)x(1+IVAv))x365

O rácio procura evidenciar o prazo médio que os clientes da empresa estão a demorar a
regularizar as suas responsabilidades. A empresa tem todo o interesse em estudar este

49
rácio para analisar, por um lado, a sua política de crédito, e por outro lado, a eficácia dos
serviços financeiros.

Tempo Médio de Pagamento = (Fornecedores/(Compras+FSE)x(1+IVAv))x365

Este rácio dá-nos uma ideia do tempo que demoramos a pagar aos nossos fornecedores
após fazermos as compras. Um valor muito elevado pode significar dificuldades da empresa
em satisfazer as suas obrigações.

Tempo médio de rotação das existências

Numa empresa comercial ou de serviços = (Existências/ CEVMC)x365

Numa empresa industrial = (Existências/CEVMC+Desp c/pessoal+FSE)x365

Este rácio exprime o número de vezes que as existências em armazém têm de rodar para
satisfazerem os consumos anuais da empresa.

2.3. Liquidez ou Tesouraria e os respectivos rácios

Estes indicadores têm por objectivo medir a capacidade que a empresa tem para honrar os
seus compromissos financeiros no curto prazo, isto é, analisam em que medida a empresa
está em condições de cumprir as obrigações de natureza financeira, tais como o pagamento
das matérias-primas, dos salários, da energia, etc.

Liquidez geral Esse índice mostra se a empresa tem a capacidade de honrar os seus
compromissos de curto e longo prazo.

Liquidez Geral = Activo Circulante / Passivo Circulante

Este rácio também nos indica em que medida o passivo de curto prazo está coberto por
activos que se esperam a ser convertidos em meios financeiros líquidos num período
correspondente ao vencimento das dívidas de curto prazo, como também em

50
circunstâncias normais uma empresas com dificuldades tenderá a pagar as dividas mais
lentamente o que em principio leva a aumentar o seu passivo de curto prazo.

Podemos concluir que o interesse do rácio reside numa hipótese improvável para a maioria
das empresas que é a imediata liquidação do seu activo circulante e o vencimento dos
créditos de curto prazo.

Quando o rácio é superior a 1 é bom. É frequentemente assumido que a empresa possui


uma boa situação financeira no curto prazo. Há no entanto que tomar em consideração o
ciclo de exploração da empresa e os tempos médios de recebimento e pagamento.

Ao analisar este rácio, deveremos ter alguma atenção para que não sejamos induzidos em
erro, pois este pode fornecer-nos indicações contrárias às que se deveriam esperar por um
indicador de liquidez.

Liquidez corrente Simples divisão entre activo circulante e Passivo Circulante produz o
Índice de Liquidez Corrente, que reflecte a capacidade de pagamento da empresa no curto
prazo. O crescimento exagerado das contas a receber, principalmente quando ocasionado
por aumento de inadimplência, ou ainda o aumento dos stocks, devido a falhas em linhas de
produção ou obsolescência, devem ser expurgados do cálculo desse índice.

Liquidez reduzida A liquidez reduzida é uma medida mais severa da posição líquida da
empresa. Dá a ideia clara da capacidade da empresa para, sem grandes riscos, ser capaz de
solver os seus compromissos de curto prazo. É utilizado com a mesma finalidade do rácio
de liquidez geral, mas admite que as existências não poderão ser transformadas de
imediato em dinheiro.

Liquidez Reduzida = (Activo Circulante - Existências) / Passivo Circulante

Rácio superior a 1 é excelente.

51
A leitura deste rácio indica se as parcelas do Activo Circulante mais líquidas (Disponíveis e
Realizáveis) são suficientes para cobrir o Passivo (dívidas) de Curto Prazo. O seu valor para
uma empresa que honra os compromissos é normalmente superior a um, mas, pode ser
inferior a um, sem que isso signifique que a empresa tem dificuldades financeiras. Basta
para isso, que a empresa consiga gerar Disponíveis e Realizáveis a uma cadência superior
ao Passivo (dívidas).

Liquidez imediata - Um terceiro indicador de liquidez é aquele que restringe ainda mais o
conceito de activos líquidos, cingindo-os às disponibilidades e aplicações financeiras de
curto prazo de uma empresa. É utilizada pelos analistas que pretendem conhecer o grau de
cobertura dos passivos circulantes por disponibilidades: (Depósitos
Bancários+Caixa+Títulos Negociáveis) / Passivo Circulante.

Liquidez imediata = (Depósitos Bancários + Caixa + Títulos Negociáveis) / Passivo


Circulante

Este rácio superior a 1 é exagerado e ineficiente.

Este indicador em algumas situações poderá dar-nos informação útil sobre a situação
financeira da empresa.

Também temos que ter em conta que aquilo que é actualmente uma prosperidade
financeira poderá num curto espaço de tempo deixar de o ser se a empresa dispensar os
activos líquidos existentes em investimentos de longo prazo, tornando imprescindível o
conhecimento da capacidade da exploração em geral meios líquidos. Todos têm que ter em
conta que mais fácil gastar dinheiro do que gerá-lo.

Este indicador difere do anterior porque exclui do numerador as dívidas de terceiros.


Apesar da grande homogeneidade das rubricas que figuram no activo a sua utilidade
prática é muito reduzida visto que as empresas se esforçam por terem uma tesouraria nula.
Portanto o valor do rácio ou é zero, ou aproxima-se dele.

52
Caso contrário, uma relação superior ou próxima de um, pode querer dizer: uma
Tesouraria Ociosa, valores disponíveis subutilizados ou/e decréscimos de actividade. Na
existência de valores aplicados em títulos de negociação ou outras aplicações, este
raciocínio não se aplica.

É importante referir que a avaliação deste indicador deve ter em conta eventuais
especificidades de uma determinada empresa ou sector. Por outro lado, é importante
proceder a uma análise dinâmica deste indicador, ou seja, proceder à sua comparação e
avaliação da evolução ao longo do tempo, na medida em que eventuais variações podem
indiciar a ocorrência de algum desequilíbrio ao nível da gestão operacional da empresa a
que se refere.

2.4. Endividamento e os respectivos rácios

Estes indicadores procuram dar indicações sobre o grau de intensidade de recurso a


capitais alheios no financiamento de uma empresa. Dentro dos mais importantes:

Endividamento Geral Mede o montante da dívida em relação ao património líquido da


empresa, quanto menor, melhor.

Solvência Geral A solvência geral mostra a base da situação financeira da empresa, ou seja,
a capacidade da mesma em satisfazer suas obrigações de curto prazo, na data do
vencimento. Quanto maior, melhor.

Autonomia Financeira = Capitais próprios / (Capitais Próprios + Passivo)

Este rácio é um dos rácios de endividamento mais populares, e exprime em que medida o
activo está a ser financiado por capitais próprios e por capitais alheios, ou seja pelo esforço
financeiro dos accionistas e dos credores se o valor for significativamente baixo significa
que há maior perigo de falência. No entanto isto depende muito de sector para sector. Por
exemplo, os bancos têm tradicionalmente uma Autonomia Financeira baixa devido a maior
do Activo ser constituída pelos depósitos de clientes.
53
"Debt do Equity Ratio"=Passivo total/Capitais próprios ou Passivo MLPrazo/Capitais
Próprios

É usado para analisar a relação entre as dívidas e os capitais próprios.

O rácio cobertura dos encargos financeiros mede o grau com que a exploração consegue
cobrir os encargos financeiros. Existem duas versões:

Cobertura dos Encargos Financeiros = Resultados operacionais / Encargos financeiros

Cobertura dos Encargos Financeiros = Excedente Bruto de Exploração/Encargos


financeiros

Período de recuperação da dívida =Empréstimos em dívida / Auto-financiamento

Este rácio dá-nos uma estimativa do número de anos em que a empresa é capaz de pagar as
suas dívidas, admitindo que tudo se mantém constante.

Variabilidade dos resultados operacionais = (Res operac t – Res operac em t-1)/média dos
resultados operacionais

A análise da variabilidade dos resultados operacionais é útil para a análise de risco. Se o


rácio de cobertura dos encargos financeiros indicam que ela é baixa, então é conveniente
analisar a variabilidade dos resultados operacionais como forma de análise do risco.

54
III. DEMONSTRAÇOES FINANCEIRAS: ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

Uma das técnicas de análises mais simples de aplicação e que, ao mesmo tempo, mais
importante no que se refere a riqueza de informações é a análise horizontal e vertical. As
análises de empresas são baseadas em comparações, sejam elas efectuadas por índices
passados ou mediante algum indicador sectorial. No entanto, este processo se completa
com valores afins obtidos de uma mesma demonstração financeira, e também, pela
evolução dos montantes e de resultados absolutos ao longo do tempo, permitindo verificar-
se tendências futuras e suas evoluções. Deste modo, comparações dos valores através do
tempo e relacionais na mesma demonstração, são desenvolvidos, respectivamente, por
análise horizontal e vertical.

Análise vertical e horizontal tem a função de disponibilizar o conhecimento das


demonstrações financeiras que às vezes podem não ser entendidas, através de índices.

