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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 4

2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ............................................................. 5

2.1 O Papel do Gestor Financeiro .......................................................... 11

2.2 Objetivos .......................................................................................... 15

2.3 Tomada de decisões de Financiamentos ......................................... 16

2.3.1 Financiamento de curto prazo .................................................... 18


2.3.2 Financiamento de médio prazo e de longo prazo ....................... 18
2.4 Rentabilidade e liquidez ................................................................... 19

2.5 Lucro e risco ..................................................................................... 20

3.1.1 Risco e retorno ............................................................................... 22


3.1.2 Equilíbrio entre risco e retorno ........................................................ 23
3 TIPOS DE CAPITAL ............................................................................... 24

3.1 Gestão do capital de giro ................................................................. 26

3.2 Ciclo de caixa ................................................................................... 27

3.3 Ciclo de conversão de caixa............................................................. 28

3.4 Fluxo de Caixa ................................................................................. 28

3.4.1 Orçamento de caixa ................................................................... 28


3.3.2 Projeção dos recebimentos ............................................................ 29
3.3.3 Projeção dos pagamentos .............................................................. 30
3.3.4 Fluxo líquido de caixa ..................................................................... 30
3.5 GESTÃO DE ATIVOS CIRCULANTES ............................................ 31

3.6 GESTÃO DE CONTAS A RECEBER ............................................... 31

3.7 GESTÃO FINANCEIRA DE ESTOQUES ......................................... 33

3.8 Gestão de estoques ......................................................................... 35

3.6.5 Sistema ABC .................................................................................. 35


3.6.6 Lote econômico de estoque ............................................................ 36
3.6.7 Investimento em estoque ................................................................ 37
4 ANÁLISE DO BALANÇO E DA DRE ..................................................... 37

4.1 Tipos de Demonstrações Financeiras .............................................. 38

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4.1.1 Balanço Patrimonial.................................................................... 40
4.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício ................................. 41
4.2 Tipos de Análise Financeira ............................................................. 41

4.3 Índices financeiros............................................................................ 42

4.3.1 Índices de liquidez ...................................................................... 42


4.3.2 Índice de Liquidez Corrente........................................................ 43
4.3.3 Índice de Liquidez Imediata ........................................................ 44
4.4 Índices de rentabilidade ................................................................... 45

4.4.1 Margem Operacional Líquida ..................................................... 47


4.4.2 Margem Líquida ......................................................................... 47
4.4.3 Retorno sobre o Investimento .................................................... 48
4.4.4 Retorno sobre o Ativo Operacional ............................................ 48
4.4.5 Lucro por Ação ........................................................................... 49
4.5 Índices de atividade .......................................................................... 49

4.5.1 Rotação do Ativo Operacional .................................................... 50


4.5.2 Rotação do Capital Empatado .................................................... 50
4.5.3 Giro do Estoque ou Rotação do Estoque de Produtos Acabados
51
4.5.4 Rotação do Saldo de Contas a Receber .................................... 51
4.5.5 Rotação do Saldo de Fornecedores (Contas a Pagar) ............... 51
4.6 Índices de endividamento ................................................................. 51

4.6.1 Índice de Participação de Terceiros ........................................... 52


4.6.2 Índice de Cobertura de Juros ..................................................... 52
4.7 Análise do fluxo de fundos ............................................................... 53

4.7.1 Origens dos fundos .................................................................... 53


4.7.2 Aplicações de fundos ................................................................. 54
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 56

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Para Chiavenato (2022, p. 9), “a GF é a área da Administração que cuida dos


recursos financeiros da empresa”. A Gestão Financeiro (GF) enfrenta três tipos de
decisões fundamentais que são tomadas regularmente:

Orçamento de capital: envolve o planejamento e a gestão dos investimentos de


longo prazo da empresa. O desafio está em identificar e localizar as oportunidades
de investimento cujo valor para a empresa seja superior ao seu custo de aquisição.
Em outras palavras, o fluxo de caixa gerado por um ativo, supera o custo desse
ativo. A criação de riqueza reside exatamente nesse aspecto: buscar oportunidades
que aumentem o valor do negócio.
Estrutura de capital: envolve a adequada combinação de capital próprio existente
na empresa com capital de terceiros para suplementar o capital próprio em
momentos em que ele se torna insuficiente para o andamento dos negócios. É uma
decisão cotidiana que envolve:
a) Quanto a empresa deve tomar emprestado para garantir suas
operações.
b) Quais são as fontes menos dispendiosas de fundos para a empresa.
c) Quando, onde e como tais recursos devem ser captados.
d) Escolha sobre o tipo adequado de recurso que a empresa tomará
emprestado para reforçar seu capital próprio.
Gestão do capital de giro: envolve – como veremos adiante – os ativos e passivos
circulantes da empresa. Trata-se de uma atividade diária e recorrente assegurará
que a empresa tenha sempre recursos suficientes para dar continuidade às suas
operações e evitar possíveis interrupções em suas operações cotidianas.
(CHIAVENATO, 2022, p. 9).

Dessa forma, a gestão financeira refere-se aos processos, instituições,


mercados e ferramentas utilizadas na transferência de recursos entre indivíduos,
empresas e governos. Ela é referida como a ciência e a arte de administrar fundos,
envolvendo a aplicação de princípios financeiros e econômicos com o objetivo de
maximizar a riqueza de uma organização e o valor de suas ações.

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[...] é uma área de estudo que aborda assuntos relacionados às finanças
empresariais. Está diretamente ligada a movimentação de recursos
financeiros, utilizando-se de outras áreas do conhecimento como:
Administração, Economia e a Contabilidade, para propiciar à empresa um
melhor desempenho na utilização de seus recursos monetários (COSTA;
AQUINO; DEMARCHI, 2018, p.16).

Em uma de suas muitas funções, a Gestão Financeira (GF) é responsável por


garantir a sustentabilidade econômico-financeira da organização para que ela
permaneça ativa no mercado, mantendo seus ciclos de investimento e produção. Para
que isso aconteça, existem recursos disponíveis que podem ser usados como
ferramentas para tomada de decisão e análise.
Conforme Chiavenato (2022), ao considerar com o viés estratégico, seu papel
é converter dados em informações e as informações em ações, pois a partir dos
indicadores financeiros, pode desenvolver parâmetros que ajudem a organização
atingir suas metas e objetivos. Infelizmente, ainda é comum um alto percentual de
falência de empresas em seus primeiros anos de vida, por não terem uma visão clara
sobre uma gestão financeira adequada, que impulsiona o negócio e melhora as
perspectivas e as probabilidades do sucesso empresarial. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2018):

O estudo analisou também a sobrevivência das empresas no período de 5


anos. Foram acompanhadas empresas nascidas em 2013 e, assim,
observou-se que taxa de sobrevivência foi de 71,9% após 1 ano de
funcionamento (2014), 61,0% após 2 anos (2015), 51,5% após 3 anos (2016),
44,1% após 4 anos (2017) e 36,3% após 5 anos (2018).
Quanto maior o porte da empresa, maior a taxa de sobrevivência. No primeiro
ano de observação (2014), a taxa de sobrevivência foi de 64,5% nas
empresas sem pessoal; de 91,2% naquelas com 1 a 9 assalariados e de
96,1% nas com 10 ou mais funcionários. Já após 5 anos, as taxas passam
para 29,9%, 52,7% e 62,5%, respectivamente.

Devido às complexidades do mercado, nota-se uma diminuição considerável


no período de 5 anos, onde as empresas brasileiras foram fechando as portas, por
falta de conhecimentos em Gestão Financeira.
O gestor financeiro, atua no planejamento financeiro, na organização, direção,
captação e nos investimentos de recursos de uma empresa, seja de pequeno, médio
ou grande porte. Conforme “ a LC n. 123/2006, a ME é aquela que tem o faturamento
bruto anual de até R$ 360.000,00, e a EPP é aquela que tem o faturamento bruto
anual acima de R$ 360.000,00 e até R$ 4.800.000,00” (VIDO, 2020, p.40).

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A definição de microempreendedor individual está prescrita na Lei
Complementar nº 123/2006, no parágrafo único do art. 18-A. Considera-se aquele que
exerce atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços, no
âmbito rural inclusive, com receita bruta de até R$ 81 mil no ano-calendário anterior,
seja optante pelo Simples Nacional e não apresente qualquer impedimento previsto
em lei (BRASIL, 2006 - Redação dada pela Lei Complementar nº 188/2021).
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) classifica
seus clientes conforme o porte, o que permite uma atuação adaptada às
características de cada segmento, por meio da oferta de linhas, programas e
condições específicas. O apoio às micro, pequenas e médias empresas, por exemplo,
é considerado prioritário pelo BNDES, oferecendo condições especiais com o objetivo
principal de facilitar o acesso ao crédito para essas empresas. A classificação por
porte é feita com base na receita operacional bruta (ROB) das empresas ou com base
na receita anual dos clientes pessoa física. Seguem os valores utilizados pelo BNDES
para classificar as empresas quanto ao porte:

Fonte: https://www.bndes.gov.br
Independentemente do porte da organização, o sucesso da empresa depende
de uma boa gestão financeira, que deve estar bem estruturada com diversas áreas,
incluindo Produção, Marketing e Comercial, pois todos demandam recursos
financeiros e, não raro, possuem visões diferentes de prioridades. No entanto, cabe
ao gestor a sagacidade em analisar os créditos e os demonstrativos contábeis, avaliar
a manutenção de estoques, acompanhar faturamentos e fluxos de caixa.
Segundo Ross (2015), a administração financeira existe, porque trabalha para
a sobrevivência dos negócios, evitando falência, superando a concorrência e

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minimizando os custos, além de, maximizar as vendas ou a participação no mercado
e aumentar os ganhos para garantir o crescimento dos lucros. “A gestão financeira
de qualquer empresa é executada e desenvolvida pelo administrador financeiro.
Sendo este o ocupante, geralmente, de cargo de diretoria ou alta gerência” (COSTA;
AQUINO; DEMARCHI, 2018, p.17).
Assim, dentre os diversos pensamentos encontrados na literatura, o que mais
se destaca é o que conceitua a administração financeira como um conjunto de
métodos e técnicas utilizadas para gerenciar os recursos financeiros da organização
com o objetivo de maximizar o retorno do capital investido pelos acionistas
(OLIVEIRA, 2019).
A gestão eficaz dos recursos depende da interpretação dos sinais emitidos pelo
ambiente econômico, os quais devem ser interpretados e utilizados como diretrizes
para as decisões de curto, médio e longo prazos, portanto, os administradores
financeiros devem manter-se atentos ao comportamento do ambiente externo à
empresa, uma vez que a gestão financeira precisa estar estruturada com o
comportamento da economia (HOJI, 2018).

[...] cabe ao gestor das finanças da empresa a tarefa de utilizar seu


conhecimento técnico e as ferramentas gerenciais disponíveis com a
finalidade de aumentar a riqueza dos investidores (OLIVEIRA, 2019, p.4).

Conforme Hoji (2018), dado que a maioria das decisões tomadas pelo
administrador em uma organização envolve uma análise de custo versus benefício. A
gestão financeira funciona como um dos papéis mais importantes da empresa, seja
em operações de curto prazo envolvendo caixa, crédito, estoques, contas a receber,
contas a pagar, etc., ou operações de longo prazo, compreendendo investimentos,
orçamento de capital, estrutura de capital, entre outros. O administrador financeiro
deve estar atento à alocação adequada dos recursos disponíveis limitados.

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As suas decisões tomadas abrangem, em resumo, os seguintes
aspectos:
Decisão sobre as alternativas de investimento: em quais tipos de ativos
os recursos devem ser investidos e que montante deverá ser investido.
Decisão sobre as alternativas de financiamento: como a empresa deverá
financiar suas atividades, se com recursos próprios ou de terceiros e, se das
duas formas, qual a composição adequada de financiamento para o seu
ramo de atividade.
Planejamento financeiro: elaboração das projeções financeiras para um
determinado período, em linha com os propósitos das demais áreas da
empresa.
Decisão sobre as políticas de crédito: para quem vender? Quanto
vender? Em que condições vender?
Administração das disponibilidades: administração do fluxo de entradas
e saídas de caixa para garantir o andamento das atividades operacionais e
a saúde financeira da empresa (HOJI,2018).

