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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE GERENCIAL E EMPRESARIAL
.................................................................................................................................... 4
1.1 Aspectos introdutórios da Contabilidade ........................................................ 4
1.2 Caracterizando os princípios contábeis.......................................................... 7
1.2.1 Descrevendo o princípio da moeda como denominador comum ......... 8
1.2.2 Descrevendo o princípio do custo histórico .......................................... 8
1.2.3 Descrevendo o princípio da continuidade da empresa ........................ 9
1.2.4 Descrevendo o princípio da entidade própria ....................................... 9
1.2.5 Descrevendo o princípio da realização ............................................... 10
1.2.6 Descrevendo o princípio da competência ........................................... 10
1.2.7 Descrevendo o princípio da igualdade contábil .................................. 11
1.3 Caracterizando e aplicando o Balanço Patrimonial ...................................... 12
1.3.1 Interpretando o ativo circulante.............................................................. 14
1.3.2 Interpretando o ativo realizável em longo prazo .................................... 16
1.3.3 Interpretando o ativo permanente .......................................................... 17
1.3.4 Descrevendo o passivo circulante ......................................................... 18
1.3.5 Caracterizando o passivo exigível em longo prazo................................ 19
1.3.6 Caracterizando os resultados de exercícios futuros .............................. 20
1.3.7 Interpretando o patrimônio líquido ......................................................... 20
1.4 As alterações associadas ao balanço .......................................................... 21
UNIDADE 2 – DEMONSTRATIVOS DE RESULTADOS E APLICAÇÕES .............. 24
2.1 Aspectos introdutórios .................................................................................. 24
2.2 Interpretando a apuração da receita ............................................................ 25
2.3 Interpretando a apuração da despesa.......................................................... 27
2.4 Débitos e créditos......................................................................................... 29
2.5 Conhecendo o método das partidas dobradas............................................. 30
UNIDADE 3 – INTERPRETAÇÃO FINANCEIRA DAS OPERAÇÕES CONTÁBEIS
.................................................................................................................................. 33
3.1 Aspectos introdutórios .................................................................................. 33

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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3.2 Descrevendo a análise vertical e análise horizontal de operações contábeis


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3.3 Caracterizando indicadores de liquidez........................................................ 39
3.4 Interpretando os indicadores relacionados à rentabilidade .......................... 41
3.5 Descrição da relevância do gestor financeiro............................................... 44
3.6 Caracterizando a Ciência associada à Gestão Financeira ........................... 46
UNIDADE 4 – SISTEMAS DE CUSTEIO APLICADOS A GESTÃO FINANCEIRA
EMPRESARIAL ........................................................................................................ 48
4.1 Informações básicas dos sistemas de custeio ............................................. 48
4.2 Implementando o custeio dos produtos/serviços com os departamentos .... 54
4.3 Os benefícios da departamentalização para outros métodos de custeio ..... 55
4.4 O sistema de custeio por atividade (ABC).................................................... 56
4.5 Sistema de custeio variável ou direto ........................................................... 64
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70

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INTRODUÇÃO

“Loucura é querer resultados diferentes, fazendo


tudo sempre igual.”
Albert Einsten

Atualmente, no contexto organizacional, a redução de custos, despesas e


dispêndios de uma forma geral, é de fundamental relevância para a sobrevivência
das organizações, logo, podemos pensar que a gestão estratégica de custos, torna-
se uma ferramenta gerencial importantíssima para o planejamento estratégico das
organizações.
De acordo com Martins (2009), deve-se notar que a utilização de bens e
serviços pela sociedade remete-se aos tempos antigos da civilização, sendo que no
início cada pessoa produzia o necessário para o seu sustento e de sua família,
extraindo principalmente os bens da natureza. Grosso modo, este procedimento
passou por uma contínua evolução, chegando ao sistema de trocas por excedente
produzido por cada um, originando assim as grandes organizações comerciais e,
então, com a Revolução Industrial surgia a Ciência que estuda de forma específica
os custos, ou seja, a Contabilidade de Custos.
Por outro lado, é sabido que, nos dias atuais, as empresas em geral, tendem
e necessitam maximizar suas receitas ou lucros, bem como minimizar seus custos
ou despesas, devido não só a grande concorrência, mas também para a sua
sobrevivência financeira e, especificamente falando-se do Brasil, a turbulência
econômica e desaceleração do crescimento existente no momento. Dessa forma, a
gestão de custos tornou-se uma ferramenta indispensável para a tomada de decisão
gerencial a nível organizacional, já que o processo decisório é complexo, sequencial,
envolve regras institucionais e subjetividade, ou seja, cada vez mais a estruturação
dos custos tornou-se pertinente para a gestão estratégica das organizações.
Nesse sentido, o objetivo geral do nosso material didático é apresentar os
principais conceitos e métodos da gestão e controladoria dos custos empresariais.
Pois bem, as palavras acima são nossa justificativa para o material em
estudo.

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE


GERENCIAL E EMPRESARIAL

1.1 Aspectos introdutórios da Contabilidade


O que é a Contabilidade? Qual o seu grau de importância no contexto atual
de uma empresa, quando se fala constantemente em crise, redução de custos e
despesas, entre outros? Financeiramente falando, qual a sua importância no foco
gerencial? Salientamos inicialmente que a Contabilidade costuma ser chamada de a
linguagem da empresa. Trata-se de um sistema de coletar e sintetizar dados,
interpretar e divulgar informações, em termos monetários sobre uma organização,
com o intuito de auxiliar na tomada de decisão. Como qualquer outro sistema de
informação, a Contabilidade passa por contínua evolução na busca de
aperfeiçoamento de seus métodos e processos.
Devemos observar também, a diferença entre o papel do contador e o dos
demais interessados na informação contábil. A função do contador, em especial, é a
de gerente da informação contábil. Ele é responsável pela obtenção, classificação e
preparo de relatórios contábeis, visando fornecer a todos os demais gerentes base
para a tomada de decisão e manter os usuários externos, tais como credores,
governo, acionistas, clientes, entre outros, adequadamente informados. Portanto, o
contador é o responsável pela Contabilidade Geral, ou apenas Contabilidade da
empresa. Os relatórios de interesse interno ou externo, produzidos pelo contador,
costumam ser vistos como produtos da Contabilidade Gerencial ou Contabilidade
Financeira, respectivamente.
Enquanto o contador deve operar de forma sistemática e minuciosa sobre um
emaranhado abrangente de dados, levando em consideração políticas internas e
padrões legais, que no Brasil mudam com enorme velocidade, os demais estão
usualmente interessados em aspectos particulares destas informações e, para tanto,
precisam conhecer seus fundamentos, estrutura e técnicas de interpretação.
Tradicionalmente, os produtos finais da Contabilidade são dois documentos
exigidos pela legislação comercial e tributária: o Balanço Patrimonial e o DRE –
Demonstrativo de Resultados do Exercício. O Balanço especifica a posição da
empresa em um certo momento, como se fosse um instantâneo (fotografia). O DRE
reflete seu desempenho ao longo de um dado período, entre dois balanços
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sucessivos, explicando os lucros ou prejuízos observados no período


correspondente.

Figura 1: Aspectos introdutórios da Contabilidade Gerencial e Empresarial.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Os gestores da informação contábil podem ser classificados em duas


famílias: os internos e os externos. Usuários externos são considerados
legítimos interessados na vida das empresas, pois estas devem estar
subordinadas aos interesses e objetivos da sociedade em que se inserem.

Importante! Autores renomados denominam Contabilidade Financeira como


o processo de produzir relatórios para atender ao público externo.

Especificamente falando, e dependendo da importância relativa de cada


empresa, há uma variedade de pessoas e entidades interessadas em conhecer
seu desempenho, tais como: clientes, banqueiros, fornecedores, credores em
geral, analistas financeiros, acionistas, investidores, órgãos governamentais
diversos, desde estatísticos e de planejamento até órgãos controladores de
impostos, entre outros.
No plano interno de operações de uma empresa, as informações contábeis
devem ser obtidas e registradas de forma meticulosa e sistemática, tendo em
vista as múltiplas utilizações que podem oferecer. Além daqueles aspectos
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resultantes de exigências legais, as finalidades gerenciais da informação contábil


podem ser classificadas em duas grandes vertentes, o Planejamento e o
Controle, as quais devem ser atividades integradas, pois o processo de planejar
também deve prever os procedimentos subsequentes de controlar.
O Planejamento pode ser definido, sinteticamente, como o processo de
tomar decisões com consequências futuras. Neste particular, raro é o gerente
que não necessita de dados pregressos da empresa para assessorá-lo no
processo de tomada de decisão. A Contabilidade é a fonte natural de coleta e
guarda de dados e deve se estruturar para fornecer a cada gerente tais dados,
na forma e no instante desejado.
O Controle, segundo visão tradicional, é o conjunto de procedimentos e
normas pelo qual a empresa preserva seu patrimônio de forma que seja
identificado, evite furtos, entre outros. Modernamente, Controle é o procedimento
pelo qual a gerência verifica se a organização está agindo de acordo com os
planos traçados e alcançando os padrões de desempenho estabelecidos. Assim,
todo controle pressupõe a elaboração anterior de algum planejamento, o qual
deve ser posteriormente monitorado, de forma que seu desempenho efetivo
possa ser acompanhado, responsabilidades estabelecidas e eventuais medidas
corretivas tomadas a tempo.
Em empresas grandes, é frequente a existência da Controladoria, órgão
cujo objetivo é implementar a ponte entre a Contabilidade e as diversas
gerências. A função maior do titular da Controladoria – Controller – é a
consolidação de todo o processo de planejamento e controle. Outra função
importante do Controller é a percepção antecipada de eventuais discrepâncias
entre fatos planejados e realidade observada.

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Figura 2: Interpretando os usuários contábeis.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1.2 Caracterizando os princípios contábeis


Segundo Pizzolato (2000), os princípios contábeis podem ser encarados
como sendo as premissas básicas acerca dos fenômenos e eventos
contemplados pela Contabilidade, premissas que são a cristalização da análise e
observação da realidade econômica, social e institucional. Assim sendo, o
campo de atuação preferencial da Contabilidade é constituído pelas entidades,
sejam elas de finalidade lucrativa ou não, e procura captar e evidenciar as
variações ocorridas na estrutura patrimonial e financeira, em face das decisões
da administração e também das variáveis exógenas que escapam ao controle e
ao poder de decisão da administração.
A Contabilidade segue princípios e convenções geralmente aceitos. No
Brasil, a legislação, implicitamente, os utiliza e pressupõe que sejam do
conhecimento geral. Não existe unanimidade quanto ao número desses
princípios fundamentais. A seguir, estão enunciados e discutidos sete princípios,
a saber, e mostrados na Figura 3.

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Figura 3: Interpretando os princípios básicos da Contabilidade.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1.2.1 Descrevendo o princípio da moeda como denominador comum


Segundo Pizzolato (2000), esse princípio expressa a dimensão
essencialmente financeira (a palavra utilizada – agora – no sentido de avaliação
monetária) da Contabilidade, na necessidade que esta disciplina sente de
homogeneizar, para o usuário das demonstrações contábeis, ativos e obrigações de
naturezas tão diferenciadas entre si, pelo denominador comum monetário, que é sua
avaliação em moeda corrente do País. É a qualidade agregativa da Contabilidade
que, sem deixar de dar as devidas considerações às qualidades essenciais e
específicas de ativos e passivos como geradores de fluxos futuros de caixa, ainda
consegue adicionar e homogeneizar tais elementos diferenciados através da
avaliação monetária.
A Contabilidade somente registra fatos que tenham uma expressão
monetária. Este princípio provém da necessidade de somar e comparar coisas
heterogêneas.

1.2.2 Descrevendo o princípio do custo histórico


Como princípio geralmente aceito, refere-se ao custo original. Na
conceituação ortodoxa, os elementos do ativo entram nos registros contábeis pelo

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preço pago para adquiri-los ou fabricá-los. Todo fato contábil é acompanhado de


um documento no qual está, obrigatoriamente, indicado um custo. O fato e o
custo correspondente são partes de um registro contábil. A lógica deste princípio é
estabelecer um referencial claro; sua não observância tornaria os demonstrativos
adaptáveis às preferências do interessado.