3.1. Análise Horizontal

"Uma vez que os balanços e demonstrações de resultados estejam expressos em moeda de


poder aquisitivo da mesma data, a análise horizontal assume certa significância e pode
acusar imediatamente áreas de maior interesse para investigação". (IUDÍCIBUS, 1995, p.74)

Análise horizontal é a comparação de uma determinada série de dados em relação a mesma


série de dados em outro período.

A análise horizontal leva em consideração para efeitos de cálculo as variações em relação a


um ano de comparação.

O objectivo da análise horizontal é mostrar a evolução de cada conta em comparação com


períodos anteriores, com isso permiti tirar conclusões sobre as mudanças da empresa.

A Análise Horizontal dedica-se a elucidar como está ocorrendo a evolução de cada item ou
conjunto de itens constantes das demonstrações no decorrer dos tempos. É chamada de
horizontal por duas razões:

55
1. Estabelece o primeiro ano ou o ano-base para a análise e a partir deste verifica qual
foi a evolução nos anos seguintes;
2. Preocupa-se com o crescimento ou decrescimento de itens ou conjunto de itens
específicos, ou seja, não compara um item com outro no mesmo período e sim o
mesmo item a cada período.

É, portanto, fundamental para o estudo de tendências.

Ainda que este tipo de análise, assim como a vertical, possua uma utilização bastante
restrita, principalmente em função do trabalho na montagem do grande número de
quocientes, MATARAZZO (1995, p.26) ressalta um aspecto importante, dizendo que "...
Pesquisas efectuadas recentemente com insolvência de pequena e médias empresas têm
ressaltado a utilidade da Análise Vertical e Horizontal como instrumento de análise".

Por outras palavras, Análise Horizontal é a comparação que se faz entre valores de uma
mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais.

É basicamente um processo de análise temporal, desenvolvido por meio de números-


índices.

Número-índice:

É a relação existente entre o valor de uma conta contábil (ou grupo de contas) em
determinada data (Vd) e seu valor obtido na data-base (Vb).

Número-índice = (Vd/Vb) X 100

Segundo Fernandes (1997, p. 66), a Análise Horizontal (AH) ou de Evolução:


(...) corresponde ao estudo das variações ocorridas, em períodos de tempos consecutivos, nos
itens que compõem esses demonstrativos.

56
Adopta-se o índice 100 (cem) como representativo dos valores monetários do ano que serve
para confronto com os valores dos demais períodos
.
Pela regra de três simples, calculam-se os índices correspondentes aos períodos que serão
confrontados com o período-base.

Dependendo da utilidade, face ao objectivo da análise, pode-se calcular a AH alternada, ou


seja, considerando-se o ano imediatamente anterior como base
.
Esse tipo de análise tem por objectivo a apreciação da evolução dos componentes
patrimoniais ou de resultado em determinada série de exercícios. Presta-se, também, à análise
prospectiva do património ou de resultado no horizonte temporal, permitindo a avaliação das
perspectivas económicas e financeiras da entidade.

A razão principal da utilização de números-índices, nesse tipo de análise, é a facilidade que


esse sistema proporciona para a observação do crescimento dos saldos das contas
componentes dos demonstrativos.

Ainda segundo o autor, a inflação prejudica a comparação dos balanços sucessivos na


Análise Horizontal. Para evitar que sejam obtidas conclusões erróneas na análise em
questão, eliminam-se as variações devidas à inflação, convertendo-se todos os valores à
moeda da mesma data. Geralmente corrige-se para os valores do último exercício pois, por
este estar mais próximo da data das análises, apresenta uma melhor noção dos valores de
demonstrativos anteriores em termos de valor presente.

Exemplo 1:

2005 2006 2007 2008

Vendas 104.899 100.434 103.044 113.925

57
Lucro Líquido 31.777 23.896 49.150 53.658

Tomando por base o ano de 2005, os números-índices de vendas e dos lucros em 2006, 2007,
e 2008 são:

2006/2005

 Vendas: (100.434/104.899) x 100 = 95,7%

 Lucro Líquido: (23.896/31.777) x 100 = 75,2%

2007/2005

 Vendas: (103.044/104.899) x 100 = 98,2%

 Lucro Líquido: (49.150/31.777) x 100 = 154,7%

2008/2005

 Vendas: (113.925/104.899) x 100 = 108,6%

 Lucro Líquido: (53.658/31.777) x 100 = 168,9%

Exemplo 2:

A análise horizontal é obtida através de números-índices. Primeiramente é necessário


estabelecer uma data-base. No exemplo utilizaremos o ano 2000 como data-base que terá o
valor índice 100. Para encontrarmos os valores dos próximos anos efectuamos a regra de

58
três para cara ano, relacionado com a data-base. Para o ano 2001 obtivemos o índice 173,0
((397.900MT/230.000MT)x100) e em 2002 o índice 126,0
((289.800MT/230.000MT)x100).

2000 ÍNDICE 2001 ÍNDICE 2002 INDICE


Vendas Liq 230.000 100 397.900 173 289.800 126
Lucro Bruto 66.000 100 111.540 169 84.480 128

Em outras palavras, as vendas líquidas cresceram 1,73 ou 73% e 1,26 ou 26% em 2001 e
2002, respectivamente, tomando como base os valores do ano 2000. Com uma rápida
análise podemos verificar que o aumento do lucro bruto no ano 2001 (69%) não
acompanhou o aumento das vendas (73%), denotando-se maior consumo dessas receitas
pelos custos de produção. Porém, no ano 2002 ocorre a situação inversa, ocorrendo
evolução proporcionalmente maior do lucro bruto em relação as receitas.

Importante ressaltar que os valores para análise horizontal devem estar convertidos em
uma mesma moeda, de forma a apurar os resultados reais.

Há outra maneira mais simplificada de se calcular a análise horizontal, seria pegando o


valor do último ano no caso dividindo pelo ano anterior a ele e do resultado subtrai-se 1 e
depois multiplicaria por 100 tendo assim o valor desejado.

3.2. Análise Vertical

Uma das grandes utilidades da Análise Vertical concentra-se na verificação da estrutura de


composição dos itens das demonstrações e a sua evolução no tempo, com enfoque especial,
também, ao estudo de tendências.

A ideia desta análise consiste no seguinte: estabelecer um item como base e a partir daí
verificar quanto cada um dos demais itens representa em relação àquele escolhido como
base. De outra forma: "É a análise da estrutura da demonstração de resultados e do

59
balanço patrimonial, buscando evidenciar as participações dos elementos patrimoniais e
de resultados dentro do total". (PADOVEZE, 1996, p.118)

Análise vertical, também denominada análise estrutural, é a comparação entre uma série
de dados com outro valor base.

A análise vertical leva em consideração valores percentuais das demonstrações financeiras.


Para isso utiliza para cálculo percentual de cada conta em relação a um valor-base.

O objectivo da análise vertical e mostrar cada conta em comparação à demonstração


financeira a que pertence, comparando com padrões do ramo ou percentuais da própria
empresa em anos anteriores.

Por outras palavras, a Análise Vertical é uma técnica muito simples. Permite a visão global
de toda a situação financeira. A análise vertical mede proporções entre os valores e a BASE,
possibilitando observar as contas de maior valor e de maior importância na análise.

Mede também as mudanças que existem entre estas proporções, permitindo a visualização
rápida das contas que mais sofreram alterações. Permite ainda que se faça a análise da
Estrutura de Capital de forma fácil.

A Análise Vertical (AV) ou de Estrutura, segundo Fernandes (1997, p. 66):

(...) é o processo que objectiva a medição percentual de cada componente em relação ao total
de que faz parte.

A proporção de cada parte em relação ao total é definida mediante aplicação da regra de três
simples.

A determinação da percentagem de cada elemento patrimonial em relação ao conjunto indica


o coeficiente dos diversos grupos patrimoniais, fornecendo, assim, ideia precisa de
distribuição dos valores no conjunto patrimonial.
60
É importante saber a percentagem de cada grupo em relação ao total, pois, por meio dessa
análise, podemos aquilatar se há excesso de imobilização, insuficiência de capitais ou de
disponibilidades, excesso de determinada despesa, etc.

Fórmula para Cálculo:

Antes de iniciar o cálculo observe:

 Não calcule contas de pequeno valor.

 Não use casas decimais.

 Não some os cálculos

Estrutura de Capital

 Uma das utilidades da análise vertical é a montagem da Estrutura de Capital de


qualquer empresa.

 Para isto, toma-se os resultados de análise vertical de cada um dos grupos do Activo
e Passivo colocando-os em dois quadros que indicam Fontes (Passivo) e Aplicações
(Activo) dos recursos.

Exemplo 1:

Para melhor evidenciar como a Análise Vertical deve ser realizada, foram utilizadas as
Demonstrações contábeis da empresa hipotética Tatenda Village Lda., encerradas em
31/12/2008 e 31/12/2009, respectivamente.

