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ANÁLISE DAS
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS

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Análise das Demonstrações Financeiras
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Lohmann, Guilherme Garcez, 2021


Análise das Demonstrações Financeiras - Júpiter Press - São Paulo/SP
32 páginas;

Palavras-chave: 1. Análise Financeira de Balanços, 2. Análise das Demonstra-


ções Financeiras, 3. Indicadores Financeiros 4. Finanças.

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Análise das Demonstrações Financeiras
*
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................3
1. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.................................................................4

s
2. ANÁLISES HORIZONTAL E VERTICAL...........................................................................................6
3. ANÁLISES DE LIQUIDEZ E DE ATIVIDADE..................................................................................9
3.1. OS INDICADORES DE LIQUIDEZ.......................................................................................9
3.2. OS INDICADORES DE ATIVIDADE....................................................................................10
4. ANÁLISES DE ESTRUTURA E DE ENDIVIDAMENTO...........................................................11
5. ANÁLISES DE LUCRATIVIDADE E DE RENTABILIDADE.....................................................13
5.1. OS INDICADORES DE LUCRATIVIDADE ......................................................................13
5.2. OS INDICADORES DE RENTABILIDADE......................................................................14
6. ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE..........................................................................15
6.1. CUIDADOS NA CONSTRUÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE.......................15
6.2. ETAPAS NA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE................................16
6.3. EXEMPLO NUMÉRICO DA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................31

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INTRODUÇÃO

No decorrer deste e-book será evidenciada a importância estratégica que a “Análise


das Demonstrações Financeiras” possui dentro do universo corporativo e, com efeito,
o profissional que dominar este assunto terá a sua atratividade perante o mercado au-
mentada. Notadamente temos que a existência de um adequado controle financeiro
é algo crucial para a precisão das informações financeiras. Isto é exatamente o ponto
de partida para qualquer processo de interpretação de resultados. Sem isso, toda a
“Análise de Demonstrações Financeiras” perde o sentido e se torna inócua, de modo
semelhante a um Dom Quixote combatendo moinhos de vento como se fossem gi-
gantes, na obra seminal de Miguel de Cervantes. No mundo moderno a posição com-
petitiva das empresas advém das análises dos relatórios financeiros por elas obtidos,
os quais, por sua vez, buscam projetar desempenhos futuros, dentro de uma visão es-
tratégica da companhia vis-à-vis à concorrência.

Neste contexto, o cenário no qual a “Análise das Demonstrações Financeiras” se tor-


nou cada vez mais um divisor de águas é justamente aquele no qual a concorrência
entre as empresas passou a ser exercida de um modo cada vez mais aguerrido, fruto
da evolução do sistema Capitalista. Nesta perspectiva, a “Análise das Demonstrações
Financeiras” é capaz de identificar quais aspectos conseguem propiciar economias de
recursos e quais aspectos podem auxiliar no aumento das receitas e da participação
de mercado da empresa, dentro de um enfoque absolutamente estratégico. A melhor
alocação de recursos que leve a potencialização dos resultados corporativos é, sem
dúvida, algo primordial quando se trata da perenização das empresas e do sucesso
nos negócios.

Dentro dos conceitos que embasam a “Análise das Demonstrações Financeiras” ire-
mos iniciar pelas análises vertical e horizontal, nas quais a composição e a evolução das
contas será comparada para fins de análise. Na sequência trataremos dos indicadores
financeiros propriamente ditos, os quais se encontram agrupados em tópicos que fa-
cilitam a sua interpretação, a saber, os de liquidez, os de estrutura e endividamento,
os de atividade, os de lucratividade e os de rentabilidade.Também não deixaremos
de mencionar os chamados “Relatórios de Análise”, que correspondem exatamente à
disposição em modo gerencial das informações obtidas por meio da “Análise das De-
monstrações Financeiras”.

Boa leitura!

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1. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

De acordo com Ribeiro (2009), o trabalho do analista começa quando termina o tra-
balho do contador, pois, os demonstrativos contábeis são a fonte de dados para a ela-
boração da análise.

É sabido que em se tratando de análise, em princípio, podem haver interpretações


distintas. Justamente para evitar qualquer dubiedade quanto a isto apresentaremos o
método amplamente utilizado e sugerido por Assaf Neto (2012), o qual é composto de
oito etapas detalhadas a seguir.

A primeira consiste em se analisar a empresa e o mercado. Deve-se, portanto, procurar


obter o máximo de informações relevantes com relação ao mercado de atuação e a
empresa em questão para avaliar as suas decisões financeiras (de investimento e de fi-
nanciamento) de modo consistente. De modo exemplificado, para um dado segmento
um certo nível de capital de giro pode ser adequado e já para outro não. Aqui também
se analisam os seus Indicadores de Atividade.

Além disso, as perspectivas futuras devem ser pesadas, a respeito da evolução das
vendas, do tamanho e do comportamento da concorrência, do nível de dependência
tecnológica, da política de preços, do papel exercido pelo Governo, do poder de bar-
ganha de clientes e dos fornecedores. Neste sentido deve-se efetuar ponderações
como: um frigorífico tende a ter uma conta de imobilizado alta pois depende de má-
quinas caras para o abate dos animais e também de câmaras frias para a conservação
dos alimentos. Já uma empresa de comércio varejista de roupas tende a ter uma conta
de imobilizado baixa pois não depende de maquinários caros na sua operação.

A segunda etapa é representada pelos relatórios financeiros, que irão embasar a análi-
se econômico-financeira. Aqui são avaliados os procedimentos contábeis padroniza-
dos para o setor, o plano de contas, etc.