A tomada de decisão é um processo que consiste na identificação de um


problema e na escolha entre as alternativas disponíveis para a resolução do problema
(MAÇÃES, 2018).
As decisões do administrador financeiro devem ser baseadas em como os
ambientes macro e microeconômicos estão atuando; em outras palavras, eles devem
estar conforme o que está acontecendo e o que se prevê que acontecerá no futuro no
ambiente em que a empresa está inserida. Enquanto a microeconomia se preocupa
com as unidades produtivas e de consumo, como empresas, trabalhadores,
consumidores, etc., a macroeconomia explica as variáveis econômicas como
poupança, consumo, investimento, níveis de emprego e de renda, inflação, entre
outros (HOJI,2018).
Conforme Rossés (2014, p.20), os princípios para se administrar são: planejar,
organizar, dirigir e controlar. E pontua como principais funções administrativas:

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• Analisar, conhecer os problemas.
• Solucionar os problemas.
• Organizar e alocar os recursos, tanto financeiros, quanto tecnológicos e
humanos.
• Liderar, comunicando, dirigindo e motivando as pessoas.
• Fixar objetivos.
• Negociar.
• Tomar decisões.
• Controlar, mensurando e avaliando.

Portanto, o bom desempenho da administração depende da capacidade de


liderança do profissional, relacionamento com as pessoas, negociação, comunicação,
e, também, tomada de decisão, tendo uma visão sistêmica e global da situação que
administra.
Para Rossés (2014), há quatro áreas básicas de atuação do administrador:
finanças, produção, marketing e recursos humanos, entretanto o mercado abrange
várias áreas do conhecimento. A administração é resultante de um processo de
formação que passa por várias áreas, desde as exatas, como matemática, até
humanas como filosofia.
Esta ciência vem adquirindo importância na formação de profissionais, para
melhor estruturar e impulsionar o funcionamento dos mais diversos setores e
organizações. Uma vez que as empresas adquirem crescente complexidade e
tamanho na economia de mercado, é de suma importância que existam profissionais
com competência para administrar.
Entre as características da administração há um circuito de atividades
interligadas como: obtenção de resultados, proporcionar a utilização dos recursos
físicos e materiais disponíveis, envolver atividades de planejamento, organização,
direção e controle.
Percebe-se, que a tarefa da administração é interpretar os objetivos propostos
pela empresa e transformá-los em ação empresarial por meio de planejamento,
organização, direção e controle.

- Planejamento: significa estabelecer planos, métodos e processos que irão


guiar as ações e os objetivos da organização, deixando para trás o empirismo

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e os palpites nas decisões administrativas. Tais procedimentos são as linhas
mestras que definirão: O que? Quando? Quem? Como? serão feitas as
coisas.
- Organização: é o processo de alocar, arrumar e/ou distribuir tarefas,
responsabilidades e recursos entre os membros da organização. Significa
adequar a estrutura da organização aos objetivos propostos, isso porque
objetivos distintos requerem adaptações diferentes.
- Direção / Liderança: significa liderar, influenciar e motivar as pessoas a
realizarem tarefas essenciais à obtenção dos resultados. Ao contrário de
planejar e organizar, dirigir é uma atividade concreta, uma vez que envolve
trabalhar com pessoas. Sua função essencial é criar uma atmosfera
adequada para o exercício de todas as funções.
- Controle: finalmente, controle significa verificar, constatar ou certificar-se
da realização das atividades e objetivos conforme estabelecidos. Enfim,
controlar visa medir o desempenho das pessoas com relação aos objetivos
previstos para manter a empresa no caminho certo (ROSSÉS, 2014, p.21-
22).

Estas atividades formam o processo administrativo, que deve adequar o fator


externo à organização, estabelecendo objetivos possíveis de serem alcançados.

2.1 O Papel do Gestor Financeiro

Para Chiavenato (2022), o gestor financeiro tem grandes responsabilidades


para manter a sustentabilidade de uma organização, inclusive analisando propostas
de investimentos que possam gerar valor e contribuir para o negócio, para isso,
utilizam diversas ferramentas. O CFO (Chief Financial Officer) é uma sigla muito
utilizada em grandes empresas, como as multinacionais, para designar a função de
diretor financeiro. Esse profissional é responsável, pela gestão de riscos do negócio,
financeira, econômica, entre outras. O conceito de risco está associado a algo que se
busca realizar no futuro, mas que envolve graus de incertezas e possível falha.
Quando introduzido no âmbito financeiro, por mais conservador que seja um
investimento, sempre apresentará nível de risco.

[...] cabe ao gestor financeiro desenvolver estratégias para mitigá-los ou até


mesmo transformá-los em oportunidades. Segundo o megainvestidor norte-
americano Warren Buffett, que fez sua fortuna investindo em ações, “o risco
vem de não saber o que você está fazendo”. Em outras palavras, é
fundamental que o CFO tenha pleno domínio de suas atribuições, sabendo
identificar os tipos de investimentos e os riscos inerentes a eles, buscando
evitá-los ou minimizá-los (CHIAVENATO, 2022, p.98).

Por ocupar uma posição estratégica, é um profissional muito próximo do Chief


Executive Officer (CEO), ou seja, o diretor-geral. O CFO também é responsável pelo
planejamento financeiro da organização e pelas atividades operacionais, como
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gerenciamento de fluxo de caixa. Por ser o profissional responsável por administrar a
sustentabilidade financeira, muitas ações relacionadas ao crescimento e inovação dos
negócios, além de aquisições e modernização, devem ser aprovadas. No entanto,
esse profissional não possui apenas uma visão endógena, ou seja, para dentro da
empresa, ele deve estar atento aos movimentos do mercado em que está inserido,
para traçar as melhores estratégias que possam agregar valor, observar o ambiente
tanto no curto quanto no longo prazo (LP). Diante dessas responsabilidades, a função
exige que seu ocupante esteja alinhado aos processos de governança corporativa,
atuando conforme as leis, garantindo assim a credibilidade da organização
(CHIAVENATO, 2022).
As atividades do gestor financeiro têm com base de estudo e análise dados
retirados dos relatórios financeiros, tais como balanço patrimonial, demonstração de
resultados, análise de contas e principalmente do fluxo de caixa da empresa que
reflete a real situação de seu disponível circulante para financiamento e novas
atividades.

Faz parte da função do Gestor financeiro coordenar, monitorar e avaliar as


atividades da organização com o uso de dados financeiros atualizados e
corretos. Esse profissional, por muito tempo visto como um profissional mais
sisudo, rígido e pouco simpático, hoje apresenta outras características que o
tornam “mais leve”. Espírito criativo, boa comunicação, busca intensa por
capacitação e inteiração com outros setores são as características mais
marcantes do moderno gestor financeiro. Aliadas a todas essas
características, a principal atividade do Gestor Financeiro é o Planejamento
(SANTOS; DA COSTA, 2013, p.3).

O gestor passou a ter um papel preponderante, e o mercado espera um


profissional com ampla visão dos ambientes internos (empresa) e externo (mercado).
Segundo Santos (2011), algumas das características essenciais para um bom gestor
financeiro são:

• Ética: este profissional precisa ter valores bem estabelecidos, considerando os


princípios morais referentes à conduta humana, cumprindo seus deveres como
cidadão e sabendo exatamente o limite entre os seus direitos e o direito dos
outros.
• Transparência: o gestor transparente sempre busca se revelar como pessoa
e como colaborador em seu ambiente de trabalho. Ele sabe como realizar uma
apresentação dos cenários econômicos da organização, sem que seja
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necessário inventar ou ocultar as vantagens e desvantagens que poderiam
impulsioná-lo profissionalmente.
• Proatividade: o profissional deve trabalhar junto aos objetivos e metas da
organização, com proatividade, buscando as melhores soluções para uma
determinada empresa ou problema.
• Liderança: um líder de verdade não teme competições e sempre está disposto
a preparar com afinco os seus sucessores. O gestor financeiro, para ter
sucesso como tal, precisa ter um time forte a sua volta, completo e harmonioso.
Por esse motivo, a habilidade de mobilizar pessoas e caminhar com elas em
direção a um determinado objetivo é extremamente importante.
• Comprometimento: mostrar compromisso com as metas, objetivos, valores,
equipe e propósitos da empresa ou projeto, agir e estar à disposição tanto da
organização quanto dos colaboradores.
• Eficiência: devido às oscilações no mercado financeiro, o profissional de
gestão financeira deve ser eficiente e eficaz em seu trabalho. Nessa área, os
prazos são fundamentais. Entretanto, tão importante quanto entregar as
demandas em tempo hábil, é encontrar soluções que sejam compatíveis com
o que foi solicitado. Nesse sentido, o gestor Financeiro precisa concluir suas
atividades com excelência e sempre dentro do prazo determinado.
• Inteligência Emocional: a maneira como este profissional gerencia, suas
emoções possuem um papel fundamental em suas atividades, tanto
profissional quanto pessoal. Devido ao período de instabilidade pela qual o
Brasil tem passado, o gestor financeiro precisa saber interagir com
fornecedores, clientes, colaboradores e gestores. Os profissionais com
inteligência emocional se tornam mais confiantes, flexíveis e adaptáveis. Pois,
conseguem trabalhar na direção das metas e, geralmente, se recuperam
facilmente dos estresses cotidianos.
• Visão Analítica: O gestor financeiro precisa sempre interpretar informações e
extrair dados dos relatórios e balanços que a empresa fornece. Para alcançar
as soluções ideais para os problemas, o profissional precisa ter um raciocínio
rápido e uma visão analítica, interpretando os cenários e assim fortalecer os
processos com o intuito de aumentar o desempenho do negócio.

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O gestor/Administrador tem um papel muito importante dentro de uma
organização. Por isso, devem estar preparados, ter conhecimentos específicos sobre
sua área de atuação. As principais áreas que um gestor/administrador financeiro deve
conhecer são: contabilidade, administração, economia e matemática financeira.

O papel do gerente financeiro da empresa é viabilizar oportunidades de


negócios, considerando que, para atrair capital e viabilizar um
empreendimento, é necessário prever o montante de capital a ser utilizado,
tendo em vista sua forma de captação, mercado de dívida, mercado acionário
ou ambos, em consonância com os planos de investimentos da empresa
(MARIANO; MENESES, 2012, p. 03).

Para Santos (2011), os relatórios financeiros fornecem informações suficientes


para identificar possíveis desvios financeiros e corrigir possíveis erros em tempo hábil
para não colocar a empresa em situação crítica, esse posicionamento contribui
significativamente para o funcionamento de dados importantes para explicações
plausíveis e abrangentes de diversos aspectos financeiros, tornando mais evidente
sua compreensão e ampliando seu campo de atuação e importância. Avaliar o
progresso financeiro é um trabalho de relevante consideração, o gestor que faz o
acompanhamento periódico torna-se mais preparado. Por meio de planejamento, o
gestor consegue identificar as necessidades de crescimento da empresa, assim como
eventuais desajustes futuros. O planejamento é orientado para resultados,
prioridades, vantagens e mudanças.
Existem diferentes departamentos nas organizações, e em que cada um deles
há uma variedade de objetivos, que precisam ser adequadamente coordenados, de
modo que todos, ao se interligarem, alcancem o objetivo geral da organização. Todos
os departamentos, tais como: vendas, produção, marketing, etc. necessitam estar em
sintonia com o departamento financeiro, para que possam estabelecer e validar uma
meta e um percurso comum a todos. Sem essa integração, o planejamento pode não
passar do papel ou das apresentações corporativas. O planejamento também melhora
o controle e a administração do tempo (SANTOS, 2011).
O controle envolve avaliação e medição dos resultados do desempenho e
ações corretivas, com o intuito de melhorar os processos e garantir que os resultados
sejam positivos. Já gerenciar o tempo disponível para atender as responsabilidades e
aproveitar as oportunidades é essencial para o gestor financeiro, que vive em um
ambiente financeiro de constantes mudanças. Como principal decorrência do
planejamento, o autor pontuou os planos que facilita a organização no alcance de
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suas metas e objetivos. Além disso, os planos servem como bússola para assegurar
os seguintes aspectos:

- Os planos definem os recursos necessários para alcançar objetivos


organizacionais;
- Servem para integrar os vários objetivos a serem alcançados em um
esquema organizacional que proporciona coordenação e integração;
- Os planos permitem que as pessoas trabalhem em diferentes atividades
consistentes com os objetivos definidos. Eles dão racionalidade ao processo,
servem para alcançar adequadamente o objetivo traçado;
- Os planos permitem que o alcance dos objetivos possa ser continuamente
monitorado e avaliado em relação a certos padrões ou indicadores a fim de
permitir a ação corretiva necessária quando o progresso não for satisfatório
(SANTOS, 2011, p.12).