Para que a análise possa ser melhor ilustrada, levou-se em consideração que a Tatenda
Village Lda. estabeleceu como objectivos gerais, para o ano de 2009, os seguintes

61
elementos: redução do Imobilizado; aumento da lucratividade com aumento de facturação
e diminuição de custos; e redução do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo. Terá a
empresa obtido êxito nos seus objectivos?

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA TATENDA VILLAGE, LDA

1996 (MT) % 1997 (MT) %

ATIVO

Circulante 16.512,00 32 13.950,00 25

Realizável a Curto Prazo 7.224,00 14 10.044,00 18

Imobilizado 24.252,00 47 26.226,00 47

Diferido 3.612,00 7 5.580,00 10

TOTAL DO ATIVO 51.600,00 100 55.800,00 100

1996 (MT) % 1997 (MT) %

PASSIVO

Circulante 18.576,00 36 22.320,00 40

Exigível a Longo Prazo 9.288,00 18 5.580,00 10

Resultados de Exercícios 2.580,00 5 2.790,00 5


Futuros

Património Líquido 21.156,00 41 25.110,00 45

62
TOTAL DO PASSIVO 51.600,00 100 55.800,00 100

Observa-se, pela análise dos valores totais, que o Activo e o Passivo sofreram um acréscimo
de 2008 para 2009 de 8,13% aproximadamente, subindo de 51.600, 00 MT para 55.800,00
MT.

Já na Análise Vertical dos itens, verifica-se que o Activo Circulante, que em 2008
representava 32% do Activo Total, passou a representar, em 2009, somente 25%, enquanto
o Passivo Circulante subiu de 36% para 40% em relação ao Passivo Total.

Interessante notar também que os grupos do Activo Imobilizado e de Resultados de


Exercícios Futuros sofreram acréscimos nos seus valores absolutos, porém os percentuais
de representação permaneceram os mesmos, 47% e 5%, respectivamente, em função de
terem crescido, em valores absolutos, na mesma proporção que cresceram o Activo e o
Passivo Total.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA MLB LTDA

1996 % 1997 %

Receita bruta de vendas 84.000,00 100 79.800,00 100

( - ) Deduções das Vendas (10.080,00) 12 (9.576,00) 12

( = ) Receita Líquida de Vendas 73.920,00 88 70.224,00 88

( - ) Custo dos Produtos Vendidos (37.800,00) 45 (39.900,00) 50

( = ) Resultado Bruto 36.120,00 43 30.324,00 38

63
(+/-) Despesas/Receitas (21.000,00) 25 (11.970,00) 15
Operacionais

( = ) Resultado Operacional 15.120,00 18 18.354,00 23

(+/-) Despesas/Receitas Não (5.040,00) 6 (6.384,00) 8


Operacionais

( = ) Resultado antes do Imposto de 10.080,00 12 11.970,00 15


Renda

( - )Provisão para Imposto de (1.680,00) 2 (1.596,00) 2


Renda

( = ) Resultado Líquido do Período 8.400,00 10 10.374,00 13

A análise da Demonstração de Resultados de Exercício revela que a facturação sofreu uma


diminuição de 5% de 2008 para 2009, ou seja, a Receita Bruta de Vendas, que era de
84.000,00 MT, caiu para 79.800,00 MT. No entanto a empresa conseguiu aumentar o seu
lucro, tanto em valores absolutos como em valores percentuais, o qual em 2008
representava apenas 10% da Receita Bruta de Vendas e em 2009 passou a representar
13%.

Também pela Análise Vertical pode-se perceber que esta situação de queda nas vendas e
aumento nos lucros aconteceu em virtude, principalmente, de a empresa ter conseguido
reduzir o item Despesas Operacionais que no primeiro ano da análise consumia 25% da
receita e no segundo ano consumiu somente 15%. Esta afirmação pode ser reforçada pela
análise do item Custo dos Produtos Vendidos, que em 2008 representava 45% da
facturação e em 2009 passou a representar 50%, ou seja, a empresa diminuiu as vendas,
aumentou os custos, mas face a uma diminuição proporcionalmente maior nas despesas
operacionais, ela fez com que o lucro se elevasse.

64
Retomando-se os objectivos estabelecidos pela organização e confrontando-se os mesmos
com a análise efectuada pode-se afirmar que:

 A empresa não obteve sucesso na tentativa de reduzir o Imobilizado, uma vez que o
mesmo continuou representando, em 2009, 47% do Activo Total da empresa;
 Na questão do aumento da lucratividade a empresa foi eficaz mas não foi eficiente,
isto porque obteve sucesso no objectivo de aumentar os lucros, porém não com o
aumento da facturação e diminuição dos custos, já que estes itens variaram de
forma contrária ao objectivo estabelecido; o aumento nos lucros deu-se pela
redução das Despesas Operacionais;
 No que tange ao terceiro objectivo a Tatenda Village Lda. foi bem sucedida, isto
porque o Passivo Circulante somado ao Passivo Exigível a Longo Prazo
representava, em 2008, 54% do Passivo Total, passando, em 2009, para 50%
somente.

Não obstante o exemplo apresentado, há que se ressaltar que a grande utilidade da análise
vertical não está em tão somente verificar os acréscimos ou decréscimos, isto é, o
desempenho dos itens e as áreas de problemas, mas também em descobrir quais foram as
verdadeiras causas para as correcções que se fizerem necessárias, bem como identificar no
que estas variações podem interferir nas decisões a serem tomadas pela empresa.

A Análise através de Índices, que será vista adiante, poderá responder, se não a todas, pelos
menos a grande parte das indagações realizadas no parágrafo anterior.

Exemplo 2:

Como se viu, análise vertical é um processo comparativo onde se extrai relacionamentos


percentuais entre itens pertencentes a uma mesma demonstração financeira de um ano. A
finalidade é dar uma ideia da representatividade de um item ou subgrupo de uma
demonstração financeira relativamente a um determinado total ou Sub-total tomado como
65
base. Tomando como exemplo, obtemos os valores percentuais de cada item pelo activo
total que corresponde 100%:

2001 (MT Peso (%) 2002 (MT) Peso (%)


Activo Circulante 51.025 50 43.188 46
Realizável a Longo Prazo 8.164 8 9.389 10
Activo Permanente 42.961 42 41.309 44
Activo Total 102.050 100 93.886 100

No exemplo acima podemos verificar, a partir do activo total da empresa, um decréscimo


da participação relativa dos investimentos de curto prazo (Activo circulante), que
passaram a representar de 50% para 46% do activo total em 2002. De maneira inversa
verificamos que aplicações de longo prazo (realizável e permanente) aumentaram suas
participações relativas de um ano para o outro.

A análise vertical, apesar de poder ser utilizada para todas as Demonstrações Financeiras,
ganha mais importância na utilização de Demonstração de Resultados (DRE), onde
podemos expressar os vários itens em relação às vendas, brutas ou líquidas, e, dentro das
despesas, representar cada uma delas em relação ao total de despesas.

66
IV. PRINCIPAIS ETAPAS DE ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA DE UMA
ORGANIZAÇÃO

Como vimos, em termos de análise da área financeira de uma empresa, a base de trabalho é
necessariamente constituída pelos dados fornecidos pelo Departamento Contabilístico,
quer como consequência das exigências legais (fiscais e/ou outras) quer decorrente das
necessidades de informação dos gestores como ponto de partida e base da tomada das
principais decisões estratégicas.

As demonstrações financeiras procuram fornecer informação sobre o património e riqueza


das empresas sobre diferentes perspectivas. O Balanço permite-nos obter uma fotografia
do património das empresas sob duas ópticas: coisas (temos o activo – constituído pelo
imobilizado, existências, débitos de clientes e dinheiro – e o passivo – empréstimos
bancários, dívidas a fornecedores) e em valor (situação líquida – capital inicial, aumentos
sequentes e resultados gerados).

Para obtermos uma evolução no tempo da riqueza da empresa podemos também fazê-lo
sob as mesmas ópticas: se o objectivo for medir a evolução ao nível das coisas utilizamos a
demonstração de fluxos de caixa ou de tesouraria, ao passo que para medir a evolução em
termos de valor temos a demonstração de resultados.

Assim, o aspecto fundamental que se deve ter em conta quando se pretende avaliar a
situação financeira de uma empresa é, em primeiro lugar, verificar se os objectivos, as
estratégias de marketing, os investimentos necessários e as fontes de financiamento estão
ajustados.

Cada empresa deve ter definida uma missão a qual é realizada através do seu
posicionamento competitivo em determinados mercados. A estratégia da empresa centra-
se precisamente sobre estes posicionamentos. Assim enquanto que para alguns negócios,
devido a sua maturidade e fraca rentabilidade, a empresa terá como estratégia abandona-
67
los, para os outros representando a maioria, a decisão será de manter a posição actual, ou
fortalece-la face a concorrência directa. Deste modo a estratégia competitiva pretende fazer
com que o crescimento da empresa seja, pelo menos, semelhante ao dos mercados onde se
encontra a competir deste modo a taxa de crescimento das vendas deve acompanhar ou
exceder a taxa de crescimento esperada para o mercado.