Em terceiro lugar estão as Análises Horizontal e Vertical das demonstrações contábeis,


que irão avaliar a evolução dos valores num determinado tempo (Análise Horizontal) e
a participação relativa de uma conta em relação ao total (Análise Vertical).
O quarto aspecto é a Análise de Liquidez, a qual verifica a capacidade de pa-
gamento da empresa, além de aspectos como o seu nível de equilíbrio financeiro e a
consequente necessidade de capital de giro.

Em quinto lugar vem a Análise de Estrutura e Endividamento, onde se avalia a propor-


ção entre os recursos próprios e os de terceiros, além do seu nível de risco financeiro e
a dependência nas suas obrigações de curto prazo.

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A sexta etapa é representada por meio das Análises de Rentabilidade e a de Lucrativi-


dade, nas quais se examina o desempenho econômico da empresa, o retorno sobre os
investimentos que foram feitos e o lucro advindo das vendas.

A sétima etapa diz respeito às conclusões específicas que cada etapa anterior propi-
ciou, ou seja, um panorama real da situação econômico-financeira da empresa, assim
como as suas perspectivas de resultados.

A oitava etapa deste método consiste em comparar os resultados obtidos pela empre-
sa com outros de mercado, ou seja, a partir dos indicadores obtidos (atividade, liqui-
dez, estrutura e endividamento, rentabilidade e lucratividade) é elaborada uma análise
vis-à-vis aos concorrentes e que deve ser retratada nos chamados “Relatórios de Aná-
lise”. No mercado estes passos são seguidos, porém às vezes são condensados em seis
etapas (ao invés de oito) como veremos mais adiante. Ao se fazer esta comparação
com outras empresas deve-se ter o cuidado de que elas tenham mesmo porte, que
atuem no mesmo segmento de atividade, com o mesmo tipo de produto, enfim, com
características semelhantes, a fim de se evitar vieses nesta análise.

“Sequência do Processo de Análise” - Fonte: Matarazzo,2010

Para Matarazzo (2010) o nível de excelência de uma “Análise de Demonstrações Fi-


nanceira”s depende da qualidade e extensão das informações financeiras que forem
geradas em todo o processamento dos dados contábeis (figura acima), o qual ele de-
nominou de “Sequência de Processo de Análise”.

Iudícibus (2009) complementa esta visão ao afirmar que o processo de “Análi-


se das Demonstrações Financeiras” deve ser visto como algo tão cuidadoso quanto à
confecção de uma obra de arte por um artesão.

Segundo a percepção de Ribeiro (2009) o analista das demonstrações financeiras


deve embasar o seu trabalho nos dados concretos apresentados (tanto da empresa,
quanto do mercado), para que possa calcular e interpretar os indicadores.

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2. ANÁLISES HORIZONTAL E VERTICAL

A análise horizontal procura observar um conjunto de demonstrações financeiras ao


longo de diversos períodos, meses ou anos, por exemplo.

A partir dessa leitura, poderão se obter conclusões quanto à evolução da situação pa-
trimonial da empresa (quando se analisa o balanço) ou do seu desempenho (quando
se analisa a demonstração de resultados), o que é de grande valia especialmente na
ótica da tomada de decisões estratégicas.

“Análise Horizontal do Balanço Patrimonial” - Fonte: o autor

Podemos exprimir todas as rubricas do balanço em forma de índice, cujo ano base se-
ria o Ano acima.

Portanto, nesse ano, todos os itens do balanço seriam iguais a 100% e nos anos se-
guintes superiores, correspondem a mais de 100% e se inferiores a menos de 100%,
conforme está assinalado na figura ilustrada a seguir.

Exemplos:

Ano n+1 em relação a Ano n: 1.500 x 100 / 1.250 = 120%, variação = + 20%;

Ano n+3 em relação a Ano n: 1.150 x 100 / 1.250 = 92%, variação = - 8%

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“Variação percentual da Análise Horizontal do Balanço Patrimonial” - Fonte: o autor


A análise vertical vai analisar as demonstrações financeiras em proporção de uma de-
terminada grandeza.

No caso da análise do Balanço, isto irá exprimir todos os itens em função do Ativo Total.

(Já para o caso específico da análise de Demonstração do Resultado do Exercício


(DRE) as suas rubricas serão analisadas em função da conta de receitas que se inicia a
DRE, por exemplo a Receita Líquida de Vendas).

“Análise Vertical do Balanço Patrimonial” - Fonte: o autor

Neste caso ocorre a comparação de cada item do Ano n pelo total do (Ativo/Passivo)
do Ano n, cujo índice, em porcentagem, equivale a 100%.

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Exemplo:

Ativo corrente Ano n / Total do Ativo no Ano n = 1.250/9.600= 0,13 ou 13%.

“Variação percentual da Análise Vertical do Balanço Patrimonial” - Fonte: O autor

A informação por elas prestada proporciona elementos que dão aos administradores a
capacidade de planejamento e controle das atividades e gestão do património da em-
presa, cuja análise se divide em duas categorias distintas:

1) Análise econômica: usada para apurar o resultado da remuneração dos investido-


res, dos investimentos e das operações da empresa;

2) Análise financeira: usada para se verificar o nível de solvência, liquidez e gestão de


tesouraria da empresa. É a partir desta análise que os investidores, os credores, os em-
presários e os administradores decidem sobre a necessidade de correções à gestão,
para melhoria da segurança e garantia dos capitais emprestados.