1.2.3 Descrevendo o princípio da continuidade da empresa


A Contabilidade pressupõe que toda empresa continue operando
indefinidamente. A razão lógica deste princípio é que no caso alternativo em que a
empresa tiver um período de existência preestabelecido, os registros contábeis
seriam provavelmente tendenciosos, afetados pela preocupação que seus
controladores teriam com os valores realizáveis de liquidação.
Segundo Robert N. Anthony (1960), este princípio, que tem grande validade
do ponto de vista prático, apresenta importantes consequências para a
Contabilidade. De fato, se aceitarmos a hipótese de que a duração da empresa é
indeterminada, a filosofia de avaliação a ser adotada deverá ser oposta àquela que
adotaríamos no caso de liquidação da empresa, quando interessam os valores de
liquidação do passivo e de realização do ativo.

1.2.4 Descrevendo o princípio da entidade própria


A Contabilidade está voltada exclusivamente para a empresa e, como tal,
possui personalidade própria e independente dos interesses de seus
proprietários e acionistas. Dessa maneira, segundo Ragsale (2009), o significado
deste princípio é fazer com que a empresa mostre resultados correspondentes à
realidade objetiva e, portanto, imunes às eventuais preferências de seus
controladores.
Existem práticas frequentes, sobretudo em sociedades limitadas, em que os
sócios controladores lançam como despesas operacionais da sociedade, suas
despesas pessoais – viagens de lazer, férias da família e consumo geral. Essas
práticas caracterizam exemplos de violação ao Princípio da Entidade, além de
evasão fiscal pela empresa, cujo lucro é reduzido, e pelo indivíduo, cujos
rendimentos ficam subestimados.

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Quando uma firma individual paga uma despesa, é o caixa da firma que está
desembolsando o dinheiro, e não o dono da empresa, embora materialmente, muitas
vezes, as duas coisas se confundam.

1.2.5 Descrevendo o princípio da realização


Todo fato contábil deve ser objetivamente acompanhado por uma data,
que identifique o dia de sua ocorrência, como parte fundamental do fato
correspondente. Segundo Ragsale (2009), existem situações em que essa data
deve ser arbitrada, como é o caso de um contrato de serviço de longa duração em
que é usual se estabelecer marcos de referência para que a evolução do contrato
seja controlada. Nesses casos, a data do fato contábil é a data em que algum
agente responsável atestou a conclusão parcial do contrato de trabalho ou serviço.
Como norma geral, a receita é reconhecida no período contábil em que é
realizada. A realização usualmente ocorre quando bens ou serviços são fornecidos
a terceiros em troca de dinheiro ou de outro elemento do ativo.

1.2.6 Descrevendo o princípio da competência


Este princípio impõe que as receitas devam ser atribuídas ao exercício em
que foram auferidas, enquanto as despesas pertencem ao exercício em que elas
foram incorridas. Este princípio é, provavelmente, o mais importante e o menos
óbvio de todos, e sua compreensão exige a maior atenção possível. A alternativa a
este princípio é o chamado Regime de Caixa, que a legislação autoriza para as
microempresas. Segundo o Regime de Caixa, as Receitas e Despesas são
reconhecidas quando há recebimento e desembolso, respectivamente.
Segundo Martins (2000), esse princípio mostra, resumidamente falando, que
as receitas e as despesas são atribuídas aos períodos de acordo com a real
inocorrência dos mesmos, isto é, de acordo com a data do fato gerador e não
quando são recebidos ou pagos em dinheiro.
Através desse princípio, a folha de pagamento dos operários relativa ao mês
de dezembro, suponhamos, será considerada como despesa de dezembro, mesmo
que na prática o pagamento só seja efetuado nos primeiros dias de janeiro. O fato

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gerador da despesa é o serviço prestado pelos operários, e não o pagamento do


salário.
Ilustrando os dois regimes, suponha um taxista que tenha gastado R$ 40 no
sábado enchendo o tanque de seu carro, para trabalhar no domingo, quando faturou
R$ 100 e gastou meio tanque. No Regime de Caixa, ele poderá dizer que o lucro
resultante de rodar no domingo terá sido igual à receita de R$ 100; já no regime de
competência, ele deverá deduzir a despesa incorrida com o meio tanque gasto, de
forma que o lucro terá sido de R$ 80, menos outras despesas já ocorridas ou a
ocorrer, como impostos, manutenção, depreciação, entre outros.
A lógica do Princípio da Competência está ligada à correta mensuração do
lucro; sem ele, o Regime de Caixa permitiria manipular fortemente o lucro, já que
seria possível criar despesas à vontade, com a aquisição de itens destinados a
consumo posterior, ou adiar o reconhecimento de receitas, através de vendas a
crédito.

1.2.7 Descrevendo o princípio da igualdade contábil


Consiste na chamada equação patrimonial: ATIVO = PASSIVO +
PATRIMÔNIO LÍQUIDO. O Ativo indica como a empresa aplicou seus recursos, ou
seja, é o conjunto de seus bens materiais e bens de direito jurídico, ou
simplesmente, bens e direitos. O Passivo e o Patrimônio Líquido indicam a origem
dos recursos da empresa. O Passivo abrange compromissos assumidos perante
terceiros, ou obrigações, enquanto o Patrimônio Líquido indica a participação dos
proprietários na empresa. A igualdade contábil, em lugar de princípio, pode ser
tomada como parte integrante da metodologia contábil, que registra tanto a origem
dos recursos como a forma com que foram aplicados; e todos os lançamentos
contábeis subsequentes mantêm o equilíbrio desta equação.

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Figura 4: Interpretando o princípio da igualdade contábil.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1.3 Caracterizando e aplicando o Balanço Patrimonial


Segundo Ragsale (2009), o Balanço Patrimonial nos mostra a situação
estática da empresa em determinado momento e, para ele, é canalizado todo o
resultado das operações e das transações que terão realização futura.

Cada empresa pode determinar a data de encerramento de seu balanço


conforme sua conveniência, desde que esta não ultrapasse o período de 12 meses.
Entretanto, a maioria das empresas brasileiras optam pelo seu encerramento
sempre no dia 31 de dezembro de cada ano, juntamente com o encerramento do
ano civil.
O Balanço Patrimonial retrata a situação financeira da empresa, ao contrário
do que alguns gestores pensam, este relatório não é elaborado para informar o valor
da empresa, uma vez que este valor pode ser obtido através de outros cálculos,
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subsidiados por dados do Balanço e de outras informações.


Uma das mais requisitadas características desta demonstração contábil é a
sua padronização em termos de apresentação pelos diversos períodos em que é
elaborada. Esta característica facilita a realização de análises, comparação
retrospectiva e sua apreciação em relação a outras empresas.
Quando falamos que o balanço retrata a situação financeira da empresa,
dizemos que nele encontramos registradas as origens, aplicações, bens, direitos e
obrigações das empresas. A estrutura do relatório permite que estes registros sejam
agrupados de maneira uniforme e bem definida.
No Ativo, encontramos registrados os bens e direitos da empresa, ou seja,
máquinas, estoques, títulos a receber, entre outros. Podemos dizer ainda que
encontramos registradas as aplicações da empresa, uma vez que demonstra para
onde estão sendo canalizados os recursos captados. Esses bens, direitos e
aplicações, encontram-se devidamente registrados em contas que devem ser
apresentadas no Balanço em ordem de realização, ou seja, pela ordem em que se
transformam em dinheiro mais rapidamente.
No Passivo, encontramos registradas as obrigações da empresa com
terceiros, ou seja, impostos a pagar, fornecedores a pagar, empréstimos a pagar,
entre outros. Dizemos também que estão registradas as origens de financiamento
com terceiros da empresa, ou seja, de onde estão sendo captados os recursos.
Essas obrigações e origens também são devidamente registradas em contas que
devem ser apresentadas no Balanço em ordem de exigibilidade, ou seja, pela ordem
em que são exigidas pelos seus credores (vencidas).
Dentro ainda do Passivo, temos uma importante subdivisão chamada de
Patrimônio Líquido. Este grupo de contas registram os capitais próprios, ou seja, as
origens e as obrigações da empresa com seus acionistas e proprietários.
Podemos sintetizar a estrutura básica de apresentação do Balanço
Patrimonial da seguinte forma:

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Figura 5: Interpretando o Balanço Patrimonial.


Fonte: Adaptado de Ragsale (2009).

1.3.1 Interpretando o ativo circulante


Encontramos classificados no ativo circulante, todos os bens e direitos que
se convertem em dinheiro em curto prazo. Considera-se como Curto Prazo, os
valores realizáveis (conversíveis em dinheiro) até o final do exercício social seguinte.
Entretanto, existem empresas em que seu ciclo operacional excede o período
de 12 meses, por exemplo, 14 meses. Dessa forma, é permitido considerar nestes
casos, o período do ciclo operacional como sendo o período de curto prazo.
Dentro deste grupo, encontramos os seguintes subgrupos:
a) Disponibilidades.
b) Direitos realizáveis em curto prazo.
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c) Estoques.
d) Despesas antecipadas.

Disponibilidades – são recursos que podem ser utilizados


imediatamente, sem restrições. Dentro ainda deste subgrupo encontramos algumas
contas, tais como: Conta Caixa, que representa os numerários (dinheiro) existentes
na empresa ou em trânsito. A conta Bancos representa os recursos depositados em
forma de depósitos à vista, nas instituições financeiras, estando livres para
movimentações. Temos ainda a conta Aplicações Financeiras de Curto Prazo, que
são aquelas aplicações de fácil conversibilidade em dinheiro, tais como fundos de
curto prazo e títulos de imediata conversibilidade.
Direitos realizáveis em curto prazo – são representados pelos
recursos aplicados em direitos que poderão ser convertidos em dinheiro no prazo de
12 meses, ou dentro do período do ciclo operacional da empresa, se assim definido.
Neste subgrupo, podemos encontrar várias contas, como: Títulos e Valores
Mobiliários que são aplicações financeiras em títulos da dívida pública, certificados
de depósito bancário, recibos de depósito bancário, ouro, debêntures, fundos de
investimento financeiro, entre outros. Duplicatas a Receber ou Clientes, que são os
títulos de crédito gerados pelas vendas ou prestação de serviços a prazo. Duplicatas
a Receber ou Clientes Exportação, são valores equivalentes às Duplicatas a
Receber, entretanto, provenientes de vendas ao exterior. Duplicatas Descontadas,
trata-se de uma conta credora, ou seja, redutora da conta Duplicatas a Receber, que
registram os valores a receber adiantados junto a alguma instituição financeira. Este
valor adiantado permanece como passivo da empresa até a efetiva liquidação pelos
clientes. A conta Provisão para Devedores Duvidosos, trata-se também de uma
conta credora, redutora da conta Duplicatas a Receber, que tem a finalidade de
cobrir possíveis perdas pelo não recebimento destes títulos. Impostos a Recuperar,
trata de registrar os valores de impostos que porventura venham a ser adiantados
pela empresa e que ela tem o direito de receber ou recuperar por meio de
compensação com impostos a pagar. Por fim, encontramos neste subgrupo a conta
Outras Contas a Receber, que registra diversos valores que a empresa tem direito a
receber e que não têm significância, tal que necessitem a abertura de uma conta

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específica.
Estoques – trata-se de um subgrupo composto por bens agrupados de
acordo com sua natureza e finalidade e podem ser: mercadorias para revenda,
matérias-primas, materiais auxiliares de produção, produtos em elaboração,
produtos acabados e materiais de consumo em geral. Os valores desembolsados
para a importação de mercadorias e os valores adiantados a fornecedores por conta
de entregas futuras também são classificados como Estoques.
Despesas antecipadas – neste subgrupo são registrados os recursos
aplicados antecipadamente e que irão gerar benefícios ou serviços futuros.
Podemos citar como exemplos: seguros a apropriar e assinatura de jornais e
revistas, que geram benefícios durante o ano todo e podem ser apropriados para
despesa, conforme ocorrem, e comissões pagas antecipadamente, que acarretará
em benefício de vendas futuras.

1.3.2 Interpretando o ativo realizável em longo prazo


Encontramos classificados no grupo ativo realizável em longo prazo, todos
os direitos realizáveis a partir do final do exercício seguinte. Seus grupos de contas
apresentam a mesma característica do ativo circulante, diferenciando-se somente
pelo período de realização.
De acordo com a legislação, mesmo que sejam de realização em curto prazo,
os adiantamentos e empréstimos concedidos a empresas coligadas ou controladas,
bem como as transações não operacionais com estas empresas, devem ser
classificadas como de longo prazo. Isto se dá, pois, por se tratarem de empresas de
mesmo grupo, a realização e/ou exigibilidade torna-se bem mais tolerante.
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1.3.3 Interpretando o ativo permanente


Pela própria denominação, podemos entender que este grupo é formado de
contas e itens que não são destinados à venda e com características permanentes.
Encontramos no ativo permanente os bens e direitos de vida útil longa e que
são utilizados pela empresa como meios de atingir seus objetivos de operação.
O ativo permanente é composto basicamente por 4 subgrupos como segue:
a) Investimentos.
b) Imobilizado.
c) Intangível.
d) Diferido.