O processo de tomada de decisões reflete a essência do conceito de


Administração, pois administrar é decidir, e a continuidade de qualquer negócio
depende da qualidade das decisões tomadas por seus administradores nos diferentes
níveis organizacionais. E essas decisões, por sua vez, são tomadas com base em
dados e informações fornecidas pela Contabilidade, com base no comportamento do
mercado e no desempenho interno da empresa (NETO, 2020).
Esse processo decisório básico para o sucesso de qualquer negócio tem
assumido, progressivamente mais complexidade e riscos na economia brasileira.
Desequilíbrios de taxas de juros, desajustes, falta de poupança de longo prazo,
intervenções nas regras da economia, comportamento das taxas de inflação, desafios
ao crescimento econômico, entre outros aspectos, exigem maior capacidade de
questionamento e análise das unidades decisórias. Os conceitos financeiros
implementados em outros ambientes econômicos geralmente encontram enormes
dificuldades de adaptação à nossa realidade empresarial, exigindo uma série de
ajustes e reflexões que nem sempre são acompanhados pelo mercado.

2.2 Objetivos

O objetivo fundamental da Gestão Financeira é a maximização do lucro, ou


seja, incrementar o valor de mercado de capital dos proprietários ou acionistas de uma
entidade, seja ela uma firma individual, uma sociedade de pessoas ou por ações. Em
toda empresa, uma boa decisão financeira aumenta o valor de mercado do capital de
seus proprietários (CHIAVENATO, 2022).

15
Maximização da riqueza significa a contribuição para o aumento do valor da
empresa pela escolha e seleção dos investimentos que possuem a melhor
compensação entre o risco e o retorno. Como veremos adiante, frente a
determinado nível de risco, representa a taxa de retorno que justifica a opção por
um investimento (CHIAVENATO, 2022, p.9).

Segundo Chiavenato (2022), em linhas gerais, a Gestão Financeira persegue


constantemente os seguintes objetivos fundamentais:

• Manutenção de permanente situação de liquidez: através da manutenção


de um adequado fluxo de entradas e saídas de caixa sob controle. Isso requer
conhecimento prévio dos períodos em que faltará numerário para as operações
cotidianas da empresa. Existe uma situação de liquidez quando os ativos e
passivos do negócio são devidamente administrados.
• Obtenção de recursos adicionais para suas operações ou planos de
expansão: a um custo menor graças aos estudos de viabilidade econômico-
financeira. Projetos envolvendo novos produtos e novas tecnologias abrangem
somas de investimentos e aumento no grau de risco do negócio. Além disso, o
retorno do investimento deve ser proporcional ao risco assumido. Com maior
risco deve vir a expectativa de maior retorno.
• Manutenção do equilíbrio entre objetivos de lucro e de liquidez financeira:
no sentido de garantir a consistência dos planos de expansão com a
possibilidade de encontrar recursos próprios ou de terceiros.

2.3 Tomada de decisões de Financiamentos

Tomar decisões de investimentos, refere-se, portanto, à alocação dos recursos


financeiros em ativos circulantes e ativos permanentes, realizáveis a curto e longo
prazo, avaliando-se, desta feita, a relação de risco e retorno do capital investido.
Nas decisões de financiamento o foco se baseia na escolha das melhores
ofertas de recursos e proporção a ser mantida entre o capital de terceiros e capital
próprio. O gestor, por sua vez, determina a estrutura mais viável de financiamento da

16
empresa, para que assim ela possa ter capacidade de pagamento e dispor de fundos
com custos menores em relação ao retorno que se espera de seus investimentos.

As decisões de investimentos criam valor principalmente quando o retorno


esperado excede as expectativas, em outras palavras, a taxa de retorno
exigido pelos acionistas é superada. Pode ser considerada como a mais
importante das decisões, pois leva-se em conta um processo onde serão
identificadas, avaliadas e selecionadas as alternativas de aplicações de
recursos, esperando um benefício econômico no futuro. O gestor financeiro
deve conseguir identificar a melhor estrutura em termos de risco e retorno
dos investimentos empresariais, precedendo a um gerenciamento eficiente
de valores. A gestão dos ativos engloba também as defasagens que podem
ocorrer no fluxo de caixa (SANTOS, 2011, p.13).

O gestor financeiro, precisa pesquisar fontes de financiamentos (fornecedores,


instituições financeiras, etc.) sempre que for necessário, com o intuito de captar
recursos para o financiamento das atividades da empresa que necessitam de capital
para a execução de suas metas. Esse profissional deve ser capaz de encontrar a
melhor opção oferecida pelas fontes de financiamentos no que se refere a respeito de
juros, garantias exigidas e formas de pagamento, gerenciando a composição e
procurando definir a melhor opção em termos de liquidez, redução de custos e risco
financeiro, e dessa forma adequar seu passivo às características de rentabilidade e
liquidez das aplicações desses recursos. Mas, para tanto, deve o gestor financeiro
dispor de tempo necessário para realizar pesquisas e análises minuciosas para a
tomada de decisão.
As decisões de financiamento têm o objetivo de captar recursos financeiros
para financiamento de ativos. Engloba escolha da composição mais apropriada, se de
curto ou a longo prazo. Tais atividades serão realizadas com base no balanço e nos
efeitos que terão sobre o fluxo de caixa da empresa. Assim, uma boa análise sobre
os elementos financeiros, irá fornecer soluções mais propícias e vantajosas.
O gestor financeiro, a princípio precisa considerar os objetivos dos acionistas
e controladores da empresa, para então alcançar os seus, pois uma vez que conduzir
bem o negócio é cuidar de maneira eficiente e eficaz da parte financeira, por
conseguinte promoverá o desenvolvimento e prosperidade da empresa, dos seus
proprietários, sócios, colaboradores internos e externos e dele mesmo no que diz
respeito ao retorno financeiro, e sua realização profissional e pessoal.

Existem diversos objetivos e metas a serem alcançadas, o gestor precisa


administrar da melhor forma possível os recursos financeiros, com o objetivo
de otimizar ao máximo o valor agregado dos produtos e serviços da empresa
17
a fim de se ter uma posição competitiva mediante a um mercado repleto de
concorrência, proporcionando, deste modo, o retorno positivo a tudo o que foi
investido para a realização das atividades da mesma, estabelecendo
crescimento financeiro e satisfação aos investidores (SANTOS, 2011, p.14).

O compromisso do gestor financeiro é o de agir sempre pautado na ética


profissional, lealdade, motivação, respeito e legalidade, uma vez que o ambiente de
trabalho que se baseia em mentiras e falsas informações não será propicio ao
sucesso, portanto, o profissional precisa identificar o objetivo da empresa, e a partir
dele traçar um perfil para sua administração.

2.3.1 Financiamento de curto prazo

Conforme Chiavenato (2022), é uma operação em que a empresa levanta


recursos no curto prazo para a manutenção de aplicações em créditos a clientes e em
estoques. Os recursos também podem ser destinados ao financiamento a clientes ou
para compensação de fundos quando as entradas de caixa são insuficientes para
cobrir aumentos imprevistos de despesas. O objetivo deste é preencher lacunas de
necessidades de recursos, evitando o de longo prazo e, consequentemente,
eliminando possíveis excessos de fundos ociosos e suas despesas decorrentes. Ele
é obtido através de:

• Bancos comerciais privados e públicos: os bancos comerciais captam fundos


ou são depositários de poupanças na forma de contas-correntes e certificados
de depósitos, que são utilizados para financiar a atividade econômica.
• Sociedades de crédito, financiamento e investimento: também denominadas
financeiras.
O financiamento de Curto Prazo consiste, portanto, em obrigações que devem
vencer dentro de um ano ou menos, para proporcionar ativos circulantes da empresa,
como caixa, títulos negociáveis, contas a pagar e estoques. Pode ser realizado por
meio de quatro tipos de operações financeiras: empréstimo bancário em conta-
corrente, desconto de duplicatas, crédito direto ao consumidor e crédito mercantil.

2.3.2 Financiamento de médio prazo e de longo prazo

18
Segundo Chiavenato (2022), os programas de financiamento de médio (MP) e
longo prazo (LP) procuram à obtenção recursos de terceiros a prazos superiores a
seis meses e a um ano, respectivamente. Em geral, é realizado em conjunto com
organizações ou programas do setor público, como BB, Bacen, bancos de
desenvolvimento, CEF e Caixas Econômicas Estaduais. Pode ser obtido a partir de
fundos especiais de instituições públicas, por recursos captados no exterior, recursos
próprios e debêntures.

2.4 Rentabilidade e liquidez

Conforme Chiavenato (2022), buscando o melhor retorno possível do


investimento, que é a rentabilidade, e sua rápida conversão em dinheiro, isto é a
liquidez. A Gestão Financeira preocupada com estes dois aspectos importantes,
visando fazer com que os recursos financeiros sejam lucrativos e líquidos
simultaneamente. Assim sendo, é a área responsável pela gestão dos recursos
financeiros da empresa, possibilitando as condições que assegure o equilíbrio entre
sua rentabilidade e sua liquidez.

Rentabilidade
Liquidez
Rendimento
Desembaraço
Lucratividade
Negociabilidade
Retorno do investimento
Facilidade de troca

Aplicabilidade Disponibilidade

Rentabilidade: a rentabilidade é a capacidade de um capital aplicado ou


investido de produzir dividendos, ou ganhos em dinheiro e pode ser expressa pela
porcentagem de lucro em relação ao investimento total. Em geral, ela é inversamente
proporcional à segurança e liquidez da aplicação. A rentabilidade máxima pode
19
comprometer a liquidez do negócio, pois os retornos estão sujeitos a períodos
variáveis (CHIAVENATO, 2022).
Liquidez: numa empresa ela é representada pelo disponível (sendo o dinheiro
em caixa mais títulos de mercado) e pelo realizável no curto prazo (que são as
mercadorias vendidas em prazos inferiores a seis meses, duplicatas e promissórias).
A liquidez refere-se à disponibilidade em moeda corrente, meios de pagamento, posse
de títulos ou valores que podem ser convertidos em dinheiro de forma rápida.
Liquidez significa a qualidade daquilo que se pode dispor de forma imediata,
portanto, a capacidade de um bem, título ou obrigação de se transformar em dinheiro
ou em disponibilidade monetária. Ela pode ser maior ou menor dependendo do tipo
de aplicação financeira, pois ela é inversamente proporcional aos prazos negociados.
Aplicações de longo prazo têm menor liquidez que aplicações de curto prazo. Apenas
o papel-moeda e a moeda metálica têm liquidez absoluta. Títulos ou aplicações com
o mesmo prazo de vencimento têm maior liquidez que outros dependendo de sua
aceitação no mercado, como no caso de ações consideradas Blue Chips no mercado
acionário (CHIAVENATO, 2022).

2.5 Lucro e risco

Para Hoji (2018), a obtenção de lucro pelas empresas está ligada à sua
capacidade de fornecimento de bens e serviços que atendam às necessidades da
sociedade. Para que isso seja possível, as empresas precisam de recursos tanto para
a aquisição de ativos fixos (imóveis, equipamentos e máquinas) quanto para a
manutenção de suas operações, pagando mão de obra, comprando estoques,
financiando clientes, pagando impostos, aluguéis, salários e encargos sociais etc.
Esses recursos são disponibilizados pelos intermediários financeiros que atuam no
mercado financeiro.
Na definição popular, lucro é o interesse, benefício ou vantagem obtido de uma
operação comercial, industrial entre outra, ou o ganho obtido de qualquer especulação
após a dedução das despesas. Na Gestão Financeira, o lucro é o retorno sobre o
capital investido diretamente em um negócio. Significa a diferença entre as receitas e
despesas da empresa ao longo de um período específico, como um ano ou semestre.
O lucro pode ser abordado de duas maneiras:

20
Lucro bruto: constitui a diferença entre a receita obtida pela venda de mercadorias
e o custo de sua produção (incluindo gastos com MP, despesas gerais, impostos e
remuneração da força de trabalho). É considerado um excedente econômico, isto é,
um rendimento gerado pela empresa após a dedução de todos os custos
necessários à produção da mercadoria ou à prestação do serviço. Na verdade, os
sistemas econômicos produzem tal excedente, mas somente no capitalismo
apresenta a forma de lucro. Algumas escolas econômicas – como a clássica, a
neoclássica e a marginalista – consideram o lucro uma remuneração do capital.
Para o marxismo, o lucro é uma forma de mais-valia resultante na apropriação de
uma parte do valor criado pelos trabalhadores.
Lucro líquido: é o resultado da subtração do lucro bruto da quantia correspondente
à depreciação do capital fixo (como máquinas e equipamentos) e das despesas
financeiras (como pagamento de juros de empréstimos). Uma parcela do lucro
líquido pode ser destinada em dinheiro para a retirada dos sócios (em empresas
individuais) ou em dividendos (em SA). Outra parcela pode ser destinada a
aumentar o capital da empresa em um fundo de reserva (CHIAVENATO, 2022,
p.11).