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3. ANÁLISES DE LIQUIDEZ E DE ATIVIDADE

3.1. OS INDICADORES DE LIQUIDEZ

Uma “empresa líquida “ é aquela que pode facilmente satisfazer suas obrigações de
curto prazo, no devido vencimento. Dado que os ativos circulantes representam os
recursos de curto prazo e os passivos circulantes representam as obrigações de curto
prazo, os índices (ou indicadores) de liquidez irão sobretudo se atentar às obrigações
de curto prazo (e portanto à solvência da empresa). Sem menosprezar nenhum dos
demais grupos de indicadores, mas os liquidez são os mais ligados a sobrevivência da
empresa, pois uma empresa não colapsa porque tem lucro, rentabilidade ou nível de
atividade baixas, nem porque esteja endividada, mas sim devido a falta de dinheiro
para sobreviver no curto prazo. A liquidez excessiva reduz o risco da empresa ficar im-
possibilitada de satisfazer suas obrigações de curto prazo, à medida que elas vão ven-
cendo, mas a lucratividade neste caso é sacrificada, portanto o equilíbrio deve pautar
estas decisões.

1) Capital Circulante Líquido (CCL) ou Capital de Giro =

= Ativo Circulante - Passivo Circulante = R$ 1.250.000.000,00 – R$ 750.000.000,00


= R$ 500.000.000,00

(note que foram utilizados os números do Balanço no item anterior)

2) Índice de Liquidez Corrente = Ativo Circulante = R$ 1,25 bln = 1,67


Passivo Circulante = R$ 0,75 bln

Note que o ideal é que este índice seja maior que 1,0 (pois isto indica que há ativos de
curto prazo/circulantes suficientes para cobrir os passivos de curto prazo/circulantes).

Quanto mais previsíveis forem os fluxos de caixa da empresa, menor seria o índice
aceitável nesta situação.

3) Índice Liquidez Seca = Ativo Circ. – Estoques = R$ 1,25-0,25 bln = 1,33


Passivo Circulante = R$ 0,75 bln

O Índice de Liquidez Seca é semelhante ao de Liquidez Corrente, com a única dife-


rença de excluir os estoques (que normalmente possuem baixa liquidez). Ele é um
índice mais conservador (do que anterior) em termos da capacidade da empresa em
honrar seus compromissos imediatos. A baixa liquidez dos estoques resulta normal-
mente de dois fatores básicos:

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Vários tipos de estoques não podem ser vendidos, por não estarem prontos (estoque
de produtos semi-acabados), ou se tornaram obsoletos ou materiais de reposição.

Há dificuldade em vendê-los (normalmente sofrem deságio e às vezes numa condição


prazo).

3.2. OS INDICADORES DE ATIVIDADE

Os índices operacionais ou de atividade podem ser usados para medir a rapidez com
que as contas circulantes, são convertidas em caixa.

1) Giro dos Estoques = (CPV) Custo Produtos Vendidos = R$ 0,25 bln= 5x


Estoque = R$ 0,05 bln

Indica o período médio de tempo em que os estoques são mantidos pela empresa, ou
ainda, nesse exemplo dizemos que ele girou cinco vezes. Para fins de análise este indi-
cador deve ser comparado com a média do setor para se saber se a empresa está sen-
do eficiente ou não. Vale lembrar que os custos de operação (relativos às mercadorias,
produtos ou serviços) são obtidos pela fórmula: CPV = estoque inicial + compras – es-
toque final

2) Período Médio de Cobrança = Duplicatas Receber = R$ 0,2 bln = 0,2 (*)


Vendas (Faturamento Br.) R$ 1,0 bln

(*): Se as demonstrações financeiras forem anuais, este número de 0,2 diz respeito a
um ano, portanto 0,2 x 12 meses = 2,4 meses (sendo que 0,4 meses = 30 dias x 0,4 = 12
dias), ou ainda 2 meses e 12 dias, o que corresponde ao prazo médio necessário para
serem cobradas (pagas) as duplicatas a receber pelos credores. Como duplicatas a
receber entendemos todo tipo de título a receber de curto prazo (contas a receber,
duplicatas, notas promissórias, etc).

3) Período Médio de Pagamento = Duplicatas a Pagar = R$ 0,15 bln = 0,25


Compras Médias = R$ 0,60 bln

Novamente supondo que os dados sejam anuais teríamos: 0,25 x 12 meses = 3 meses,
que seria o Prazo Médio de Pagamento dos Fornecedores. O cálculo das Compras
Médias normalmente advém da fórmula do CPV.

4) Giro do Ativo Permanente = Vendas (Faturamento Br) = R$ 1 bln = 2x


Ativo Permanente = R$ 0,5 bln

Temos aqui que com um ativo permanente de R$ 0,5 bln a empresa conseguiu gerar
R$ 1 bln em vendas, ou seja, este indicador mede a eficiência com a qual a empresa
tem usado seus ativos permanentes para potencializar suas vendas.
Os “ativos permanentes” têm um uso de caráter permanente, portanto são ativos que

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normalmente não são vendidos, mas utilizados para viabilizar a operação da empresa.
Modernamente os ativos permanentes têm recebido a denominação de ativos não
circulantes e são divididos em quatro grupos: 1) Imobilizado (como prédios, instala-
ções, máquinas e veículos), 2) Intangível (como a marca da empresa, softwares), 3)
Diferido (atividades que trarão resultados somente em exercícios futuros, como pes-
quisa e desenvolvimento), 4) Investimentos (como a aquisição de bens de capital que
visam gerar renda à empresa, porém não enquadráveis no ativo circulante).

5) Giro do Ativo Total = Vendas (ou Fatto. Br.) = R$ 1 bln = 1x


Ativo Total = R$ 1 bln

Neste caso, a partir de ativo total de R$ 1 bln a empresa conseguiu gerar R$ 1 bln em
vendas, ou seja, vale o mesmo raciocínio do indicador anterior só que aplicado para os
ativos totais da empresa.