Investimentos – este subgrupo registra as contas que não se


destinam especificadamente à manutenção das atividades operacionais da empresa.
Encontramos como exemplo destas contas: participação acionária em empresas
coligadas e controladas (e outras empresas), obras de arte, incentivos fiscais,
terrenos e imóveis para utilização futura.
Imobilizado – subgrupo composto de contas que registram os bens e
direitos que são destinados à manutenção das atividades operacionais da empresa.
Podemos citar como exemplo as contas: terrenos, edifícios, instalações, máquinas e
equipamentos, equipamentos de processamento eletrônico de dados, sistemas
aplicativos (softwares), móveis e utensílios, veículos, ferramentas, marcas e
patentes industriais, florestamento e reflorestamento. Vale ressaltar que, a partir do
momento que estes itens entram em uso, estas contas são reduzidas gradualmente
por suas respectivas contas credoras de Depreciação, Amortização e Exaustão.

Depreciação: é a redução do valor dos bens pelo desgaste ou perda de


utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Exemplos: máquinas e
equipamentos, imóveis.

Amortização: é a redução do valor aplicado na aquisição de direitos de


propriedade e quaisquer outros com existência ou exercício de duração
limitada. Exemplos: despesas diferidas.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
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Exaustão: é a redução do valor de investimentos, necessários à exploração


de recursos minerais ou florestais. Exemplo: café.
Intangível – através da aprovação da Lei 11.638/07, conforme já
relatado anteriormente, foi criado este novo subgrupo, que passa a ser
desmembrado do subgrupo Imobilizado. Dessa forma, passa a ser definitivamente
desmembrados e totalizados individualmente os bens materiais (Imobilizado) e os
bens imateriais (Intangíveis). Assim, neste subgrupo são registrados os direitos que
tenham por objetos bens incorpóreos. Ex.: marcas e patentes.
Diferido – neste subgrupo, encontramos as despesas incorridas em
determinados exercícios e que só contribuirão para a formação de resultado em
momentos futuros. O ativo diferido diferencia-se das despesas antecipadas, do ativo
circulante, por tratarem-se de gastos realizados por vários exercícios sociais em que,
espera-se que produzam benefícios futuros.
Os exemplos mais comuns de despesas diferidas são: gastos de implantação
e gastos pré-operacionais, pesquisas e desenvolvimentos de produtos e métodos
industriais e gastos de implantação de sistemas e métodos.

1.3.4 Descrevendo o passivo circulante


Encontramos registrados no passivo circulante, todas as obrigações
exigíveis em curto prazo, ou seja, vincendas até o final do exercício social seguinte,
ou até o final do ciclo operacional da empresa, assim como no caso do ativo
circulante. Tendo em vista o grande número de contas existentes neste grupo,
podemos agrupá-las nos seguintes subgrupos:
a) Empréstimos e financiamentos.
b) Fornecedores.
c) Obrigações fiscais.
d) Outras obrigações.
e) Provisões.
Empréstimos e financiamentos – subgrupo composto,
principalmente, por contas representativas de financiamentos bancários de curto
prazo, títulos a pagar, adiantamentos de contrato de câmbio, encargos financeiros a

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pagar e parcelas de financiamentos e empréstimos originalmente tomados em longo


prazo, tornando-se de curto prazo, uma vez que se aproxima o seu vencimento.
Fornecedores – é composto pelos valores a pagar a outras pessoas
jurídicas e físicas referentes a compras a prazo realizadas no mercado nacional e no
mercado externo.
Obrigações fiscais – subgrupo composto por impostos apurados a
pagar e/ou a recolher. Os principais valores, conforme a carga tributária brasileira,
são: ICMS a Recolher, IPI a Recolher, Provisão para IR/CSLL, IR Fonte a Recolher,
ISS a Recolher, Pis e Cofins a recolher.
Outras obrigações – obrigações tributárias, inclusive parcelas a
vencerem em curto prazo relativas a programas de refinanciamento de dívidas
fiscais e previdenciárias (como o REFIS), FGTS e outros encargos de natureza
tributária, incluindo multa e juros. Obrigações com funcionários, relativas a salários,
participações nos resultados, férias a pagar, abonos pecuniários e outras verbas de
natureza trabalhista. Provisões de Férias e 13º Salário, incluindo os respectivos
encargos sociais e adicional de 1/3 de férias. Créditos de sócios, acionistas,
diretores e empresas coligadas e controladas, quando sua liquidação estiver
estipulada para o exercício seguinte.
Provisões – tratam-se de encargos e riscos que não possuem datas
fixadas para pagamento ou os seus valores não são conhecidos com exatidão,
entretanto, sendo calculáveis mesmo que por estimativa. Dividendos propostos,
gratificações e participação a administradores e a empregados, previsões de férias e
provisão para décimo terceiro salário são exemplos mais comuns neste subgrupo.

1.3.5 Caracterizando o passivo exigível em longo prazo


Encontramos registrados no grupo passivo exigível em longo prazo, todas
as obrigações exigíveis, ou vincendas, após o término do exercício social seguinte,
ou após o ciclo operacional da empresa. Seus grupos de contas apresentam as
mesmas características do passivo circulante, salvo o prazo de exigibilidade.
Entre estes grupos, podemos destacar: Empréstimos e Financiamentos de
Longo Prazo, Debêntures a Pagar, Provisão para Imposto de Renda Diferido,
Provisão para Riscos Fiscais, entre outros.

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Realizável/exigível em curto prazo – é tudo aquilo que se realiza ou exige


(vence) até o final do exercício subsequente.
Realizável/exigível em longo prazo – é tudo aquilo que se realiza ou exige
(vence) a partir do final do exercício subsequente.

1.3.6 Caracterizando os resultados de exercícios futuros


No grupo resultados de exercícios futuros, podemos encontrar o registro de
lucros já auferidos, ou seja, já realizados, que serão incorporados ao Patrimônio
Líquido pelo regime de competência. As receitas devem estar líquidas dos custos e
despesas incorridos ou a incorrer, fazendo com que resulte neste subgrupo somente
o resultado da operação. Podemos citar como exemplos mais comuns os
recebimentos antecipados de aluguel e comissão de fiança bancária.

1.3.7 Interpretando o patrimônio líquido


Encontramos no grupo patrimônio líquido, o registro dos recursos próprios
da empresa, aqueles que pertencem a seus acionistas, proprietários ou sócios. É
constituído basicamente pelos subgrupos:
a) Capital social.
b) Reservas de capital.
c) Reservas de lucros.

Capital social – este subgrupo representa os valores efetivamente


integralizados pelos proprietários, acionistas ou sócios, ou seja, corresponde ao total
que seus proprietários “injetaram” na empresa no momento de sua constituição. Este
capital pode ser alterado de comum acordo com os sócios, através da observância
dos procedimentos legais.
Reservas de capital – são classificadas como reservas de capital, os
valores que são recebidos pelas empresas e não são exigíveis e nem são receitas.
Este subgrupo pode ser composto por contas como: correção monetária do capital
realizado, ágio na emissão de ações, entre outros. As reservas de capital podem ser
utilizadas nos seguintes casos: aumento de capital social, absorção dos prejuízos
(quando estes ultrapassarem os lucros acumulados e as reservas de lucros),

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resgate, reembolso ou compra de ações, resgates de partes beneficiárias e


pagamento de dividendo de ações preferenciais, quando assim previstas.
Reservas de lucros – são constituídas com lucros retidos para
finalidades específicas. Os principais tipos de reservas deste subgrupo são
brevemente explicadas a seguir: a Reserva Legal é constituída com parcela de 5%
do lucro, limitada a 20% do Capital Social. As Reservas Estatutárias são
constituídas de acordo com o que determina o estatuto da empresa (por exemplo:
reserva para aumento de capital). As Reservas para Contingências têm a
finalidade de compensar uma provável perda ou prejuízo no futuro. As reservas
para expansão são destinadas para financiar investimentos planejados. As
reservas de lucros a realizar representam lucros apurados contabilmente, que
ainda não se realizaram financeiramente e não deverão se realizar nem no próximo
exercício social. A Lei 11.638 vem incluir, no cálculo da parcela realizada do lucro
líquido do exercício, o resultado não realizado da contabilização de ativo e passivo
pelo valor de mercado. A conta Lucros e Prejuízos Acumulados foi extinta pela Lei
11.638, mantendo apenas uma conta de Prejuízos Acumulados dentro deste grupo.
Se a empresa auferir lucro em um determinado exercício, deverá reverter todo ele,
seja para distribuição ou reinvestimento. Entretanto, na prática, as empresas
continuam com a conta Lucros e Prejuízos Acumulados pela falta de clareza na lei,
no que diz respeito à reversão destes lucros.
Em alguns casos, as sociedades por ações podem adquirir suas próprias
ações, caso necessitem. Dessa forma, as ações adquiridas são classificadas em
uma conta chamada Ações em Tesouraria e, por ser esta uma conta devedora,
reduz o valor do Patrimônio Líquido.

1.4 As alterações associadas ao balanço


Todo fato contábil provoca uma alteração no Balanço da empresa. Entretanto,
as alterações são registradas de forma que seja mantida coerência com o Princípio
da Igualdade Contábil.
Para ilustrar as alterações fundamentais de um Balanço, suponha um caso
dos mais simples possíveis, no qual o Balanço sintetizado representa o Patrimônio
da Clínica Medicar Medicina Especializada, expresso em forma contábil.

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ATIVO PASSIVO
Caixa / Bancos R$ 180.000,00 Dívidas R$ 120.000,00
Bancárias
Equipamentos R$ 280.000,00 Impostos a Pagar R$ 20.000,00

Móveis R$ 130.000,00 Dívidas Longo R$ 850.000,00


Prazo
Imóvel R$ 5.120.000,00 Patrimônio R$
Líquido 4.720.000,00
Total R$ 5.710.000,00 Total R$
5.710.000,00

Considere agora diversos fatos contábeis afetando o patrimônio da Clínica


Medicar.
a) Como primeiro exemplo, suponha que a Clínica adquira um novo
equipamento, mais moderno, por R$ 120.000,00 pagando à vista; neste caso, a
posição do Caixa / Bancos se reduz para R$ 60.000,00 e a conta Equipamentos se
altera para R$ 400.000,00. Cabendo notar que nesta permutação, o total do Ativo
não se alterou.
b) Segundo exemplo, suponha que a Clínica Medicar compre outros itens
de mobiliário por R$ 40.000,00 assumindo assim uma nova dívida bancária; neste
caso, a conta móveis aumenta para R$ 170.000,00 e a conta Dívidas Bancárias
aumenta para R$ 160.000,00. É importante observar que tanto o total do Ativo
quanto o total do Passivo aumentaram em R$ 40.000,00.
c) Em um terceiro exemplo, suponha que a Clínica Medicar decida
comprar um outro imóvel por R$ 840.000,00 pagando R$ 50.000,00 à vista e
assumindo uma nova dívida de longo prazo no valor de R$ 790.000,00. Neste caso,
três contas foram modificadas: a conta Imóvel se eleva, passando para R$
5.960.000,00; a conta Caixa / Bancos se reduz para R$ 130.000,00 e a conta
Dívidas de Longo Prazo se eleva para R$ 1.640.000,00. Salienta-se que tanto o
Ativo quanto o Passivo variaram em R$ 790.000,00.
d) Seja agora o caso em que a Clínica Medicar decida realizar uma
confraternização para seus colaboradores, e que esta confraternização tenha
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custado R$ 50.000,00. A posição do Caixa / Bancos se reduz neste valor sem que
haja uma contrapartida sob a forma de Bem ou Direito. Uma rápida reflexão mostra
que a única maneira de preservar a Igualdade Contábil consiste em reduzir o
Patrimônio Líquido da Clínica Medicar em R$ 50.000,00. Fica claro que toda
transação que provoque uma redução do Patrimônio Líquido é chamada de
Despesas, que no caso seria denominada Despesas com Confraternização.
e) Como último exemplo, vamos entender que a Clínica Medicar em um
determinado mês tenha recebido R$ 20.000,00 em razão de uma prestação de
serviços médicos; neste caso, seu Caixa / Bancos aumenta, e outro raciocínio
imediato mostra que o Patrimônio Líquido aumenta no mesmo valor. Evidencia-se
assim que toda transação contábil que provoca aumento no Patrimônio Líquido é
denominada Receita, no caso, uma Receita de Serviços.
Inspiradas nesses exemplos, as alterações do Balanço de uma empresa,
resultantes dos lançamentos de fatos contábeis, podem ser classificadas em cinco
tipos:
1. Alterações Permutativas – são fatos contábeis que não alteram o valor
total do Ativo, nem do Passivo, nem do Patrimônio Líquido.
2. Alterações Compensativas – são fatos contábeis que alteram o Ativo e o
Passivo, mas não alteram o Patrimônio Líquido.
3. Despesas ou Alterações Modificativas Diminutivas – são fatos contábeis
que diminuem o Patrimônio Líquido.
4. Receitas ou Alterações Modificativas Aumentativas – são fatos contábeis
que aumentam o Patrimônio Líquido.
5. Fatos Mistos – são fatos contábeis que combinam as alterações
anteriores. Na prática, tendem a ser os mais comuns. Os fatos mistos podem ser
aumentativos ou diminutivos, conforme o Patrimônio Líquido aumente ou diminua.