Para Chiavenato (2022), o ambiente de negócios pode incluir situações como:

• Certeza: quando as variáveis são conhecidas e a relação entre a ação e sua


consequência é determinística.
• Risco: quando as variáveis são conhecidas e a relação entre a consequência
e a ação é conhecida em termos de probabilidade.
• Incerteza: quando as variáveis são conhecidas, mas as probabilidades para
avaliar a consequência de uma ação são desconhecidas ou então não são
determinadas com certo grau de certeza.

“O risco está relacionado às mudanças e à incerteza, o que tem a ver com a


ansiedade. Por sua vez, a ansiedade provoca mal-estar e favorece a falta de controle,
o que, ocasionalmente, pode impedir que se reconheça a medida correta a tomar”
(GALVÃO et al., 2018, p.23). Como tal, o risco denota a possibilidade de perigo, que

21
é desconhecido, mas calculável que pode causar danos a alguém ou uma
organização. Há um conflito recorrente e contínuo entre lucro e risco. Quanto maior o
lucro esperado, maior o risco enfrentado. No processo de tomada de decisão de
investimentos financeiros, a incerteza e o risco devem sempre ser considerados. Ao
tomar uma decisão de investimento, uma empresa ou investidor procura um portfólio
de ativos que proporcione retornos mais rápidos com menores riscos quanto ao futuro.
Uma carteira é um conjunto de ativos, enquanto um ativo é um conjunto de
bens ou créditos que compõem o patrimônio de uma organização. O ativo é o que se
tem, em contrapartida o passivo é o que se deve. Nesse sentido, segredo está em
maximizar não o lucro no curto prazo, mas a riqueza da empresa no longo prazo. É
possível reduzir certas despesas e diferir custos elevados de um novo equipamento
ou, ainda, despedir empregados mais produtivos e com salários maiores. No entanto,
isso não aumenta a riqueza da empresa; em vez disso, reduz despesas e coloca em
risco a rentabilidade futura (CHIAVENATO, 2022).
Uma decisão crucial para a Gestão Financeira é como usar ou gerenciar o lucro
líquido gerado pelo negócio após seu exercício fiscal, isto é, onde se deve alocar aos
recursos financeiros gerados pelas atividades operacionais ou extra operacionais da
entidade. Por um lado, o lucro pode ser retido pela organização e se constituir em uma
das suas fontes de recursos ou pode ser distribuído aos proprietários, ou acionistas
na forma de dividendos, ou, então, definir qual proporção dele será retida pela
empresa e qual será distribuída entre os acionistas. Essa decisão deve ser tomada
com base na opção de investimento cujo retorno seja superior ao que os proprietários
poderiam obter se eles mesmo aplicassem os recursos recebidos em decorrência da
distribuição dos lucros. Os riscos envolvidos nas aplicações disponíveis para a
empresa e seus proprietários também devem ser considerados.

3.1.1 Risco e retorno

Para Chiavenato (2022), quando os proprietários ou os acionistas ingressam


com capital, eles esperam ter retorno pelo risco assumido, agindo da mesma maneira,
os terceiros (como fornecedores, bancos e financeiras).
O termo “retorno” significa ganhos ou perdas em que o proprietário de um ativo
incorre no período. Ele é calculado através da soma dos pagamentos periódicos
(dividendos ou juros) e da valorização de capital do ativo (que é o retorno total). O
22
risco é o grau de incerteza associado ao resultado de um investimento; é uma
possibilidade de perda. Existem dois tipos de risco:

Risco econômico: é o risco inerente ao negócio da empresa. É a incerteza ou


variabilidade relativa dos resultados da empresa que depende do ramo de atividade,
do tipo de operação, produto ou serviço (bem de consumo ou de produção, durável
ou perecível) e das características da demanda do mercado (venda sazonal, cíclica
ou variável). Como a Gestão Financeira não determina o ramo de atividade ou as
operações da empresa, ela se restringe a oferecer subsídios para administrar o grau
de risco assumido em consequência do ramo de atividade escolhido. Na realidade,
ele é consequência da estrutura dos ativos da empresa e das atividades por ela
desenvolvidas.
Risco financeiro: é o risco de não obter a remuneração do investimento. Está
relacionado com a remuneração do capital de terceiros e corresponde à
variabilidade dos retornos para o acionista ordinário. Ele é consequência da
estrutura das fontes de recursos da empresa (dos passivos, exigíveis ou não),
principalmente em termos de endividamento relativo. O risco financeiro está ligado
à proporção de emprego de recursos que exigem remuneração fixa e prioritária à
remuneração dos acionistas ordinários.

3.1.2 Equilíbrio entre risco e retorno

A Gestão Financeira deve proporcionar equilíbrio entre o risco e o retorno de


uma organização. O retorno é medido pelas receitas menos os custos incorridos. O
risco é medido pela probabilidade de a empresa tornar-se incapaz de pagar suas
contas, dívidas ou obrigações nos respectivos vencimentos. O risco é sempre uma
possibilidade de perda. O retorno de uma empresa é o lucro. Lucro é sempre uma
possibilidade de ganho. Os dois objetivos principais da Gestão Financeira são:
aumentar o lucro e diminuir os custos.

Maneiras de aumentar o lucro: Maneiras de reduzir os custos:

23
Por meio de um volume maior de receitas 1.Pagar menos pelos itens ou serviços
(vendas). utilizados.
2.Administrar os recursos com maior
Por meio da redução dos custos (maior eficiência para evitar desperdícios.
eficiência e produtividade). 3.Por meio de um volume maior de
receitas (vendas) e investimento em
Por meio do investimento em ativos mais ativos mais rentáveis que produzam
rentáveis que produzam maiores maiores receitas.
receitas. 4.Aumento da eficiência e da
produtividade.

3 TIPOS DE CAPITAL

O capital é o valor líquido dos ativos de uma entidade. Ele é o recurso financeiro
básico do negócio: o investimento realizado pelos proprietários ou acionistas para a
criação e funcionamento da organização. No entanto, não é apenas o capital investido
pelos acionistas que impulsiona a empresa, pois ela também emprega capital de
terceiros na operação. Assim, quando se trata de propriedade, existem dois tipos de
capital: capital próprio e capital de terceiros (CHIAVENATO, 2022).

Capital próprio: é composto pelos itens do não exigível, isto é, o capital


pertencente aos proprietários ou acionistas da empresa.
Capital de terceiros: corresponde às exigibilidades da empresa, como
empréstimos, debêntures e ações preferenciais. É também denominado capital
externo, pois não é propriedade da empresa.

Segundo Chiavenato (2022), o capital pode ser dividido em dois tipos conforme
à sua utilização em capital fixo e capital de giro (ou capital circulante), onde se
completam mutuamente:

24
Capital fixo: é constituído pelos ativos imobilizados. Os investimentos em
ativos imobilizados são efetuados no longo prazo, são estáveis e sofrem
poucas alterações ao longo do tempo. É o caso de edifícios, fábricas,
máquinas e equipamentos, e instalações, de propriedade da empresa.
Capital de giro: é constituído de Gestão de ativos circulantes. Os
investimentos em ativos circulantes sofrem alterações muito frequentes,
quase cotidianas, pois o capital de giro está relacionado principalmente com
as vendas, que são realizadas diariamente e sofrem oscilações frequentes.
Esses investimentos são efetuados no curto prazo em função do ciclo de
operações da empresa. Boa parte das aplicações de fundos da empresa se
destina ao seu capital de giro. É oportuno diferenciar o capital de giro bruto e
o capital de giro líquido.

Os seguintes itens compõem o Capital de Giro Bruto (CGB):

• Disponibilidades.
• Investimentos temporários.
• Contas a receber.
• Estoques (matérias-primas (MP) + materiais em vias + produtos acabados
(PA)).

O Capital de giro líquido (CGL): é o capital de giro bruto menos os


compromissos de curto prazo com fornecedores, funcionários, impostos e assim por
diante. A definição mais comum de CGL é a distinção entre Ativos Circulantes e
Passivos Circulantes da empresa.

CGL = AC – PC

Se os Ativos Circulantes forem maiores que os Passivos Circulantes, a


empresa dispõe de Capital de Giro Líquido. Toda empresa precisa de algum montante
de Capital de Giro Líquido, que depende muito do ramo de atividade e das condições

25
do negócio. O Capital de Giro Líquido é um indicador da liquidez da empresa (com
outros índices de liquidez), pois se os Ativo Circulante cobrem as obrigações de curto
prazo (CP), a empresa terá capacidade de pagar suas contas nas datas nos
respectivos vencimentos. Essa hipótese é verdadeira quando os Ativo Circulante são
fontes de recebimento, enquanto os Passivo Circulante são fontes de desembolso,
tudo isso em prazos e datas mutuamente compatíveis. Ocorre que existem diferentes
graus de liquidez para cada Ativo Circulante e Passivo Circulante. Mas quanto maior
o montante em Ativo Circulante, mais fácil será converter parte deles em caixa para
pagar as dívidas nas datas de vencimento.

CGL = CGB – PC (salários, fornecedores, impostos


etc.)

3.1 Gestão do capital de giro

O capital de giro opera no curto prazo, sendo o curto prazo definido como um
período igual ao de um exercício social e geralmente corresponde a um ano. Quase
todos os indicadores financeiros são calculados com base na função do exercício
fiscal, com exceção dos indicadores financeiros mensais.
A gestão do capital de giro envolve as contas circulantes da empresa, inclusive
os Ativos Circulantes e os Passivos Circulantes. Nas empresas industriais, por
exemplo, os Ativos Circulantes representam praticamente a metade do ativo total e os
Passivos Circulantes montam a um terço do faturamento, razão pela qual a gestão do
capital de giro é uma das áreas mais importantes e conhecidas da Gestão Financeira.
Todo negócio requer um nível razoável de capital de giro, pois os Ativos
Circulantes devem ser suficientes para cobrir os Passivos Circulantes com alguma
margem de segurança. O objetivo da gestão de capital é gerenciar cada um dos Ativos
Circulantes e Passivos Circulantes da organização para garantir um nível aceitável de
circulação de capital circulante líquido. Por envolver aplicações em Ativo Circulante, a
gestão do capital de giro deve contemplar três questões que devem ser conciliadas:

1.Os Ativos Circulantes devem ter uma liquidez compatível com a composição dos
prazos de vencimentos das dívidas, principalmente os de CP. Isso significa que o
eles devem ter um prazo para se transformarem em dinheiro e um risco de

26
transformação em dinheiro. As contas devem ser pagas nos vencimentos e eles
deverão estar líquidos nos momentos certos. Isso significa que o AC deve ter sua
liquidez aprazada com as datas de vencimentos das contas a pagar.
2.O dilema entre liquidez e rentabilidade dos Ativos Circulantes. Eles constituem um
investimento necessário para sustentar certo volume de vendas da empresa. Assim,
contribuem para o objetivo de rentabilidade à medida que garantem certo volume
de vendas. Contudo, seu retorno direto (rentabilidade) – principalmente nas
disponibilidades e nos investimentos temporários – é bem menor do que o dos
investimentos em ativos fixos. Isso significa que, ao enfatizar a liquidez, eles podem
perder rentabilidade. A dificuldade está no equilíbrio de ambos.
3. A gestão dos AC (principalmente das disponibilidades e dos estoques) deve
proporcionar saldos adequados que não sejam excessivos, de um lado, ou
insuficientes, de outro. É preciso evitar os extremos: a manutenção de saldos
excessivos (com investimentos e custos mais altos) e a manutenção de saldos
insuficientes (com investimentos e custos menores, mas com riscos maiores, como
falta de caixa ou falta de estoques). Para não pendular entre os custos do excesso
e os riscos da insuficiência, o remédio é calcular o lote econômico. O lote econômico
é o ponto satisfatório que minimiza as desvantagens do excesso e da escassez. A
dificuldade é encontrar um meio-termo, evitando o excesso ou a escassez
(CHIAVENATO, 2022, p.48).