4. ANÁLISES DE ESTRUTURA E DE ENDIVIDAMENTO

São estes os indicadores que apresentam a estrutura patrimonial da empresa, espe-


cialmente o seu grau de endividamento e a utilização de capital próprio e de terceiros.

Este tipo de análise tem bastante importância com relação à solvência ou não de uma
determinada empresa, afinal se o nível de endividamento for muito elevado isto pode
representar uma ameaça à continuidade dos seus negócios.

Uma empresa nesta situação poderá ir à falência, na medida em que deixa de conse-
guir pagar os juros/principal atrelados aos seus empréstimos e ao mesmo tempo cus-
tear a sua operação.

Assim como fizemos com os demais grupos de indicadores foram selecionados a


seguir alguns mais relevantes do ponto de vista genérico, pois conforme já mencio-
namos a análise de indicadores geralmente sobre alterações de acordo com o setor
abrangido.

Isso equivale a dizer que os indicadores que se mostram relevantes para uma dada in-
dústria podem não necessariamente o ser para outra.

Exemplificando esta afirmação, temos que é algo crucial para uma empresa de servi-
ços (Exemplo: Google) que todos os funcionários trabalhem em computadores novos,
com softwares avançados e, portanto, avalia contrair financiamento para esta finalida-
de, a qual, por sua vez, costuma ter um prazo de repagamento menos alongado.

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Contudo, se a empresa em questão é uma siderúrgica (Exemplo: CSN) não é impor-


tante contrair este tipo de financiamento e sim aquele destinado a melhorar a sua
capacidade de produção de aço, geralmente dentro de um perfil de prazo de repaga-
mento mais alongado.

Repare que nestes dois segmentos o tipo, a finalidade e prazo de financiamento va-
riam, sendo que em função disto o perfil de endividamento também é diferente. Por
conseguinte estas diferenças precisam ser levadas em conta no momento da análise.

Feitas estas devidas ressalvas iremos conhecer a seguir os indicadores mais utilizados
pela média das empresas do mercado.

1) Índice de Endividamento Geral = Exigível Total =


Ativo Total = (Passivo Circulante + Passivo Não Circ.) = R$ 0,35 bln + R$ 0,5 bln = 0,85
Ativo Total
R$ 1 bln

Aqui ele indica que 85% dos ativos totais da empresa são financiados por credores.

2) Índice do Exigível a Longo Prazo sobre Patr. Líquido =

Exigível a Longo Prazo (ou Passivo Não Circulante) =


Patrimônio Líquido = R$ 0,5 bln = 1,0 (ou 100%)
R$ 0,5 bln

Neste caso para se pagar as obrigações de longo prazo se comprometeria 100% do


Patrimônio Líquido, ou seja, os recursos fornecidos pelos proprietários da empresa.

3) Índice de cobertura de juros = Lucro antes de juros/IR = R$ 100 MM = 2


Despesa anual de Juros R$ 50 MM

Nesta situação, a empresa dispõe de boa capacidade para pagar os juros anuais (mais
especificamente, o dobro deles).

(Devido ao nível simplificado das nossas demonstrações financeiras, o que atende ao


nosso objetivo didático, iremos utilizar o Lucro antes de juros e IR como sendo o Lucro
Operacional).

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5. ANÁLISES DE LUCRATIVIDADE E DE RENTABILIDADE

5.1. OS INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

Numa empresa a lucratividade pode ser avaliada em relação a suas vendas, aos ativos,
ao patrimônio líquido e ao valor da ação.
O objetivo é avaliar o lucro da empresa com cada um dos itens mencionados
conforme o interesse específico da análise.
De modo geral observamos que a lucratividade (ou margem) está associada ao
lucro / receita de vendas.

1) Composição percentual do resultado

O objetivo da composição percentual do resultado é fazer uma comparação en-


tre vendas, despesas e custos em relação ao lucro obtido pela companhia, portanto ela
pode ser calculada comparando-se diversos aspectos distintos com o lucro.
Dependendo das peculiaridades do setor de atuação da empresa um aspecto
acaba sendo mais utilizado pelo mercado do que outro para fins de comparação e es-
tudo.

Exemplo: Lucro Líquido = R$ 70 MM = 0,28 (ou 28%)


CPV R$ 250 MM

2) Margem Bruta = Lucro Bruto = R$ 0,3 bln = 0,33 ou 33%


Vendas Líquidas R$ 0,9 bln

Mede a relação percentual de cada unidade monetária de venda que restou, após as
deduções (descontos, devoluções e impostos sobre as vendas) e do custo dos produ-
tos vendidos.

3) Margem Líquida = Lucro Líquido = R$ 70 MM = 0,078 ou 7,8%


Vendas Líquidas R$ 900 MM

Mede quanto sobrou de receita após a dedução de custos e despesas totais.

5.2. OS INDICADORES DE RENTABILIDADE



Quando pensamos num indicador de desempenho de um negócio a rentabilidade
costuma vir à mente. Geralmente a rentabilidade é vista como uma associação entre
lucro e investimento.

Neste caso, a Rentabilidade revela justamente a capacidade da empresa de trazer re-


torno tendo em vista os investimentos que foram feitos.

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Desse modo eles podem se relacionar com os investimentos provenientes dos seus
ativos, do seu patrimônio líquido como segue:

1) Taxa de Retorno. s/ Investimento (ROI) = Lucro Operacional


Investimento Líquido

O ROI compara o lucro operacional com o investimento da empresa, por meio de uma
taxa de retorno obtida pela empresa para seus financiadores, sejam eles provenientes
do capital próprio ou de terceiros.

Para muitos ele é a melhor medida para se obter a eficiência operacional da empresa.
Aqui se faz necessário esclarecer o conceito de Investimento Líquido, que correspon-
de a:

Investimento Líquido = Ativo – Contas a Pagar com Fornecedores – Salários, Provisões


e Contribuições Sociais.