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UNIDADE 2 – DEMONSTRATIVOS DE RESULTADOS E


APLICAÇÕES

2.1 Aspectos introdutórios


Anteriormente, foi apresentado alguns fatos contábeis, denominados
Receitas e Despesas, que afetam o Patrimônio Líquido. Entretanto, a prática
contábil considera inconveniente registrar, a cada ocorrência, a correspondente
variação do Patrimônio Líquido, sendo que o procedimento usual consiste em
agrupar todas as contas de Receitas e de Despesas e, ao fim do exercício,
determinar o saldo entre ambas, o qual é então transferido para Patrimônio
Líquido.
A vantagem do procedimento adotado é que o elenco das Receitas e
Despesas ao longo de um período constitui uma forma fundamental de avaliação
do desempenho e, portanto, uma informação preciosa para toda empresa.
Um exemplo ilustrativo nos mostra o processo, de forma introdutória. Tal
exemplo está segmentado em três etapas: a primeira mostra o Balanço inicial; a
segunda acumula Receitas e Despesas; e a última ilustra a determinação dos
Resultados e do Balanço final.

Etapa 01: Seja o Balanço inicial da Clínica Saúde Total.


ATIVO PASSIVO
Caixa R$ 1.000 Obrigações R$ 4.000
Bens R$ 5.000 Patrimônio Líquido R$ 2.000
Total R$ 6.000 Total R$ 6.000

Supondo que, ao longo do exercício, tenha ocorrido 2 fatos


contábeis. O primeiro, registrando a venda de R$ 500 de seus bens para um
terceiro, mediante pagamento à vista de R$ 700. O segundo, registrando o
pagamento de uma obrigação no valor de R$ 1.000 acrescida de juros de mora
de R$ 40. Ao invés de registrar a diferença diretamente no Patrimônio Líquido da
Clínica Saúde Total, tais alterações são mostradas no quadro abaixo,
denominado Balancete de Verificação, que inclui as Despesas do lado do
Ativo e as Receitas do lado do Passivo e Patrimônio Líquido.
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a) Vamos analisar a situação. O saldo do Caixa que era de R$ 1.000,


recebe R$ 700 proveniente da venda de bens e paga R$ 1.040 referente a
R$1.000 de obrigações + R$ 40 de juros.
b) O saldo dos bens que era de R$ 5.000 diminui para R$ 4.500 em
decorrência da venda de R$ 500 de seus bens.
c) Registra-se despesas de R$ 540 provenientes do custo histórico dos
bens vendidos de R$ 500 + R$ 40 provenientes dos juros pagos.
d) O saldo das obrigações que era R$ 4.000 se reduz para R$ 3.000
em decorrência do pagamento de R$ 1.000.
e) Registra-se as receitas de R$ 700 em decorrência da venda de
bens.

Etapa 02: Balancete Clínica Saúde Total após lançamentos.


ATIVO PASSIVO
Caixa R$ 660 Obrigações R$ 3.000
Bens R$ 4.500 Patrimônio Líquido R$ 2.000
Despesas R$ 540 Receitas R$ 700
Total R$ 5.700 Total R$ 5.700

Seja, definitivamente, o processo de encerramento e apuração dos


Resultados, têm-se o Balanço final e os Resultados da Clínica Saúde Total.

Etapa 03: Balanço final da Clínica Saúde Total.


ATIVO PASSIVO
Caixa R$ 660 Obrigações R$ 3.000
Bens R$ 4.500 Patrimônio Líquido R$ 2.000
Lucro R$ 160
Total R$ 5.160 Total R$ 5.160

2.2 Interpretando a apuração da receita


Ao longo do exercício contábil, as empresas buscam obter Receitas, que
podem ser classificadas em dois tipos: Receitas de Vendas (Operacionais) e

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Receitas Não Operacionais. Segundo Ragsale (2009), as Receitas


Operacionais referem-se às vendas dos produtos e dos serviços que constituem
os negócios regulares da empresa. As Receitas Não Operacionais referem-se a
receitas eventuais decorrentes de eventos que não constituem objeto da
atividade usual da empresa.
Exemplificando, consideremos o Laboratório Medicar que realiza diversos
tipos de exames e diagnósticos. A Receita Operacional é aquela proveniente dos
serviços de Análises e Diagnósticos prestados, enquanto a Receita Não
Operacional é aquela derivada de operações eventuais, como a venda de um
equipamento usado ou de algum móvel.
Salientamos que reconhecer Receitas é em princípio simples,
especialmente no Regime de Caixa em que a Receita ocorre sempre que, e
somente se, houver um recebimento de caixa. Entretanto, com o Princípio da
Competência, o reconhecimento da Receita é menos simples do que parece à
primeira vista e exige diversas qualificações. Como visto no início deste Material,
no Regime de Competência, a Receita pertence ao período em que ela é
auferida, ou seja, no período em que o fato gerador da Receita ocorreu, e não no
período de seu efetivo recebimento.
Por exemplo, se o Laboratório Medicar prestou os serviços de coleta,
análise e diagnóstico para um determinado paciente, e concedeu um prazo de
pagamento a este de 45 dias, o efetivo recebimento dos serviços prestados
ocorrerá no próximo mês, enquanto a Contabilidade apropriará a Receita no mês
em que os serviços foram prestados.
Olhando sob a ótica do Caixa da empresa, um recebimento pode
corresponder a Receitas ocorridas em três períodos de tempo distintos, que
devem ser devidamente diferenciados, e que são:
a) O recebimento pode ser advindo de receita auferida em exercício
anterior. Isto se dá quando o fato gerador da Receita ocorre em exercício
anterior, tendo originado em contrapartida um Direito, tal como, por exemplo,
uma Conta a Receber. No atual exercício contábil, tal Direito é realizado com o
recebimento. Dessa forma, a Receita foi auferida no exercício anterior, enquanto

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no presente exercício houve um simples fato permutativo, em que uma Conta a


Receber se transforma em Caixa.
b) O recebimento pode advir de receita auferida no presente exercício,
o que constitui o caso mais frequente e mais simples, em que os Regimes de
Caixa e Competência se identificam.
c) O recebimento pode advir de Receita Recebida Antecipadamente
em que, junto com o aumento de caixa, é gerado algum tipo de obrigação, no
mesmo valor, a ser prestada em exercício(s) seguinte(s). Em consequência, no
presente exercício houve um fato compensativo, enquanto no(s) exercício(s)
seguinte(s), com a execução da obrigação prevista, haverá o reconhecimento da
Receita.

Os casos mais complexos ocorrem com as vendas de longa duração, em


que o processo de produção de bens e serviços pode se estender por vários
exercícios. Grandes obras civis, extensos projetos, produção de itens industriais
complexos, entre outros, recaem nesta situação. Para esses casos, o que a
Contabilidade e a Legislação recomendam é que o(s) contrato(s) de execução
seja(m) subdividido(s) em partes menores, de modo que a custos correspondem
à execução daquela etapa do trabalho.

2.3 Interpretando a apuração da despesa


Pela sua diversificação, as Despesas são bem mais complexas que as
Receitas. Inicialmente, cabe observar que, analogamente às Receitas, as
Despesas pertencem ao exercício em que são incorridas, ou seja, ao período em
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que o fato gerador da despesa ocorreu. De acordo com o Princípio da


Competência, não se devem confundir despesas com desembolsos.
A enumeração seguinte dá uma ideia das despesas típicas do exercício,
que podem ser classificadas em seis grupos básicos:
a) Custo Serviços Prestados no Exercício.
b) Salários dos funcionários que venderam os Serviços. Fazem parte
das Despesas Comerciais. Em empresas comerciais, a função do vendedor é
bem identificada, pois é aquele que atende o cliente.
c) Serviços e Direitos usados durante o exercício. Para seu
funcionamento, a empresa incorre em ampla variedade de custos gerais e
administrativos.
d) Depreciações e Amortizações. Depreciações são deduções do custo
dos Ativos imobilizados, tais como prédios, mobiliários, instalações, veículos,
máquinas, entre outros. Amortizações correspondem ao usufruto de direitos
diversos que vão perdendo seu valor, como a exaustão de uma mina, o uso de
uma marca ou patente, entre outros.
e) Despesas incorridas, mas não pagas. Trata-se de despesas
incorridas no presente exercício, mas ainda não pagas; ao final do exercício,
elas constam do Balanço como obrigações a pagar.
f) Despesas Não Operacionais. Tais despesas são decorrentes de
fatos eventuais não relacionados com o objetivo social da empresa.

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2.4 Débitos e créditos


Contrariamente da linguagem corrente, em que a palavra débito tem como
sinônimo a palavra dívida e crédito equivale à ideia de boa reputação, em
Contabilidade, estes dois termos tem um sentido puramente técnico. Assim, os
termos débito e crédito correspondem ao quadro seguinte, em que o lado
esquerdo é chamado de lado do débito e o lado direito é o lado do crédito. Dessa
forma, o controle de qualquer conta pode ser visto como um desenho na forma
da letra T, chamado de conta T ou razonete, no qual um débito é um lançamento
à esquerda e um crédito é um lançamento à direita.

Débito Crédito

Saldo é a diferença entre o total dos débitos e dos créditos. Se o total dos
débitos é maior que o total dos créditos, diz-se que o saldo é Devedor. Se o
total dos créditos é maior que o total dos débitos, diz-se que o saldo é credor.

2.2.1 Descrevendo os lançamentos a débito e a crédito


Todo lançamento contábil resulta, obviamente, no aumento ou na
diminuição do saldo das contas afetadas. Por convenção, as variações de saldos
das contas satisfazem às seguintes regras:
a) Nas contas de Ativo e nas contas de Despesa, débitos
significam aumentos, enquanto créditos significam reduções.
b) Nas contas de Passivo, de Patrimônio Líquido e de Receitas,
débitos significam diminuições, enquanto créditos significam aumentos.
Alguns exemplos podem ajudar a compreensão dos lançamentos a débito
e a crédito e sua relação com os aumentos e diminuições. Assim:
a) Suponha a compra de um bem a dinheiro, como a aquisição de uma
mesa por R$ 50, paga à vista. Com este fato contábil, a conta Móveis recebe um
aumento de R$ 50 e a conta Caixa uma redução de R$ 50, ou seja, um crédito
na conta Caixa e um débito na conta Móveis.
b) Suponha a compra de um bem a prazo, como a aquisição de um
veículo por R$ 3.000. Neste caso, a conta Veículos recebe um aumento de R$

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3.000 e a conta Contas a Pagar também um aumento de R$ 3.000, ou seja, um


crédito na conta Contas a Pagar e um débito na conta Veículos.
c) Suponha a venda à vista por R$ 700 de um bem que pertencia ao
estoque, ao custo de R$ 500. Neste caso, há quatro contas movimentadas, duas
para indicar a receita e duas para indicar a despesa, ou seja, um débito na
conta Caixa de R$ 700 e um crédito na conta Receitas de R$ 700; um crédito
na conta Estoques de R$ 500 e um débito na conta Custos de R$ 500.