Estes devem ser considerados na gestão do capital de giro, abrangendo a


gestão das contas circulantes da empresa que incluem os Ativos Circulantes e os
Passivos Circulantes.

3.2 Ciclo de caixa

Cada empresa tem seu próprio ciclo de caixa, que pode variar muito
dependendo das flutuações do mercado e da natureza dos negócios da empresa.
Uma empresa com um ciclo de caixa curto e rápido tem um capital de giro capaz de
girar várias vezes ao ano, enquanto uma com ciclo de caixa longo e lento não tem
capacidade de girar seu capital de giro mais rapidamente. No fundo, os Ativos
Circulantes constituem o capital da empresa que gira até converter-se em dinheiro

27
dentro de um ciclo de operações. Esse ciclo de operações varia conforme a natureza
das operações, e constitui o tempo necessário para que uma aplicação de dinheiro
em insumos circule completamente, desde a compra de matérias-primas e o
pagamento do pessoal até o recebimento pela venda do produto/serviço ao cliente.
Para segurança das entidades, o caixa precisa ser devidamente planejado
conforme o ciclo de caixa das operações da empresa, ou seja, o fluxo das entradas e
saídas de recursos financeiros do caixa (CHIAVENATO, 2022).

3.3 Ciclo de conversão de caixa

O ciclo operacional (CO) da empresa é conceituado o prazo decorrente do


início do processo de produção até o recebimento, resultando em caixa decorrido da
venda dos produtos acabados. Os ativos que envolvem esse processo são Estoque e
Contas a Receber. O ciclo operacional é mensurado a partir do somatório da Idade
Média do Estoque (IME) e do Prazo Médio de Recebimento (PMR). Caso ocorra a
compra de Matéria Prima, resultará em contas a pagar, que diminuirá o prazo em que
os recursos da empresa ficam aplicados no ciclo operacional. O prazo necessário para
liquidar as contas a pagar é conhecido como Prazo Médio de Pagamento (PMP).
Portanto, a diferença entre o Ciclo Operacional e o Prazo Médio de Pagamento é o
Ciclo de Conversão de Caixa, que representa o tempo em que os recursos da empresa
ficam aplicados.

3.4 Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é o movimento de entradas e saídas de recursos financeiros


do caixa, isto é, das origens e das aplicações de caixa. As origens de caixa são fatores
que aumentam o caixa da empresa, enquanto as aplicações de caixa são itens que o
diminuem. Pode-se destacar o fluxo de caixa operacional da empresa, que exprime o
“[…] fluxo de caixa que ela gera a partir de suas operações regulares — produção e
venda de bens e serviços” (ROSS et al., 2015, p. 102).

3.4.1 Orçamento de caixa

28
Conforme Ross et al. (2015, p. 639), “[…] a ideia do orçamento de caixa é
simples: ele registra as estimativas de recebimentos de caixa (o caixa que entra) e de
desembolsos de caixa (o caixa que sai). O resultado é uma estimativa de excedentes
ou de faltas de caixa”. O orçamento de caixa deveria cobrir o ciclo de caixa, porém
geralmente cobre o exercício de um ano, podendo ainda ser montado para qualquer
período e subdividido em intervalos menores, que variam de dias a semanas.
A previsão de vendas que a área comercial disponibiliza regularmente ao
órgão da Gestão Financeira é uma informação fundamental para qualquer orçamento
de caixa. Conhecer a previsão de vendas permite saber o que pode vender no
mercado, assim como, o que precisa produzir e entregar. Com isso, baseado na
previsão de vendas, é possível estimar as entradas e receitas da empresa, bem como
os custos associados à produção, armazenagem e distribuição. Também é possível
determinar o nível de imobilizado necessário e o financiamento a ser captado para
garantir o nível previsto de produção e vendas.
O objetivo da gestão de caixa é operar de forma que uma quantidade mínima
de dinheiro em caixa seja necessária para garantir as operações normais da entidade.
Alguns princípios fundamentais são necessários para a gestão da caixa:

• Retardar ao máximo o pagamento de duplicatas a pagar, sem prejudicar o


conceito de crédito da empresa.
• Aproveitar ao máximo quaisquer descontos financeiros nos pagamentos.
• Girar os estoques com a maior rapidez possível, mas evitar faltas de estoque
que possam interromper a linha de produção ou perder vendas.
• Receber as duplicatas a receber no menor tempo possível, sem perder vendas
por cobrar rigidamente. Esse objetivo pode ser alcançado por meio de
descontos financeiros adequados (CHIAVENATO, 2022, p.54).

3.3.2 Projeção dos recebimentos

A primeira tarefa no desenvolvimento de um orçamento de caixa é prever os


recebimentos. A previsão de vendas é um item inicial, apenas informativo que serve
como subsídio para dimensionar as receitas operacionais da empresa com base nas

29
vendas esperadas de seus produtos/serviços. As vendas realizadas à vista devem ser
colocadas no orçamento de caixa mensalmente.

3.3.3 Projeção dos pagamentos

A segunda tarefa no desenvolvimento do orçamento de caixa é prever os


pagamentos. Os pagamentos mais comuns são:

• Aquisição de equipamentos.
• Compras à vista.
• Aluguéis.
• Salários do pessoal e encargos sociais.
• Pagamentos de dividendos a acionistas.
• Pagamentos de duplicatas.
• Recolhimento de impostos.
• Pagamento de juros, etc.

Observação: Todos os pagamentos deverão ser incluídos no período considerado.

3.3.4 Fluxo líquido de caixa

A terceira tarefa na elaboração do orçamento de caixa é calcular o fluxo líquido


de caixa, subtraindo os pagamentos dos recebimentos mensais. Em seguida, soma-
se o saldo inicial do caixa de cada mês ao fluxo líquido do mesmo, chegando ao seu
saldo final, depois, deve-se subtrair do saldo final o saldo mínimo de caixa para saber
se há excesso (saldo positivo) ou insuficiência de caixa (saldo negativo). Se o saldo
final for menor que o saldo mínimo, há necessidade de um financiamento. Se o saldo
final for superior ao saldo mínimo, existe um saldo de caixa excedente que deve ser
aplicado. Cada um dos itens do orçamento de caixa pode ser desdobrado e detalhado
conforme as necessidades de cada empresa.

30
3.5 GESTÃO DE ATIVOS CIRCULANTES

Os principais Ativos Circulantes mantidos pela maioria das empresas são as


contas a receber e os estoques. Ambos constituem, em geral cerca de 80% de todos
os Ativos Circulantes da maioria das empresas industriais de porte médio. É uma
proporção considerável, por causa disso, a extrema importância da administração dos
Ativos Circulantes da empresa.

3.6 GESTÃO DE CONTAS A RECEBER

As contas a receber, principalmente as duplicatas a receber, representam a


concessão de créditos em conta-corrente aos clientes. Na realidade, as contas a
receber existem para conservar os atuais clientes e atrair novos ou potenciais clientes.
As contas a receber são necessárias em todas as atividades comerciais no mundo
moderno, e sua administração deve ser feita de modo a minimizar o investimento e,
simultaneamente, manter um nível adequado de serviço aos clientes. Existem três
aspectos importantes da gestão de contas a receber: políticas de crédito, condições
de crédito e políticas de cobrança.
A política de crédito serve para indicar as bases para a concessão de crédito
ao cliente e o valor máximo desse crédito. Em outras palavras, a política de crédito
fornece os padrões de crédito para o atendimento aos clientes. Os padrões de crédito
definem os critérios mínimos para a concessão de crédito ao cliente, como
classificações de crédito, referências de crédito, prazos médios de pagamento, índices
financeiros, etc. As políticas de crédito dependem de certas variáveis que podem
afrouxar ou apertar os padrões de crédito, tais como:

• Volume de vendas: depende, muitas vezes, dos padrões de crédito. A mudança


nos padrões de crédito pode aumentar ou diminuir as vendas, dependendo se
os padrões forem afrouxados (para facilitar o acesso dos clientes aos P/S da
empresa) ou apertados (para dificultar seu acesso e, com isso, evitar
inadimplências de clientes com pouca liquidez).
• Período médio de cobrança: há um custo de manutenção de contas a receber
em carteira. Quanto maior o volume de duplicatas a receber, maior será o custo

31
de mantê-las. Se a empresa afrouxar seus padrões de crédito, deverá ocorrer
um aumento nas duplicatas a receber e do custo de sua manutenção, enquanto
se a empresa arrochar os padrões de crédito, ocorrerá uma diminuição das
duplicatas a receber e do custo de mantê-las.
• Perda com devedores incobráveis ou duvidosos: o risco de uma conta tornar-
se incobrável aumenta quando os padrões de crédito são afrouxados e diminui
quando os padrões se tornam mais exigentes e restritivos.

Definidos os padrões de crédito, a empresa precisa definir procedimentos para


avaliar quais clientes solicitam crédito (credibilidade) e o montante máximo de crédito
que cada cliente pode receber. Em resumo, a empresa pode determinar uma linha de
crédito (montante máximo de crédito) que o cliente pode receber em qualquer época,
independentemente de nova avaliação.
A análise do crédito a ser destinado a cada cliente depende de informações e
referências bancárias e comerciais, demonstrações financeiras etc., além do próprio
histórico do cliente quanto a compras e pagamentos já efetuados.
As condições de crédito constituem as condições de pagamento exigidas dos
clientes que compram a crédito. As condições de crédito costumam especificar:

• Desconto financeiro para pagamento antecipado ou para pagamento à vista.


• Período de desconto, dentro do qual o cliente pode pagar com o desconto
financeiro.
• Período de crédito, ou seja, o prazo para o pagamento.

As condições de crédito afetam a lucratividade da empresa. Quanto maiores os


descontos financeiros, períodos de desconto e prazos de crédito concedidos, menor
a lucratividade da empresa.
As políticas de cobrança representam os procedimentos adotados pela
empresa para o recebimento das contas a receber nas datas de seus vencimentos.
As políticas de cobrança podem ser avaliadas pelo número de clientes inadimplentes
ou incobráveis. Na realidade, esse número depende também das políticas de crédito
nas quais a empresa se baseou para conceder crédito aos clientes.

32
Para a empresa ao reduzir o nível dos devedores duvidosos ou incobráveis, ela
aumenta os gastos em cobrança. Porém, esses gastos adicionais deverão reduzir as
perdas com devedores incobráveis. Caso contrário, representarão simplesmente um
gasto a mais e sem retorno. Assim, a gestão das contas a receber deve ter critérios
baseados em políticas de crédito, condições de crédito e políticas de cobrança
adequadas às necessidades da organização.

3.7 GESTÃO FINANCEIRA DE ESTOQUES

Os estoques constituem os Ativos Circulantes necessários para que a empresa


possa produzir e vender com um mínimo de risco ou preocupação. Os estoques
representam um meio de investimento de recursos e podem alcançar uma proporção
enorme dos ativos totais. A gestão dos estoques apresenta aspectos financeiros que
exigem um estreito relacionamento entre o órgão (ou órgãos) da empresa que
cuida(m) dos estoques, como produção, almoxarifado ou vendas, com o órgão da
Gestão Financeira. O órgão que cuida dos estoques sempre está focado na facilitação
do fluxo físico de produção e comercialização, enquanto a Gestão Financeira se
preocupa com o lucro, a liquidez da empresa e a boa aplicação dos recursos
empresariais.
Os estoques constituem um vínculo entre as etapas do processo de compra e
venda (no processo de comercialização em empresas comerciais) e entre as etapas
de compra, transformação e venda (no processo de produção em empresas
industriais). Em qualquer ponto do processo formado por essas etapas, os estoques
desempenham um papel importante na flexibilidade operacional da empresa. Os
estoques funcionam como amortecedores das entradas e saídas entre as duas etapas
dos processos de comercialização e produção, pois minimizam os efeitos de erros de
planejamento e oscilações inesperadas de oferta e procura, ao mesmo tempo, que
isolam ou diminuem a interdependência das diversas partes da organização
empresarial. No fundo, os estoques funcionam como um colchão protetor para evitar
possíveis paralisações da produção ou atrasos nas entregas de PA.
Como os estoques constituem um investimento, torna-se necessário minimizar
tal investimento por meio da rotação mais rápida dos estoques como objetivo
financeiro. Contudo, esse objetivo pode conflitar com a manutenção dos estoques

33
suficientes para atender às necessidades da produção e reduzir o risco de faltas de
estoque. Assim, a empresa precisa determinar o nível ótimo de estoques capaz de
conciliar esses dois objetivos antagônicos e conflitantes. Existem três tipos básicos de
estoque: matéria-prima, produtos em fabricação e Produtos Acabados.