(No nosso exemplo numérico, por questões didáticas, não há este grau de detalha-
mento, assim assumimos neste cálculo como dado um valor hipotético para o investi-
mento líquido de R$ 0,5 bln).

Portanto, ROI = R$ 0,1 bln = 0,2 ou 20%.


R$ 0,5 bln

O Retorno sobre o investimento também é conhecido como Índice de Du Pont, pois


era utilizado no Grupo Du Pont para fazer a análise das suas empresas.

2) Taxa de Ret. s/ Ativo Total (ROA) = Lucro Líq. = R$ 70 MM= 0,07 ou 7%.
Ativo Total R$ 1 bln

Ela mede a eficiência global da administração da empresa com relação a geração


de lucro a partir dos seus ativos disponíveis.

3) Taxa Ret. s/Patr.Líquido (ROE) = Lucro Líq.= R$ 70 MM = 0,14 ou 14%.


Patr. Líq. R$ 0,5 bln

Ela mede o retorno do investimento efetuado pelos acionistas da empresa.

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6. ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE

Relatório de Análise é um documento desenvolvido pelo analista de balanços e que


expressa os resultados do processo de interpretação por ele realizado.

6.1. CUIDADOS NA CONSTRUÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE

O Relatório de Análise deve ser elaborado em linguagem coloquial e objetiva, de for-


ma que mesmo os leigos em Contabilidade consigam compreender com facilidade.
Aqui vale lembrar que membros de Conselho de Administração de Empresas ou mes-
mo consultores que irão ler este relatório geralmente possuem formações diversas,
muitas delas nas áreas técnicas de produção e venda dos produtos e que portanto não
detém conhecimentos específicos na área contábil.

O analista deve procurar relatar suas conclusões com extrema clareza, pois isto deverá
auxiliar o leitor no processo de tomada de decisão.

O nível de detalhamento deste relatório deverá atender às necessidades do leitor. Por


exemplo, para fornecedores estes relatórios costumam ser mais sucintos. Já para os
executivos desta empresa geralmente são mais abrangentes uma vez que eles pode-
rão enxergar oportunidades de melhoria nos detalhes apresentados.

Neste sentido, algumas vezes se opta por apresentar primeiro uma visão central obje-
tiva, a qual por sua vez é amparada por diversos anexos que mapeiam as diversas áreas
da empresa com maior riqueza de detalhes. Todo Relatório de Análise deve conter
dados sobre a situação econômico-financeira vigente na empresa, além do retrato do
seu desempenho dentro dos períodos analisados e as suas tendências para o futuro.

Vamos então elencar alguns assuntos que despertam interesse num Relatório de Aná-
lise. Primeiro na ótica do que os fornecedores querem saber acerca de seus clientes:

· Como anda a evolução de vendas da empresa? Ela está no caminho certo ou precisa
de ajustes?
· Será que ela terá condições de pagar as duplicatas em dia?
· Como anda a situação de liquidez, ela é favorável ou desfavorável? Esta situação
deve se manter por muito tempo ou será passageira?
· Se o contexto se alterar de modo inesperado será que ela terá facilidade para le-
vantar recursos junto a instituições financeiras?

Já na ótica dos bancos, o que em geral eles querem saber dos seus clientes se relacio-
na a:

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· Como tem evoluído as vendas vis-à-vis ao mercado?


· Quais as características deste(s) produto(s) (quão exclusivo, único e difícil de ser imi-
tado ele é)? Existem produtos substitutos (qual o risco deles virem a sobrepujar o pro-
duto da empresa)?
· Quais os riscos inerentes à cadeia produtiva (qual o número de fornecedores, com
vistas ao risco de desabastecimento no caso de concentração em muito poucas em-
presas fornecedoras)?
· Qual o poder de barganha dos fornecedores e dos clientes desta empresa (ela é uma
líder do mercado ou é uma seguidora)?
· Quais as barreiras de entrada para novas empresas neste mercado e qual seria o
eventual interesse de grandes empresas no mesmo?
· Existe solidez financeira? Como está o endividamento?
· Existe tendência de falência (quando o endividamento é muito alto)?

Notem que não é à toa que em geral os bancos fazem muito mais perguntas do que os
fornecedores. Estes últimos simplesmente cancelam a entrega dos insumos quando
existe falha no pagamento (ou “default”), de modo a limitar o risco envolvido.

Já o produto dos bancos é o empréstimo (muitas vezes em volumes dilatados), desse


modo em caso de falha no repagamento destes recursos, os bancos ficam impedidos
de emprestar novamente estes recursos para outras empresas e por sua vez estes po-
dem apresentar risco de insolvência.

Isto ilustra a situação de que o nível de complexidade do Relatório de Análise depende


do risco atrelado a quem ele se destina, a fim de que o mesmo possa tomar as deci-
sões cabíveis para mitigar este risco.

6.2. ETAPAS NA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE

Primeira Etapa: Exame das Contas (Balanço, DRE, entre outras), sendo que caso seja
preciso é feita a padronização na apresentação das mesmas. Já dissemos da importân-
cia da padronização na apresentação dos relatórios contábeis e vamos ressaltar ainda
mais isso neste ponto, pois se as informações são agrupadas em contas de forma não
padrão isto dificulta e até inviabiliza às análises e a tomada de decisão.

Segunda Etapa: Análises Horizontal e Vertical.

Terceira Etapa: Coleta de Dados nos relatórios e contas agrupadas de forma já padro-
nizada.

Quarta Etapa: Cálculo dos Indicadores. Isso deverá ser feito conforme especificidades
daquele setor, ou seja, todos costumam utilizar determinados indicadores. Ato contí-
nuo é feita a Comparação com os Padrões de Mercado.

