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Índice

AGRADECIMENTOS .........................................................................................................I
RESUMO............................................................................................................................. II
ABSTRACT ....................................................................................................................... III
LISTA DE ABREVIATURAS..........................................................................................IV
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... V
LISTA DE QUADROS......................................................................................................VI
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................7
1. A HISTORIO DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA........................10
2. ENQUADRAMENTO TEORICO E NORMATIVO.............................................14
2.1. Conceito de fluxos de caixa.........................................................................................14
2.2. Os objectivos da demonstração do fluxo de caixa...............................................19
2.3. A demonstração de fluxo de caixa no normativo contabilístico internacional....20
2.4. A demonstração de fluxo de caixa no novo Normativo Contabilístico
Nacional...........................................................................................................................22
2.5. A demonstração do fluxo em Cabo Verde antes de 2009....................................23
3. METODOLOGIA NA ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO
DE CAIXA .........................................................................................................................24
3.1. Aspectos conceptuais...........................................................................................24
3.2. Método directo.....................................................................................................33
3.3. Método Indirecto .................................................................................................35
3.4. O recurso a software na sua elaboração...............................................................38
3.5. Vantagens e inconvenientes na informação financeira produzida no regime da
caixa 39
3.6. O paradigma da utilidade da demonstração de Fluxo de Caixa ..........................41
4- CASO PRATICO.......................................................................................................43
4.1. A empresa ............................................................................................................43
4.2. O mapa de fluxo de caixa nos documentos de relato financeiro .........................44
4.3. Aspectos específicos e apreciação dos valores apurados ....................................49
CONCLUSÕES..................................................................................................................50
BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................52

0
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todas as pessoas que, directa ou indirectamente, contribuíram para


que este trabalho pudesse ser elaborado.
A todos manifesto a minha gratidão, deixando aqui expresso um especial
agradecimento.

De forma particular quero agradecer ao meu orientador Dr. Adelino Fonseca pela
paciência, a forma como soube orientar-me na elaboração do trabalho, pelas palavras
de incentivo e pela atenção.
De igual modo agradeço a toda a minha família, em especial aos meus pais e aos meus
irmãos

Os meus agradecimentos vão ainda para todos os meus colegas e amigos que fiz
durante o período curricular, pois sem eles garantidamente a tarefa teria sido mais
difícil.

A todos, muito obrigado.

1
RESUMO

No contexto mundial, em virtude da complexidade da economia, da expansão e


competitividade dos mercados, verifica-se uma crescente necessidade das empresas em
buscarem instrumentos que as auxiliem no planeamento e controle de seus recursos
para que estes sejam usados de maneira adequada, a fim de salvaguardar a actividade
empresarial e alcançar o objectivo almejado pela empresa.
O sucesso empresarial demanda cada vez mais o uso de práticas financeiras
apropriadas. A realidade aponta para gestores sedentos de informações relevantes que
irão auxiliar o seu processo decisório. Assim sendo, o trabalho ora intitulado: A
Importância do Fluxo de Caixa, e o paradigma da utilidade foi elaborado através de
pesquisa bibliográfica e exploratória sobre o assunto em questão, tendo como base
artigos, livros e dissertações. O seu objectivo principal é enfatizar a importância do
demonstrativo de Fluxo de Caixa como ferramenta para os gestores obterem eficiência
na administração financeira da sua entidade.
Para tanto, iniciamos com uma resenha histórica do mapa em estudo. Num segundo
momento fazemos um enquadramento teórico onde referimos ao conceito de fluxo de
caixa, seus objectivos, as suas normas legais nacionais e internacionais, e a presença
da demonstração de fluxo de caixa no mercado Cabo-verdiano antes de 2009. Em
seguida temos a metodologia de elaboração do mapa, onde fazemos referências ao
aspecto conceptual, aos métodos de elaboração o método directo e indirecto, as
vantagens e desvantagens sem deixar de lado o paradigma da utilidade do mapa.
Finalizando, apresentamos uma parte prática onde o objectivo é expressar em números
tudo o que foi divulgado teoricamente.
Palavras-chaves: Demonstração de Fluxo de Caixa, Demonstrações Financeiras,
Utilidade da Informação.

2
ABSTRACT

In the global context, along with the virtue of the economic complexity, from the
expansion and the competition of the markets, there is an essential increase of the
companies looking forward for instruments that will assist them in planning and
control the resources so that these would be used in the most adequate way, in a way to
guaranty company’s activity and to accomplish the objectives intended by the
company. Company’s success requires more and more the use of appropriated financial
practice. The reality demonstrates managers eager for relevant information that will
support his/her process of decision. So therefore the work entitled “The Importance of
Cash Flow” and its paradigm of utility was elaborated according to the bibliographic
and exploratory research about the topic in question, having as support articles, books
and dissertations. Its main objective is to emphasize the importance of the Cash Flow
Statement as an instrument for the managers to obtain efficiency in the financial
management of its corporation. For that, we start with an historical review of the
statement in study. Secondly we make a theoretical approach where we reflect on the
Cash Flow, its objectives, its national and international official standards and the
statement of Cash Flows in Cape Verdean market before 2009. After that, there is the
methodology of the design of the statement, where we refer to the conceptual aspects,
the direct and indirect methods of design, the advantages and disadvantages without
letting out the paradigm of utility of the statement. Finally, we present a practical case
illustrating in numbers the whole thing that was presented theoretically.
Key-words: Cash Flow Statement, Financial Statement, Information Usefulness.

3
LISTA DE ABREVIATURAS

AICPA American Institute Certified Public Board


APB Accounting Principles Board
FASB Financial Accounting Standard Board
IASC Internation Accounting Standard Committee
NIC Normas Internacionais da Contabilidade
EU União Europeia
CNC Comissão normalização contabilística
DFC Demonstração de Fluxo de caixa
POC Plano Oficial de Contabilidade
EC Estrutura Conceptual
Sistema Normalização Contabilística e de Relato
SNCRF Financeiro
AP Administração Publica
PNC Plano Nacional de Contabilidade
NRF Normas de Relato Financeiro

4
LISTA DE FIGURAS

FIGURA I – O contributo das diferentes actividades para a obtenção de caixa e


equivalentes de caixa ………………… ……………………. Pag 18

5
LISTA DE QUADROS
Pag:

QUADRO I – Modelo de demonstração de fluxo de caixa pelo método directo,


……………………………………………………………….pag. 34
QUADRO II – Modelo de demonstração de fluxo de caixa pelo método indirecto,
……………………………………………………………….pag. 36
QUADRO III – Balanço da empresa XXX para ilustração prática, …….……...pag. 45
QUADRO IV – Demonstração de resultado da empresa XXX…………………pag. 46
QUADRO V – Demonstração de fluxo de caixa da empresa XXX pelo método directo,
…………………………………………………………....….Pag. 47
QUADRO VI – Demonstração de fluxo de caixa da empresa XXX pelo método
directo ……………………………………………………… pag. 48

6
INTRODUÇÃO

Contextualização
Cabo verde é um pequeno país insular, situado no Oceano Atlântico, a
aproximadamente 500 km da costa ocidental da África, em frente ao Senegal e
aproximadamente a 2.890km de Portugal.
Tem particularidade própria dos pequenos Estados, o que não pode ser ignorado na
análise da sua estrutura política, social e, principalmente, económica, pois por ser um
país pequeno, a sua economia é aberta e com forte dependência do comércio e da ajuda
externa, assim como das remessas dos emigrantes. A economia do país, em virtude do
clima desértico em todo o território, ressente-se de uma carência generalizada dos
recursos naturais.
Deste modo a economia Cabo-verdiana enfrenta alguns problemas e restrições que
colocam algumas dificuldades para o seu desenvolvimento tais como falta de recursos
naturais, forte pressão da população sobre esses recursos, reduzida dimensão territorial,
insularidade, descontinuidade territorial, escassez de recursos hídricos, secas
prolongadas, forte crescimento demográfico.
A política económica que vem sendo adoptada pelos governos de Cabo Verde é
marcada principalmente pelas profundas mudanças na estrutura do funcionamento da
economia Cabo-verdiana, por causa da liberalização e privatização de importantes
ramos da actividade económica, como também a emergência de novos protagonistas.
Do ponto de vista económico o País insere-se no mundo globalizado, ou seja, numa
unidade sistémica com relações de interdependência e de maior equilíbrio nas relações
entre os estados onde existe liberdade de comércio entre as nações, liberdade de
circulação entre pessoas, bens, capitais, tecnologia, conhecimento, salvaguardando o
equilíbrio ecológico, os objectivos do desenvolvimento e bem-estar.
A paridade fixa do Escudo ao Euro e baixa taxa de inflação (aliada a sua fraca
flutuação) surgem como factores positivos nesta relação.

7
Com a globalização e o avanço das tecnologias de informação, o conhecimento tornou-
se um meio de auferir vantagem competitiva.
A contabilidade tem vindo a acompanhar a dinâmica do mundo dos negócios
ajustando-se às novas realidades.
A contabilidade, além da obrigatoriedade legal, enquanto instrumento de boa gestão e
protecção da integridade patrimoniais, é indispensável a qualquer organização,
contribuindo para a racionalidade e eficiência da entidade.
A utilidade da contabilidade em Cabo Verde não é vista da mesma forma por todos os
operadores, visto que existem entidades que apresentam a contabilidade quer mensal,
ou anual meramente por questões fiscais mas, por outro lado temos gestores, que se
preocupam com a “saúde “ das sua entidade procurando retirar da contabilidade toda a
informação possível, para uma boa gestão.
Dada a complexidade das relações económicas e as ligações entre as empresas, Cabo
Verde, como a maior parte dos Países nos diversos pontos do Globo, aderiu ao Sistema
de Normalização Contabilística e de Relato Financeiro, inspirado e/ou adaptado das
normas emanadas pelo IASB.
E uma das novidades é a obrigatoriedade da apresentação, a quem de direito, de uma
demonstração do fluxo de caixa no processo de relato financeiro, fornecendo aos
gestores um mapa de informação financeira para uma melhor gestão contribuindo não
só para criação de valor para a entidade mas também para a sociedade.

O objectivo do trabalho
Com o trabalho pretendemos pôr em relevo a importância que a demonstração de fluxo
de caixa tem para quem quer analisar e conhecer uma organização e o seu negócio, e
bem assim a forma como os valores são gerados e aplicados.
A relevância desta deve ser vista em três dimensões (i) na segregação das operações
em função das actividades (ii) na informação relatada que cobre um período financeiro
e não apenas uma data como é o caso do balanço, e (iii) na divulgação de uma
informação sem influência de julgamentos, como é o caso da demonstração de
resultados ao incluir registos de amortizações, provisões e acréscimos.

8
A estrutura do trabalho
O tema é abordado em quatro capítulos: o primeiro reporta-se à história da
demonstração de fluxo de caixa; o segundo visa sistematizar os aspectos teóricos
necessários para o enquadramento e compreensão do mapa da demonstração de fluxo
de caixa; no terceiro capítulo refere-se a metodologia na elaboração da demonstração
de fluxo de caixa; no quarto capítulo faremos o estudo de um caso prático.