O estoque de matérias-primas é constituído de todos os itens comprados de


fornecedores e que são utilizados para a produção dos produtos ou serviços
produzidos pela empresa, por exemplo, plásticos, chapas de aço, parafusos,
tecidos, produtos químicos, embalagens, etc. Em muitos casos, o estoque de MP
pode incluir também componentes, que são itens já processados e que são
constituídos de diversos tipos de MP, por exemplo, rádios, motores, caixas de
câmbio, sistemas de freios, no caso das indústrias automobilísticas. O nível de
estoque de cada MP depende do tempo de espera para receber novos pedidos, da
frequência de sua utilização, das características físicas do estoque e, sobretudo, do
investimento exigido. As MP ficam geralmente estocadas no almoxarifado. Em
indústrias mais sofisticadas que adotam o just-in-time (JIT), as MP são entregues
diretamente pelos fornecedores aos pontos locais de produção, exigindo estoque
próximo ao zero, mas dependendo de condições de qualidade assegurada e de
participação direta no processo produtivo.
O estoque de produtos em fabricação ou estoque de semiacabados ou, ainda,
estoque de materiais em vias é constituído de todos os itens que estão sendo
utilizados no processo produtivo. São, na realidade, produtos parcialmente
acabados que estão em algum estágio intermediário de produção. Assim, são
geralmente estocados ao longo das diversas seções que compõem o processo de
produção da empresa. Seu nível de estocagem depende da extensão e da
complexidade do processo produtivo.
O estoque de produtos acabados é constituído dos itens, que foram produzidos
pela empresa, mas ainda não estão vendidos ou não foram entregues aos clientes.
As empresas que produzem sob encomenda costumam manter estoques de PA
muito baixos, pois praticamente todos os itens são vendidos antes de serem
produzidos. Contudo, nas empresas que produzem em lotes ou em produção
contínua, a maioria dos produtos é produzida antes da venda. O nível de estoque
de PA é determinado pela previsão de vendas, pelo processo produtivo e pelo

34
investimento exigido em PA. Os PA ficam geralmente estocados no depósito de PA
(CHIAVENATO, 2022, p.58).

3.8 Gestão de estoques

A gestão de estoques é a atividade de planejar e controlar acúmulos de


recursos transformados à medida que eles se movem por meio das cadeias de
suprimentos, operações e processos. Ela constitui uma série de ações que permitem
verificar e monitorar se os estoques estão sendo bem utilizados, bem localizados em
relação às áreas que deles utilizam, bem manuseados e bem controlados. Assim, a
administração de estoques visa gerir recursos ociosos, possuidores de valor
econômico e destinados ao suprimento das necessidades futuras de material de uma
empresa. Em primeiro lugar, ela visa manter os recursos ociosos expressos pelo
inventário em constante equilíbrio em relação ao nível econômico ótimo dos
investimentos. Em segundo lugar, ela visa manter certa quantidade de itens em
disponibilidade constante e renovados continuamente para produzir lucros e serviços.
Assim, o estoque funciona como um pulmão ou bolsão contra flutuações inesperadas
no suprimento e na demanda, conhecido também como estoque de segurança, no
sentido de compensar as incertezas no processo de suprimento de mercadorias para
a empresa.

3.6.5 Sistema ABC

O sistema ABC é um sistema de controle de estoque que separa o estoque em


três grupos de itens: A, B e C.

• Itens do grupo A: são aqueles que requerem o maior investimento. Em geral,


aproximadamente 20% dos itens estocados são responsáveis por
aproximadamente 80% do investimento da empresa. São os itens mais caros
e de giro lento.
• Itens do grupo B: representam o maior investimento depois de A. Em geral,
compõem aproximadamente 30% dos itens e representam cerca de 15% do
investimento em estoques.

35
• Itens do grupo C: representam cerca de 50% ou mais de todos os itens do
estoque e são responsáveis por apenas 5% do investimento.

O princípio ABC pode ser aplicado aos mais variados tipos de análise em que
se pretende priorizar a definição daquilo que é mais ou menos importante em um
extenso universo de situações e, assim, estabelecer o que merece maior ou menor
atenção por parte da administração. Contudo, a aplicação pura e simples do princípio
ABC, sem considerar aspectos diferenciados inerentes aos materiais quanto à sua
utilização, aplicação e aquisição, pode trazer distorções quanto à classificação de
importância e às estratégias de utilização daqueles.

3.6.6 Lote econômico de estoque

O Lote econômico de estoque (LEC) é uma técnica usada para determinar a


quantidade ótima de estoque para cada item. É mais indicado para controlar itens do
grupo A. O LEC significa a quantidade de um item que, quando comprado
regularmente, minimiza os custos de compras e de armazenagem. É um cálculo que
leva em conta os vários custos operacionais e financeiros e determina a quantidade
ótima do pedido de compra. Os custos relacionados com a estocagem podem ser
divididos em três grupos:

Custos da emissão de pedidos: ou simplesmente custos de pedir. Incluem os


custos fixos administrativos para se efetuar e receber um pedido (o custo de
preencher um pedido de compra, de processar o serviço burocrático e de receber
um pedido e conferi-lo conforme a fatura). É calculado pela soma de todos os custos
(pessoal, aluguéis, material, processamento, contatos etc.) com o número de
pedidos em cada período mensal ou anual. Os custos de pedir são expressos em
termos monetários por pedido.
Custos de manutenção do estoque: os custos de manter estoque são os custos
variáveis pela manutenção de um item em estoque durante determinado tempo.
Incluem custos de armazenagem, custos de seguro, pessoal envolvido, aluguel de
áreas de armazenagem, custos de deterioração e obsolescência e custos

36
financeiros de empatar em estoques. Os custos de manter também são expressos
em termos monetários por unidade.
Custos totais: representam a soma dos custos de pedir e de manter estoques.

Em função desses custos, pode-se estimar o LEC, ou seja, o nível de


estocagem que apresenta o menor custo possível.

3.6.7 Investimento em estoque

De modo geral, o investimento em estoque ocorre em função do volume de


vendas projetado para o futuro próximo e depende também dos seguintes aspectos:

• Disponibilidade no mercado e facilidades de obtenção entre os


fornecedores: quanto maiores a disponibilidade e a facilidade, menor o nível
de estoque necessário.
• Ciclo de produção da empresa: quanto mais longo for o ciclo produtivo da
empresa, maior a necessidade de estoque de MP.
• Previsibilidade de venda: quanto mais previsível for a venda, menor a
necessidade de estoque.
• Durabilidade do material: quanto maior a durabilidade dos itens estocados,
maior a possibilidade de estocá-los. Itens perecíveis ou deterioráveis impõem
estoques de grande rotação e de CP de estocagem.

A Gestão Financeira deve determinar se não existem recursos demasiados


investidos em todos os tipos de estoque da empresa. O estoque é um investimento
que consome dinheiro e que precisa ser dimensionado exatamente conforme as
necessidades da empresa para que não haja falta nem demasia.

4 ANÁLISE DO BALANÇO E DA DRE

Para poder realizar tanto o planejamento financeiro quanto o controle


financeiro, a Gestão Financeira (GF) precisa constantemente acompanhar e verificar
os efeitos das operações da empresa sobre suas próprias condições financeiras e

37
avaliar se os ativos da empresa estão sendo adequadamente administrados do ponto
de vista da liquidez, da rentabilidade e da eficiência operacional. Por outro lado, a GF
precisa demonstrar os resultados financeiros das operações da empresa à alta
direção para que esta possa ter uma ideia de como os fundos disponíveis estão sendo
utilizados e aplicados e tomar futuras decisões. Assim, a GF precisa oferecer
demonstrações financeiras que permitem dois tipos de análise:

• Análise interna para uso da própria empresa: no sentido de obter


informação relevante e retroação do ponto de vista financeiro sobre suas
próprias atividades e proporcionar bases sólidas para as decisões
empresariais.
• Análise externa para uso de terceiros: é a análise feita por pessoas do
mundo dos negócios ou organizações que realizam transações com a empresa
e que precisam medir e avaliar sua situação geral ou analisar sua liquidez,
rentabilidade, eficiência operacional e endividamento. São bancos ou
instituições financeiras (que fornecem recursos financeiros, por meio de
empréstimos ou financiamentos), investidores (pessoas físicas ou jurídicas que
pretendem adquirir ações da empresa), concorrentes (que desejam comparar
sua atuação com a empresa). São variados grupos de interesse que
constantemente procuram analisar o desempenho da empresa por meio de
análises das demonstrações financeiras.

4.1 Tipos de Demonstrações Financeiras

A análise de demonstrações financeiras é um conjunto de meios e métricas por


meio dos quais se examinam as condições financeiras e operacionais de uma
empresa por dados fornecidos pelas demonstrações financeiras, sejam elas primárias
ou secundárias. As demonstrações financeiras podem ser:

• Primárias: como o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração dos


Resultados do Exercício (DRE).
• Secundárias: como a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR).

38
A finalidade da análise das demonstrações financeiras é proporcionar uma visão
comparativa da situação financeira e do desempenho da empresa, bem como os
resultados por ela proporcionados.

A análise das demonstrações financeiras é importante dos pontos de vista


interno e externo da empresa. Do ponto de vista interno, porque permite à própria
empresa diagnosticar sua situação financeira, monitorar seu desempenho e tomar as
medidas necessárias para melhorá-la ou corrigi-la. Do ponto de vista externo, porque
permite a terceiros as condições básicas para avaliar o desempenho financeiro e
operacional da empresa e tomar decisões sobre suas transações com ela.
Os bancos e instituições financeiras, investidores, acionistas e fornecedores,
precisam constantemente conhecer as condições financeiras da empresa a fim de
tomarem suas decisões sobre as transações e intercâmbios com ela, seja na forma
de compra e/ou venda de ações, títulos, debêntures, seja na forma de empréstimos,
financiamentos, operações financeiras, etc.
A Lei no 6.404/76 determina que, ao fim de cada exercício social, a empresa
deve elaborar as seguintes demonstrações financeiras, tendo por base sua
escrituração mercantil:

• Balanço Patrimonial.
• Demonstração do Resultado do Exercício.
• DOAR.
• Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPAC).
• Demonstrações de Fluxo de Caixa (DFC).

A citada lei orienta que todas as demonstrações financeiras sejam


complementadas por notas explicativas e quadros analíticos ou demonstrações
contábeis para o esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.
Além disso, as demonstrações de cada exercício deverão ter a indicação dos valores
correspondentes às demonstrações do exercício anterior.