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Normalmente estes indicadores padrão são obtidos em estudos setoriais renomados,


isentos e disponíveis como FIPE, FGV, IBGE, entre outros.

Quinta Etapa: Interpretação dos Indicadores.

Sexta Etapa: Apresentação das Conclusões sobre a situação Financeira e Econômica.

6.3. EXEMPLO NUMÉRICO DA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE


ANÁLISE

Exame das Contas (primeira etapa)

A seguir estão a DRE e depois o Balanço Patrimonial de uma indústria hipotética do


setor de telecomunicações para os exercícios x1 e x2, a qual terá as suas contas exami-
nadas.
Note que este exame de contas se refere ao formato de apresentação das mesmas,
sendo que caso esta análise revele que os mesmos não estejam dentro de um formato
padrão, então deverá ocorrer a padronização na apresentação destas contas.

“O DRE fora do formato padrão” - Fonte: o autor

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“O Balanço Patrimonial fora do formato padrão”- Fonte: o autor

Notadamente estes Demonstrativos Financeiros não estão dentro do que o mercado


considera como um formato padrão, portanto a padronização dos mesmos é necessá-
ria. Obs: Estes quadros estão todos em R$ mil, portanto R$ 1 mil significam R$ 1 MM.
Observe que o DRE padrão se inicia com a “Receita Líquida de Vendas” e não com
a “Receita Operacional Bruta” (como estava). As contas também não costumam ser
agrupadas daquela forma, tampouco recebem uma numeração e ainda estava faltan-
do a consolidação das mesmas no “Lucro ou Prejuízo do Exercício”.

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“O DRE no formato padrão” - Fonte: o autor

No caso do Balanço ocorre o mesmo problema do DRE, ou seja, é necessário ade-


quá-lo no formato padrão, pois senão isto dificulta que enxerguemos os números.
Por exemplo, do modo como foi apresentado o Contas a Receber se deve subtrair a
Provisão para Créditos com Liquidação Duvidosa e das Duplicatas Descontadas. As
Duplicatas Descontadas por sua vez representam recursos que foram para o Caixa da
empresa, ou seja, são as Disponibilidades.

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Percebam a diferença para o formato padrão a seguir:

“O Balanço Patrimonial no formato padrão” - Fonte: o autor

Análises Horizontal e Vertical (segunda etapa)

A seguir serão efetuadas as análises Horizontal e Vertical nestes demonstrativos já


inseridos no padrão adequado.

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“Análises Horizontal e Vertical do Balanço Patrimonial” - Fonte: o autor

Conceitualmente observem que as Análises Vertical (AV) e Horizontal (AH) acima evi-
denciam respectivamente quanto uma conta representa em relação ao total do Ativo
(e do Passivo) e quanto uma conta traz de aumento ou de redução comparando-se os
valores dos exercícios x1 e x2. Aqui importam variações que sejam significativas, por
isso os números são inteiros e sofrem arredondamento. Quando a variação AH dá ne-
gativa, o cálculo é o seguinte para o exemplo do “Total do Passivo Circulante”:
85.000 = 100%; X = 54.000 x 100%; X= 64%; Variação é 64%-100%= - 36%
54.000X% 85.000

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Um comentário preliminar é que as análises a seguir têm muito a ver com a atuação
de um investigador, que vai levantando hipóteses pelo caminho a fim de procurar
confirmá-las (ou não) mais adiante. As oscilações nas contas geralmente possuem
contrapartidas em outras contas. Neste sentido é preciso identificá-las (via análises
horizontal, vertical e os indicadores), testar estas hipóteses formuladas (aprofundando
o detalhamento das mesmas por meio de outros relatórios internos ou mesmo a partir
de informações do mercado) e verificar se de fato existe uma correlação entre uma
dada oscilação e uma outra que acreditamos ser a sua contrapartida. Este enfoque é
bastante didático, pois nos ajuda a compreender como o analista efetivamente pensa.

Com relação às Análises Horizontal e Vertical do Balanço Patrimonial podemos desta-


car que:

- No que tange ao Ativo Circulante houve uma melhoria no aspecto Financeiro, o que
se traduz pelo aumento das Disponibilidades em 4.500,00 ou 26% entre x1 e x2

- No aspecto Operacional as Contas a Receber de Clientes aumentaram em 60%


(Uma hipótese é que a redução dos estoques signifique aumento de vendas, que por
sua vez trouxeram aumento do Contas a Receber de Clientes, o que ainda carece de
análise aprofundada).

- Referente ao Ativo Não-Circulante se observa uma redução do Realizável no Longo


Prazo de 40% (6.000,00), acompanhado de um aumento do Imobilizado de 61% ou
17.000,00, o que enseja outra hipótese, de que a empresa tenha feito isso com vistas a
aumentar a sua capacidade produtiva, o que deve ser checado.

- O Passivo também apresenta muitos indícios interessantes como a redução em 31%


(ou 8.000,00) da rubrica Fornecedores, além de uma diminuição sensível no nível de
empréstimos (de 22.000,00 ou 73%!), ou seja, no aspecto de curto prazo a situação
ficou bem mais favorável.

- Porém isto é confrontado com o surgimento de um Exigível de Longo Prazo de


36.000,00, o que gera suspeitas de que tenha havido um empréstimo para fomentar
a melhoria/aumento da infra-estrutura física e máquinas para alavancar a produção, o
que também estará sendo verificado.

- No Patrimônio Líquido houve uma diminuição do Capital de ⅓; e um aumento das Re-


servas de 76% ou 19.000,00, o que sugere que este processo de crescimento pode ter
criado uma necessidade de desembolsos com destinação específica no futuro.
Estas mesmas análises também são feitas para o DRE.