Tendo por base o que acabamos de expor, o diagnóstico da saúde financeira de uma
empresa deve basear-se na investigação dos objectivos para empresa e para cada um dos
seus negócios/produtos, na estratégia delineada para cada negócio/produto na reacção da
concorrência e no desenvolvimento da posição competitiva e nas características dos
mercados onde a empresa se encontra a operar.

O analista financeiro deve dedicar uma atenção especial a estas áreas uma vez que a
situação financeira da empresa é fortemente influenciada pelo enquadramento económico
e competitivo dos mercados onde opera. A estratégia e o crescimento das vendas da
empresa para cada um dos mercados/produtos vão determinar, em larga medida, os
investimentos em activos necessários para suportar as estratégias estabelecidas. E a
eficácia destas combinada com a resposta da concorrência, determinam a performance
competitiva e financeira da empresa e o acesso aos fundos necessários para o
financiamento dos investimentos em activo.

4.1. Etapas a ter em conta na análise financeira de uma organização


Uma adequada análise financeira ajuda melhor planificação e controle financeiro das suas
actividades operacionais. Para tanto é importante considerar os seguintes ingredientes:

 Ter as informações correctas sobre o saldo da caixa, valor dos stock das
mercadorias, valor das contas a receber, valor das contas a pagar, volume das
despesas fixas ou financeiras, etc. Para tanto é necessário um registo adequado das
transacções realizadas que é uma etapa primária e fundamental;

68
 Ter o conhecimento correcto do custo das mercadorias vendidas com a realização
de um registo adequado do stock de mercadorias.

 Ter o conhecimento correcto do valor das despesas fixas da empresa fazendo a


separação das despesas pessoais dos sócios em relação às despesas da empresa.

 Saber administrar correctamente o capital de giro da empresa através do


conhecimento profundo do seu ciclo financeiro de suas operações.

 Calcular correctamente o preço de venda de seus produtos através do conhecimento


exacto dos custos e despesas da organização;

Saber se a empresa está obtendo lucro, ou não, em suas actividades operacionais, através
da elaboração e análise do mapa de demonstração de resultados.

Ter conhecimento correcto do volume e a origem dos recebimentos, e o volume e o destino


dos pagamentos com a elaboração e análise do fluxo de caixa;

Saber o valor patrimonial da empresa com a elaboração e análise do balanço patrimonial;

Efectuar a análise e planificação financeira da empresa através de concepção de um sistema


de informações gestão (fluxo de caixa, demonstrativo de resultados e balanço patrimonial).

Podemos assim concluir que os principais desafios da Gestão Financeira pretende


determinar as necessidades de recursos financeiros na empresa:
 Planificação das necessidades financeiras;
 Inventariação dos recursos disponíveis;
 Cálculo do montante de recursos a obter fora da empresa.

A obtenção recursos da forma mais vantajosa possível tendo em vista:


 Custo dos capitais e prazos de pagamento;
 Condições fiscais e contratuais.

A aplicação racionalmente os recursos obtidos de forma a:


 Conseguir-se uma estrutura financeira equilibrada;

69
 Alcançar níveis aceitáveis de rentabilidade.

Ao controlo das aplicações dos lucros obtidos. A analise, recorrendo a instrumentos


adequados, a situação económica e financeira da empresa.

As demonstrações financeiras são preparadas e apresentadas pelo menos anualmente e


dirigem-se às necessidades comuns de informação de um vasto leque de utentes. Alguns
destes utentes podem exigir, e têm o poder de obter, informação para além da contida nas
demonstrações financeiras. Muitos utentes, porém, têm de depender das demonstrações
financeiras como a sua maior fonte de informação financeira e tais demonstrações
financeiras deve, por isso, ser preparadas e apresentadas com vista às suas necessidades.
Os relatórios financeiros para propósitos especiais, por exemplo, prospectos e cálculos
preparados para efeito de tributação, estão fora do âmbito desta estrutura conceptual.
Contudo, a estrutura conceptual pode ser aplicada na preparação de tais relatórios de
propósitos especiais quando os seus requisitos o permitam.

As demonstrações financeiras fazem parte do processo do relato financeiro. Um conjunto


completo de demonstrações financeiras inclui normalmente um balanço, uma
demonstração de resultados, uma demonstração de alterações na posição financeira (que
pode ser apresentada de várias maneiras, por exemplo, como uma demonstração de fluxo
de caixa ou uma demonstração de fluxo de fundo), e as notas e outras demonstrações de
material explicativo que constituam parte integrante das demonstrações financeiras. Elas
podem também incluir quadros suplementares e informação baseada em, ou derivada de, e
que se espera que seja lida com, tais demonstrações. Tais mapas e informações
suplementares podem tratar por exemplo, de informação financeira de segmentos
industriais e geográficos e de divulgação acerca dos efeitos das variações de preços.

A estrutura conceptual aplica-se às demonstrações financeiras de todas as empresas


comerciais, industriais e de negócios que relatem, seja do sector público ou do privado.

70
Uma empresa que relata é uma empresa relativamente à qual existem utentes que
dependem das demonstrações financeiras como sua principal fonte de informação
financeira acerca da empresa.

4.2. Os Utentes e as suas Necessidades de Informação


Os utentes das demonstrações financeiras incluem investidores actuais e Potenciais,
empregados, mutuantes, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, o governo e
os seus departamentos e o público. Eles utilizam as demonstrações financeiras a fim de
satisfazer algumas das suas diferentes necessidades de informação. Estas necessidades
incluem o seguinte:

 Investidores – Os fornecedores de capital de risco e os seus Consultores estão


ligados ao risco inerente a, e ao retorno proporcionado por, os seus investimentos.
Necessitam de informação para os ajudar a determinar se devem comprar, deter ou
vender. Os accionistas estão também interessados na informação que lhes facilite
determinar a capacidade da empresa de pagar dividendos.

 Empregados – Os empregados e os seus grupos representativos estão interessados


na informação acerca da estabilidade e lucratividade dos seus empregadores. Estão
também interessados na informação que os habilite a avaliar a capacidade da
empresa de proporcionar remuneração, benefícios de reforma e oportunidades de
emprego.

 Mutuantes – Os mutuantes estão interessados na informação que lhes facilite


determinar se os seus empréstimos, e os juros que a eles respeitam, serão pagos no
vencimento.

 Fornecedores e outros credores comerciais – Os fornecedores e outros credores


estão interessados em informação que lhes facilite determinar se as quantias que
lhes são devidas serão pagas no vencimento. Os credores comerciais estão
provavelmente interessados numa empresa durante um período mais curto que os

71
mutuantes a menos que estejam dependentes da continuação da empresa como um
cliente importante.

 Clientes – Os clientes têm interesse em informação acerca da continuação de uma


empresa, especialmente quanto têm envolvimentos a prazo com, ou estão
dependentes de, a empresa.

 Governos e seus departamentos – Os governos e os seus departamentos estão


interessados na imputação de recursos e, por isso, nas actividades das empresas.
Também requerem informação a fim de regulamentar as actividades das empresas,
determinar as políticas de tributação e como a base do rendimento nacional e das
estatísticas semelhantes.

 Público – As empresas afectam parte do público de maneiras Variadas. Por exemplo,


as empresas podem dar uma contribuição substancial à economia local de muitas
maneiras que incluem o número de pessoas que empregam e como cliente dos
fornecedores locais. As demonstrações financeiras podem ajudar o público ao
proporcionar informação acerca das tendências e dos desenvolvimentos recentes da
prosperidade da empresa e da escala das suas actividades.

Se bem que todas as necessidades de informação destes utentes não possam ser
suprimidas pelas demonstrações financeiras, há necessidades que são comuns em todos os
utentes. Como os investidores são os que proporcionam capital de risco às empresas, o
fornecimento de demonstrações financeiras que satisfaçam as suas necessidades também
vai de encontro à maior parte das necessidades de outros utentes que possam ser
satisfeitas por demonstrações financeiras.

A gerência duma empresa tem a responsabilidade principal pela preparação e


apresentação das demonstrações financeiras da empresa. A gerência está também
interessada na informação contida nas demonstrações financeiras mesmo que ela tenha
acesso a informação adicional de gestão e financeira, que a ajude a levar a efeito as suas

72
responsabilidades de planeamento, de tomada de decisões e de controlo. A gerência tem a
capacidade de determinar a forma e conteúdo de tal informação adicional a fim de ir ao
encontro das suas próprias necessidades. Porém, o relato de tal informação, está para além
do âmbito desta estrutura conceptual. Contudo, as demonstrações financeiras publicadas
são baseadas na informação usada pela gerência acerca da posição financeira, desempenho
e alterações na posição financeira da empresa.

As demonstrações financeiras retratam os efeitos financeiros das operações e de outros


acontecimentos ao agrupá-los em grandes classes de acordo com as suas características
económicas. Estas grandes classes são denominadas elementos das demonstrações
financeiras que se dividem em:

 As classes directamente relacionadas com a quantificação da posição financeira no


balanço são os activos, os passivos e os capitais próprios.