9
1. A HISTORIA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

No século XIX e nas primeiras décadas do século XX, a óptica de caixa (“cash Basis”)
veio a ser substituída pela óptica do acréscimo (“accrual basis”) no apuramento do
resultado. O apuramento deste, para além do apuramento das vendas e dos consumos,
suscitava a necessidade de efectuar determinadas periodizações de gastos e
rendimentos.
O movimento de harmonização contabilística, que entretanto ocorreu, muito contribuiu
para a divulgação da perspectiva do acréscimo no cálculo do resultado de cada
exercício.
Além disso, deve-se salientar que, na referida perspectiva do resultado, o excedente de
caixa do exercício constitui uma grandeza real, mais objectiva e mais facilmente
identificável. Por isso, os gestores são naturalmente mais receptivos e mais sensíveis a
um “resultado” que esteja expresso como excedente líquido, em contraste com o
excedente económico que aparece diluído pelos elementos patrimoniais sem uma
identificação definida.
Por outro lado, os fluxos de caixa constituem grandezas relevantes nos processos de
análise do investimento e do financiamento, bem como na avaliação de empresas.
Até a II Grande Guerra, a Demonstração de fluxo de caixa não foi considerada
relevante para os gestores e analistas financeiros. Nas décadas posteriores, começou a
surgir num número crescente de relatórios anuais das empresas em que se notava falta
de uniformidade na terminologia, no âmbito e no formato.
A informação então divulgada cingia-se à comparação da situação financeira de um
balanço para outro, não se explicitando as divergências entre os resultados constantes
dos documentos de prestação de contas e os fundos disponíveis para a distribuição de
dividendos, pagamentos de dívidas e aquisição de activos fixos.
Considerando a ausência destas informações nas contas, o “American Institute of
Certified Public Accountants (AICPA)” publicou, em 1961, um estudo de pesquisa
contabilística intitulado “Analise dos Fluxos de Caixa e o Mapa de origens e

10
Aplicações de Fundos”, da autoria do “Accounting Principles Board (APB)”,
instituição igualmente norte americana.
A publicação não obrigatória deste mapa ganhou popularidade até 1971, ano em que o
APB publicou a opinião nº 19 em que considerava que um mapa financeiro devia ser
divulgado para preencher as lacunas entre o balanço, a demonstração de resultados e a
aplicação de resultados.
Nos anos oitenta, aumentou o interesse do mapa em causa, designadamente na
importância em divulgar os fluxos de caixa aos destinatários dos documentos de
prestação de contas face às suas expectativas.
A clareza e a utilidade desta informação, aliadas à comparabilidade dos documentos,
foram determinantes para que o “Financial Accounting Standard Board (FASB)”
elaborasse um memorando em que resumia a importância dos fluxos e da liquidez
financeira.
A referida falta de comparabilidade entre os documentos de prestação de contas de
várias entidades, acrescida do reconhecimento da importância das informações
referentes aos fluxos de caixa, levaram a FASB a aprovar, em 1987, a norma 95 –
“Demonstração dos Fluxos de Caixa” que revogou a citada opinião nº19.
A norma FASB nº 95 exige que uma empresa, para além de elaborar um conjunto de
documentos de prestação de contas em que divulgue não apenas a respectiva situação
financeira, mas também os resultados das suas operações, deve igualmente elaborar
uma demonstração de fluxo de caixa para cada período em que traduza, em unidades
monetárias, os resultados das operações. Esta exigência aplica-se a todas as empresas,
incluindo instituições financeiras e pequenas empresas.
O “International Accounting Standard Committee (IASC)”, (actualmente IASB-
International Accounting Standard Board), aprovou entretanto a Norma Internacional
de Contabilidade (NIC) nº 7, intitulada “Statement of Changes in Financial position”,
que foi revista e substituída em Outubro de 1992 pela Demonstração de Fluxo de
Caixa, passando a vigor a partir de 1 de Janeiro de 1994.
A nível dos Países da União Europeia, o interesse por esta demonstração vem
aumentando, havendo vários países membros que desenvolveram estudos nesse
sentido (Alemanha, Dinamarca, Holanda e Portugal).

11
No seguimento das respostas a um inquérito distribuído em meados de 1993, o Fórum
consultivo da contabilidade que era um organismo de consulta criado no âmbito da XV
Direcção Geral da União Europeia (U.E.) decidiu criar um grupo de trabalho com o
objectivo de preparar um documento, entretanto aprovado e eventualmente
recomendado pela União aos Países membros.
O documento de trabalho elaborado pelo grupo foi intitulado “CASH FLOW
STATEMENTS” e foi objecto de discussão pelos membros do Fórum nas reuniões
entretanto havidas. Contudo, não foi fácil obter consensos nesta matéria o que faz
repensar certas ópticas contabilísticas amplamente praticadas e divulgadas nos países
europeus.
Embora a Demonstração dos Fluxos de Caixa possa ser vista como o resultado do
processo evolutivo atrás descrito, representa uma mudança importante das anteriores
práticas de divulgação contabilística, baseadas em informações preparadas numa base
na contabilidade em regime de acréscimo e que constam dos documentos de prestação
de contas. A demonstração em causa evidencia as informações preparadas numa base
de caixa.
Por outro lado, a Demonstração de Fluxos de Caixa veio dar um passo importante na
divulgação objectiva do Mapa da demonstração de origem e aplicação de fundos como
um meio de reconciliar as alterações das rubricas do balanço de um momento para
outro.
Importa referir que as maiores dificuldades, ao nível das exigências da preparação e
divulgação, se concentram na classificação rigorosa das categorias de fluxo de caixa
operacionais, de investimento e de financiamento.
Em alguns países a filosofia adoptada para Demonstração de Fluxo de Caixa
acompanhou o modelo previsto nas NIC. Na verdade, as necessidades de informação
baseada na comparação de montantes insertos nas rubricas de dois balanços sucessivos
passaram a assentar nas variações de tesouraria e suas mutações (caixa e seus
equivalentes) entretanto havidas.
Assim, o relatório dos auditores externos sobre as contas anuais das entidades
abrangidas pelo Código do mercado de Valores Mobiliários, divulgado pela Câmara
dos Revisores Oficiais de Contas aos seus membros em Abril de 1993, tinha em vista o

12
parecer sobre as contas de 1992 e previa a enumeração de informações financeiras
suplementares, designadamente:

i. Fluxos líquidos de caixa relativos às actividades operacionais, seja pelo método


directo, seja pelo método indirecto;
ii. Pagamentos e recebimentos relacionados com as actividades de investimento
em activos fixos tangíveis, intangíveis e financeiros;
iii. Pagamentos e recebimentos relacionados com o financiamento, quer por capital
alheio, quer por capital próprio;
iv. Conciliações dos movimentos acima descritos com a variação ocorrida nas
contas de caixa e equivalentes entre o inicio e o fim do período.

Tal exigência surge no seguimento dos trabalhos desenvolvidos pela comissão de


normalização contabilística (CNC) que criou um grupo de trabalho integrando três
membros da Comissão Executiva e que elaborou um projecto da Directriz nº14 –
Demonstração de Fluxo de Caixa, aprovada em reunião do Conselho Geral de 7 de
Julho de 1993 e publicada no Diário da Republica, II série, de 17 de Dezembro do
mesmo ano, em anexo ao regulamento nº 93/11 da Comissão de Mercado dos Valores
Mobiliários. O regulamento em causa foi de aplicação já em 1993 por parte das
empresas cotadas, admitindo-se nesse ano a adopção do método indirecto na
elaboração da referida Demonstração.
Entretanto, a CNC propôs ao Governo um projecto de diploma que tornasse
obrigatória a elaboração desta Demonstração Financeira por parte das sociedades
obrigadas a terem revisão legal de conta, o que veio a ter consagração no Decreto – Lei
nº 79/2003, de 23 de Abril.
Em Cabo Verde esta demonstração só passou a ser de apresentação obrigatória com a
aprovação e entrada em vigor a 1 de Janeiro de 2009 do Sistema de Normalização
Contabilística e de Relato Financeiro, (Norma de Relato Financeiro nº 21)

1
Que é uma adaptação da norma do IASB

13
2. ENQUADRAMENTO TEORICO E NORMATIVO

2.1. Conceito de fluxos de caixa

A definição de fluxo de caixa, apesar de aparentemente simples, gera uma série de


interpretações. Conforme António Borges & Azevedo Rodrigues no livro
Contabilidade e Finanças para Gestão (2008,P.44) a demonstração de fluxo de caixa é
um quadro de informação histórica detalhada que evidencia os recebimentos e os
pagamentos de uma empresa, durante um determinado período de tempo. Trata-se de
um quadro que visa responder a uma questão simples mas que preocupa muitos
empresários que é saber de onde veio o dinheiro e onde foi aplicado.

Importa dizer que no âmbito da demonstração de fluxo de caixa, a palavra caixa tem
um significado mais amplo do que aquele por que vulgarmente é conhecida.2
Com efeito, caixa compreende o numerário e os depósitos bancários facilmente
mobilizáveis. Por outro lado, é utilizado a expressão equivalentes de caixa que
compreende os outros depósitos bancários e os investimentos de curto prazo cuja
conversão em numerário possa efectuar-se sem grandes riscos de alteração de valor no
prazo máximo de três meses a contar da data da sua constituição ou aquisição.
São ainda de incluir como componentes negativos dos equivalentes a caixa os
descobertos bancários.
De um modo geral, a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) vem apresentar
informações sobre os fluxos das transacções e eventos que afectaram o caixa da
empresa ao longo de um determinado período, de forma organizada e estruturada por
actividades, permitindo uma melhor compreensão e articulação entre os diversos
componentes das demonstrações financeiras. Por desta demonstração é possível avaliar

2
Que segundo o Plano Oficial de Contabilidade (POC) inclui os meios de pagamento, tais como notas
de banco e moedas metálicas de curso legal, cheques e vales postais, nacionais ou estrangeiros

14
as alternativas de investimentos e as razões que provocaram as mudanças da situação
financeira da empresa.
Uma análise cuidada desta demonstração permite que a empresa tenha controlo sobre
as entradas e as saídas de dinheiro, possibilitando, assim, que importantes decisões
sejam tomadas em momentos oportunos. Normalmente estas decisões têm por
objectivo maximização dos resultados pretendidos. Assim, a DFC é um importante
mapa para a análise e o planeamento financeiro.
Tradicionalmente, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício
são os demonstrativos mais utilizados para análise económica e financeira. A
informação prestada pelo balanço é de natureza estática3, tem significado na data a que
se reporta, dando a conhecer os recursos financeiros da empresa e sua estrutura de
financiamento. Por sua vez, a demonstração de resultados, que cobre a actividade
económica da empresa, permite conhecer o seu desempenho durante um determinado
período (se no período a empresa teve resultado positivo ou negativo) e o que contribui
para tal.
Estes quadros são produzidos em regime de acréscimo4. Dado que estes regime põe em
relevo a realidade económica das operações em detrimento da realidade financeira
(receitas e despesas) e monetária (recebimentos e pagamentos), A DFC vem preencher
uma lacuna informativa mostrando qual a variação dos meios monetários (caixa) no
período e o que a originou.
Frequentemente encontramos empresas que apresentam lucros, mas que na realidade
tem problemas de liquidez apresentando dificuldades financeiras e por outro lado
existem empresas que apresentam liquidez mas que no fundo registam prejuízos em
termos económicos.