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“Análises Horizontal e Vertical do DRE” - Fonte: o autor

Com relação aos exercícios x1 e x2 podemos observar:

- Aumento da Receita Líquida de Vendas em 39% entre x1 e x2 e de 49% no Custo de


Mercadorias, Produtos e Serviços Vendidos (Este aumento desproporcional desta úl-
tima rubrica é corroborado pela análise vertical que evolui de 39% em x1 para 42% em
x2).

- Já as Despesas com Vendas apresentaram um crescimento expressivo entre x1 e x2,


tanto em percentual (111%) quanto em valor (20.000, o que corresponde a 38.000-
18.000), o que levanta a hipótese de que este aumento de receita tenha ligação com o
aumento do gasto/esforço de vendas.

- Efetivamente o resultado operacional antes do resultado financeiro aumentou 54%


neste período e 144% após incluída a parte financeira, o que denota uma melhora ex-
pressiva nesta área.

- Como resultado final a empresa apresentou 70% de melhoria do lucro líquido entre
os exercícios x1 e x2.

- Tudo isto indica um acerto nas medidas que vêm sendo tomadas, a partir do prisma
das análises horizontal e vertical do DRE.

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Coleta de Dados (terceira etapa)

Extraímos as seguintes informações do Balanço Patrimonial e da Demonstração do


Resultado do Exercício:

“A Coleta de Dados” - Fonte: o autor

Conforme já dito, para fins de simplificação didática foram fornecidos dados comple-
mentares do exercício a serem utilizados no cálculos dos indicadores.

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Indicadores (quarta etapa)

Nesta etapa são elaborados os indicadores (para os exercícios x1 e x2) e ato contínuo
eles são comparados com os indicadores de mercado.

INDICADORES DE LIQUIDEZ

1) Capital Circulante Líquido (CCL) ou Capital de Giro = Ativo Circulante - Passivo Cir-
culante =

R$ 70 MM – R$ 85 MM = - R$ 15 MM (x1)
R$ 74 MM – R$ 54 MM = R$ 20 MM (x2)

2) Índice de Liquidez Corrente = Ativo Circulante = Passivo Circulante

R$ 70 MM = 0,82 (x1)
R$ 85 MM

R$ 74 MM = 1,37 (x2)
R$ 54 MM

3) Índice de Liquidez Seca = Ativo Circ. – Estoq. = R$ 70-40 MM = 0,35 (x1)


Passivo Circulante R$ 85 MM

R$ 74-27 MM = 0,87 (x2)


R$ 54 MM

INDICADORES DE ATIVIDADE

1) Giro dos Estoques = Custo Prod. Vendidos = R$ 86 MM= 2,15x (x1)


Estoque R$ 40 MM

R$ 128 MM= 4,74x (x2)


R$ 27 MM

2) Período Médio Cobrança = Dupl. a Receber = R$ 12,5 MM = 0,057 (x1)


Vendas Líquidas R$ 220 MM

R$ 20 MM = 0,066 (x2)
R$ 305 MM

3) Período Médio Pagamento = Duplicatas a Pagar = R$ 55 MM = 2,12 (x1)


Compras Médias

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R$ 26 MM
R$ 46 MM = 0,72 (x2)
R$ 64 MM

4) Giro do Ativo Permanente = Vendas Líquidas = R$ 220 MM = 4x (x1)


Ativo Permanente R$ 55 MM

R$ 305 MM = 4,36x (x2)


R$ 70 MM

5) Giro do Ativo Total = Vendas Líq. = R$ 220 MM = 1,76x (x1)


Ativo Total R$ 125 MM

R$ 305 MM = 2,12x (x2)


R$ 144 MM

INDICADORES DE ESTRUTURA E DE ENDIVIDAMENTO

1) Índice de Endividamento Geral = Exigível Total = Ativo Total

R$ 85 MM = 0,68 (x1)
R$ 125 MM
R$ 90 MM = 0,63 (x2)
R$ 144 MM

2) Índice do Exigível a Longo Prazo s/Patr. Líquido = Exig.L.Prazo


Patr.Líquido

R$ 0= 0 (x1)
R$ 125 MM
R$ 36 MM = 0,25 (x2)
R$ 144 MM

3) Índice de cobertura de juros = Lucro antes de juros e IR = Despesa anual de Juros

R$ 20,2 MM = 0,97 (x1)


R$ 20,8 MM

R$ 34,4 MM = 3,31 (x2)


R$ 10,4 MM

INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

1) Composição percentual do resultado

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Exemplo: Lucro Líquido = R$ 20,2 MM = 0,23 (x1)


CPV
R$ 86 MM
R$ 34,4 MM = 0,27 (x2)
R$ 128 MM

2) Margem Bruta = Lucro Bruto = R$ 134 MM = 0,61 ou 61% (x1)


Vendas Líquidas
R$ 220 MM
R$ 177 MM = 0,58 ou 58% (x2)
R$ 305 MM

3) Margem Líquida = Lucro Líquido. = R$ 20,2 MM = 0,092 ou 9,2% (x1)


Vendas Líquidas
R$ 220 MM
R$ 34,4 MM = 0,113 ou 11,3% (x2)
R$ 305 MM

INDICADORES DE RENTABILIDADE

1) Taxa de Ret. s/ Investimento (ROI) = Lucro Operacional
Investimento Líquido

(Neste caso o valor do Investimento Líquido já é fornecido em “Coleta de Dados / Da-


dos Complementares do Exercício”).