 As classes directamente relacionadas com a quantificação do desempenho na


demonstração de resultados são os proveitos e os custos.

 A demonstração de alterações na posição financeira reflecte geralmente classes da


demonstração de resultados e as alterações de classes do balanço;

Na verdade, esta estrutura conceptual não identifica nenhumas classes que sejam únicas
àquela demonstração.

A apresentação destas classes no balanço e na demonstração de resultados envolve um


processo de subclassificação. Por exemplo, os activos e passivos podem ser classificados
pela sua natureza ou função nas actividades da empresa a fim de mostrara informação da
maneira mais útil aos utentes para fins de tomada de decisões económicas.

Ao avaliar se um elemento satisfaz a definição de activo, passivo ou capital próprio, é


preciso dar atenção à sua substância subjacente e realidade económica e não meramente à
sua forma legal. Por conseguinte, por exemplo, no caso das locações financeiras, a
substância e realidade económica são as de que o locatário adquire os benefícios
económicos do uso do activo locado para a maior parte da sua vida útil em troca de registar
73
uma obrigação de pagar por esse direito uma quantia aproximada aos respectivos justo
valor do activo e respectivo encargo financeiro. Daqui que, a locação financeira dê origem a
contas que satisfazem a definição de activo e passivo e são reconhecidas como tais no
balanço do locatário.

4.2.1. Reconhecimento de Activos

Um activo é reconhecido no balanço quando for provável que os benefícios económicos


futuros fluam para a empresa e o activo tenha um custo ou um valor que possa ser
quantificado com fiabilidade.

Um activo não é reconhecido no balanço quando o dispêndio tenha sido incorrido


relativamente ao qual seja considerado improvável que benefícios económicos fluam para a
empresa para além do período contabilístico corrente. Em vez disso, tal operação resulta
no reconhecimento de um custo na demonstração de resultados. Este tratamento não
implica, quer que a intenção da gerência, ao incorrer na despesa, fosse outra que não a de
gerar benefícios económicos futuros para a empresa, quer que a gerência fosse mal
orientada. A única implicação é a de que o grau de certeza de que os benefícios económicos
fluirão para a empresa para além do período contabilístico corrente é insuficiente para
garantir o reconhecimento do activo.

4.2.2. Reconhecimento de Passivos

Um passivo é reconhecido no balanço quando for provável que um fluxo de recursos


incorporando benefícios económicos resulte da liquidação de uma obrigação presente e
que a quantia pela qual a liquidação tenha lugar possa ser quantificada com fiabilidade. Na
prática, as obrigações sujeitas a contratos que não estejam igual e proporcionalmente
executados (por exemplo, passivos por inventários encomendados mas ainda não
recebidos) não são geralmente reconhecidos como passivos nas demonstrações
financeiras. Porém, tais obrigações podem satisfazer à definição de passivo e, desde que os
74
critérios de reconhecimento sejam satisfeitos nas circunstâncias particulares, podem
qualificar-se para reconhecimento. Em tais circunstâncias, o reconhecimento de passivos
liga-se como o reconhecimento dos respectivos activos ou custos.

4.2.3. Reconhecimento de Proveitos

Os proveitos são reconhecidos na demonstração de resultados quando tenha surgido um


aumento de benefícios económicos futuros relacionados com um aumento num activo ou
com uma diminuição de um passivo e que possam ser quantificados com fiabilidade. Isto
significa, com efeito, que o reconhecimento dos proveitos ocorre simultaneamente com o
reconhecimento de aumentos em activos ou com diminuições em passivos (por exemplo, o
aumento líquido em activos provenientes de uma venda de bens ou de serviços ou a
diminuição em passivos provenientes do perdão de uma dívida a pagar).

Os procedimentos geralmente adoptados na prática para reconhecer proveitos, por


exemplo, o requisito de que o rédito tenha de ser obtido, são aplicações dos créditos de
reconhecimento nesta estrutura conceptual. Tais procedimentos dirigem-se geralmente à
restrição do reconhecimento como proveitos àqueles elementos que possam ser
quantificados com fiabilidade e que tenham um grau suficiente de certeza.

4.2.4. Reconhecimento de Custos

Os custos são reconhecidos na demonstração de resultados quando tenha surgido uma


diminuição dos benefícios económicos futuros relacionados com uma diminuição num
activo ou com um aumento do passivo e que possam ser quantificados em fiabilidade. Isto,
com efeito, significa que o reconhecimento de custos ocorre simultaneamente com o
reconhecimento de um aumento de passivos ou de uma redução de activos (por exemplo, o
acréscimo de direitos dos empregados ou a depreciação do equipamento).

75
Os custos são reconhecidos na demonstração de resultados na base de uma correlação
directa entre os custos incorridos e a obtenção de elementos específicos de proveitos. Este
processo, geralmente referido como o balanceamento de custos com réditos, envolve o
reconhecimento combinado ou simultâneo de réditos e de custos que resultem directa e
conjuntamente das mesmas operações ou de outros acontecimentos; por exemplo, os
vários componentes de custos constituindo o custo dos produtos vendidos são
reconhecidos ao mesmo tempo que o rédito derivado da venda dos produtos. Porém, a
aplicação do conceito de balanceamento segundo esta estrutura conceptual não permite o
reconhecimento de elementos na demonstração do balanço que não satisfaçam a definição
de activo ou passivo.

Quando se espera que surjam benefícios económicos durante alguns períodos


contabilísticos e a correlação com réditos só possa ser determinada de uma forma geral ou
indirectamente, os custos são reconhecidos na demonstração de resultados na base de
procedimentos sistemáticos e racionais de imputação. Isto é muitas vezes necessário ao
reconhecer os custos associados com o desgaste de activos tais como o activo fixo tangível,
trespasse, patentes e marcas; em tais casos, o custo é referido como depreciação ou
amortização. Estes procedimentos de imputação estão concebidos para reconhecer custos
nos períodos contabilísticos em que os benefícios económicos associados com estes
elementos se consumam ou se extingam.

Um custo é imediatamente reconhecido na demonstração de resultados quando a despesa


não produza benefícios económicos futuros ou quando, e tanto quanto, os benefícios
económicos futuros não se qualifiquem, ou cessem de qualificar-se, para reconhecimento
no balanço como um activo.

76
Um custo é também reconhecido na demonstração de resultados nos casos em que seja
incorrido um passivo sem o reconhecimento de um activo, como se dá quando surja um
passivo por garantia de um produto.

RESUMINDO:

Aquando da preparação de demonstrações financeiras, a gerência deve fazer uma avaliação


da capacidade de uma entidade de prosseguir como uma entidade em continuidade. As
demonstrações financeiras devem ser preparadas na base da empresa em continuidade, a
menos que a gerência ou pretenda liquidar a entidade ou cessar de negociar, ou não tenha
alternativa realista senão fazer isso. Quando a gerência estiver consciente, ao fazer a sua
avaliação, de incertezas materiais relacionadas com acontecimentos ou condições que
possam lançar dúvidas significativas acerca da capacidade da entidade de prosseguir como
uma empresa em continuidade, essas incertezas devem ser divulgadas.
A apresentação e classificação de itens nas demonstrações financeiras deve ser retida de
um período para outro.
A menos que uma Norma ou uma Interpretação o permita ou exija de outra forma,
informação comparativa deve ser divulgada com respeito ao período anterior para todas as
quantias relatadas nas demonstrações financeiras. A informação comparativa deve ser
incluída para a informação narrativa e descritiva quando for relevante para uma
compreensão das demonstrações financeiras do período corrente.

Cada classe material de itens semelhantes deve ser apresentada separadamente nas
demonstrações financeiras. Os itens de natureza ou função dissemelhante devem ser
apresentados separadamente, a menos que sejam imateriais.

As omissões ou distorções de itens são materiais se puderem, individual ou colectivamente,


influenciar as decisões económicas tomadas dos utentes com base nas demonstrações
financeiras. A materialidade depende da dimensão e da natureza da omissão ou distorção

77
ajuizada nas circunstâncias que a rodeiam. A dimensão ou a natureza do item, ou uma
combinação de ambas, pode ser o factor determinante. Se uma linha de item não for
individualmente material, ela é agregada a outros itens seja na face dessas demonstrações
seja nas notas. Um item que não seja suficientemente material para justificar a sua
apresentação separada na face dessas demonstrações pode porém ser suficientemente
material para que seja apresentado separadamente nas notas anexas.

Os activos e passivos, e os rendimentos e gastos, não devem ser compensados excepto


quando tal for exigido ou permitido por uma Norma ou Interpretação.

Uma entidade deve apresentar activos correntes e não correntes, e passivos correntes e
não correntes, como classificações separadas na face do balanço, excepto quando uma
apresentação baseada na liquidez proporcionar informação fiável e mais relevante.