3
Traduz a posição financeira da entidade numa determinada data.
4
De acordo com a Norma de Relato Financeiro Nº 1 “uma entidade deve preparar as suas DF´s (excepto
para a informação de fluxo de caixa) utilizando o regime de acréscimo. De acordo com a Estrutura
Conceptual do IASB, (e adoptada pelo Sistema de Normalização Contabilística e Relato Financeiro –
SNCRF). sob este regime os efeitos das operações e de outros acontecimentos são reconhecidos quando
elas ocorrem (e não quando o dinheiro ou o seu equivalente seja recebido ou pago) sendo registadas nos
livros contabilísticos e relatadas nas demonstrações financeiras dos períodos com os quais se relacionem.

15
O mapa de DFC juntamente com os demais demonstrativos, servem de suporte para
completar e consolidar o processo de análise da situação das entidades.
É de se admitir como resultado desta análise uma visão mais clara de como a empresa
está a operar na sua exploração, se as obrigações estão a ser pagas em tempo oportuno
pois o fluxo de caixa não tem só um poder informativo para os responsáveis da
tesouraria, mas também para os detentores do capital, pois poderá ser utilizado para
prever qual a melhor decisão a tomar para todos os interessados na informação
financeira da empresa. De acordo com a Estrutura Conceptual (EC) do IASB
(adoptado pelo nosso SNCRF) as seguintes entidades são consideradas como utentes
das DFs.:
(a) Os investidores preocupam-se com os riscos inerentes aos seus investimentos
e com a taxa de rendimento que os mesmos proporcionam. Assim sendo,
necessitam de informação que os ajude na decisão de investir/desinvestir. Os
accionistas estão, por seu lado, interessados na informação que lhes possibilite
avaliar da capacidade da empresa em pagar os seus dividendos e aumentar o
valor da sua participação financeira.
(b) Financiadores – eles estão interessados na informação que lhes possibilite
avaliar se os seus empréstimos e correspondentes juros serão pagos nas datas
de vencimento.
(c) Trabalhadores – a eles e aos seus grupos representativos (sindicatos,
associações profissionais) interessa-lhes não só informação acerca da
estabilidade e eficácia das organizações como também informação que lhes
permita avaliar a sua capacidade de fazer face às remunerações, pensões de
reforma, manutenção do emprego.
(d) Fornecedores – eles estão interessados na informação que lhes possibilite
verificar se as quantias devidas são pagas nas respectivas datas de vencimento,
bem como do potencial da empresa em termos da sua actividade futura.
(e) Clientes – a eles têm interesse em verificar que existem condições para a
continuidade da sua fonte de investimento.

16
(f) Administração Publica (AP) – para a AP as empresas são vistas em diferentes
perspectivas. São fonte de uma parte significativa das receitas do Orçamento,
são empregadores, são utentes do serviço público.
(g) Público em geral - reconhece-se a crescente importância social das empresas,
pelo impacto que tem na comunidade. Assume principalmente relevância a
prestação de informação das empresas cotadas em Bolsa.

As actividades empresariais são planeadas e orientadas para obterem resultados


satisfatórios. Para alcançarem estes resultados é fundamental monitorar o fluxo de
caixa. Ele deve ser actualizado constantemente visto que o dinamismo é uma das
características principais deste mapa financeiro.
Para efeitos da demonstração de fluxo de caixa, os recebimentos e os pagamentos da
entidade são classificadas nas três actividades seguintes:

- Actividades operacionais são as principais actividades produtoras de rédito da


empresa e outras actividades que não sejam de investimento ou de
financiamento;
Na realidade, o conceito de fluxo de caixa quer dizer meios libertos, ou liquidez.
Dos vários níveis de meios libertos, aqui interessa-nos apenas referir o que
resulta directamente da actividade operacional e dos seus impactos não só a
nível de resultados (resultado operacional), mas também na variação de fundo de
maneio. Assim o fluxo de caixa de exploração vária na razão directa do
resultado operacional e na razão inversa da variação das necessidades em fundo
de maneio. Quando maior for o resultado operacional tanto maior poderão ser os
meios libertos operacionais, quando mais elevadas forem as necessidades em
fundo de maneio, menor será a liquidez (meios libertos) da empresa. Isto porque,
o aumento das necessidades de fundo de maneio, esta directamente relacionada
com o aumento de crédito a clientes (menores são as cobranças) e inversamente,
com o aumento do crédito de fornecedores (maiores serão os pagamentos);

17
- Actividades de investimento são a aquisição e alienação de activos a longo
prazo e de outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa, e
- Actividades de financiamento são as actividades que têm como consequência
alterações na dimensão e composição do capital próprio e nos empréstimos
obtidos pela empresa.

Estes serão desenvolvidos no capítulo 3 do presente trabalho onde iremos falar das
metodologias utilizadas para a elaboração dos mapas de fluxo de caixa.

Figura I – O contributo das diferentes actividades para a obtenção de caixa e


equivalentes de caixa

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA

Variação de caixa e
Actividades equivalentes de caixa Actividades
(Influxos) (Exfluxos)

Fluxo gerado pelas actividades


Operacionais operacionais Operacionais

Fluxo gerado pelas actividades


De Investimento de Investimento
de investimento

De Financiamento Fluxo gerado pelas actividades de Financiamento


de financiamento

Efeito das diferenças de


cambio

Fonte: Costa Carlos &Alves Gabriel (2005)

18
2.2. Os objectivos da demonstração do fluxo de caixa

O fluxo de caixa é um instrumento aparentemente simples de ser definido, mas pode


tornar-se difícil demonstrá-lo dentro de determinado padrão.
Por isso, com a utilização da Demonstração do Fluxo de Caixa, o usuário dessa
demonstração tem uma visão de planeamento, de tomada de decisão e cede ao gestor a
capacidade em lidar com muitas acções respeitantes ao caixa.
Essa demonstração pode permitir que investidores, credores e outros usuários avaliem:
- A capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;
- A capacidade de a empresa honrar os seus compromissos, pagar dividendos e
retornar os empréstimos obtidos;
- A liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa;
- O grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;
- Os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transacções de
investimentos e de financiamentos.

O objectivo principal da DFC é de proporcionar informação sobre os recebimentos e


pagamentos de uma empresa, ocorridas durante um determinado período.
Um outro objectivo importante do mapa de fluxo de caixa é proporcionar aos utentes
da informação financeira uma análise criteriosa do desempenho do fluxo financeiro da
empresa, pois só assim o gestor poderá aferir os resultados, visualizar as dificiencias e
evitar eventuais desajustes logo, conduzir a uma melhor tomada de decisão.
Conhecer o desempenho e as necessidades do fluxo financeiro é de grande utilidade
para a gestão empresarial, pois esse conhecimento é peça indispensável para apreciar a
situação financeira da empresa e fazer a previsões futura.

Por meio de uma gestão de caixa adequada chegar-se-á a maiores lucros em função,
sobretudo, da diminuição das despesas financeiras.
Sendo este mapa um importante instrumento de gestão, possibilita que a empresa
conhecer o volume de capital necessário, para programar os compromissos futuros,

19
bem como sistematizar a locação de recursos para suprimento de caixa e/ou
investimentos.
A informação sobre fluxo de caixa é uma informação de natureza monetária e
financeira da empresa. É através do fluxo financeiro que as empresa planeiam e tomam
decisões importantes de investimentos, de financiamentos e de distribuição de recursos
importantes para a continuidade do empreendimento.
Evidentemente, todos os factos descritos acima, principalmente a decisão de
distribuição de recursos (dividendos, juros), dependem de outros eventos e políticas da
empresa. A existência pura e simples de caixa não determina a distribuição obrigatória
desses recursos e tão pouco a existência pura e simples de lucro não determina que a
empresa tenha que distribuí-los. O caso pratico é disto um bom exemplo.

Aliás, uma Demonstração de Fluxo de Caixa deve evidenciar e explicar o facto de que
disponibilidade de caixa não significa lucro, e lucro nem sempre significa
disponibilidade de caixa.

2.3. A demonstração de fluxo de caixa no normativo contabilístico internacional

Para o International Accounting Standards Committee (IASC), as informações sobre


os fluxos de caixa de uma empresa, são úteis, à medida que proporcionam aos usuários
das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a empresa gerar
caixa e valores equivalentes a caixa e as necessidades da empresa para utilizar esses
fluxos de caixa.
Para o IASC as informações sobre o fluxo de caixa da empresa também tem sua
importância destacada pois:

- Quando utilizada em conjunto com as demais demonstrações contábeis,


proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos
activos líquidos de uma empresa, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e

20
solvência) e sua capacidade para afectar as importâncias e prazos dos fluxos de
caixa a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e as oportunidades.
Uma das maiores preocupações não só dos gestores das entidades mas também dos
utentes da informação financeira é precisamente nos rácios de solvabilidade e de
liquidez pois nelas podemos ter uma visão clara sobre a situação monetária da
entidade.
A solvabilidade avalia a capacidade da entidade para fazer face aos seus
compromissos com terceiros obtendo indicações sobre o risco que os credores
correm em relação a decisões de concessão de crédito a empresa.

- São úteis para avaliar a capacidade da empresa produzir recursos de caixa e valores
equivalentes e habilitar os usuários a desenvolver modelos para avaliar e comparar
o valor presente e futuro de caixa de diferentes empresas;

- Aumenta a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional por


diferentes empresas, porque elimina os efeitos decorrentes do uso de diferentes
tratamentos contábeis para as mesmas transacções e eventos;

- Possibilita o uso das informações históricas sobre o fluxo de caixa como indicador
da importância, época e certeza de futuros fluxos de caixa;

- É útil para conferir a exactidão de avaliações anteriormente feitas de futuros fluxos


de caixa e examinar a relação entre o lucro e o fluxo de caixa líquido, e o impacto
de variações de preço.