ROI = R$ 53 MM = 1,56 ou 156% (x1)


R$ 34 MM

R$ 81 MM = 1,8 ou 180% (x2)


R$ 45 MM

2) Taxa Ret. s/Ativo Tot. (ROA) = Lucro Líq.= R$ 20,2 MM= 16% (x1)
Ativo Total
R$ 125 MM
R$ 34,4 MM= 0,24 ou 24% (x2)
R$ 144 MM

3) Taxa Ret. s/Patr.Líq. (ROE) = Lucro Líq.= R$ 20,2 MM = 0,51 ou 51% (x1)
Patr. Líq.
R$ 40 MM
R$ 34,4 MM = 0,64 ou 64% (x2)
R$ 54 MM

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Interpretação dos Indicadores e Conclusões (quinta e sexta etapas)

“Quadro Resumo de Indicadores” - Fonte: o autor

Primeiramente analisaremos cada um dos grupos de indicadores:

Liquidez: No exercício x1 há grande escassez de liquidez marcada pelo Capital Circu-


lante Líquido negativo e um índice de Liquidez Seca muito baixo. Esta situação apre-
sentou uma melhora significativa no exercício x2, com uma boa geração de Capital
Circulante Líquido (R$ 20 MM), um índice de liquidez corrente acima de 1,0 e o de
liquidez seca quase neste patamar.

Atividade: Neste aspecto houve uma evolução bastante positiva, com destaque ao
Giro dos Estoques (mais que dobrou), o que enseja um nível de operação maior. Os
Períodos Médios de Cobrança se mantiveram num nível bastante baixo, enquanto que
os Períodos Médios de Pagamento se mantiveram altos (mais ajustado em x2 facilitan-
do a gestão do fluxo de caixa).

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Endividamento: A perspectiva nesses indicadores também tem evolução favorável,


ou seja, a cobertura dos juros que não atingia 1,0 (ou 100%) em x1 passou para 3,31 em
x2, o índice de endividamento geral caiu neste período e o índice exigível sobre o pa-
trimônio líquido mostra baixo comprometimento.

Lucratividade: Embora a Margem Bruta apresente um nível bastante elevado e relati-


vamente estável, a Margem Líquida evidencia ganho no período.

Rentabilidade: O ROI é exuberante, ou seja, um pequeno investimento causa gran-


des resultados. O ROA e o ROE exibem uma evolução positiva e consistente, o que
deixa claro que as margens da empresa estão sendo bem administradas.

Tanto na ótica econômica, quanto na financeira pudemos checar as hipóteses for-


muladas, sendo que a empresa em questão apresentou uma evolução muito positiva
entre os exercícios x1 e x2 e, com efeito, ela conseguiu sair da posição adversa em que
se encontrava em x1. Em x2 ela apresenta boa liquidez, uma melhora consistente no
Giro dos Estoques e nos indicadores de atividade, além da redução do endividamento
e melhoria da sua capacidade de pagamento de juros. Já nos indicadores de lucrativi-
dade e de rentabilidade ela apresenta desempenho digno de nota. Apesar desta situa-
ção aparentemente favorável é necessário compará-la com o mercado.

Comparação com os Padrões de Mercado

Frisamos que esta comparação precisa englobar empresas do mesmo setor, porte e
ramo de atividade, afinal pode haver grande variação entre uma indústria e uma em-
presa de serviços, ou mesmo entre empresas com tipos de produtos muito diferentes.
Tendo isto em mente se busca neste caso o universo de empresas de telecomunica-
ções assemelhadas a esta empresa analisada, sendo que a partir daí se verifica como
foi o desempenho da mesma comparada à média das empresas deste mercado, o
que é importante para relativizar o desempenho desta empresa. Pensem agora que a
média das empresas estudadas teve indicadores muito melhores em x1 e x2. Isso nos
diria que por um lado esta empresa está no caminho certo em termos de reverter uma
situação adversa obtida em x1, porém, por outro, ainda teria muito o que melhorar para
ganhar maior participação neste mercado (pode ocorrer, por exemplo, que esta em-
presa tenha se desempenhado bem por ter uma participação relativa ainda pequena
e que por isso não tenha sofrido retaliações dos líderes de mercado, de modo a com-
prometer o seu resultado em x2). Porém, num outro cenário, caso a média do mercado
tivesse apresentado indicadores inferiores aos desta empresa, então poderíamos con-
cluir que a mesma teve de fato um desempenho destacado no mercado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Num mundo crescentemente competitivo como o atual o “sucesso está nas entreli-
nhas”. A Análise de Indicadores (inclusive as Análises Horizontal e Vertical) acerca das
Demonstrações Financeiras tem justamente o foco em tornar muito claro qual foi o
desempenho de uma empresa vis-à-vis ao mercado. Este tipo de análise é algo estra-
tégico, pois ressalta os aspectos favoráveis que uma dada empresa possui em relação
aos seus concorrentes e também traz à luz aqueles aspectos que ela precisa melhorar
(e em que medida) para se tornar mais competitiva e perene no mercado. A análise
dos indicadores é algo que com o tempo, com exercícios e a prática tornarão possível
que o leitor se aproprie devidamente deste assunto, conseguindo produzir análises
aprofundadas e com forte componente estratégico, o que naturalmente é algo pri-
mordial e muito desejado pelas empresas em geral.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, A. Estrutura e Análise de Balanços: Um enfoque econômico-financeiro.


Editora Atlas (2012).

MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: Abordagem Gerencial. 7a. edição.


Editora Atlas (2010).

IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. 10a. edição. Editora Atlas (2009).

RIBEIRO, O. M. Contabilidade Básica. Editora Saraiva (2009).

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Desenho Instrucional: Veronica Ribeiro


Supervisão Pedagógica: Laryssa Campos
Revisão pedagógica: Camila Martins
Design editorial/gráfico: Genard Silva

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