39
4.1.1 Balanço Patrimonial

Conforme Chiavenato (2022), o Balanço Patrimonial (BP) é uma demonstração


financeira que reflete com clareza a situação do patrimônio da empresa em
determinado momento. Constitui a representação sintética dos elementos que
compõem o patrimônio da empresa em determinada data.
O patrimônio da empresa é constituído de bens, direitos e obrigações. A
estrutura do BP é composta de dois grandes grupos: do lado esquerdo, o ativo
(constituído dos bens e direitos pertencentes à empresa, ou seja, as aplicações de
recursos em bens e direitos), e do lado direito, o passivo (constituído das obrigações
com credores e terceiros, ou seja, as várias fontes de recursos que permitem as
aplicações no ativo).
Para tanto, a empresa precisa classificar suas contas conforme os elementos
de seu patrimônio. O ativo mostra onde a empresa aplicou seus recursos (como
dinheiro, estoques, créditos, valores mobiliários, bens de uso etc.), e o passivo mostra
a origem desses recursos (capital, lucros, fornecedores, bancos etc.). Por definição, a
soma dos dois lados do balanço deve ser equivalente. O BP pode ser resumido pela
seguinte equação:

A = PE + PL

Em que:

A: ativo total = soma dos bens e direitos da empresa. É o total de recursos à


disposição da empresa.
PE: passivo exigível = soma das obrigações e dívidas com terceiros.
PL: patrimônio líquido = soma do capital, das reservas e dos lucros acumulados
menos a soma do capital a integralizar e dos prejuízos acumulados. É o capital próprio
ou que pertence aos proprietários ou acionistas da empresa. Mede a riqueza da
empresa.
Os valores enumerados no Balanço Patrimonial constituem os saldos das
várias contas do plano de contas de ativo e de passivo em determinado dia. Nessa
data, o balanço especifica o estoque existente, quanto a empresa vendeu no período,
quanto pagou de salários, quanto deve de impostos, etc.
40
4.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício

A DRE é um demonstrativo financeiro que serve para exprimir com clareza o


resultado que a empresa obteve no exercício social. A DRE mostra a consequência,
o lucro ou o prejuízo, das operações da empresa realizadas em determinado período,
bem como os fatores, despesas e receitas, que provocaram esse resultado positivo
ou negativo. A DRE é também denominada Demonstração dos Lucros ou Prejuízos
Acumulados.

4.2 Tipos de Análise Financeira

Existem dois tipos de análise de demonstrativos financeiros: a análise


horizontal e a análise vertical.
A análise horizontal tem a finalidade de mostrar a evolução dos itens das
demonstrações contábeis através de períodos. A demonstração financeira utiliza a
análise horizontal quando acompanha a evolução de determinado item no decorrer do
tempo. O item escolhido é comparado por meio do seu valor em um exercício anual e
no exercício anterior (ou exercícios anteriores) para se verificar a porcentagem de
variação ocorrida nesses exercícios. Assim, calculam-se os números-índices
estabelecendo o exercício mais antigo como índice-base 100 e avaliam-se
percentualmente os aumentos anuais.
É interessante confrontar os resultados percentuais obtidos na análise
horizontal com algum indicador que sirva como referência, por exemplo, a taxa de
inflação no período, a evolução do mesmo item nas empresas concorrentes, a taxa
de crescimento do mercado etc. Com isso, pode-se avaliar se a variação do item foi
maior ou menor que a variação do indicador tomado como referência. A evolução do
item pode ser comparada com a evolução dos demais itens para verificar quais itens
mais cresceram, aqueles que ficaram estacionários e os que tiveram a menor
variação.
A análise vertical serve para facilitar a avaliação da estrutura do ativo e do
passivo, bem como a participação de cada item da DRE na formação do lucro ou
prejuízo. A demonstração financeira utiliza a análise vertical quando compara a
participação relativa de cada item no cômputo total, isto é, quando analisa a
41
composição percentual de todos os itens de uma demonstração financeira. O cálculo
do percentual de participação relativa dos itens do ativo e do passivo é feito dividindo-
se o valor de cada item pelo valor total do ativo ou do passivo. Ao comparar a análise
vertical de dois exercícios, é possível verificar quais itens cresceram percentualmente,
aqueles que diminuíram e os que mantiveram sua participação percentual no total de
todos os itens.

4.3 Índices financeiros

Além das análises horizontal e vertical, é comum utilizar a análise por meio de
índices. É uma técnica por meio de índices que consiste em relacionar contas e grupos
de contas para extrair conclusões sobre tendências e a situação econômico-financeira
da empresa. Assim, pode-se trabalhar com índices ou com percentuais. A
classificação por índices permite também comparar os índices de uma empresa com
os de outras do mesmo ramo ou tamanho. Tal comparação é possível por meio de
publicações feitas por revistas especializadas.
Índices, indicadores ou métricas são indispensáveis para se analisar o
desempenho e os resultados obtidos por uma empresa. O que não se pode medir não
se pode administrar. Um índice é o quociente resultante de uma equação. Um índice
financeiro corresponde à comparação de valores monetários absolutos e que
proporciona um dado relativo entre eles. As demonstrações financeiras são
geralmente submetidas à aplicação de quatro índices financeiros:

• Índices de liquidez.
• Índices de rentabilidade.
• Índices de atividade ou de eficiência operacional.
• Índices de endividamento.

4.3.1 Índices de liquidez

Os índices de liquidez mostram a situação financeira da empresa. Quanto maior


o índice, melhor a situação da empresa em pagar suas contas. A liquidez representa
a capacidade da empresa em cumprir suas obrigações de Curto Prazo na data do

42
vencimento. A liquidez constitui a solvência financeira, isto é, recursos não
imobilizados disponíveis para cada real de dívida. Assim, os Ativos Circulantes se
tornam importantes para oferecer disponibilidades à empresa. Para se avaliar o grau
de liquidez ou de solvência da empresa, utiliza-se uma variedade de índices de
liquidez. Os mais utilizados são:

• Índice de Liquidez Corrente (ILC).


• Índice de Liquidez Seca (ILS).
• Índice de Liquidez Imediata (ILI).
• Capital Circulante Líquido (CCL).

4.3.2 Índice de Liquidez Corrente

Esse quociente relaciona o quanto uma empresa tem em termos de bens e


direitos de curto prazo (disponíveis e conversíveis em dinheiro) em relação às suas
obrigações de curto prazo (IUDCIBUS, 2017). Geralmente, é considerado o melhor
indicador de análise de liquidez nas organizações. A liquidez corrente é calculada
usando a seguinte fórmula:

LIQUIDEZ CORRENTE = ATIVO CIRCULANTE


PASSIVO CIRCULANTE

Em geral, os autores informam que valores superiores a 1,0 são benéficos


para as empresas. No entanto, conceituar um índice sem levar em conta outros
fatores, são comportamentos muito arriscados, dada a necessidade de o setor de
atividade e as particularidades do negócio da entidade. Indicadores de liquidez
inferiores a 1 acontecem em ramos de atividade.
Para Chiavenato (2022), o Capital Circulante Líquido (Ativo Circulante menos
Passivo Circulante) é útil para comparar a liquidez da empresa ao longo do tempo,
mas não serve para comparar a liquidez de diferentes empresas. Para isso, deve-se
usar o ILC.

43
Além disso, existem negócios que possuem ativos circulantes baixos, seja por
operarem com estoque baixo, seja por possuírem uma política de vendas com cessão
de baixo prazo de pagamento das vendas. Assim, ao analisar os indicadores de
liquidez de uma empresa, é fundamental compará-los com a média do setor em que
a empresa atua.

4.6.1.2 Índice de Liquidez Seca

A liquidez seca demonstra o quanto a entidade possui de itens de maior liquidez


do ativo circulante para liquidar suas obrigações de curto prazo (ASSAF NETO, 2015).
Ela é calculada da seguinte forma:

LIQUIDEZ SECA = ATIVO CIRCULANTE – ESTOQUES – DESPESAS ANTECIPADAS


PASSIVO CIRCULANTE

No numerador estão os valores a receber de curto prazo e as aplicações


financeiras, ou seja, o disponível. No denominador, estão incluídas as dívidas e as
obrigações vencíveis no curto prazo, como empréstimos e financiamentos,
fornecedores e valores a pagar (impostos, salários, etc.).
Um índice de liquidação baixo nem sempre é sinal de uma situação financeira
ruim. Por exemplo, as empresas do setor de varejo têm alto investimento em estoques
e um valor baixo em suas contas a receber, pois, a maioria das vendas é à vista. Como
resultado, nesta situação, o índice só poderia ser baixo.

4.3.3 Índice de Liquidez Imediata

Para Assaf Neto (2015), a capacidade de uma empresa de liquidar as dívidas


de curto prazo é revelada através da liquidação imediata. Normalmente, devido ao
pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, a liquidação
imediata é baixa. É calculada por meio da seguinte fórmula:

44
LIQUIDEZ IMEDIATA = DISPONÍVEL
PASSIVO CIRCULANTE

No numerador, tem-se fundos imediatamente disponíveis (caixa, bancos e


aplicações financeiras de curtíssimo prazo). Segundo Almeida (2019), as aplicações
financeiras devem ter as seguintes características:

[...] conversibilidade imediata em montante conhecido de caixa, finalidade de


atender a compromissos de caixa de curto prazo e não para investimento.
Estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor e vencimento
em até três meses, a contar da data da aplicação (ALMEIDA, 2019, p. 126).

Iudícibus (2017) informa que no denominador as obrigações, embora de curto


prazo, vencerão em diferentes prazos. Com isso, para uma comparação mais
assertiva, seria desejável trazer as obrigações para o valor presente.
A liquidez imediata sempre apresenta um índice inferior a (um), geralmente é
baixa, porque não é comum para as empresas deixarem muito recurso disponível em
caixa por causa dos efeitos da inflação, deixando um valor considerável de recursos
em aplicações financeiras.
Conforme Marion (2019), nem sempre reduções sucessivas no índice de
liquidez imediata indicam problemas financeiros. Uma empresa pode adotar uma
política mais rígida de disponível e/ou reduzir o seu limite de segurança.
Um ponto que deve gerar alerta quanto à dificuldade financeira é quando a
empresa tem redução na liquidez imediata combinada com constantes e crescentes
atrasos no pagamento de fornecedores.
Segundo Martins (2019), geralmente o indicador de liquidez imediata é utilizado
pelos bancos comerciais, porque indica uma quantidade significativa de seu balanço
patrimonial, o que é necessário em situações em que saques possam ser superiores
aos depósitos.

4.4 Índices de rentabilidade

Os índices de rentabilidade medem quanto os capitais investidos estão


rendendo. Quanto maiores, melhor a rentabilidade do negócio. Os índices de
rentabilidade constituem medidas que indicam a relação entre o lucro da empresa e
45
os diversos itens tomados como referência. São também chamados índices de
lucratividade ou de retorno. Evidenciam o sucesso ou o insucesso empresarial. São
geralmente calculados sobre as receitas líquidas. Os cinco índices de rentabilidade
são:
• Margem Operacional Líquida (MOL).
• Margem Líquida (ML).
• Retorno sobre o Investimento (ROI).
• Retorno sobre o Ativo Operacional (RAO).
• Lucro por Ação (LPA).

No fundo, os índices de rentabilidade fazem uma Demonstração Percentual do


Resultado (DPR), onde é possível avaliar a lucratividade analisando cada item na
Demonstração de Resultados como uma porcentagem das vendas para analisar a
relação entre vendas e receitas e as despesas efetuadas. A Demonstração Percentual
do Resultado é muito útil para fazer comparações históricas das participações
percentuais dos diversos itens em relação às vendas ou receitas de uma entidade. A
Demonstração Percentual do Resultado pode ser desdobrada em três índices de
lucratividade: Margem Bruta, Margem Operacional e Margem Líquida (CHIAVENATO,
2022).
Margem Bruta: indica a porcentagem de cada real (R$ 1,00) de venda que
sobrou após terem sido pagas as mercadorias. Quanto maior a Margem Bruta, menor
o custo das mercadorias vendidas, sendo calculada da seguinte maneira:

Margem Bruta = Vendas – custo das mercadorias vendidas = lucro bruto


Vendas Vendas

Margem Operacional: indica a porcentagem de lucros puros ganhos em cada


real (R$ 1,00) de vendas efetuadas. O lucro operacional não considera as despesas
financeiras nem IR e mede apenas os lucros ganhos por meio das operações da
empresa, sendo calculada da seguinte maneira:

Margem Operacional = Lucro Operacional


46
Vendas
Margem Líquida: define a porcentagem de cada real (R$ 1,00) de venda que
sobrou após a dedução de todas as despesas, inclusive do IR. É uma medida do êxito
da empresa. Varia grandemente conforme o ramo de atividade: 20% seria baixa para
uma joalheria, enquanto 1% ou menos seria normal para um supermercado, sendo
calculada da seguinte maneira:

Margem Líquida = Lucro Líquido


Vendas

4.4.1 Margem Operacional Líquida

Indica o sucesso da empresa em obter preços de venda superiores aos custos


de (produção, vendas e administração) incorridos para realizar a produção e colocar
produtos/serviços no mercado. No fundo, a Margem Operacional Líquida (MOL)
corresponde à diferença entre preços e custos dos produtos/serviços da empresa.