21
2.4. A demonstração de fluxo de caixa no novo Normativo Contabilístico Nacional

O Sistema de Normalização Contabilística e de Relato Financeiro (SNCRF) aprovado


pelo Decreto-Lei nº 5/2008 de 4 de Fevereiro e a vigorar em Cabo Verde desde 1 de
Janeiro de 2009 veio substituir o Plano Nacional de Contas (PNC) aprovado pelo
Decreto-lei nº4/84, de 30 de Janeiro, com o objectivo de acompanhar os
desenvolvimentos havidos nas directivas internacionais quanto a qualidade da
informação financeira. É tido como consequência normal do efeito da harmonização
contabilística internacional e visa pôr o País em condições de produzir informações
contabilísticas que possam ser lidas e comparadas em qualquer ponto do globo. O
sistema fiscal encontra-se presentemente em fase de ajustamento e adaptações
necessárias para poder estar em sintonia com esta nova realidade e, responder por
outro lado, modernização do tecido económico do pais e do mercado de capitais.
A contabilidade, alem de importante enquanto sistema de produção de informações
para uma boa gestão e protecção da integridade patrimoniais, é indispensável a
qualquer organização económica e social, contribuindo para a racionalidade e
eficiência na utilização dos recursos da empresa.

A demonstração de fluxo de caixa sendo uma demonstração financeira estabelecida


pelas normas de relato financeiro do novo normativo contabilístico aparece como uma
demonstração financeira de carácter obrigatório. No artigo 7º do Decreto-lei nº 5/2008
podemos ler: “ As entidades sujeitas ao SNCRF são obrigadas a apresentar as
seguintes demonstrações financeiras:
a) Balanços;
b) Demonstração dos Resultados por Natureza;
c) Demonstração das Alterações no Capital Próprio;
d) Demonstração dos Fluxos de Caixa, pelo método directo ou pelo método
indirecto;
e) Anexo.”
Este normativo dispensa as pequenas entidades da apresentação deste mapa.

22
Os procedimentos para a elaboração do mapa de fluxos de caixa encontra-se vertidos
na Norma de Relato Financeiro – NRF - Nº2 do SNCRF.
Esta norma tem como objectivo prescrever as bases quanto a estrutura e conteúdo da
demonstração de fluxo de caixa, por forma a assegurar a comparabilidade quer com a
demonstração de fluxo de caixa, da entidade, apresentada no período anterior, quer
com a demonstração de fluxo de caixa de outras entidades.

2.5. A demonstração do fluxo em Cabo Verde antes de 2009

A existência desta demonstração no mercado cabo-verdiano, até finais de 2008 era


praticamente inexistente.
Tal facto teve reflexo directo no nosso trabalho uma vez que pretendíamos identificar
uma empresa que tivesse a pratica de elaborar esta demonstração e aproveitarmos para
fazer o estudo do caso. Lamentavelmente, das muitas pesquisas feitas não
conseguimos uma empresa que elaborasse este quadro.
Em alternativa iremos socorrer de dados de uma empresa e elaborar os quadros e fazer
a apreciação consciente de que não terá o mesmo impacto.
Contudo, e como forma de suprimir parcialmente esta lacuna em termos financeiros
existia o Mapa de Origem e Aplicação dos fundos, mas como se disse estes dois
quadros no limite podem ser complementares, sendo todavia, distinta a qualidade da
informação que ambos apresentam.

23
3. METODOLOGIA NA ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO
DE CAIXA

3.1. Aspectos conceptuais

Tal como refere as Normas de Relato Financeiro 2 (NRF) do Sistema de Normalização


Contabilística de Relato Financeiro (SNCRF) o mapa deve relatar os fluxos de caixa
durante o período, classificado por actividades operacionais, de investimento e de
financiamento conforme estabelecida na referida NRF.
O mapa é apresentado em três grandes grupos:

Actividades operacionais
A quantia de fluxos de caixa proveniente de Actividades Operacionais é um indicador
chave na medida em que as operações da entidade geraram fluxos de caixa suficientes
para pagar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar
dividendos e fazer novos investimentos, sem recurso a fontes externas de
financiamento. A informação acerca dos componentes específicos dos fluxos de caixa
operacionais históricos é útil, na previsão de futuros fluxos de caixa operacionais.
Os fluxos de caixa das actividades operacionais são principalmente derivados das
principais actividades geradoras de réditos da entidade5. Por isso, eles são geralmente
consequência das operações e outros acontecimentos que entram na determinação dos
resultados da entidade. Exemplos de fluxos de caixa de actividades operacionais são:
(a) Recebimentos de caixa provenientes da venda de bens e da prestação de
serviços;
(b) Recebimentos de caixa provenientes de royalties, honorários, comissões e
outros réditos;
(c) Pagamentos de caixa a fornecedores de bens e serviços;
(d) Pagamentos de caixa a e por conta de empregados;

5
Normalmente directamente relacionados com o objecto social da entidade

24
(e) Pagamentos ou recebimentos de caixa por restituições de impostos sobre
rendimento, a menos que estes se relacionem com as outras actividades; e
(f) Recebimentos e pagamentos de caixa de contratos detidos com a finalidade de
negócio.

Algumas transacções, tal como a alienação de um elemento do activo fixo tangível


originam ganhos ou perdas que são incluídos na demonstração dos resultados.
Contudo, os fluxos de caixa relacionados com estas transacções são classificados como
pertencentes a actividades de investimento.
Uma entidade pode deter títulos e empréstimos para finalidades do negócio, situação
em que são similares a inventários adquiridos especificamente para revenda por isso,
os fluxos de caixa provenientes da compra e venda de títulos para negociar ou
comercializar são classificados como actividades operacionais. De forma semelhante,
os adiantamentos de caixa e empréstimos feitos por instituições financeiras são
geralmente classificados como actividades operacionais desde que se relacionem com
as principais actividades geradoras de rédito dessa entidade.
Os fluxos de caixa provenientes das actividades operacionais são relatados pelos seus
montantes brutos (método directo) podendo, as seguintes situações ser relatados numa
base líquida:
- Recebimentos e pagamentos por conta de clientes quando o fluxo de caixa
reflicta actividades do cliente e não os da empresa, nomeadamente:
I. Aceitação e reembolso de depósitos a ordem de um banco;
II. Rendas cobradas por conta de, e pagas, a possuidores de propriedade.

- Recebimentos e pagamentos dos itens em que a rotação seja rápida, as quantias


sejam grandes e os vencimentos sejam curtos, nomeadamente quantias de
capital relacionadas com clientes de cartões de crédito.

25
A actividade operacional é a parte vital de uma organização porque é através dela que
a organização vai conseguir desenvolver as outras actividades.
Se num dado momento uma entidade apresentar valores negativos na actividade
operacional isto quer dizer que ela não esta a conseguir cria valor logo não consegue
atingir os seus objectivos.
Em consequência de uma entidade não gerar valores na sua actividade operacional,
isto é, não possuir meios monetários para fazer face às suas obrigações, terá
dificuldades em desenvolver as restantes actividades. (Investimento e financiamento)
Assim, podemos dizer que no mínimo a entidade tem que ter uma actividade
operacional positiva para gerar resultados e para o seu bom funcionamento.

Actividades de Investimento
A divulgação separada dos fluxos de caixa provenientes das actividades de
investimento é importante porque os fluxos de caixa representam a extensão pela qual
os dispêndios foram feitos relativamente a recursos destinados a gerar rendimento e
fluxos de caixa futuros. São exemplos de fluxos de caixa provenientes de actividades
de investimento:
(a) Pagamentos de caixa para aquisição de activos fixos tangíveis, intangíveis e
outros activos a longo prazo. Estes pagamentos incluem os relacionados com
custos de desenvolvimento capitalizados e activos fixos tangíveis auto-
construídos;
(b) recebimentos de caixa por alienação de activos fixos tangíveis, intangíveis e
outros activos a longo prazo;
(c) pagamentos de caixa para aquisição de instrumentos de capital próprio ou de
dívida de outras empresas e de interesses em empreendimentos conjuntos (que
não sejam pagamentos dos instrumentos considerados como sendo
equivalentes de caixa ou dos detidos para fins negociáveis ou
comercializáveis);
(d) recebimentos de caixa de vendas de instrumentos de capital próprio ou de
dívida de outras empresas e de interesses em empreendimentos conjuntos (que

26
não sejam recebimentos dos instrumentos considerados como equivalentes de
caixa e dos detidos para fins de negociação ou de comercialização);
(e) adiantamentos de caixa e empréstimos feitos a outras partes (que não sejam
adiantamentos e empréstimos feitos por uma instituição financeira);
(f) recebimentos de caixa provenientes do reembolso de adiantamentos e de
empréstimos feitos a outras partes (que não sejam adiantamentos e
empréstimos de uma instituição financeira);
(g) Pagamentos de caixa para contratos de futuros, contratos de forwards,
contratos de opção e contratos de swap excepto quando os contratos sejam
mantidos para fins de negociação ou de comercialização, ou os pagamentos
sejam classificados como actividades de financiamento;
Os produtos financeiros acima mencionados não representam qualquer
emissão de divida (emissão de obrigação ou contratação de empréstimos) ou
de capitais próprios (emissão de acções), mas somente destinados a
salvaguardar a rendibilidade de determinadas operações financeiras ou a
proteger o risco de certos activos ou passivos, mais concretamente a cobertura
dos riscos cambial ou da taxa de juro das operações de financiamento
assumidas pela entidade.
(h) recebimentos de caixa de contratos de futuros, contratos forwards, contratos
de opção e contratos de swap, excepto quando os contratos sejam mantidos
para fins de negociação ou de comercialização, ou os recebimentos sejam
classificados como actividades de financiamento.
Quando um contrato for registado como cobertura de uma posição
identificável, os fluxos de caixa do contrato serão classificados da mesma
maneira que os fluxos de caixa da posição que esteja a ser cobertos.

Os fluxos de caixa provenientes das actividades investimento são relatados pelos seus
montantes brutos podendo, as seguintes situações ser relatados numa base líquida:

27
- Recebimentos e pagamentos por conta de clientes quando o fluxo de caixa
reflicta as actividades do clientes e não os da empresa, nomeadamente fundos
detidos para clientes por uma empresa de investimentos;

- Recebimentos e pagamentos dos itens em que a rotação seja rápida, as quantias


sejam grandes e os vencimentos sejam curtos, nomeadamente compra e venda
dos investimentos financeiros.

Podemos ainda dizer que as transacções de investimento que não exijam o uso de caixa
e equivalentes de caixa devem ser excluídos da demonstração de fluxo de caixa
devendo essas operações ser divulgadas noutra parte das demonstrações financeiras de
tal forma que proporcionam toda a informação relevante a cerca das actividades de
investimento.