2.5 Conhecendo o método das partidas dobradas


O Método das Partidas Dobradas, ou Método Veneziano, descrito pela
primeira vez em 1.494 pelo Frei Luca Paciolo no livro “Summa de Arithmetica
Geometria proportioni et propornaliti”, conforme já relatado anteriormente, é um
sistema padrão de registro das transações financeiras, o qual é aplicado até os dias
atuais pelas empresas.
Este método tem como premissa básica, a classificação das transações
financeiras nas chamadas contas contábeis (Ativas, Passivas e de Resultado),
sendo que cada uma reflete uma aspecto específico do negócio como valor
monetário.
Os lançamentos destas transações financeiras em suas devidas contas
contábeis, segundo o Método das Partidas Dobradas, implica em débitos e créditos,
sendo o mesmo valor debitado em uma conta e creditado em outra conta. Dessa
forma, segundo o Frei Luca Paciolo, para qualquer registro de transação financeira
haverá sempre:
um débito e um crédito de igual valor; ou,
um débito e vários créditos totalizando o mesmo valor; ou,
vários débitos, totalizando o mesmo valor de um crédito.

Com a aplicação deste método, podemos afirmar que nunca haverá um débito
sem um crédito correspondente e, nunca haverá um crédito sem um débito
correspondente. Isso faz com que os relatórios contábeis oriundos destes
lançamentos, expressem de maneira clara as origens, aplicações, direitos e
obrigações das empresas.

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Aplicação – Suponhamos que determinada empresa no ramo varejista tenha


tomado um empréstimo, em uma instituição financeira qualquer no valor de R$
1.500.000,00 para utilizar 40% na aquisição de máquinas, 40% na compra de
matéria-prima e os 20% restantes, ficarão no caixa. Após toda operação realizada,
qual seria a contabilização a ser adotada, segundo o Método das Partidas
Dobradas?

Estes lançamentos evidenciam que a empresa passa a ter R$ 1.500.000,00


de obrigações a pagar (com a Instituição Financeira), e em contrapartida, também
passa a ter R$ 1.500.000,00 de bens e direitos (divididos entre Estoques, Máquinas
e dinheiro em Caixa).
Na praxe contábil, o termo débito é abreviado pela sílaba de e o termo crédito
pela letra a, como será ilustrado nos exemplos a seguir.

Fato 1 – Diversas pessoas decidem formar uma empresa com capital de R$ 300
integralizados no ato (01/07).
de Caixa 300
a Capital 300

Fato 2 – Comprados a prazo dois lotes de terrenos por R$ 30 cada (04/07).


de Terrenos 60
a Contas a Pagar 60

Fato 3 – Aplicados R$ 30 em Títulos Negociáveis (07/07).


de Títulos Negociáveis 30
a Caixa 30
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Fato 4 – Adquiridas Mercadorias por R$ 65 à vista (10/07).


de Estoque 65
a Caixa 65

Fato 5 – Comprados Móveis de Escritório por R$ 50 a prazo (15/07).


de Móveis 50
a Contas a Pagar 50

Fato 6 – Pagos R$20 das dívidas da empresa (20/07).


de Contas a Pagar 20
a Caixa 20

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33

UNIDADE 3 – INTERPRETAÇÃO FINANCEIRA DAS


OPERAÇÕES CONTÁBEIS

3.1 Aspectos introdutórios


Segundo Ragsale (2009), a análise das Demonstrações Financeiras é uma
ferramenta que representa um dos segmentos mais importantes do estudo da
Administração Financeira. Ela desperta interesse não só na gestão interna de uma
empresa, mas também em todos os segmentos do mercado contemplado pelos mais
variados analistas e seus objetivos.
Quando o gestor interno, lança mão das análises financeiras em seus
demonstrativos, este busca basicamente avaliar o desempenho geral de seu
negócio, identificando retrospectivamente os resultados obtidos pelas decisões
tomadas no passado. Este gestor, tem sua atividade de análise simplificada e
dinâmica, tendo em vista a facilidade de acesso a todas informações que originam o
dado analisado.
Já o analista externo, quando inicia uma análise desse tipo, tem como
objetivo resultados mais específicos, ou seja, busca apurar resultados que embasem
decisões voltadas para o seu segmento, seja ele de investidor ou de credor. É o
caso, por exemplo, de um indivíduo que investe em ações ou um banco que está
sendo consultado para liberar uma linha de crédito. Este analista não encontra as
mesmas facilidades que um gestor interno, uma vez que enfrenta determinadas
limitações de informações, tendo em vista que realiza seu trabalho, galgado apenas
nos demonstrativos que são publicados, mesmo com a grande abrangência de
informações disponíveis. Assim sendo, poderíamos indagar: Mas se o acesso às
informações é um pouco diferente para o usuário interno e para o usuário
externo, podemos dizer que as conclusões e os objetivos das análises podem
satisfazer mais a um do que a outro?
Evidentemente que independentemente da quantidade de informações que
cada usuário dispõe para a realização de seu trabalho, ambos irão atingir seus
objetivos. Isto se dá, pois, a análise das demonstrações financeiras visa apontar o
desempenho econômico e financeiro da empresa analisada, com base em números
já realizados, com o intuito de se obter diagnósticos do passado e seu

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posicionamento atual, fazendo com que haja a possibilidade e o suporte para a


definição de tendências futuras.
Ressalta-se ainda, que acima de tudo, busca-se avaliar as consequências
sobre o resultado, a liquidez, o endividamento e a estrutura patrimonial, de decisões
aplicadas no passado e o que isso pode interferir no andamento futuro do negócio.
Dessa forma, cada usuário busca focar sua análise no segmento que mais lhe traga
respostas a seus anseios.

De acordo ainda com Ragsale (2009), diversas técnicas de análise são


desenvolvidas para facilitar o trabalho dos analistas que buscam interpretar as
informações financeiras. Entretanto, a utilização de índices é a forma mais comum e
mais utilizada no mercado.
Mesmo tratando-se da prática mais comum, algumas precauções são válidas
na aplicação desta análise. Inicialmente, aponta-se que um simples índice, isolado
de outros complementares ou que ilustrem a causa de seu comportamento, não
fornece elementos suficientes para uma conclusão satisfatória. Um índice isolado,
na realidade, dificilmente contribui com informações relevantes para o analista. É
importante ressaltar ainda que, mesmo que se tenha mensurado um conjunto de
índices complementares, é necessário efetuar uma comparação temporal e setorial.
A comparação temporal envolve conhecer a evolução desses indicadores nos
últimos anos como forma de se avaliar, de maneira dinâmica, o desempenho da
empresa e as tendências que servem de base para o estudo prospectivo. Já a
comparação setorial é desenvolvida por meio de um confronto dos resultados da
empresa em análise com os de seus principais concorrentes e, também, com as
médias de mercado e de seu setor de atividade. Para esse estudo são utilizadas,
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normalmente, como fontes de informações, as principais publicações de índices


setoriais disponíveis.
O grande benefício gerado pela análise através de índices é a possibilidade
de se comprar empresas de portes diferentes.
Empresas que faturam milhões podem ter seu desempenho comparado ao de
empresas que faturam bem menos ou bem mais. Isto é possível, pois os índices nos
possibilitam a análise relativa dos números.
Como já falado anteriormente, o enfoque segundo o qual a análise é
desenvolvida, pode variar conforme a necessidade e o interesse do analista. Por
exemplo, o administrador da empresa, ao medir periodicamente seus resultados,
procura avaliar, na realidade, o impacto determinado pelas decisões financeiras
sobre o desempenho global da empresa. Em princípio, está interessado igualmente
em todos os seus aspectos econômico e financeiro, sem atribuir relevância maior ou
menor a qualquer deles.
Já os acionistas ou os interessados em investir nas ações da empresa, têm o
objetivo central da análise voltado sobre seus lucros líquidos e desempenho de suas
ações no mercado e seus dividendos. Por outro lado, os atuais e os futuros
credores, buscam focar suas análises para a capacidade que a empresa apresenta
de liquidar seus compromissos, não deixando de lado é claro, a preocupação com
os resultados econômicos obtidos e a capacidade de continuidade da empresa.
Os dados básicos para a análise do desempenho econômico e financeiro, que
será desenvolvida adiante, baseiam-se nos diversos valores e rubricas constantes
das demonstrações financeiras, normalmente levantadas pelas empresas. Com
bases nestas informações, que em determinados momentos podem ser
complementadas por índices agregados de mercado, são aplicados os vários
critérios de análise, buscando obter conclusões sobre o desempenho retrospectivo,
do presente e do futuro da empresa.
Quando falamos de analistas internos e externos, estamos nos referindo a
quem? Podemos ilustrar como principais usuários e seus respectivos objetivos:

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Figura 6: Interpretação financeira das operações contábeis.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

3.2 Descrevendo a análise vertical e análise horizontal de operações contábeis


Ao analisar as informações financeiras de uma empresa, nos deparamos com
a necessidade de interpretação dos números, no que tange à sua evolução ou
involução através dos períodos, bem como, a participação de cada um no grupo em
que faz parte. Neste sentido, duas ferramentas de simples aplicação, mas ao
mesmo tempo de grande eficácia, são a Análise Horizontal e a Análise Vertical.
Tais ferramentas permitem comparações de valores relacionáveis, obtidos de
uma mesma demonstração financeira, tais como: comparação dos lucros com as
vendas, do capital de giro com o ativo total, endividamento de terceiros com o
passivo total, entre outros. Além disso, permite a análise de tendências com base na
comparação de valores através de diversos períodos.
A seguir, passaremos a conhecer a Análise Vertical e a Análise Horizontal e
como estas são aplicadas nos principais demonstrativos financeiros.

3.2.1 Interpretando a análise vertical ou de estrutura


A análise vertical, também conhecida como análise de estrutura, tem em sua
essência a avaliação da proporção de cada componente em relação ao total de qual

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faz parte. Busca facilitar a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo, no Balanço


Patrimonial, bem como a participação de cada item da Demonstração de Resultados
do Exercício na formação do lucro ou do prejuízo.

A análise vertical irá apontar, por exemplo, qual é a participação de


Duplicatas a Receber no Total Ativo; qual é a participação dos Empréstimos
Bancários no total do Passivo ou qual é a relação dos custos dos Produtos
Vendidos sobre a Receita Líquida de Vendas.

De maneira geral, a análise vertical visa apontar a importância de cada conta


em relação à demonstração financeira da qual faz parte e, através da comparação
com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em períodos
anteriores, permite identificar itens que sofreram grandes variações e estão fora das
proporções normais.

A) Interpretando a análise vertical do balanço patrimonial


Segundo Ragsale (2009), o Balanço Patrimonial evidencia a situação
financeira e patrimonial da empresa, tendo em vista que nele estão registradas as
fontes de financiamento da empresa (Passivo e Patrimônio Líquido) e de que forma
estão sendo aplicados tais recursos (Ativo).
Neste sentido, ao realizarmos uma Análise Vertical do Balanço Patrimonial,
estamos evidenciando a participação de cada item em relação ao seu total. Ou seja,
ao analisarmos o Passivo e o Patrimônio Líquido obteremos a composição
detalhada, em percentuais, dos recursos tomados pela empresa, evidenciando qual
a participação dos capitais próprios e dos capitais de terceiros, de curto e de longo
prazo em relação ao total das fontes financiadoras. Já ao analisarmos o Ativo,
estaremos evidenciando detalhadamente e em termos percentuais, quanto dos
recursos obtidos estão aplicados em Ativo Circulante, Ativo Realizável em Longo
Prazo e Ativo Permanente.
A seguir podemos verificar a metodologia da Análise Vertical do Balanço
Patrimonial:

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 7: Interpretação da análise vertical no Balanço Patrimonial.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

O cálculo da participação relativa dos itens do Ativo e do Passivo é feito


dividindo-se o valor de cada item pelo valor total do Ativo e do Passivo,
respectivamente, e multiplicando-se por 100 para conversão em percentual.
Ressalta-se que a soma dos percentuais encontrados no cálculo dos valores
do Ativo, devem sempre totalizar 100%. O mesmo se aplica para o Passivo.