MOL = Resultado operacional + Despesas financeiras + Receitas financeiras


Receita operacional líquida

4.4.2 Margem Líquida

A Margem Líquida é um índice de rentabilidade que compara o lucro


pertencente aos acionistas com o volume de vendas obtido pela empresa em suas
operações. Assemelha-se aos valores calculados na análise vertical da Demonstração
de Resultados.

Margem Líquida = Lucro Líquido do Exercício


Receita Operacional Líquida

47
4.4.3 Retorno sobre o Investimento

O Retorno Sobre o Investimento (ROI) é um índice de rendimento que mede a


remuneração obtida pelo investimento dos acionistas, que são os fornecedores do
capital de risco. Calcula a eficiência global da empresa quanto à obtenção de lucros
através dos ativos disponíveis. É, muitas vezes, referido como retorno sobre o ativo
total da entidade. Quanto mais elevado, melhor a rentabilidade sobre o investimento
efetuado.
Ele é obtido pela comparação do resultado líquido do exercício, sendo o lucro
que realmente pertence aos acionistas, independente da decisão quanto à sua
destinação referente ao PL médio (que é o investimento médio mantido pelos
acionistas do negócio). Convém comparar o ROI da entidade tanto em relação ao seu
passado quanto às demais empresas do mesmo ramo de atividade.

Retorno Sobre o Investimento = Lucro líquido do exercício


PL médio

4.4.4 Retorno sobre o Ativo Operacional

O Retorno sobre o Ativo Operacional (RAO) é um índice de rendimento que


mede a rentabilidade das operações básicas da empresa, perante recursos (ativos)
aplicados nessas operações.

RAO = Resultado operacional + Despesas financeiras – Receitas financeiras


Ativo operacional líquido médio

Nas empresas industriais ou comerciais, deve-se excluir os ativos não


operacionais, por exemplo, as chamadas aplicações financeiras (como aplicações em
títulos resgatáveis no CP), os ativos imobilizados técnicos não utilizados nas
operações normais da empresa (como terrenos adquiridos, mas que não tenham
nenhum plano de utilização) e os imobilizados financeiros não essenciais às
atividades da empresa (como investimentos em áreas de incentivo fiscal).
48
4.4.5 Lucro por Ação

O Lucro Por Ação representa o valor ganho para cada ação ordinária emitida,
sendo importante tanto para a empresa quanto paras os acionistas atuais ou
potenciais. O mercado o considera um importante indicador do desempenho da
empresa. O LPA é calculado por meio da seguinte equação:

Lucro Por Ação = Lucro disponível para os acionistas comuns


Número de ações ordinárias emitidas

No entanto, apenas os índices de liquidez e rentabilidade não conseguem cobrir


todos os aspectos do balanço Patrimonial. São necessários outros índices capazes
de indicar as operações realizadas pela empresa e como seus recursos foram
utilizados para realizar essas operações, como resultado, tem-se os índices de
atividade ou eficiência operacional.

4.5 Índices de atividade

Denominados índices de rotação ou de giro, são índices que medem a rapidez


com que determinados ativos (ou um item do passivo) giram dentro de um exercício
em relação ao volume de operações da empresa, ou seja, são convertidos em vendas
ou caixa. São também denominados índices de eficiência operacional ou de
desempenho e oferecem informações sobre aspectos de gestão da empresa, como
políticas de estoques, financiamento de compras e financiamento de clientes.
No que se refere ao giro de estoques e ao prazo médio de estocagem, deve-se
procurar aumentar, pois, quanto mais rápido o produto for vendido, maior será o lucro.
Esta regra é válida desde que a margem de contribuição seja positiva e o aumento do
giro não tenha custos extras em volume superior ao ganho obtido pelo aumento do
giro. Isso vale em relação ao giro das contas a receber e ao prazo médio das contas
a receber, pois, quanto mais rápido a empresa receber, melhor para ela. Em relação
ao prazo médio de pagamento a fornecedores, quanto maior, melhor, isto é, quanto

49
maior o período para pagar, melhor é para a empresa. Os principais índices de
atividade (ou de eficiência operacional) são os seguintes:

• Rotação sobre o Ativo Operacional (RAO).


• Rotação do Capital Empatado (RCE).
• Rotação do Estoque de Produtos Acabados (REPA).
• Rotação do Saldo de Contas a Receber (RSCR).
• Rotação do Saldo de Fornecedores (RSF).

4.5.1 Rotação do Ativo Operacional

Além do índice de eficiência operacional, o conceito de Rotação do Ativo


Operacional (RAO) leva a um índice de médio prazo, que é o tempo de rotação da
atividade operacional. O tempo médio de rotação denota o tempo necessário para
completar uma rotação e é calculado usando a equação 12 meses/RAO. Se o RAO
ocorrer três vezes por ano, por exemplo, o tempo médio será de quatro meses, isto é,
o resultado de 12/3.

RAO = Receita operacional líquida


Ativo operacional líquido médio

4.5.2 Rotação do Capital Empatado

O Índice de Rotação de Capital Empatado indica a rapidez (eficiência ou


velocidade) com que os recursos da empresa são utilizados para atingir um
determinado volume de atividade. Quando mais vezes girar o capital empatado, mais
retorno ele promoverá. No entanto, o índice de capital giro empatado é limitado a uma
parcela do capital dos acionistas, ou seja, capital próprio ou acionário.

RCE = Receita operacional líquida


PL médio

50
4.5.3 Giro do Estoque ou Rotação do Estoque de Produtos Acabados

É importante medir quantas vezes o estoque de produtos acabados gira. Isso


significa que eles estão proporcionando maior faturamento à empresa. Como os
estoques são contabilizados ao custo, o REPA compara o volume médio investido em
estoques com a quantidade vendida no exercício.

REPA = Custo dos produtos acabados


Estoque médio de produtos acabados

4.5.4 Rotação do Saldo de Contas a Receber

O índice Rotação do Saldo de Contas a Receber, indica o número de vezes em


que o saldo médio de operações de venda a crédito está incluído no volume total de
vendas a crédito de um exercício.

RSCR = Vendas a prazo


Saldo médio de contas a receber

4.5.5 Rotação do Saldo de Fornecedores (Contas a Pagar)

Indica o giro do saldo dos valores devidos aos fornecedores de materiais.

RSF = Compras de materiais a prazo


Saldo médio de fornecedores

4.6 Índices de endividamento

O endividamento significa o volume de dinheiro de terceiros que está sendo


utilizado pela organização no esforço de gerar lucros. Quanto maior o grau de
endividamento, maior o volume de compromissos da empresa em relação aos
credores. Os índices de endividamento servem para indicar o grau de risco da

51
empresa e medem a participação de recursos financiados por terceiros. São obtidos
a partir do Balanço Patrimonial. Os principais índices de endividamento são:

• Índice de Participação de Terceiros (IPT).


• Índice de Cobertura de Juros (ICJ).

4.6.1 Índice de Participação de Terceiros

O Índice de Participação de Terceiros verifica a proporção dos ativos totais


fornecidos pelos credores da empresa. Quanto maior esse índice, maior será o volume
de dinheiro de terceiros que está sendo emprestado para gerar lucros. O IPT é
calculado pela equação:

IPT = Passivo total x 100


Ativo total

4.6.2 Índice de Cobertura de Juros

Na realidade, o Índice de Cobertura de Juros é uma média da capacidade de


uma empresa de honrar suas dívidas, isto é, a rapidez com que uma empresa pode
honrar pagamentos contratuais programados ao longo da duração da dívida.

ICJ = Lucro antes dos juros e do IR


Despesas financeiras

O valor do lucro antes dos juros e do IR refere-se ao lucro operacional. Em


geral, aceita-se 3,0 ou algo próximo a 5,0.
Com todos esses índices, métricas e equações, o GF pode realizar uma análise
mais aprofundada e rigorosa das demonstrações financeiras. Na realidade, apenas
alguns índices são comumente usados. Na prática, os índices mais utilizados são o
Índice de Liquidez Corrente, Índice de Liquidez Seca, Capital de Giro Líquido e
Rotação do Capital Empatado.

52
4.7 Análise do fluxo de fundos

Fundo significa bens e direitos transacionados. Constitui uma reserva legal ou


quantia destinada a garantir a integridade do capital em uma sociedade anônima. O
fundo mútuo constitui um conjunto de recursos administrados por uma sociedade ou
banco de investimentos que os aplica em carteira de títulos ou valores imobiliários,
distribuindo, depois, aos quotistas, proporcionalmente à sua participação, os
resultados de tais aplicações. Os fundos de uma instituição bancária, por exemplo,
representam o conjunto de disponibilidades criado para desenvolver ou consolidar por
meio de financiamentos algum setor deficitário da atividade pública ou privada. O
conceito de recursos, por outro lado, pode assumir dois significados: o de recursos
disponíveis e o de Capital de Giro Líquido (CHIAVENATO, 2022, p. 90).

• Disponível: são recursos disponíveis em dinheiro para a empresa (caixa).


• Capital de Giro Líquido: envolve o dinheiro mais os direitos de Curto Prazo
menos as obrigações de Curto Prazo. O Capital de Giro Líquido é igual à
diferença entre o total do Ativo Circulante e o total do exigível circulante. Esse
é o significado que dado à palavra recurso no decorrer desta parte.

A análise do fluxo de fundos é comumente referida como DOAR. Permite à


Gestão Financeira examinar as origens e aplicações históricas dos recursos da
empresa. Compreender os princípios históricos de utilização de recursos permite um
melhor planejamento das necessidades futuras de recursos para horizontes de médio
e longo prazo. A análise do passado ajuda a planejar o futuro. O fluxo de recursos é
analisado e projetado para o futuro.
Como os recursos financeiros constituem a matéria-prima fundamental da
Gestão Financeira, o estudo de sua movimentação é importantíssimo, tanto para se
verificar a adequação entre as aplicações (planos de investimento) e as origens
(disponibilidades) quanto para financiá-las no decorrer do período.

4.7.1 Origens dos fundos

Segundo Chiavenato (2022, p. 91), os fundos têm origem nas variações de


saldos que representam aumentos de recursos recebidos pela empresa por:
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• Fornecimento direto de sua origem.
• Liquidação de investimentos anteriores.
• Deduções escriturais que não representam saídas de recursos.

As origens de recursos são representadas por:

• Aumentos de saldos de contas de exigível e não exigível.


• Reduções de saldos de contas de ativo.
• Despesas não desembolsadas, como depreciação. Sua origem são os recursos
gerados pelas vendas, mas por serem deduzidos para apuração do lucro
tributável, são novamente adicionadas para permitir visualizar os fundos
gerados pelas operações da empresa.
• Lucro (mesmo que incluído nas contas de “lucro do exercício” ou “lucros
acumulados”), quando ajustado pela soma das despesas não desembolsadas.

4.7.2 Aplicações de fundos

Aplicações de fundos são as variações dos saldos de contas relativas a


investimentos feitos com os recursos obtidos. As aplicações de recursos são
representadas por:

• Aumentos de saldos de contas de ativo.


• Reduções de saldos de contas de exigível e não exigível.

A DOAR é uma demonstração financeira que visa mostrar a movimentação


líquida de entradas e saídas de recursos, bem como as causas da variação do Capital
de Giro Líquido. A DOAR tem vários objetivos:

• Proporcionar uma estimativa de necessidades de recursos de fontes externas.


• Indicar a proporção entre investimentos em ativos e a evolução das vendas.
• Apontar a relação entre dividendos e lucros, bem como as exigências de fundos
da empresa.

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• Estabelecer a relação entre as fontes de curto e longo prazos e as aplicações
de curto e longo prazos.

A DOAR é uma ferramenta importante para a Gestão Financeira, tanto na


análise da movimentação passada dos recursos quanto para a projeção futura das
necessidades de recursos financeiros da empresa. Assim como os outros indicadores
financeiros aqui apresentados (sobre liquidez, atividade, endividamento e
lucratividade), é uma ferramenta importante para avaliar o desempenho e a situação
da empresa. Saber usar esse diagnóstico para avaliar e medir uma empresa do ponto
de vista financeiro é o segredo para o sucesso profissional que se dedica à Gestão
Financeira.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2006.
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