Actividades de Financiamento
A divulgação separada de fluxos de caixa provenientes das actividades de
financiamento é útil na prevsão de reivindicações futuras de fluxos de caixa pelos
fornecedores de capitais à empresa.
As actividades de financiamentos são aquelas que resultam de alterações na extensão e
composição dos empréstimos obtidos e do capital próprio da empresa, permitindo
estimar as necessidades de meios de pagamento e de novas entradas de capital, bem
como proporcionar aos financiadores informação sobre a capacidade de reembolso.
Podemos observar que num quadro relativamente estabilizado das políticas de
investimento da empresa a sua capacidade de reembolso decorre, não das actividades
de financiamento, mas sim, da tesouraria de exploração. Isto é, a tesouraria de
exploração é afectada pelas vendas líquidas, pelas variações de crédito, pelos custos de
exploração totais e pelas variações de stocks, e do crédito obtido. A tesouraria de
exploração é influenciada pela rendibilidade da empresa.
São exemplos de fluxos de caixa provenientes de actividades de financiamento:

28
(a) Proventos de caixa provenientes da emissão de acções ou de outros
instrumentos de capital próprio;
(b) Pagamentos de caixa a detentores para adquirir ou remir as acções da
empresa;
(c) entradas de caixa provindas da emissão de certificados de dívida,
empréstimos, livranças, obrigações, hipotecas e outros empréstimos obtidos
a curto ou longo prazo;
(c) Reembolsos de caixa de quantias de empréstimos obtidos; e
(d) Pagamentos de caixa por um locatário para a redução de uma dívida em
aberto relacionado com uma locação financeira.

Os fluxos de caixa provenientes das actividades de financiamento são relatados pelos


seus montantes brutos podendo os recebimentos e pagamentos dos itens em que a
rotação seja rápida, as quantias sejam grandes e os vencimentos sejam curtos,
nomeadamente empréstimos obtidos a curto prazo, como, por exemplo, os que tenham
um período de maturidade de três meses ou menos serem relatados numa base líquida

Os fluxos de caixa resultantes de transacções em moeda estrangeira devem ser


registados em moeda funcional de uma entidade mediante a aplicação em quantia de
moeda estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira a
data do fluxo de caixa.
Podemos ainda dizer que os ganhos e as perdas não realizadas provenientes de
alterações de taxa de câmbio de moeda estrangeira não são fluxos de caixa mas o
efeito das alterações das taxas de câmbio sobre o caixa e os seus equivalentes detidos
ou devidos numa moeda estrangeira é relatada separadamente na demonstração de
fluxo de caixa, a fim de reconciliar caixa e seus equivalentes no começo e no fim do
período.

Segundo António Caiado e Primavera Gil no livro Metodologias de Elaboração de


Fluxo de Caixa (2004) a metodologia a ser seguida na obtenção da demonstração de
fluxos de caixa envolve:

29
- Elaboração de um mapa comparativo para todas as posições do balanço, de
forma a apurar as variações dos activos circulantes que não disponibilidades e
das dívidas a pagar;

- Analise de elementos da demonstração de resultados no intuito de determinar:

III. Itens que constam dos resultados mas que não tiveram origem ou
efeitos nos movimentos financeiros;
IV. Itens que constam da demonstração de resultados mas, que pelo facto
de não serem considerados de carácter operacional deverão ser
reclassificados na demonstração de fluxo de caixa para actividades
de investimento e de financiamento;

- Análise de rubricas que não são activos circulantes ou dividas a pagar para
determinação das actividades de investimento e de financiamento;

- Elaboração da demonstração dos fluxos de caixa com base na informação


anterior.

As disponibilidades no início e no fim de determinado período são comparadas para


determinar a variação durante o período em análise.
Este valor não explica as variações nas disponibilidades, mas é o objectivo da análise
da demonstração de fluxo de caixa.
A informação sobre o fluxo de caixa da entidade pode ser evidenciada basicamente de
duas formas. Ou sobre operações de caixa realizadas em um período já ocorrido
descrevendo mudanças históricas no caixa da empresa, ou sobre operações de caixa da
empresa que ainda não ocorreram, e que, portanto, referem-se a operações
previsionais. Assim temos fluxos de caixa históricos e previsionais.

30
O fluxo de caixa previsional é mais utilizado pela gerência das entidades no
planeamento operacional e estratégico na gestão da actividade financeira, voltada para
o futuro, sendo de uso interno da organização.

No nosso entender uma razão básica para a elaboração da demonstração de fluxo de


caixa histórico é a possibilidade de avaliação da evolução da entidade por parte dos
utentes da informação.

A DFC histórica pode ser preparada a partir das outras demonstrações já elaboradas e
divulgadas pela empresa, permitindo uma análise das causas de modificação do caixa
da entidade e um estudo do seu comportamento financeiro ao longo do tempo.

O fluxo de caixa projectado por sua vez antecipa situações futuras de caixa, antevendo
“pontos críticos” que poderão ser antecipadamente tratadas ou situações de excesso de
caixa que poderão traçar orientações melhor adequabilidade dos recursos.
A importância de um ou de outro é relativa e poderá ser maior ou menor dependendo
do momento e da sua utilização. A antevisão do futuro possibilita agilidade na
adaptação a situações novas, o conhecimento do passado e a sua comparação ao
planeado constitui em elemento para novas decisões.
Para a projecção de futuros fluxos de caixa é importante considerar as oscilações que
possam eventualmente ocorrer e, que irão implicar em ajustes de valores projectados,
logo existe a necessidade de ter um planeamento do fluxo de caixa mantendo assim a
flexibilidade desse mapa.

O Resultado líquido, no método indirecto, é o ponto de partida para a análise das


actividades operacionais.
Esse resultado pode ser ajustado de forma a converter o resultado em fluxos
operacionais. Ajustamentos esses que provem de três naturezas:

- Não originaram fluxo de caixa;


- Não são enquadráveis nas actividades operacionais;

31
- São variações de activos circulantes (que não caixa ou equivalente de caixa) ou
de dividendos a pagar.
Podemos aqui citar um exemplo mais comum de rubricas que não afectam o fluxo de
caixa são as amortizações. Neste tipo de operação debita-se um gasto e credita-se
amortizações acumuladas, logo não afecta o caixa e por isso não deve ser incluída nas
actividades operacionais.

Ainda, de acordo com António Caiado e primavera Gil no livro Metodologias de


Elaboração de Fluxo de Caixa (2004) as fases mais significativas na preparação da
demonstração dos fluxos de caixa, a partir das fontes de informação, são as seguintes:

- Determinação da variação de caixa


A diferença entre caixa de balanços inicial e final pode ser imediatamente
calculada a partir da comparação de balanços

- Determinação dos fluxos de caixa das operações


Esta fase é a mais complexa porque envolve a análise da demonstração dos
resultados do período e dos balanços comparativos, bem como a análise de
alguns dados das operações.

- Demonstração dos fluxos de caixa das actividades de investimento e de


financiamento
Para a elaboração da demonstração de fluxo de caixa necessita de uma recolha
de informação significativa em outras fontes de informação financeira da
empresa em que normalmente essa informação advém de três fontes sendo elas:

I. Balanços comparativos
As informações deste documento indicam o montante das variações
nas rubricas do activo, do passivo e do capital próprio do início para
o final do período.

32
II. Demonstração dos resultados
As informações deste documento ajudam a determinar o montante da
caixa originado ou a ser utilizado pelas operações durante o período

III. - Alguns dados complementares


Os dados seleccionados são obtidos das contas do razão e fornecem
as informações adicionais detalhadas que são necessárias para
determinar como o caixa e os equivalentes foi previsionada ou
utilizada durante o período.

A NRF nº2 (já referido) permite a elaboração do mapa em dois métodos. O método
directo e o indirecto.

3.2. Método directo

João Santos (2003) diz que o método directo é aquele em que são divulgados os
principais componentes dos recebimentos de caixa e pagamentos de caixa em termos
brutos, e que são obtidas:
- Directamente dos registos contabilísticos da empresa, mediante a adopção de
rubricas apropriadas; ou
- Pelo ajustamento das vendas, custos das vendas e outras rubricas de
demonstração dos resultados que respeitem a:
I. Variações ocorridas, durante o período contabilístico, nas existências e
nas dividas operacionais de e a terceiros;
II. Outras rubricais não relacionadas com caixa; e
III. Outras rubricas cujos efeitos de caixa respeitam a fluxos de caixa de
investimento ou de financiamento.

Apresentamos, na página seguinte, o mapa pelo método directo segundo o SNCRF

33
Quadro I – Modelo de Demonstração Fluxo Caixa – Método Directo
IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE
Designação da entidade ________________________________________________________________
Outros Elementos ________________________________________________________________

DEMONSTRAÇÃO (individual/consolidada) DE FLUXOS DE CAIXA


Periodo compreendido entre ____ de ______________ de ____ e _____ de _________________ de ______
UNIDADE MONETÁRIA (1)
PERíODO
RUBRICAS N N-1
Notas Valores Valores

Método Directo

Fluxos de caixa das actividades operacionais


Recebimentos de clientes
Pagamentos a fornecedores
Pagamentos ao pessoal
Caixa gerada pelas operações
Pagamento/recebimento do imposto sobre o rendimento
Outros recebimentos/pagamentos
Fluxos de caixa das actividades operacionais (1)

Fluxos de caixa das actividades de investimento


Pagamentos respeitantes a:
Activos fixos tangíveis
Activos intangíveis
Investimentos financeiros
Outros activos
Recebimentos provenientes de:
Activos fixos tangíveis
Activos intangíveis
Investimentos financeiros
Outros activos
Subsídios ao investimento
Juros e rendimentos similares
Dividendos
Fluxos de caixa das actividades de investimento (2)

Fluxos de caixa das actividades de financiamento


Recebimentos provenientes de:
Financiamentos obtidos
Realizações de capital e de outros instrumentos de capital próprio
Cobertura de prejuízos
Doações
Outras operações de financiamento
Pagamentos respeitantes a:
Financiamentos obtidos
Juros e gastos similares
Dividendos
Reduções de capital e de outros instrumentos de capital próprio
Outras operações de financiamento
Fluxos de caixa das actividades de financiamento (3)

Variação de caixa e seus equivalentes (1+2+3)


Efeito das direrenças de câmbio
Caixa e seus equivalentes no início do período
Caixa e seus equivalentes no fim do período
(1) — O escudo, admitindo-se, em função da dimensão e exigências de relato, a possibilidade de expressão das quantias em milhares de escudos

34
3.3. Método Indirecto

De acordo com Luís Santos (2003) no livro Fluxos de Caixa, o método indirecto é
aquele em que o resultado Liquido é ajustado de modo a excluírem-se os efeitos de
transacções que não sejam dinheiro, acréscimos e diferimentos e relacionadas com
recebimentos e pagamentos passadas ou futuras e contas de gastos ou rendimentos
relacionadas com fluxos de caixa respeitantes as actividades de investimento ou de
financiamento.
Neste método, o fluxo líquido de caixa das actividades operacionais é calculado a
partir do resultado líquido do exercício ajustado pelos efeitos:

- De variações ocorridas, durante o período contabilístico, nas existências e nas


dividas operacionais de e a terceiros;
- De rubricas não relacionadas com caixa; e
- De todas as outras rubricas cujos efeitos de caixa respeitem a fluxos de caixa de
investimento ou de financiamento.

Na pagina seguinte apresentamos o modelo de mapa de fluxos de caixa pelo meto


indirecto conforme estabelecido no SNCRF.