B) Interpretando a análise vertical da demonstração de resultado do exercício


(DRE)
Segundo Martins (2000), tendo em vista que a DRE registra os esforços
(gastos) realizados para a efetivação das receitas, com o intuito de apurar o
resultado da operação, podemos dizer que a análise vertical realizada neste
demonstrativo, nos auxilia a evidenciar a estrutura de custos e despesas em relação
à receita. Esta análise propicia o aspecto da avaliação de lucratividade do negócio,
levando sempre em consideração como parâmetro comparativo a Receita
Operacional Líquida.
Além disso, de acordo com Martins (2009), a importância de a análise ser
feita com base na Receita Operacional Líquida se dá, pois, como esta é obtida após
a dedução dos impostos, devoluções e abatimentos, trata-se do recurso que
realmente pertence à empresa. Dessa forma, ao analisarmos os fatores que
compuseram o resultado com base nesta receita, podemos ter uma conclusão mais
apurada dos esforços realizados na operação. Neste caso, a Receita Operacional

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Líquida assume base 100% e, todos os demais itens têm seu percentual calculado
com base nestas receitas.
A seguir podemos verificar um modelo que apresenta a metodologia da
Análise Vertical da DRE:

Figura 8: Interpretação da análise vertical no DRE.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

3.3 Caracterizando indicadores de liquidez


Os índices de Liquidez buscam apontar a capacidade de pagamento da
empresa, ou seja, a folga financeira que esta possui, o que possibilita ou não o
devido cumprimento de suas obrigações passivas acumuladas.
Mas, como os indicadores de liquidez podem evidenciar a capacidade de
pagamento de uma empresa? Qual é a relação realizada que permite tal
conclusão?
Basicamente, todos os índices de liquidez apuram a relação entre os ativos e
os passivos. Normalmente, são relacionados os bens e direitos em curto e longo
prazo com as obrigações de curto e de longo prazo, cada índice à sua maneira. Com
isso, ao relacionar o que a empresa tem a realizar (receber) com o que ela tem de
exigível (a pagar), é possível a obtenção de um índice relativo que proporciona

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
40

evidenciar se, no período analisado, a empresa possui capacidade de honrar seus


compromissos com terceiros.
Vale ressaltar, que esta análise apresenta a posição de liquidez estática da
empresa, ou seja, reflete a situação de momento não evidenciando a magnitude e a
época em que ocorrerão as entradas e saídas de recursos, bem como não reflete
ainda, se a empresa está ou não pagando e recebendo em dia.

3.3.1 Interpretando o Índice de Liquidez Corrente (LC)


Segundo Martins (2009), matematicamente falando, tal indicador é visualizado
pela expressão matemática:

Ativo Circulante
Fórmula =
Passivo Circulante

O índice de Liquidez Corrente, tendo em vista que relaciona o Ativo


Circulante com o Passivo Circulante, evidencia qual a capacidade de pagamento de
curto prazo da empresa com seus ativos de curto prazo, ou seja, o que está
vencendo no curto prazo com que ela tem a receber de curto prazo. Para
interpretação, o resultado deste indicador deve ser sempre igual ou acima que 1,00,
sendo que, quanto maior melhor.

3.3.2 Interpretando o Índice de Liquidez Seca (LS)


Segundo Martins (2009), matematicamente falando, tal indicador é visualizado
pela expressão matemática:

Ativo Circulante - Estoques


Fórmula =
Passivo Circulante

O índice de Liquidez Seca busca medir a capacidade de pagamento da


empresa de curto prazo, levando em consideração somente ativos de rápida
conversibilidade em dinheiro.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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Ao excluirmos do Ativo Circulante os Estoques, que teoricamente devem ser


primeiramente vendidos, resta no Ativo Circulante, basicamente, os valores em
Caixa, Banco, Aplicações Financeiras e Duplicatas a Receber. Tratam-se de itens ou
já convertidos em dinheiro ou de fácil conversão, caso haja necessidade. No caso
das Duplicatas a Receber, caso haja necessidade da empresa, podem ser
descontadas em banco, conforme disponibilidade de limite de crédito.

3.3.3 Interpretando o Índice de Liquidez Geral (ILG)


Segundo Martins (2009), matematicamente falando, tal indicador é visualizado
pela expressão matemática:

Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo


Fórmula =
Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo

O índice de Liquidez Geral mede a capacidade total de pagamento da


empresa. Isto se dá porque leva em consideração todos os bens e direitos
realizáveis em curto e longo prazo, em relação a todas as obrigações com terceiros,
exigíveis em curto e longo prazo. Ou seja, quanto a empresa possui de Ativo
Circulante e Realizável em Longo Prazo, para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante e
Exigível em Longo Prazo. Para sua interpretação, devemos considerar que quanto
maior for seu resultado, melhor.

3.4 Interpretando os indicadores relacionados à rentabilidade


Segundo Martins (2009), tais indicadores têm a finalidade de avaliar os
resultados obtidos pela empresa que estará sendo analisada. Esta avaliação se faz
baseada em determinados parâmetros que melhor possibilitem a revelação das
dimensões do resultado. Sempre em que uma análise de resultado é feita, somente
baseada em números absolutos, falsas interpretações podem ocorrer. A partir do
momento em que se analisa o resultado auferido pela empresa, através de números
relativos, levando em consideração os esforços destinados para a obtenção do
resultado ou até mesmo o potencial econômico existente, pode-se tirar conclusões
de que se realmente a empresa está atingindo seus objetivos.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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Vale ressaltarmos que os analistas em geral dispensam grande atenção de


sua análise aos Índices de Rentabilidade, tendo em vista que estes exercem grande
influência sobre a tomada de decisão, no que tange o mercado financeiro e/ou
acionário.

3.4.1 Interpretando a Rentabilidade do Ativo Total (RAT)


Segundo Martins (2009), matematicamente falando, tal indicador é visualizado
pela expressão matemática:

Lucro Líquido
Fórmula = x100
AtivoTotal

Índice que tem por objetivo apontar qual o lucro em percentual a empresa
obtém para cada unidade monetária de investimento total. Ou seja, qual o percentual
de lucratividade para cada R$ 1,00 de investimento no Ativo. Em sua interpretação,
dizemos que quanto maior for o resultado deste índice, melhor será para a empresa.

Caso seja constatada queda em seus resultados, ilustrada pelos


indicadores, surge a confirmação da necessidade que seus administradores
investiguem mais afundo suas causas e, com isso, possam tomar decisões
que proporcionem a retomada do crescimento e da geração de riqueza da
empresa.

3.4.2 Interpretando a Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)


Segundo Martins (2009), matematicamente falando, tal indicador é visualizado
pela expressão matemática:

Lucro Líquido
Fórmula = x100
Patrimônio Líquido

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
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Da mesma maneira em que existe a necessidade de se conhecer a


rentabilidade do ativo, margem de lucro das vendas e o giro que o ativo está
realizando, os sócios, acionistas e administradores querem conhecer qual o retorno
o Patrimônio Líquido está oferecendo para a empresa. Para isso, este indicador
busca apresentar quanto a empresa obtém de lucro, em percentual, para cada R$
1,00 de Capital Próprio investido. Em sua interpretação, assim como os outros
indicadores de rentabilidade, quanto maior for seu resultado, melhor será para a
empresa.
Este índice mede a rentabilidade do Capital Próprio em percentuais, por isso,
oferece uma medida muito interessante do ponto de vista dos sócios.

Aplicação – Consideremos o Balanço Patrimonial abaixo, para podermos calcular


os índices estudados anteriormente.

Figura 9: Interpretação dos dados da aplicação.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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INDICADORES X-1 X–2


ILC 1,18 1,11
ILS 0,90 0,76
ILG 0,88 0,83
RAT 6,13% 1,39%
RPL 9,99% 2,17%
Figura 10: Interpretação dos dados da aplicação.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

A tabela acima demonstra que no que tange a capacidade de gerar recursos


financeiros, a empresa modelo apresentou queda do ano X – 1 para o ano X – 2.
Este fato é confirmado pela redução de sua rentabilidade no mesmo período.

3.5 Descrição da relevância do gestor financeiro


A sociedade humana, no seu viver e conviver diário emprega os recursos de
que dispõe, e que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados
e distribuí-los para consumo, agora ou no futuro, entre os vários indivíduos e grupos
desta mesma sociedade.
Estes recursos são escassos, porque a sociedade possui desejos ilimitados,
enquanto os recursos disponíveis normalmente não o são. Dessa forma, é preciso
que os recursos sejam utilizados com eficiência, isto é, que tenham a melhor
utilização possível dada à tecnologia disponível para a produção dos bens que a
sociedade demanda.
Portanto, toda escolha implica custo de algo em termos da oportunidade não
escolhida, ou seja, a escolha de uma determinada opção impede o usufruto dos
benefícios que as outras opções poderiam proporcionar.
Podemos dizer, então, que o custo de alguma coisa é o que você desiste para
obtê-la. A isso chamamos de custo de oportunidade. Por exemplo, o custo de
oportunidade de uma hora dedicando-se ao estudo de Contabilidade Financeira
representa o que você deixou de usufruir em lazer.
Na Administração Financeira enfrentamos dois problemas básicos, o primeiro
é a tomada de decisão de investimento, isto é, decidir em qual das opções
disponíveis aplicaremos nossos recursos, o segundo é a decisão de seu
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financiamento, ou melhor, qual a fonte de recursos, entre as disponíveis, será


utilizada.
Para tanto, o Administrador deve encontrar as respostas que deixem os
investidores na melhor situação possível.

Logicamente, pode-se dizer que uma boa decisão de investimento ou


financiamento é aquela que resulta na compra de um ativo que vale mais do que
custa, ou seja, o segredo de uma boa administração financeira é aumentar valor, isto
é, o principal objetivo da administração financeira é maximizar a riqueza da empresa
e, consequentemente, dos proprietários e investidores, sendo que, para que esse
objetivo seja alcançado, os gestores financeiros devem escolher entre as
alternativas de investimento e financiamento disponíveis à empresa, somente
aquelas que efetivamente agreguem valor ao empreendimento.
Essas decisões, na maioria das vezes, ligadas à expansão ou melhorias
tecnológicas, requerem grandes investimentos em ativos de longo prazo, que podem
fazer com que a empresa incorra em gastos que somente poderão ser
reembolsados através da utilização do ativo, jamais pela sua venda. São decisões
cujo fracasso pode comprometer a própria continuidade do negócio.
Por outro lado, esses investimentos precisam ser de alguma forma,
financiados, e a maneira de obtenção desses recursos, requer a escolha entre as
várias opções possíveis, daquela mais adequada e menos onerosa para a empresa,
o que, além de ser um fator determinante do risco, vai também influenciar na maior
ou menor rentabilidade. Assim, fica claro que o planejamento financeiro em longo
prazo é uma função de extrema importância e que pode determinar o sucesso ou
fracasso de uma empresa.
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3.6 Caracterizando a Ciência associada à Gestão Financeira


Pode-se definir Finanças como a arte e a ciência de administrar fundos.
Praticamente, todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam
fundos, gastam ou investem.
Finanças ocupam-se do processo, instituições, mercados e instrumentos
envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos.
Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos e financeiros
objetivando a maximização da riqueza da empresa e do valor das suas ações.

O que é maximização da riqueza?


É a contribuição para o valor da empresa pela seleção daqueles
investimentos que possuem a melhor compensação entre risco e retorno.

E como se define compensação entre risco e retorno?


Dado um nível de risco, é a taxa desejada de retorno que justifica a execução
de um investimento.

O que faz o Gestor Financeiro?


A função de gestão financeira, geralmente, é associada a um alto executivo
da empresa, denominado frequentemente diretor financeiro ou vice-presidente de
finanças.
O vice-presidente de finanças coordena as atividades do tesoureiro e do
controlador. A controladoria preocupa-se com a Contabilidade de Custos e a
Contabilidade Financeira, com os pagamentos de impostos e com os sistemas de
informação gerencial. A tesoureira responsabiliza-se pela gestão do caixa e da área
de crédito da empresa, por seu planejamento financeiro, e pelos gastos de
investimento. Numa empresa menor, o tesoureiro e o controlador talvez sejam a
mesma pessoa, não se encontrando dois departamentos distintos.

A) Decisões da Administração Financeira


O gestor financeiro deve preocupar-se com três tipos básicos de questões:

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1 - Orçamento de capital: processo de planejamento e gestão dos


investimentos de uma empresa em longo prazo. Nessa função, o gestor financeiro
procura identificar as oportunidades de investimento cujo valor para a empresa é
superior a seu custo de aquisição. Em termos amplos, isto significa que o valor do
fluxo de caixa gerado por um ativo supera o custo desse ativo.
2 - Estrutura de capital: combinação de capital de terceiros e capital próprio
existente na empresa. O gestor financeiro tem duas preocupações, no que se refere
a essa área. Primeiramente, quanto deve a empresa tomar emprestado? Em
segundo lugar, quais são as fontes menos dispendiosas de fundos para a empresa?
Além dessas questões, o gestor financeiro precisa decidir exatamente como e onde
os recursos devem ser captados, e, também, cabe ao gestor financeiro, a escolha da
fonte e do tipo apropriado de recurso que a empresa, por ventura, tomará
emprestado.
3 - Administração do capital de giro: capital de giro são os ativos e
passivos circulantes de uma empresa. A gestão do capital de giro de uma empresa é
uma atividade diária que visa assegurar que a empresa tenha recursos suficientes
para continuar suas operações e evitar interrupções muito caras.