Todos os itens de rendimentos e de gastos reconhecidos num período devem ser incluídos
nos lucros ou prejuízos a menos que uma Norma ou Interpretação o exija de outro modo.
Uma entidade deve apresentar uma análise dos gastos usando uma classificação baseada
ou na natureza dos gastos ou na sua função dentro da entidade, deles o que proporcionar
informação fiável e mais relevante.

Uma entidade deve divulgar, no resumo das políticas contabilísticas significativas ou outras
notas, os julgamentos, com a excepção dos que envolvem estimativas, que a gerência fez no
processo de aplicação das políticas contabilísticas da entidade e que têm o efeito mais
significativo nas quantias reconhecidas nas demonstrações financeiras.

Uma entidade deve divulgar nas notas informação acerca dos principais pressupostos
relativos ao futuro, e outras principais fontes da incerteza das estimativas à data do
balanço, que tenham um risco significativo de provocar um ajustamento material nas
quantias escrituradas de activos e passivos durante o próximo ano financeiro.

78
Uma entidade deve divulgar informação que permita aos utentes das suas demonstrações
financeiras avaliar os objectivos, as políticas e os processos da entidade para gerir o capital.

79
Resultado de Aplicar conceitos e métodos básicos de análise
Aprendizagem 2: económico-financeira

Critérios de
Desempenho:

(a) Aplica correctamente técnicas e meios informáticos de


cálculo (ex: Excel) na preparação das principais
demonstrações financeiras (Demonstração de Resultados,
Balanço e Mapa de Fluxos de Caixa), para análise
económico financeira

(b) Aplica correctamente meios informáticos de cálculo (ex:


Excel) para calcular os principais rácios de rentabilidade,
actividade, liquidez e endividamento

(c) Elabora um relatório do desempenho económico da


organização, analisando a sua actividade, rentabilidade,
liquidez e endividamento com base nos rácios calculados
na alínea b)

80
V. TÉCNICAS E MEIOS INFORMÁTICOS DE CÁLCULO NA PREPARAÇÃO DAS PRINCIPAIS
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O gestor financeiro deve procurar entender os procedimentos tanto das tecnologias de


informação como dos sistemas manuais, através de que forma a entidade usas as
Tecnologias de Informação (IT) para iniciar, gravar, processar, corrigir quando necessário,
transferir para o [livro razão] reportar as transacções para as demonstrações financeiras.
O uso das IT afecta a base e a maneira na qual as transacções são iniciadas, gravadas,
processadas e reportadas. Num sistema manual, a entidade usa procedimentos manuais e
registo em formato papel, que num sistema de tecnologias de informação são substituídos
por procedimentos, registos, processos e relato das transacções de forma automática e
electrónica.

O uso das IT permite obter potenciais benefícios de eficácia e eficiência para a produção e
elaboração das demonstrações financeiras das organizações porque permite às entidades:

 Aplicar consistentemente as regras predefinidas do negócio e realizar complexos


cálculos no processamento de largos volumes de transacções ou dados;

 Melhorar a oportunidade, disponibilidade e a exactidão da informação;

 Facilitar análises adicionais de informação;

 Melhorar a habilidade e capacidade para monitorizar o desempenho as actividades


da empresa e as suas políticas e procedimentos;

 Melhorar a habilidade e capacidade para atingir uma efectiva segregação de funções


através da implementação de controlos de segurança nas aplicações, bases de dados
e sistemas operativos, trazendo fidelidade para o conteúdo das demonstrações
financeiras.

81
Para o exercício e perceber o que os pacotes informáticos mais sofisticados fazem e para
este processo de aprendizagem tomaram em conta aqueles que são de fácil a cesso para
todos que é a planilha de cálculo EXCELL.

Aqui os estudantes devem ser ensinados como é que numa planilha EXCELL os mesmos
podem apresentar e calcular os indicadores financeiros e analisá-los com base nas
componentes das demonstrações financeiras.

Assim, é importante ter sempre presente que as demonstrações financeiras são preparadas
e apresentadas para utentes externos por muitas empresas em todo o mundo. Se bem que
tais demonstrações financeiras possam parecer semelhantes de país para país, há
diferenças que provavelmente têm sido causadas por uma variedade de circunstâncias
sociais, económicas e legais e por diferentes países tendo em mente as necessidades dos
diferentes utentes das demonstrações financeiras aquando do estabelecimento das
necessidades nacionais.

Estas diferentes circunstâncias conduziram ao uso de uma variedade de definições das


classes das demonstrações financeiras, isto é, por exemplo, activos, passivos, capitais
próprios, proveitos (ou rendimentos) e gastos. Elas também deram origem ao uso de
diferentes critérios para o reconhecimento de elementos nas demonstrações financeiras e a
uma preferência por diferentes bases de valorimetria. O âmbito das demonstrações
financeiras também tem sido afectado, assim como as divulgações nelas feitas.

As demonstrações financeiras são a maior parte das vezes preparadas de acordo com um
modelo de contabilidade baseado no custo histórico recuperável e no conceito da
manutenção do capital financeiro nominal. Outros modelos e conceitos podem ser mais
apropriados a fim de ir ao encontro do objectivo de proporcionar informação que seja útil
para tomar decisões económicas embora não haja actualmente nenhum consenso para
alteração.

82
5.1. O Balanço
Tatenda Agrop
Em
BALANÇO EM 31-12-2008 contos
Activo Activo Sit. Líquida e Passivo
Imobilizado Situação Líquida
Imobilizado Incorpóreo 3,000 Capital 100,000
Imobilizado Corpóreo 250,000 Resp. Transitadas e Reservas 312,670
Investimentos Financeiros 28,000 Resultados Líquidos 44,083
Circulante
Existências 235,166 Passivo
Dívidas de Terceiros 300,000 Provisões 2,000
Aplicações Financeiras 1,200 Dívidas a Terceiros de MLP 145,000
Disponibilidades 3,500 Dívidas a Terceiros de CP 214,000
Acréscimos e Diferimentos 100 Acréscimos e Diferimentos 3,213
Total do Activo 820,966 Total da Situação Liquida + Passivo 820,966

Sabe-se que a empresa teve resultados positivos, mas esses resultados podem ter tido
origem em inúmeros factores distintos.

Pois, não é a mesma coisa vender sempre com prejuízo e depois vender uma fábrica por um
valor superior ao seu custo (situação excepcional, que não faz parte da actividade normal
da empresa).

No Excell pode-se produzir um balanço e por intermédio de ligações de tabelas e fórmulas


(Macros) é possível fazer-se a escrituração de todos os factos patrimoniais da empresa.

Então, conclui-se que o Balanço não pode ser a única fonte de informação, portanto, a
única Demonstração Financeira.

Há necessidade de pelo menos mais um mapa que ‘mostre’ como é que a empresa gerou
resultados positivos (lucro) ou negativos (prejuízo) ao longo de um período.
Esse mapa existe e é também obrigatório que é a Demonstração de Resultados.

83
5.2. Demonstração de Resultados
 É documento que mostra como se formaram os resultados de determinada empresa
(lucros ou prejuízos) num dado período de tempo (geralmente entre dois balanços);

 É um documento de avaliação do desempenho;

 Nele são identificados os custos e proveitos.


Custos:
 Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas;
 Fornecimentos e Serviços Externos;
 Custos com o pessoal;
 Amortizações do imobilizado corpóreo e incorpóreo;
 Provisões;
 Impostos;
 Outros custos e perdas operacionais;
 Amortizações e provisões de aplicações de investimentos financeiros;
 Juros e custos similares;
 Custos e perdas extraordinários.

Proveitos:
 Vendas e prestação de serviços;
 Variação da produção;
 Trabalho para a própria empresa;
 Subsídios à exploração;
 Outros proveitos e ganhos operacionais;
 Rendimentos de participações de capital;
 Rendimentos de títulos negociáveis e outras aplicações financeiras;
 Outros juros e proveitos similares;
 Proveitos e ganhos extraordinários.

84
Resultados:
 Resultados Operacionais
 Proveitos Operacionais – Custos Operacionais

 Resultados Financeiros
 Proveitos Financeiros – Custos Financeiros

 Resultados Correntes
 Resultados Operacionais + Resultados Financeiros

 Resultados Extraordinários
 Proveitos extraordinários – Custos Extraordinários

 Resultados antes de impostos


 Resultado Corrente + Resultado Extraordinário

 Resultado Líquido
 Resultados antes de impostos – Imposto sobre o rendimento

Análise da evolução e estrutura dos resultados e custos


Vendas
+ Prestação de serviços
= Volume de Negócios
+ Trabalho para a própria empresa
+ Subsídios à exploração
+ Variação da produção
= Produção
- Custos variáveis (CMVMC + Subcontratos)

85
= Margem Bruta
+ Proveitos suplementares.
+ Outros proveitos operacionais
- FSE’s (excepto subcontratos)
- Impostos indirectos
= VAB: Valor Acrescentado Bruto
- Custos com Pessoal
= EBE: Excedente Bruto de Exploração

Esta sucessão de conexões de resultados produzidos a partir de adições e subtracções


podem ser facilmente produzidos a partir da folha de cálculo de Excell.