35
Quadro II – Modelo de Demonstração Fluxo Caixa Método Indirecto
I D E N TI F IC A Ç Ã O D A E N T I D AD E
D e s ig n a çã o d a e n tid a d e _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
O u t ro s E le m e n to s _______________ __________________ __________________ _____________

D E M O N S T R A Ç Ã O (i n d iv id u a l/ c o n s o lid a d a ) D E F L U X O S D E C A IX A
P e rio d o co m p re e n d id o e n tre _ _ _ _ d e _ __ _ _ __ _ _ __ _ _ _ d e _ _ _ _ e _ __ _ _ d e _ _ __ _ _ __ _ _ __ _ _ _ __ d e _ _ _ __ _
U N ID AD E M O N E T ÁR I A (1 )
P ER íO D O
R U B R IC A S N N -1
N ot a s V a lo re s V a lor e s

M é t o d o In d ire c to

F lu x o s d e c ai xa d a s a c ti vi d ad e s o p e ra c io n ai s

R e s ul ta d o lí qu ido do ex e rc í c io
A ju s t am e n to s :
D e pr ec i a ç õe s e a m or ti za ç õ e s
I m p ar id a d es (p e rd as / re v e rs õ e s )
J u s t o v al o r ( re d uç õ e s /a u m e n to s )
P ro v is õ e s ( au m e n to s /r e du ç õ e s )
D if er e nç a s d e c â m b i o nã o r ea l iz a da s ( g an h o s /p e rd as )
J u ro s e re n di m e n to s s i m il ar es o bt id o s
J u ro s e g as t o s s im ila re s s up o rt ad o s
A li en a ç ã o d e a c tiv os fix os ta n gí v e is ( ga n h o s /p er d as )
O u tro s g a s to s e re n di m e nt o s
A c tiv os b io ló g ic o s ( a um e n to / di m in u iç ã o )
I n v en tá r io s ( au m e n to /d i m in u iç ã o )
C o nt a s a re c e b er ( au m e n to s /d im in u iç õ e s )
G a s to s d if er id o s ( au m e n to s /d im in u iç õ e s )
C o nt a s a p a ga r (a u m e nt o s /d im i n ui ç õ es )
R e nd i m en t os d ife r id os (a u m e nt o s /d im i n ui ç õ es )
O u tro s a c t iv o s c o rr en t es (a u m e nt os / d im inu iç õe s )
O u tro s p a s s iv o s c or re n te s (a u m e n to s /d im in u iç õ e s )
F lu x o s d e c a ix a d a s a c tiv id a de s op e ra c io n a is (1 )

F lu x o s d e c ai xa d a s a c ti vi d ad e s d e in v e s tim e n to
P a g a m e n to s re s p e it a n t es a:
A c tiv os fi x os ta n g ív e is
A c tiv os in ta n g ív e is
I n v es t im e n to s f in a n c ei ro s
O u tro s a c t iv o s
R e ce b im e n to s p ro v en ie n te s d e :
A c tiv os fi x os ta n g ív e is
A c tiv os in ta n g ív e is
I n v es t im e n to s f in a n c ei ro s
O u tro s a c t iv o s
S u bs í d io s a o i nv e s ti m e n to
J u ro s e re n di m e n to s s i m il ar es
D iv ide n d o s
F l ux o s d e d a s A c ti vi d ad e s d e I nv e s ti m e n to (2 )

F lu x o s d e c ai xa d a s a c ti vi d ad e s d e fi n a n c ia m e n t o
R e ce b im e n to s p ro v en ie n te s d e :
F i na n c ia m e n to s o b tido s
R e al iz a ç õe s de c ap it a l e de ou tr o s in s t ru m e nt o s d e c a pi ta l p ró pr io
C o be rt u ra d e p re ju í zo s
D o aç õ e s
O u tra s o p e ra ç õ es d e fi na n c ia m e n to
P a g a m e n to s re s p e it a n t es a:
F i na n c ia m e n to s o b tido s
J u ro s e g as t o s s im ila re s
D iv ide n d o s
R e du ç õ e s d e c a p ita l e d e o u tro s i n s tru m e n to s d e c a p it a l p ró p ri o
O u tra s o p e ra ç õ es d e fi na n c ia m e n to
F lu x os d e c a ix a d a s a c ti v id ad e s d e f in a n c ia m e n to (3 )

V a ria ç ão de c a ix a e s e u s e q u iv a l en te s ( 1 + 2 + 3 )
E fe it o d as d i fe re nç a s d e c âm b i o
C a ix a e s e u s e q u iv a le n te s n o in íc io d o p e río d o
C a ix a e s e u s e q u iv a le n te s n o fi m d o p erí o d o
(1 ) — O e sc u d o , a d m it in d o -se , e m f u n çã o d a d im e n sã o e e xig ê n cia s d e re la t o , a p o ss ib ilid a d e d e e xp re s sã o d a s q u a n tia s e m m ilh a r e s d e e sc u d o s

36
A elaboração por qualquer destes métodos apresenta vantagens e inconvenientes.
As vantagens de divulgar pelo método directo são, entre outras, as que a seguir se
apresentam:

- Mostra o montante total dos influxos e dos exfluxos de caixa originados pelas
actividades operacionais, em consequencial, a demonstração dos fluxos de caixa
evidencia todos os actuais influxos e exfluxos gerados e aplicados pela empresa e,
por conseguinte acaba por ser mais consistente com o objectivo da demonstração;
e,

- Fornece informação acerca do montante das vendas que tenham resultado em


influxo de caixa, o que pode ter muita utilidade na melhor avaliação do valor
económico das vendas. Cumulativamente podemos avaliar a politica comercial da
empresa em termos de concessão de créditos.

As vantagens de divulgar pelo método indirecto são os seguintes:

- A reconciliação do resultado da conta de ganhos e perdas e dos fluxos de caixa


gerados ou usados nas actividades operacionais é útil para compreender a
ligação entre as actividades económicas e a geração e absorção de fluxos de
caixa.
Concentrado nas diferenças entre o rendimento líquido e os fluxos de caixa
líquidos provenientes de actividades operacionais possibilita aos utilizadores
uma informação para avaliação do desempenho financeiro de uma empresa; e

- A sua aplicação pode evitar gastos de desenvolvimento significativos, acima


daqueles actualmente requeridos quando o nível de detalhe dos influxos e dos
exfluxos de caixa.

Apesar de ambos os métodos de elaboração de fluxo de caixa apresentarem vantagens


significativos para a entidade é pertinente salientar que a informação contabilística

37
deve relatar a actividade operacional utilizando apenas um dos dois métodos atrás
citados.

Embora os dois métodos são exequíveis é desejável que as entidades utilizem o


método directo na elaboração dos fluxos de caixa das actividades operacionais (as
normas incentivam a que isto aconteça), dado que este proporciona informações mais
detalhadas e completas, também facilita a preparação de estimativas sobre futuros
fluxos de caixa que não são possível pela simples utilização do método indirecto.

3.4. O recurso a software na sua elaboração

A elaboração do mapa de fluxos de caixa pelo método directo, pode resultar trabalhosa
e de alguma dificuldade quando feita apenas com a comparação de balanços
sucessivos e a demonstração de resultados.
Os softwares de gestão (nomeadamente da contabilidade) podem ser de extrema
importância para a preparação deste quadro. Para ta, a se torne necessário a criação de
uma tabela e a configuração do sistema para que, sempre que se faça um registo com
impacto a nível monetário, este montante seja automaticamente reclassifica para uma
determinada rubrica do mapa.

Para a extracção do mapa de fluxo de caixa num software é necessário todo um


conjunto de procedimentos como por exemplo a codificação para os pagamentos e os
recebimentos, tanto para as actividades de financiamento de investimento e
operacional.

38
3.5. Vantagens e inconvenientes na informação financeira produzida no regime
da caixa

A contabilidade tem como seu principal “cliente” o usuário da informação financeira


descrito no ponto 2.1.
A função de registrar, mensurar e divulgar, atendendo às normas e técnicas são os
meios que a contabilidade utiliza para garantir o seu objectivo, que é produzir
informações úteis em tempo útil para os interessados nesta informação.
Dentro dos “produtos” disponibilizados pela contabilidade existe a demonstração de
6
origem e aplicação de recursos (DOAR) . Não sendo idênticos no conteúdo da
informação que disponibiliza, podemos admitir uma certa complementaridade entre os
dois mapas pois ambas acabam por explicitar a origem dos fundos e a sua aplicação
durante o período. Entendemos que a relevância que a DFC ganhou em relação ao
mapa de origem e aplicações de fundo reside por um lado na sistematização e
organização da informação numa base de caixa e na capacidade adicional de este
demonstrar a forma como os valores foram gerados.

Concordamos com António Caiado e Primavera Gil (2004) ao apontarem alguns


argumentos favoráveis a este mapa.

- Esta abordagem possibilita a comparabilidade das “ performances” operacionais


divulgadas pelas diferentes empresas, visto que elimina os efeitos da utilização
de diferentes tratamentos contabilísticos para as mesmas transacções ou
operações.
Os fluxos de caixa não são afectados por certos movimentos contabilísticos,
designadamente os registos nas contas de “acréscimos” e “diferimentos”.

6
DOAR é uma demonstração que mostra as fontes de recursos (fundos) e sua aplicação dentro da
entidade.

39
- Para uma entidade sobreviver e essencial rigor na administração do dinheiro. A
demonstração de fluxo de caixa mostra a capacidade de uma entidade gerar
fluxo monetário, bem como a qualidade dos seus resultados.
Os accionistas, potenciais investidores, credores e outros utentes da informação
contabilística estão preocupados com a capacidade da empresa em fazer face as
suas obrigações quanto às datas dos vencimentos;

- Juntamente com o balanço e a demonstração de resultados, o mapa em causa


permite que os utentes avaliem melhor as alterações havidas na situação
financeira, incluindo a liquidez e a solvabilidade.
Possibilita ainda o cálculo do valor presente dos fluxos de caixa futuros da
entidade;

- Os documentos de prestação de contas não têm em conta a inflação, pelo que


muitos procuram um padrão concreto (fluxo de caixa) para avaliar o sucesso ou
a falência das operações empresariais.

- Trata-se de uma medida de “performance” relativamente simples que pode ser


facilmente assimilada pelos utentes não especializados em análise financeira.
Embora as vantagens superem os inconvenientes, existem criticas a esta analise e que
se concentram em:

I. Sendo uma metodologia baseada nos movimentos de caixa, não


traduz a complexidade dos aspectos da gestão financeira das
entidades, designadamente os que estão próximos de caixa ou de
liquidez.
II. As informações proporcionadas pela demonstração de fluxo de caixa
são, em si próprias, limitadas.
Para que se tornem úteis aos leitores e analistas, o mapa deve ser
analisado juntamente com o balanço e a demonstração de resultados.