Figura 11: Interpretação das funções dos gestores de capitais.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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UNIDADE 4 – SISTEMAS DE CUSTEIO APLICADOS A


GESTÃO FINANCEIRA EMPRESARIAL

4.1 Informações básicas dos sistemas de custeio


Existem algumas formas de se atribuir custos a um produto ou serviço. Tais
métodos que descrevem estas formas, segundo Martins (2009), são denominados
de sistemas de custeio, ou seja, os métodos de custeio estão relacionados à forma
de atribuir os custos aos produtos ou outros objetos. Note então que o objetivo
principal de qualquer método de custeio é determinar o custo de produção de um
bem ou serviço, e dependendo da utilidade que será dada a essa informação,
escolhe-se o método a ser utilizado. Neste sentido, temos quatro principais métodos
de custeio que são descritos a seguir.

a) Custeio por absorção


Consiste em atribuir aos produtos ou serviços todos os custos da área de
fabricação, sejam eles diretos e indiretos, com comportamento fixo ou variável. O
próprio nome nos diz muito sobre sua particularidade, que consiste em absorver os
custos diretos e indiretos relacionados à fabricação.

b) Custeio variável ou direto


Consiste em atribuir aos produtos ou serviços somente os custos variáveis
(ou diretos) de produção. Neste método, somente os custos variáveis são alocados
no produto, sendo que os demais custos são considerados como “despesas” do
período, reduzindo assim o resultado.

c) Custeio padrão (ou standard)


Consiste em predeterminar os custos antes da produção, como sendo o custo
normal de um produto ou serviço. Este custeio é utilizado para acompanhar as
variações ocorridas entre o custo padrão (projeto e ideal) e custo real (apontado pela
Contabilidade).

d) Custeio baseado em atividades (Activity Based Costing - ABC)


Consiste inicialmente na identificação dos custos às atividades desenvolvidas
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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pela empresa, para, em seguida, alocar aos produtos com base em medida de
consumo apropriada a cada atividade.
Utilidade Método de Custeio
Atendimento a exigências Por absorção
fiscais
Gerencial Variável
Controle Padrão
Melhoria de processos ABC

Figura 12: Diferenciando os sistemas de custeio.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1) Sistema de custeio por absorção simples


De acordo com a literatura, foi o primeiro sistema de custeio criado na gestão
de custos. Salientamos que este método, em verdade, nasceu para fins de apuração
de resultados, devido à obrigatoriedade da legislação vigente. Entretanto, algumas
empresas o utilizam para a tomada de decisão gerencial e/ou realizam adaptações
diversas para este princípio. Em termos específicos, de acordo com Martins (2009),
a legislação determina a divisão do que é custo e o que é despesa, levando ao
produto apenas o primeiro, sendo que para tomar decisões gerenciais essa divisão
não necessita ser tão engessada. Neste sentido, temos o sistema de custeio por
absorção sem a presença das unidades de departamentos e o sistema de
custeio por absorção com as unidades de departamentos.
Além disso, de acordo com Dutra (2003), foi consagrado pela Legislação
Fiscal e Tributária, pela Lei 6.404/76 e também pelos Princípios Fundamentais de
Contabilidade, sendo o sistema indicado primeiramente para fins contábeis. Isso
significa dizer que devem ser adicionados aos custos de produção, os custos reais
incorridos obtidos através da Contabilidade geral. O sistema por absorção é a
inclusão de todos os gastos relativos à produção, quer diretos, quer indiretos com
relação a cada produto. De outra forma, os gastos incorridos para administrar a
empresa, vender e distribuir o produto vendido e financiar a atividade constituem
despesas operacionais, não sendo ativadas, ficam fora dos custos de produção e
vão diretamente a resultado. A Figura 12 a seguir, nos mostra o fluxograma do
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custeio por absorção.

Figura 13: Fluxograma simples do custeio por absorção – sem departamentalização.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

2) Sistema de custeio por absorção departamentalizada


Num primeiro instante devemos ter em mente que para um entendimento
mais apurado a respeito de tal sistema, é de fundamental importância o
conhecimento de três conceitos, que são: Contas Contábeis, Departamentos e
Centro de Custos. A descrição de cada um destes elementos é descrita a seguir.

a) Contas contábeis
Sabe-se que a Contabilidade faz definições abrangentes e complexas de
contas contábeis, que são necessárias às suas boas práticas. Neste sentido,
entendemos por contas contábeis como agrupamentos de recursos que definem a
sua natureza, ou seja, respondem à pergunta: quem ganhou ou gastou?

Aplicação – adaptada de Martins (2009) – Suponha que você goste muito de ir à


cidade de Gramado no interior do Rio Grande do Sul. Sempre que vai a mesma,
você leva casacos de lã para seu uso próprio. Quando as pessoas veem você com
esses casacos, elogiam muito e, como sabem que você vai com frequência a
Gramado, começam a te encomendar roupas. O que começou como um favor virou

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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um grande negócio e você passa a ter gastos mensais de R$ 100.000,00. Junto com
o aumento nos gastos e, é claro, nas receitas, aumenta a sua necessidade por
controle. Analisando os tipos de gastos, você verifica que pode agrupá-los para
facilitar o controle. Sendo assim, você cria um agrupamento de gastos chamado
despesa de viagem, no qual você junta gasolina, depreciação do seu carro,
alimentação, pedágio e todos os outros gastos relacionados. É isso que chamamos
dentro da Contabilidade de conta contábil. A conta contábil, que aqui, “despesas
com viagem” define a natureza desses gastos, ou seja, com o que você gasta.
Neste sentido, você poderia ter várias subcontas contábeis dessa natureza, assim
sendo, a formação do agrupamento é mostrada a seguir.

Figura 14: Desenvolvendo o agrupamento despesas com viagem.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

É interessante observarmos que quanto mais detalhadas são suas contas


contábeis, melhor o seu controle, porém, mais difícil é o acompanhamento das
mesmas. Em termos práticos de mercado empresarial, algumas empresas têm algo
em torno de 100 contas ou têm próximo de 1000 contas contábeis.

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Figura 15: Gerenciamento de contas contábeis.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

b) Departamentos
Quando falamos na Ciência do Gerenciamento, ou seja, na Ciência da Gestão
Empresarial, podemos falar que a descentralização foi um dos maiores ganhos da
mesma. Sendo assim, chamamos de um departamento como sendo a maior
unidade administrativa, ou seja, é um lugar que existe um responsável no qual a
empresa pode descentralizar o controle.

Aplicação – adaptada de Martins (2009) – Suponha que você seja o dono de uma
padaria, que será o nosso objeto de estudo nesta situação. Podemos iniciar, com a
seguinte indagação: Em uma padaria, onde o “patrão” (dono), em geral, fica? A
resposta é no caixa, pois ali ele pode gerenciar o fluxo financeiro da empresa,
atender aos fornecedores, falar com os clientes que precisam passar pelo caixa para
pagar suas contas e pode, inclusive, olhar o comportamento dos funcionários no
balcão. Se dois funcionários estão batendo papo enquanto vários clientes aguardam
no balcão por atendimento, o dono pode dizer: Gostaria que vocês atendessem o
balcão! Esse foi um controle visual – porque o dono viu os funcionários conversando
– e sonoro – porque ele emitiu um som que fez com que os funcionários voltassem
ao trabalho. Agora, imaginemos que essa padaria cresceu e virou uma rede com
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100 padarias. Por mais que você trabalhasse “30 horas por dia”, não seria capaz de
observar o comportamento de todos os funcionários no balcão. Dessa forma, você
contrata gerentes, um para cada padaria, que terão autoridade para administrar as
filiais que, neste caso, são os departamentos, e a responsabilidade, por exemplo,
sobre o lucro.
Logo, como para as contas contábeis, a definição de quantos departamentos
a empresa terá dependerá muito do grau de controle que ela quer exercer.
Exemplificando, em cada padaria poderiam ser criados três departamentos: cozinha,
vendas e financeiro. Cada um com um gestor responsável. Os recursos sendo
controlado de forma separada em cada um desses departamentos, cada um terá um
centro de custos, mas pode ocorrer de o recurso controlado por esses três
departamentos estar em apenas um centro de custos.

c) Centro de custos
Segundo Martins (2009), chamamos por centro de custos a unidade mínima
de acumulação de custos indiretos. Em outras palavras, não é uma unidade
administrativa, só ocorrendo quando o coincide com o próprio departamento.
É importante ressaltarmos que em algumas organizações, em um
departamento pode haver vários centros de custos, mas nada impede que cada um
destes centros de custos tenham vários departamentos. Para entendimento do
método de custeio por absorção departamentalizada, suponhamos que sempre cada
departamento tenha apenas um centro de custos. Se entendermos esses casos,
para um caso com mais centros de custos, o raciocínio será similar, apenas
precisando de mais trabalho contábil e mais tecnologia da informação. Sendo assim,
enquanto as contas contábeis definem a natureza do recurso, ou seja, respondem à
pergunta “O que foi gasto?”, o centro de custos localiza os gastos, definindo quem
gastou.

Aplicação – Uma pessoa que é casada (o), seu marido ou esposa, no orçamento
doméstico, é uma conta contábil ou um centro de custos?

Solução: um centro de custos. Seu marido/esposa é “quem gastou”. O que gastou

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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(contas contábeis) seria, por exemplo, alimentação, transporte, viagem, lazer ou


outros gastos que ele/ela fez.

Figura 16: Diferenciando contas contábeis e centros de custos.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

4.2 Implementando o custeio dos produtos/serviços com os departamentos


Inicialmente, deve-se notar que os custos diretos não passam pelos sistemas
de custeio, como o nome diz, eles vão direto ao produto. Contrariamente, apenas os
custos indiretos são trabalhados nos sistemas de custeio. Isso nos mostra que os
custos diretos são identificados aos produtos/serviços praticamente da mesma forma
em todos os sistemas, sendo que a diferença dos vários sistemas está na
identificação dos custos indiretos. Para ilustrarmos isso, vejamos uma situação
bastante simples para fixação das ideias.

Aplicação – adaptada de Martins (2009) – Suponha que um homem convidou uma


mulher para almoçar em uma cidade que fica a 150 quilômetros da cidade de Natal,
onde residem. Eles foram almoçar em um restaurante que servia comida a quilo. Os
dados referentes aos custos diretos e indiretos desta situação são apresentados na
Figura 17 a seguir.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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Gastos Diretos Gastos Indiretos


Homem Mulher Pedágio = R$20,00
Comida = R$45,00 Comida = R$15,00 Gasolina = R$80,00
Bebida = R$15,00 Bebida =R$5,00 Depreciação do carro =
R$60
Total = R$60,00 Total = R$20,00 Total = R$160,00
Gastos Diretos totais = R$80,00 Gastos indiretos totais =
R$160,00
Gastos totais (diretos + indiretos) = R$240,00
Figura 17: Gastos diretos e indiretos do exemplo.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Sendo assim, pensemos o seguinte: Quanto esta viagem custou para cada
um? Para respondermos, vamos realizar dois métodos de custeio.

Método 1: fazendo o rateio dos gastos indiretos de forma igual para os dois.
Se fizermos o rateio dos gastos indiretos de R$ 160,00 de forma igual para
cada um, teremos a metade R$ 80,00. Logo, somando os custos diretos e indiretos,
o homem pagaria R$ 140,00 (R $60,00 de custos diretos e R$ 80,00 de custos
indiretos) e a mulher pagaria R$ 100,00 (R$ 20,00 de custos diretos e R$ 80,00 de
custos indiretos).

Método 2: fazendo o rateio de todos os custos, diretos e indiretos, de forma


igual para os dois.
Se fizermos o rateio de todos os gastos, diretos e indiretos, que somam R$
240,00, de forma igual para os dois, cada um pagaria R$ 120,00.