Exemplo:
Demonstração de Resultados Operacionais da Tatenda S.A de 2009
Rubrica Valores em MT
(A) Vendas + 161,041,934
(B) Prestação de serviços + 732,502
(C)Volume de Negócios 161,774,436
(D) Variação da Produção + 1,035,364
(E) Trabalho p/própria empresa + 18,746
(F) Subsídios à Exploração + 0
(G) Produção 162,828,546
(H) CMVCM (Custos Variáveis) - 74,733,774
(I) Subcontratos - 1,054,110
(J) Margem Bruta 87,040,662
(K) Proveitos suplementares + 2,174,646
(L) FSE's (excep. Subcontratos) - 27,939,001
(M) Amortizações imob. Corp e incorp 8,075,711
(N) Provisões + 912,788
(O) Impostos - 468,111
(P) Outros custos e perdas operacionais 536,754
(Q) Custos operacionais (excep.CMVMC e Subcont) 67,869,389
(R) VAB 60,808,196
(S) Custos com o pessoal - 29,937,024

86
(T) EBE 30,871,172
(U) Resultado Operacional 22,400,029

FSE – Fornecimentos e Serviços Externos ou FST – Fornecimentos e Serviços de Terceiros

5.3. Elaboração do fluxo de caixa


A projecção do fluxo de caixa depende de vários factores como o tipo de actividade
económica, o porte da empresa, o processo de produção e/ou comercialização se é
contínuo ou não, etc.

O fluxo de caixa é um dos instrumentos mais eficientes de planificação e de controle


financeiro, o qual poderá ser elaborado de diferentes maneiras, conforme as necessidades
ou conveniências de cada empresa, a fim de permitir que se visualize os ingressos de
recursos e os respectivos desembolsos.

O período ideal para uma planificação de um fluxo de caixa é um mínimo de três meses,
segundo Zdanowicz, (1995). O fluxo de caixa mensal deverá, posteriormente, transformar-
se em semanal e este em diário. Onde o modelo diário fornecerá a posição dos recursos em
função dos ingressos e dos desembolsos de caixa, e constitui-se em poderoso instrumento
de planificação e de controle financeiro para a empresa.

Elabora-se o fluxo de caixa a partir das informações recebidas dos diversos departamentos,
sectores, secções da empresa, de acordo com o cronograma anual ou mensal de ingressos e
de desembolsos, remetidos ao departamento ou gerência financeira.

As seguintes informações ou estimativas, segundo os períodos de tempo, são úteis para a


elaboração do fluxo de caixa:
a) Projecção de vendas, considerando-se as prováveis proporções entre as vendas à
vista e a prazo da empresa;

87
b) Estimativa das compras e as respectivas condições oferecidas pelos fornecedores;
c) Levantamento das cobranças efectivas com os créditos a receber de clientes;
d) Determinação da periodicidade do fluxo de caixa, de acordo com as necessidades,
tamanho, organização da empresa e ramo de actividade;
e) Orçamento dos demais ingressos e desembolsos de caixa para o período.

Os dados deverão ser os mais correctos possíveis, onde os seus responsáveis estejam
conscientes da exactidão, clareza e confiabilidade dos dados prestados.
Para se fazer um fluxo de caixa, deve-se conhecer todas as receitas (com datas de entrada)
e todas despesas (com datas de vencimento).

As principais receitas são: vendas à vista, recebimento de vendas a prazo, aumento de


capital social, vendas dos itens do Activo Permanente, receita de alugueis e resgate de
aplicações no mercado financeiro.

As principais despesas são: custos para financiar o ciclo operacional da empresa (aluguer,
mão-de-obra, matéria-prima, luz, telefone, água, ...), amortizar os empréstimos e/ou
financiamentos.

Na elaboração do fluxo de caixa utiliza-se mapa auxiliar que são muito úteis, eis alguns:
mapa auxiliar de recebimento de vendas a prazo; de recebimento de vendas a prazo com
atraso; de pagamentos das compras a prazo; planilha de recebimentos; planilha de
projecção das compras, planilha de pagamentos, planilha de despesas administrativas.

88
VI. CÁLCULO OS PRINCIPAIS RÁCIOS DE RENTABILIDADE, ACTIVIDADE, LIQUIDEZ E
ENDIVIDAMENTO

O trabalho desenvolvido de análise e de apuramento dos valores dos indicadores poderá


incidir sobre as demonstrações financeiras e divulgações de uma ou várias sociedades, que
poderá ser complementada com a informação externa do sector e do mercado em que se
inserem.

Análise Económica visa:


 Estudar a capacidade da empresa para gerar resultados positivos de forma
consistente, com a rentabilidade exigida e eficientemente
 Centra-se na análise da conta de exploração (Demonstração Resultados) da empresa

Abordagens:
 Análise da evolução e estrutura dos resultados, proveitos e custos
 Análise da rendibilidade

A análise da evolução dos resultados e da sua estrutura permite perceber tendência (ou a
sua ausência) de evolução dos resultados, descobrir variações de proveitos e de custos que
contribuem para essa evolução, despertar questões sobre essas variações.

O trabalho do analista será completado pela procura dos motivos (internos e/ou externos)
que respondem às questões levantadas.

Os analistas financeiros geralmente utilizam indicadores que possibilitam averiguar qual a


situação e posição financeira presente das sociedades, bem como fazer projecções futuras.
Os indicadores mais utilizados são os de rendibilidade, solvabilidade, autonomia financeira,
endividamento e liquidez, sobre os quais recai este estudo.

89
Trabalho em Excell permite ao amigo estudante obter um modelo financeiro em ao
introduzir os dados do balanço e das demonstrações resultados vai obter automaticamente
os rácios desejados, quer seja de rentabilidade, de actividade e de liquidez. Ainda, garante o
bom cálculo dos números, justamente porque a folha está fechada.

Entretanto, é importante saber as fórmulas para o cálculo dos diferentes cálculos e


formatá-las na folha Excell o que vai permitir que os resultados saiam automaticamente a
medida que introduz os dados das organizações.

Neste contexto, revela-se de extrema importância percepcionar os eventuais impactos na


informação financeira de uma sociedade.

6.1. Análise da rentabilidade/rendibilidade


A análise da rentabilidade permite:
 Relativização dos resultados em função dos recursos utilizados
 Analisar capacidade da empresa para gerar resultados

Atenção: rentabilidade é baseada em Valores contabilísticos!

Técnica utilizada: rácios de rendibilidade, que apesar das limitações, complementam


análise da estrutura de custos e proveitos

Rácios de rentabilidade:

 Rentabilidade da Produção / das Vendas


Resultado Líquido / Produção ou Resultado Líquido / Vendas

 Rentabilidade económica da Produção / das Vendas


Resultado Operacional / Produção ou Resultado Operacional / Vendas

90
Notas:
 Devem ser comparados com dados do sector
 Principal limitação: critérios contabilísticos que influenciam Resultados

Rentabilidade (Económica) do Activo (ROA: Return on Assets):


Resultado Operacional / Activo Líquido

Nota:
 Indica rentabilidade dos recursos da empresa (Activo) sem atender à forma como a
empresa é financiada
 Deve ser comparado com dados do sector
 Sua principal limitação: critérios contabilísticos que influenciam Resultado Líquido
 Critérios contabilísticos que influenciam Activo

Rentabilidade dos Capitais Próprios (ROE: Return on equity):


Resultados Líquidos / Capitais Próprios

Notas:
 É dos rácios mais utilizados pelos analistas porque revela a rentabilidade
(contabilística) do investimento feito pelos sócios/accionistas
 Utilizado em muitas empresas como objectivo
 Deve ser comparado com dados do sector
 Principal limitação:
 Critérios contabilísticos que influenciam Resultado Líquido
 Critérios contabilísticos que influenciam Capitais Próprios

Grau de cobertura dos encargos financeiros


Resultado Operacional / (Custos financeiros – Proveitos financeiros)
91
ou
Resultado Operacional / Custos financeiros

Notas:
 Indica em que medida os resultados gerados a partir da actividade permitem pagar
os encargos financeiros resultantes do financiamento e qual a margem de segurança
dessa cobertura;
 Principal limitação: Critérios contabilísticos que influenciam Resultado Operacional

Exemplo de cálculo de rácio de rentabilidade em Excell para a empresa Madhafanta, lda.