40
3.6. O paradigma da utilidade da demonstração de Fluxo de Caixa

A natureza estática e jurídico do balanço tradicional não completamente superada pelo


mapa de origem e aplicação de fundos contribui para o aparecimento de um outro
importante documento (o mapa dos fluxos financeiros), que assume características
essencialmente financeiras, que põe em relevo a vida financeira da entidade numa
perspectiva dinâmica.
Após o reconhecimento de que, por diversas razões, a utilidade do mapa de origem e
aplicação de fundos se ter esvaziado, originou a necessidade de uma demonstração que
apresentasse informações numa perspectiva diversa.

Nos dias de hoje onde a informação financeira é de extrema importância para a


entidade, exige aos órgãos da gestão uma organização de informação de todos os
movimentos financeiros ocorridos na empresa no momento em que se reporta isto é
uma informação não numa base de acréscimo mas sim numa base de caixa7, A
importância da demonstração de fluxo de caixa aumenta de uma forma considerável
para os utilizadores da informação contabilística, pelo facto de, numa forma simples,
permitir saber como foi obtido e utilizado o dinheiro no período em analise,
complementado a informação fornecida pelas outras demonstrações financeiras.
A utilidade da DFC reflecte essencialmente na análise da liquidibilidade, da
viabilidade e na definição estratégica dos negócios das empresas, nomeadamente ao
nível do investimento e do financiamento.

7
Contabilidade numa base de caixa onde o redito é registado apenas quando o dinheiro é recebido, as
despesas e os gastos são registados apenas quando o dinheiro é pago.
Reditos - significam a mensuração das alterações favoráveis nos recursos das entidades, decorrentes das suas
actividades operacionais.
Ganhos - significam a mensuração das alterações favoráveis nos recursos da entidade, não decorrentes do
processo reditual.
Custos - dividem-se em extintos ou não extintos; os extintos quando beneficiam o processo reditual, são
considerados gastos.

41
O mapa em questão vem nos mostrar que a situação financeira da entidade não
depende somente dos resultados líquidos, das reintegrações e das amortizações,
podendo reafirmar que o facto de a entidade apresentar resultados líquidos positivos
(ou negativos) não sustenta uma situação suficiente (insuficiente) em termos de
tesouraria. Isto é, a informação de fluxo de caixa reveste-se de grande utilidade, dado
não existir a total correlação entre os resultados apurados e os meios monetários
disponíveis.
Em muitos casos podem questionar sobre a importância da DFC uma vez que existe a
Demonstração de Resultado Liquido e os Balanços, a propósito dessas dúvidas geradas
em torno desse mapa alguns autores referem que “o fluxo de caixa é frequentemente
utilizado para colmatar as insuficiências da noção do lucro”.
Normalmente aparecem nas empresas problemas que se prendem com a viabilização
dos negócios, perspectivando o lucro, mas no que mais se tem observado é que os
resultados líquidos avultados não representam garantia de que existe dinheiro para
solver os compromissos operacionais e de financiamento do investimento. Para tal
basta não cobrar dos clientes.
São essas preocupações que dão utilidade às DFC.

Para nós, a análise dos fluxos de caixa surge como um instrumento essencial ao
controlo permanente da gestão das empresas e da informação económico-financeiro.

Tendo em conta o mercado globalizado, cada vez mais competitivo e exigente, em que
o conhecimento e a informação têm grande importância, os gestores utilizam as
informações contidas nas DFC ajudar a um melhor conhecimento das variações
ocorridas na estrutura financeira e monetárias das entidades.
A capacidade de geração de fluxo de caixa confere a entidade vantagens competitivas,
sobre as que não a tem. Também a sua divulgação por segmentos de negocio e/ou
geográficos permite dar a conhecer os segmentos com maior (menor) capacidade de
geração de valores monetários, informação relevante na definição de estratégias da
própria entidade.

42
4- CASO PRATICO

No âmbito deste trabalho era nosso propósito fazer o estudo de um caso analisando os
dados reais de uma empresa do mercado cabo-verdiano.
Para podermos aferir, na prática, a utilidade reconhecida (ou não) desta demonstração
no mercado cabo-verdiano entrevistamos diversas entidades ligadas a área
contabilística e financeira (empresarial, profissional e académico). Ficamos deveras
surpresos ao constatar que de todas as empresas inqueridas nenhuma tem por habito
produzir este documento e, pior, muitas só vão elabora-la por passar a ser uma
imposição normativa.
Muitos dos profissionais já ouviram falar mas não sabem como preparar o quadro. Foi
no meio académico, onde encontramos receptividade e conhecimento desta
demonstração e a sua utilidade. Naturalmente, acaba por ser mais no domínio
conceptual dado ao factor eminentemente académico
Este facto colidiu com os objectivos deste capítulo que certamente vai ser apresentado
numa dimensão diferente daquela inicialmente pretendida.

Para ilustrarmos este trabalho com um caso pratico tivemos de recorrer a dados de uma
empresa do mercado, mas devido a falta de autorização para publicação das
informações vai ser aqui genericamente designada por empresa XXX.

4.1. A empresa

A empresa é do ramo da construção cível, está sedeada no Mindelo.


Os dados relativos aos anos de 2007 e 2008 são aqueles declarados nos mapas oficiais
para efeito de prestação de contas. Os resultados líquidos destes dois exercícios foram
positivos, pese embora, o apurado em 2007 fosse quase quatro vezes maior.

43
4.2. O mapa de fluxo de caixa nos documentos de relato financeiro

Nos quadros seguintes apresentamos os balanços e a demonstração de resultados


utilizados para a elaboração das demonstrações de fluxo de caixa.

44
Quadro no III – Balanços da Empresa XXX para ilustração prática

Empresa de Produção XXX


Balanços de 2007 e 2008
(Caso Pratico do trabalho Fim curso Nelida Mendes)
BALANÇOS ECV
BALANÇO ANO 2007 BALANÇO ANO 2008
AB AP AL AB AP AL
ACTIVO
ACTIVO CIRCULANTE

- Existencias 12.113.506 1.211.351 10.902.155 17.394.094 1.739.409 15.654.685


- Dividas de terceiros - Curto Prazo:
Clientes 6.413.537 320.677 6.092.860 8.281.414 414.171 7.867.243
Adiantamento a fornecedores 0 0 0 0 0 0
Adiantamento a fornecedores de Investimento 0 0 0 0 0 0
Outros contas a receber 390.513 0 390.513 1.015.478 0 1.015.478
- Estado e outros entes publicos 29.522 0 29.522 506.627 0 506.627
- Outros activos financeiros 0 0 0 0 0 0
- Depositos Bancarios e Caixa 3.492.201 0 3.492.201 436.310 0 436.310
Total Activo Circulante 22.439.279 1.532.028 20.907.251 27.633.923 2.153.580 25.480.343

ACTIVO FIXO

- Activo Intangiveis 2.015.000 2.015.000 0 2.123.887 2.045.972 77.915


- Activos Fixos Tangiveis 44.613.826 27.654.975 16.958.851 44.869.278 29.380.940 15.488.339
- Participações financeiros 0 0 0 0 0 0
46.628.826 29.669.975 16.958.851 46.993.165 31.426.912 15.566.254

ACRESCIMOS E DEFERIMENTOS 0 0 0 0

Total do Activo 69.068.105 31.202.003 37.866.102 74.627.088 33.580.492 41.046.597


0
PASSIVO E SITUAÇÃO LIQUIDA

PASSIVO

- Provisões 0 310.001
- Dividas a Terceiros - MLP:
Financiamentos obtidos 0 0
- Dividas a Terceiros - C. Prazo:
Fornecedores 2.923.014 5.558.947
Adiantamente de Clientes 0 0
Financiamentos obtidos 4.100.000 3.100.000
Fornecedores imobilizados 0 0
Estado e outros entes Publicos:
Impostos sobre os rendimentos do exercico 0 0
Impostos sobre o valor acrescentados 0 0
Outros impostos 1.173.109 295.713
- Outros contas a pagar 44.782.900 44.787.858

Total Passivo 52.979.023 54.052.519

ACRESCIMOS E DEFERIMENTOS 0 0

SITuação liquida

- Capital realizado 3.000.000 3.000.000


- Resevas de reavaliação 0 0
- Reservas Legais 0 0
- Restantes reservas 0 0
- Resultados transitados -25.948.533 -18.112.922
subtotal -22.948.533 -15.112.922
- Resultados liquidos 7.835.612 2.107.000
Total da situação liquida 60.873.578 -13.005.922
Total do passivo e Situação liquida 60.873.578 41.046.597
AB = Activo Bruto, AP = Amortizações e Provisões e AL = Activo Liquido

45
Quadro no IV – Demonstração de Resultados Empresa XXX
Empresa de Produção XXX
Balanços de 2007 e 2008
Demostração de Resultados Liquidos
ECV
EXERCICIO 2008
RENDIMENTOS E GASTOS

CMVMC 28.258.939
Fornecimentos Externos 4.002.543 32.261.482

Custos Com o Pessoal 9.686.682


Encargos Sociais (1) 0 9.686.682

Amortizações do imobilizado corporeo e imcorporeo 1.756.936


Provisões 931.553 2.688.489
Despesas Financeiras 0
Impostos 360.506
Outros custos e Perdas Operacionais 36.000 396.506
(A) 45.033.159
Amort e imparidade de aplicações e Inv. Financeiro
Juros e Custos Similares 30.452 30.452
(C) 45.063.611
Custos e Perdas Extraordinarios e Anteriores 406.037
(E) 45.469.648
Impostos Sobre os Rendimentos do Exercicio 0
(G) 45.469.648
Resultado liquido do exercico 2.107.000

Vendas e prestação de serviços 46.790.443


Variação produção 720.643
Trabalhos para a propria empresa
Subsidio à Exploração
Outros proveitos e ganhos operacionais
(B) 47.511.086
Rendimentos de participação de capital
Rendimentos de titulos negociaveis e de out aplic finaceiras 0
Outros Juros e proveitos similares 0
(D) 47.511.086
Custos e Perdas Extraordinarios e Anteriores 65.562
(F) 47.576.648

Resultados Correntes 2.447.475


Resultados financeiros -30.452
Resultados estraordinarios e exercico anterior -340.475
Resultados liquidos 2.107.000

As demonstrações seguintes resultam da aplicação dos métodos referidos no ponto 3


relativos a elaboração dos mapas de fluxos de caixa

46
Quadro no V – Demonstração dos fluxos de caixa Empresa XXX – Método Directo
Empresa de Produção XXX
DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA
Periodo compreendido entre 31 de Dezembro de 2007 à 31 de Dezembro de 2008
ECV
PERíODO
RUBRICAS 2008 20007
Notas Valores Valores

Método Directo

Fluxos de caixa das actividades operacionais


Recebimentos de clientes 44.922.566
Pagamentos a fornecedores -34.906.136
Pagamentos ao pessoal -9.686.682
Caixa gerada pelas operações 329.748
Pagamento/recebimento do imposto sobre o rendimento 0
Outros recebimentos/pagamentos -1.990.846
Fluxos de caixa das actividades operacionais (1) -1.661.098

Fluxos de caixa das actividades de investimento


Pagamentos respeitantes a:
Activos fixos tangíveis -364.341
Activos intangíveis 0
Investimentos financeiros 0
Outros activos 0
Recebimentos provenientes de:
Activos fixos tangíveis 0
Activos intangíveis 0
Investimentos financeiros 0
Outros activos 0
Subsídios ao investimento 0
Juros e rendimentos similares 0
Dividendos 0
Fluxos de caixa das actividades de investimento (2) -2.025.439

Fluxos de caixa das actividades de financiamento


Recebimentos provenientes de:
Financiamentos obtidos 0
Realizações de capital e de outros instrumentos de capital próprio 0
Cobertura de prejuízos 0
Doações 0
Outras operações de financiamento 0
Pagamentos respeitantes a:
Financiamentos obtidos -1.000.000
Juros e gastos similares -30.452
Dividendos 0
Reduções de capital e de outros instrumentos de capital próprio 0
Outras operações de financiamento 0
Fluxos de caixa das actividades de financiamento (3) -3.055.891

Variação de caixa e seus equivalentes (1+2+3) -3.055.891


Efeito das direrenças de câmbio 0
Caixa e seus equivalentes no início do período 3.492.201
Caixa e seus equivalentes no fim do período 436.310

47
Quadro no VI – Demonstração dos fluxos de caixa Empresa XXX – Método Indirecto
Empresa de Produção XXX

DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA


Periodo compreendido entre 31 de Dezembro de 2007 à 31 de Dezembro de 2008
CVE
PERíODO
RUBRICAS 2008 2007
Notas Valores Valores

Método Indirecto

Fluxos de caixa das actividades operacionais

Resultado líquido do exercício 2.107.000


Ajustamentos:
Depreciações e amortizações 1.756.936
Imparidades (perdas/reversões) 0
Justo valor (reduções/aumentos) 0
Provisões (aumentos/reduções) 931.553
Diferenças de câmbio não realizadas (ganhos/perdas) 0
Juros e rendimentos similares obtidos 0
Juros e gastos similares suportados 30.452
Alienação de activos fixos tangíveis (ganhos/perdas) 0
Outros gastos e rendimentos 0
Activos biológicos (aumento/diminuição) 0
Inventários (aumento/diminuição) -5.280.588
Contas a receber (aumentos/diminuições) -2.969.947
Gastos diferidos (aumentos/diminuições) 0
Contas a pagar (aumentos/diminuições) 1.763.495
Rendimentos diferidos (aumentos/diminuições) 0
Outros activos correntes (aumentos/diminuições) 0
Outros passivos correntes (aumentos/diminuições) 0
Fluxos de caixa das actividades operacionais (1) -1.661.098

Fluxos de caixa das actividades de investimento


Pagamentos respeitantes a:
Activos fixos tangíveis 364.341
Activos intangíveis 0
Investimentos financeiros 0
Outros activos 0
Recebimentos provenientes de:
Activos fixos tangíveis 0
Activos intangíveis 0
Investimentos financeiros 0
Outros activos 0
Subsídios ao investimento 0
Juros e rendimentos similares 0
Dividendos 0
Fluxos de das Actividades de Investimento (2) -2.025.439

Fluxos de caixa das actividades de financiamento


Recebimentos provenientes de:
Financiamentos obtidos 0
Realizações de capital e de outros instrumentos de capital próprio 0
Cobertura de prejuízos 0
Doações 0
Outras operações de financiamento 0
Pagamentos respeitantes a:
Financiamentos obtidos -1.000.000
Juros e gastos similares -30.452
Dividendos 0
Reduções de capital e de outros instrumentos de capital próprio 0
Outras operações de financiamento 0
Fluxos de caixa das actividades de financiamento (3) -3.055.891

Variação de caixa e seus equivalentes (1 +2+3) -3.055.891


Efeito das diferenças de câmbio 0
Caixa e seus equivalentes no início do período 3.492.201
Caixa e seus equivalentes no fim do período 436.310

48
4.3. Aspectos específicos e apreciação dos valores apurados

Conhecidas as DFC importa agora tecer alguns comentários quanto ao significado dos
dados ora apurados.
Assim, a variação de caixa e seus equivalentes no período foi negativo no montante de
3.055.891$00, ao passo que o resultado líquido para o mesmo período, foi positivo, no
montante de 2.107.000$00.
A empresa teve lucro, mas não gerou dinheiro no período.
A actividade operacional não gerou “caixa” como seria desejável, antes, foi, em si,
uma fonte de consumo de fluxos monetários.
A principal fonte de dinheiro para empresa (vendas/clientes) foi suficiente para pagar o
pessoal, os fornecedores mas não suficiente para fazer face a outros custos referentes a
actividade operacional.
Não houve aumento capital no qual poderia ser uma fonte de dinheiro no período.
Não realizaram investimento que poderia constituir uma expectativa quanto a inversão
do sentido dos resultados.
A empresa terá dificuldades na solvabilidade dos seus compromissos visto que no ano
N-1 conseguiu solver apenas 28%dos seus compromissos, valor este quem vem
diminuindo, visto que no ano N consegue solver apenas 24% dos seus compromissos.
Podemos concluir que de facto a apresentação da demonstração de fluxo de caixa pelo
método directo é mais benéfico para a entidade uma vez que da uma informação mais
detalhada e completa.
È este tipo de informação, quanto a nós indispensável à gestão, que o “nosso” gestores
ainda não estão sensibilizados, a julgar pelas respostas obtidas nas entrevistas.

49
CONCLUSÕES

Com a globalização, as mudanças tecnológicas, económicas, políticas e sociais houve


uma profunda alteração de valores na sociedade e o conhecimento passou a ter uma
importância fundamental em todas as actividades.

A contabilidade já não pode mais a limitar-se a registrar fatos passados e a manter


livros fiscais escriturados com o único fim de recolhimento de tributos e o
cumprimento de obrigações acessórias. Não que o registro e a boa organização das
informações passadas não sejam importantes e necessárias, mas porque o seu papel,
cada vez mais, passa a ser cobrado como uma actividade integrada ao todo das
organizações. Pensar em contabilidade para a empresa actual, significa pensar em um
sistema integrado de informações que espelhe a realidade da situação passada e actual,
mas que também seja capaz de fomentar estudos prospectivos e projectivos
perfeitamente sintonizados com todas as demais áreas da empresa.

Nesse sentido, o estudo voltado para o desenvolvimento de novas ferramentas que


auxiliem o processo de tomada de decisão nas empresas deve ser incentivado. Dentre
os instrumentos gerências de carácter mais dinâmicos, o fluxo de caixa merece
destaque, seja por sua estreita relação com a situação de liquidez da empresa, como
pela propriedade de projectar situações futuras.

As dificuldades encontradas na gestão dos recursos financeiros de uma empresa,


tomando por base dados históricos, relatórios elaborados pelo regime de competência,
fizeram, com que surgisse o fluxo de caixa, bastante evidenciado e indispensável para
a boa gestão das empresas.

Destacou-se também a importância da utilização dos dois fluxos de caixa – histórico e


projectado, enquanto o segundo serve para prever dificuldades futuras e adiantar
soluções, o primeiro serve de base para a projecção do segundo.

50
Outro aspecto importante a concluir é que o fluxo de caixa torna mais conveniente a
administração e acompanhamento do dia-a-dia das actividades operacionais da
empresa.
É importante ressaltar ainda que os gestores devem estar atentos aos mecanismos que
utilizam no planeamento e acompanhamento do desempenho das entidades, a
apreciação e ajustes nos instrumentos utilizados.

Procurou-se, através de casos práticos verificar a aplicabilidade, da demonstração de


fluxo de caixa no mercado cabo-verdiano, mas não foi possível pelo facto de não
encontramos nenhuma entidade que inclua o mapa nas suas demonstrações financeiras.
Não pelo desconhecimento total do mapa pela parte dos contabilistas, mas sim, pelo
facto do tecido empresarial nacional ser constituída, maioritariamente, por pequenas
entidades, e de não ser de apresentação obrigatória ate Dezembro de 2008.

51
BIBLIOGRAFIA

Livros:
BORGES, António; RODRIGUES Azevedo Contabilidade e Finanças para a Gestão.
4º Edição, Lisboa, Novembro 2008: Áreas Editora. ISBN 978-989-8058-36-2.

BORGES, António; RODRIGUES, Azevedo; RODRIGUES, Rogério; RODRIGUES,


José – As Novas Demonstrações Financeiras. Lisboa, Novembro 2007: Áreas Editora.
ISBN 978 – 989 – 8058-195.

BORGES, António; RODRIGUES, José Azevedo; RODRIGUES, Rogério –


Elementos de Contabilidade Geral. 22ª Edição, Lisboa, Setembro 2005: Áreas Editora.
ISBN 972-8472-74-9.

CAIADO, António Campos; GIL, Primavera Martins – Metodologias de Elaboração


dos Fluxos de Caixa. 1º Edição, Lisboa 2004: Áreas Editora, Lda. ISBN 972-8472-71-
4.

COSTA, Carlos Baptista; ALVES, Gabriel Correia – Contabilidade Financeira. 5º


Edição, Lisboa Janeiro de 2005: Publisher Team. ISBN 989-601-012-9.

MENEZES, Caldeira Princípios de Gestão Financeira. 9º Edição, Lisboa, Janeiro,


2003: Editorial Presença. ISBN 2745-578.

SANTOS, Luís Lima Fluxos de Caixa. 3º Edição, Porto, Fevereiro 2004: Vida
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Sistema Normalização Contabilística – Projecto da comissão de Normalização
Contabilística. 2º Edição, Porto Dezembro de 2008: Porto Editora, Lda. ISBN 978-
972-0-01473-3.

52
Trabalhos académicos de investigação:

ARAÚJO, Fábio Castelo; HOLANDA, Mariana Monte – “FLUXO DE CAIXA –


importância, composição e aplicação nas empresas”, MBA em Controladoria e
Finanças, Fortaleza – Ceara 2004.

BARONI, Karina Angélica – “Gestão de Fluxo de Caixa “Dissertação para Pós


Graduação em Contabilidade Gerencial, Piracicaba, 2003.

MADEIRA, Jonas Reis – “FLUXO DE CAIXA: A importância desta ferramenta


na gestão empresarial”, São Paulo 2008.

Outras Referencias (revistas especializadas, sítios na Web, Leis, Decretos-leis):


SPADIM, Carlos Eduardo - Revista de Ciências Gerenciais, Vol. XII, Nº 14, Ano
2008.

Diversos Boletins oficiais, nomeadamente os números 5 I Série de 4 de Fevereiro de


2008 e 48 I Série, III suplemento de 29 de Dezembro de 2008

53

Você também pode gostar