Rubricas Valores em MT
Vendas 161,041,934
Prestação de serviços 732,502
Volume de negócios (VN) 161,774,436
variação da produção 1,035,364
Trabalho p/propria empresa 18,746
Subsídios a exploração 0
Produção (Prod) 162,828,546
Resultados Operacionais (RO) 22,400,029
Capitais Próprios (AL) 100,000,000
Dívidas a Terceiros de MLP 145,000,000
Dívidas a Terceiros de CP 214,000,000
Activos Totais 820,966,000
Resultado Liquido 13,787,564

92
Resultado Financeiro 465,697,069
RÁCIOS:
Rentabilidade da Produção (RL/Prod) 8.5%
Rendibilidade Económica das Vendas (RO/VN) 13.8%
Rendibilidade do Activo (RO/AL) 2.7%
Cobertura dos encargos financeiros (RO/RF) 4.8%
Rend. dos Capitais Próprios (Du Pont) - ROE 13.8%

6.2. Análise da eficiência ou de actividade


A análise da eficiência (ou da actividade) permite:
 Analisar a eficiência com que a empresa gere os seus recursos
 Técnica: rácios de actividade, expressos em:
 Valores monetários
 Tempo (dias, meses) de actividade
 Unidades monetárias

Rácios de eficiência:
1. Prazo médio de pagamento (em dias)
[Fornecedores / (Compras + FSE’s)] * 365

2. Prazo médio de recebimento (em dias)


[Clientes / Vendas] * 365

3. Prazo médio de crédito concedido (em dias)


[(Clientes + Resp. títulos descontados) / Vendas] * 365

Nota:
Pressupõem linearidade das Vendas e Compras e ‘normalidade’ dos saldos analisados.

4. Tempo médio rotação de existências (em dias)

93
[Existências / CMVMC] * 365

5. Tempo médio rotação de existências (em dias) – emp. Industriais


[Existências / (CMVMC + FSE + CP)] * 365

6. Rotação do Activo
Volume de Negócios / Activo Líquido

7. Produtividade do trabalho (em MT)


VAB / Nº empregados

6.3. Análise da liquidez

Liquidez: capacidade da empresa solver os seus compromissos a curto prazo


Técnica base: rácios de liquidez

1) Rácio de Liquidez Geral:


Activo Circulante / Passivo CP

Notas:
 Equilíbrio: > 1
 Leitura do rácio deve ser complementada com a análise dos prazos de realização
dos activos e de exigibilidade das dívidas – maturidade dos activos e passivos
 Leitura superficial do rácio de liquidez geral pode reflectir informações erróneas

2) Rácio de Liquidez Reduzida:


(Activo Circulante – Existências) / Passivo CP

94
Notas:
 Activo circulante – Existências = Activo realizável
 Elementos do activo circulante têm prazos de recebimento diferentes
 Abordagem mais prudente da liquidez consiste em considerar um rácio que não
inclua os items potencialmente menos líquidos – as existências

3) Liquidez Imediata:
Disponibilidades / Passivo CP

6.4. Análise estrutura de capitais


Rácios de Autonomia Financeira - quantificam a solidez financeira da empresa,
confrontando o capital próprio (ou permanente) com outras rubricas do Balanço:

a) Autonomia Financeira:
Capitais Próprios / Activo

b) Cobertura do Imobilizado:
Capitais Permanentes / Imobilizado Líquido

6.5. Rácios de alavanca financeira


Permitem avaliar as dívidas da empresa e as suas implicações na exploração:

1. Taxa de Endividamento (debt to equity ratio):


Passivo / Capitais Próprios

2. Estrutura Endividamento:
Passivo CP / Passivo

3. Taxa Endividamento MLP:


Passivo MLP / Capitais Próprios

95
Exemplo:
Tomando em consideração o balanço da Tatenda Agrop abaixo, vamos calcular em Excell os
rácios de liquidez e de estrutura de capitais.

Activo Circulante 539,866


Passivo Circulante 361,000
Activo Realizável (AC - Existências) 304,700
Passivo de curto prazo 214,000
Disponibilidades 3,500
Capital próprio 100,000
Passivo Total 364,213
Passivo de MLP 145,000

RÁCIOS DE LIQUIDEZ
Liquidez Geral (Act Circ / Pass cp) 2.52
Liquidez Reduzida ( Act. Real./Pass. Cp) 1.42
Liquidez Imediata (Disp./Pass. Cp) 0.02

ESTRUTURA DE CAPITAIS
Autonomia financeira (Capp/AL) 0.12
Grau de endividamento ou Debt-to-equity (P/Capp) 3.64
Grau de endividamento mlp (Pmlp/Capp) 1.45

Quando na folha de cálculo as fórmulas estiverem introduzidas, os rácios são obtidos


automaticamente o que reduz a margem de erro de cálculo sobrando simplesmente a tarefa
de interpretar os dados.

96
VII. RELATÓRIO DO DESEMPENHO ECONÓMICO DA ORGANIZAÇÃO

As informações sobre o desempenho acompanham a avaliação das eventuais alterações dos


recursos económicos controláveis no futuro e a formulação de hipóteses sobre a eficiência
da utilização dos novos recursos.

Por último, as informações sobre as alterações da posição financeira devem ter em


consideração a análise das actividades de exploração, de financiamento e de investimento.

Estas informações destinam-se principalmente aos detentores de capital, potenciais


investidores, gestores da entidade, funcionários, credores, devedores, o Estado e suas
instituições.

Aliás, é importante destacar que, como as informações das demonstrações financeiras


servem tanto a usuários internos quanto a externos, e muito destes usuários são leigos,
vários cuidados devem ser tomados quando da sua execução e apresentação. Porém,
entende-se que dois pontos merecem ser referenciados:
1) O grau de excelência da Análise das Demonstrações financeiras é dado
exactamente pela qualidade e extensão das informações que conseguir gerar;

2) Os relatórios devem estar dotados de uma linguagem descomplicada


(simples), como se fossem dirigidos a leigos e, sempre que possível, estarem
acompanhados de gráficos.

Na maioria das ciências, ainda que cada uma tenha as suas especificidades, a sequência do
processo decisório tem as seguintes etapas:

1) Escolha dos indicadores;


2) Comparação com padrões ou meta ou objectivo;
3) Diagnóstico ou conclusões; e
4) Decisões.

97
Para a realização da análise financeira de balanços pode-se adaptar a mesma sequência,
isto é:

i. Apuram-se os índices junto às demonstrações contábeis;


ii. Comparam-se os índices com os padrões, meta ou objectivo;
iii. Ponderam-se as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico ou conclusões;
e
iv. Tomam-se decisões.

Assim, se procede a análise demonstrações financeiras. Os relatórios provenientes desta


análise podem estar compostos de informações dos tipos:

 Situação financeira e causas das alterações;


 Situação económica e causas das alterações;
 Desempenho;
 Eficiência e eficácia na utilização dos recursos;
 Adequação das fontes às aplicações de recursos;
 Evolução, tendências e perspectivas;
 Pontos fortes e fracos, etc.

As formas de análise das demonstrações financeiras já foram vistas nas duas análises
(vertical e horizontal), por outras palavras, através da alteração do peso no conjunto do
activo ou passivo e da sua evolução individual entre dois ou mais períodos de tempo.

O relatório de desempenho económico e financeiro de uma empresa deve conter o


seguinte:
 Uma introdução indicando os negócios da organização.
 Falar da produção, as linhas de produção, o seu desempenho no período e
comparando com o período anterior ou anteriores e explicar os factores que
condicionaram a produção.

98
 Abordar o processo de comercialização, as condições favoráveis e desfavoráveis do
mercado que influenciaram as vendas dos bens e serviços.
 Falar da logística e a cadeia de valor da empresa, suas características, elementos
fortes e fracos de que requeiram intervenção e a sua natureza.
 Apresentar o comportamento dos custos no período e sua evolução em relação aos
períodos anteriores e a sua própria composição para se ver onde a empresa gasta
mais e quais as razoes associadas.
 As receitas com as vendas dos bens e serviços do período e sua comparação com o
período anterior ou períodos anteriores através de gráfico ou tabela. Seguidamente
deve-se apresentar as razões que estão por detrás daquele desempenho (quais
factores especiais);
 Qual terá sido o lucro bruto do período e sua comparação com o período anterior ou
anteriores;
 Apresentar o EBTIDA e sua margem e sempre fazer a sua comparação com os
resultados anteriores alcançados;
 Qual é o lucro líquido da empresa e fazer a sua comparação com o período anterior
ou anteriores.
 Apresentar a estrutura do capital da empresa e quais as alterações que poderiam ter
ocorrido.
 Apresentar os rácios de rendibilidade, de liquidez, de actividade, de cobertura e de
endividamento.
 Apresentar a percepção de que está a elaborar este relatório.
 Não se esquecer de apresentar em anexo as demonstrações financeiras com
destaque para o balanço e demonstrações de resultados.

99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas,


1992.
BRIGHAM, Eugene F.;HOUSTON, Joel F. Fundamentos da moderna administração financeira.
Rio de Janeiro: Campus,1999.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Harbra, 1997.
GROPPELLI, A. A.;NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. São Paulo: Saraiva, 1998.
HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática: matemática financeira
aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento e controle financeiro. São Paulo:
Atlas, 1999.
ROSS, Stephen A. WASTERFIELD, Randolph W. JORDAN, Bradford D. Princípios de
administração financeira. São Paulo: Atlas, 1998.
SOLOMON, Ezra. Teoria da administração financeira. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
WESTON, J. Fred; BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da administração financeira. São
Paulo: Makron Books, 2000.

100

Você também pode gostar