4.3 Os benefícios da departamentalização para outros métodos de custeio


Segundo Martins (2009), o conceito de departamentalização por si só não
está a nenhum método de custeio em particular. Por isso, atualmente, as empresas
usam o conceito da departamentalização independentemente do método de custeio
que utilizem, visando melhorar o entendimento de seus custos. Note que vimos os
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dois métodos de custeio, o por absorção simples e por absorção


departamentalizada, fazem uso de identificação para levar aos produtos ou serviços
os custos indiretos. Em linhas específicas, na absorção simples, os custos indiretos
são levados aos objetos de custeio por meio de uma base de rateio que tenta
expressar todo o consumo desses custos, enquanto que na absorção
departamentalizada, observa-se como o conceito de departamento e centro de
custos serviu para melhorar a identificação dos recursos. Em outras palavras, aqui,
muitos recursos que eram considerados indiretos com relação ao produto ou serviço
passam a ser diretos com relação aos departamentos e a arbitrariedade do sistema
de absorção simples é sensivelmente diminuída.

4.4 O sistema de custeio por atividade (ABC)


Segundo Dutra (2003), pode-se descrever que o sistema ABC considera que
a empresa é formada por um conjunto de atividades. De outro modo, o pressuposto
básico é que os recursos das empresas são consumidos pelas atividades
desenvolvidas. Os produtos, por sua vez, consomem atividades. Cabe ressaltar que
o Sistema de Custeio Baseado em Atividade (ABC) foi desenvolvido pelos
professores Robin Cooper e Robert S. Kaplan e adotado inicialmente por
empresas, tais como: Hewlett – Packard, John Deere, Siemens, GM, dentre outras
empresas dos EUA.
Grosso modo, segundo Martins (2009), a ideia surgiu do fato de notarem que,
em várias organizações, os gestores começaram a perceber, principalmente, que os
métodos de custeio utilizados distorciam os custos dos produtos, além de
reconhecer que os custos indiretos de produção vinham aumentando
significativamente, em função da aquisição de novas tecnologias de produção e de
automação e da deficiência da aprovação dos custos indiretos comuns (overhead)
com base em um critério único: horas de mão de obra direta.
Além disso, segundo Martins (2009), a Gestão e Controladoria de Custos,
da qual faz parte o ABC, reconhece que os custos não são dirigidos unicamente
para os bens produzidos, mas, também, para servir os clientes e os canais, por meio
dos quais os produtos são oferecidos, removendo a restrição de que todos os custos
devam ser relacionados aos produtos para que se tenha uma visão mais adequada

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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dos custos consumidos.


De qualquer forma, esta abordagem nos dá uma informação adicional das
razões para a posição dos custos na linha de produtos. Podem-se criar três
diferentes tipos de custos: custos por produtos, por canal e por clientes, ou seja,
aqui nos permite gerenciar e compreender os diferentes custos relatados para
alguma dessas categorias ou para o relacionamento dessas categorias. Na literatura
de forma geral, no foco da Logística é salientado os benefícios do Método de
Custeio ABC. Entre outros, citamos como exemplo o Instituto dos Contadores
Gerenciais – IMA (1992), que menciona que “a Logística tem que ser vista no âmbito
dos negócios, para isso, tem que se buscar métodos e técnicas, tal como o Custeio
Baseado em Atividade”.
De acordo com Nakagawa (2001), a Gestão Baseada em Atividades (ABM),
que foi desenvolvida a partir do ABC, permite que haja uma visão focada, em nível
operacional, dos problemas relacionados à criação de valor para os clientes
(internos e externos) ou para os acionistas. Essa discussão foi iniciada por Kaplan,
Peter Turney e outros estudiosos. Segundo Sakurai (1997), a ABM é uma evolução
natural do ABC, e está voltada para a gestão e o aperfeiçoamento dos processos.
Na opinião de Raffish e Turney (1991), a ABM é um sistema de gestão que
tem o ABC como um instrumento que auxilia a organização a melhorar o valor
percebido pelo cliente e o valor agregado aos acionistas, por meio do aumento da
rentabilidade da empresa.

A) Atividades
De acordo com Dutra (2003), são conjuntos de tarefas relacionadas, podendo
ser executadas em mais de uma área funcional. Em verdade, são as coisas que
realizamos no dia a dia da nossa empresa, por exemplo. Salientamos que os
sistemas de custeio tradicionais trabalham em nível de departamento, como mostra
a Figura 18 a seguir, o que, na maioria das vezes, dificulta o entendimento do
processo de formação dos custos.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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Figura 18: Atividades em um hospital.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Segundo Ragsale (2009), se for de interesse o estudo dos custos no nível de


atividades e não de departamentos, nós temos condições de resolver parte dos
problemas dos sistemas tradicionais, por absorção. Dessa forma, a lógica do
Sistema de Custeio ABC, assume que são as atividades e não os produtos que
consomem recursos, como assumido pelo sistema de custeio tradicional. No sistema
de custeio por atividade, os objetos de custeio consomem as atividades, como é
mostrado na Figura 19 a seguir.

Figura 19: O sistema de custeio baseado em atividades.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
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Notemos que a mudança é feita a partir do simples entendimento do que é


gasto (postura passiva) para o entendimento de como e por que esses recursos são
gastos (postura ativa), dando chance ao hospital de gerenciar os seus custos com
maior eficiência.

B) Custeando as atividades
Conforme descrição anterior, as bases de rateio usadas nos sistemas de
custeio tradicionais, em particular, no sistema por absorção, direcionam os custos
dos setores até os procedimentos. Elas são todas baseadas em volume, daí esses
sistemas serem chamados de sistemas de custeio baseado em volume. Além
disso, foi comentado também que os recursos gastos dentro de um setor muitas
vezes não estão relacionados a essa medida. Por isso, esses rateios, geralmente
arbitrários, não expressam a verdadeira relação causal entre o objeto de custeio e o
consumo de recursos. Sendo assim, entendendo o que se faz dentro dos setores,
podemos reunir os recursos necessários para que essas atividades aconteçam e
podemos entender melhor o que realmente causa o custo do objeto de custeio.

C) Direcionadores de custo ou drivers


Sabe-se segundo Martins (2009), que os objetos de custeio consomem
atividades. Sendo assim, para sabermos quanto custa um procedimento, serviço,
cliente, fornecedor ou qualquer outro objeto a ser custeado, necessitamos de um
indicador que expresse a relação causal entre a atividade e o que se quer custear.
Essa relação causal é expressa pelos chamados drivers, que são também
chamados de direcionadores de custos ou causadores de custos.
O Custeio Baseado em Atividades (ABC) tem como princípio relacionar os
custos com as atividades que consomem esses recursos e, posteriormente,
apropriar os custos das referidas atividades aos diversos objetos. Essa alocação
pode ser realizada de três formas: Identificação Direta (ID), Rastreamento (RAS) e
Rateio (RAT).
A Identificação Direta ocorre quando conseguimos identificar diretamente os
custos a uma atividade ou objeto, sem necessitar haver nenhum outro tipo de
análise. De outra forma, o Rastreamento é utilizado para identificar as ações

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necessárias à sobrevivência e competição da empresa, no cenário em que está


inserida. O rastreamento tem o significado de identificar, classificar e mensurar a
maneira como os processos/atividades consomem recursos, antes de preocupar-se
em como os produtos consomem os processos/atividades. O rastreamento é uma
forma bastante racional para apropriar os custos. O Rateio por sua vez, deve ser
evitado, mas quando não é possível apropriar custos comuns às atividades ou aos
objetos e que de preferência não sejam representativos nos custos totais, tais como,
por exemplo, o custo com o zelador ou porteiro da fábrica ou do Centro de
Distribuição, que trabalha para todas as áreas; requer que seja utilizado algum
critério arbitrário para sua alocação.
Para a atribuição dos recursos consumidos às atividades, toma-se por base a
melhor medida que determina a relação entre o gasto e a atividade (relação de
causa e efeito) e, na sequência, entre a atividade e o objeto. Esta medida está
convencionada como direcionador de recursos, quando identifica a relação entre os
gastos e a atividade que os consumiu; ou direcionador de atividades, quando
possibilita uma base de medida para atribuir aos objetos (produtos, serviços,
clientes, entre outros) os custos acumulados nas atividades.
De acordo com Martins (2009), driver é um direcionador de custos, sendo o
fator que determina o custo de uma atividade. Desta maneira, como as atividades
exigem recursos para serem realizadas, deduz-se que o direcionador é a verdadeira
causa dos seus custos. Grosso modo, existem dois tipos de direcionadores de
custos: direcionadores de custos de recursos e direcionadores de custo de
atividades, descritos a seguir.
Direcionadores de custos de recursos: identificam quanto de recurso
foi gasto pela atividade e que serve para custeá-la.
Direcionadores de custo de atividades: determinam como os objetos
de custeio consomem as atividades.
Exemplificando como exemplo de direcionadores, que são os agentes
causadores dos custos, relacionando a uma empresa na área de logística, por
exemplo, temos os seguintes drivers mostrados na Figura 20 a seguir.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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Figura 20: Exemplos de drivers.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Vejamos uma ilustração adaptada de Martins (2009), em que temos quatro


atividades feitas dentro do departamento de recursos humanos: treinamento,
pesquisa, recrutamento e folha de pagamento. Em verdade, se fôssemos usar o
método de custeio tradicional, escolheríamos uma base de rateio que tentasse
expressar os custos do departamento de recursos humanos. Uma boa escolha
talvez pudesse ser o número de funcionários da empresa, entendendo que quanto
mais funcionários a empresa tem, maior é o gasto com recursos humanos.
Entretanto, dentro do departamento de recursos humanos existem várias atividades
que não tem relação com o número de funcionários e o causador de custos (drivers)
é diferente, como nos mostra a Figura 21 a seguir.

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Figura 21: Causadores de custos do departamento de RH.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Para realizar a atividade de treinamento foram consumidos recursos com


pessoal, espaço, equipamentos, água, luz, telefone, entre outros. O driver de
recursos definirá quanto se consumiu desses gastos com as atividades e será
associado a elas.

a) Custeando os objetos de custeio


Segundo Martins (2009), depois que as atividades foram custeadas, qualquer
objeto de custeio estará pronto para recebê-las. Para tanto, basta que sejam
medidos, através dos drivers, os consumos dessas atividades. Com essa mudança
de foco, entendendo que os objetos de custeio consomem as atividades e não os
recursos diretamente, como assume o sistema de custeio tradicional, o número de
objetos de custeio possíveis cresce muito, sendo, por exemplo: procedimentos,
atividades, processos, produtos, serviços, centro de custos, clientes, fornecedores,
entre outros.

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b) Custeando processos
Segundo Martins (2009), a visão moderna de custos, como sendo os recursos
gastos na geração de valor, nos remete a uma visão de processos, na qual a
formação do custo de um procedimento, atividade, serviço ou qualquer outro objeto
de custeio tem uma visão interdepartamental, que na literatura é denominada de
visão horizontal. Além disso, os custos dos objetos de custeio começam a “nascer”
ainda antes de alcançar a empresa. Eles nascem no fornecedor, passando pela
empresa e chegando ao cliente final.

c) Custeando as atividades
De acordo com Ragsale (2009), o sistema de custeio baseado em atividades
é uma ferramenta de custos muito mais poderosa do que as ferramentas
tradicionais. Exatamente por ser mais sofisticado, o ABC também é mais complexo
de ser implantado. Em termos práticos, temos encontrado empresas que usam 100,
120, e às vezes, até um número maior de drivers. Quanto mais drivers, maior o
grau de complexidade do sistema em questão. Em verdade, o sistema utilizado,
precisa ser sofisticado o suficiente para trazer informações de custos relevantes
para a tomada de decisão, porém, não pode ser tão complexo que impossibilite a
sua utilização prática. É a relação custo/benefício, isto é, o custo do controle não
pode ser maior do que o benefício que ele gera.
De outro modo, segundo Martins (2009), para a utilização do sistema ABC,
necessitamos seguir três passos fundamentais, que são: custeando as atividades;
escolhendo o driver da atividade e calculando a taxa do driver; e, custeando os
objetos de custeio.

Passo fundamental 01: custeando as atividades


Segundo Ragsale (2009), este passo é semelhante com a identificação que
realizávamos no sistema tradicional departamentalizado. A diferença é que não
estamos identificando os recursos apenas aos departamentos, mas sim os levando
às atividades que são feitas dentro dessas unidades administrativas. Por exemplo,
no caso de departamento de recursos humanos, nós custearíamos a atividade de

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treinamento, relacionando a ela toda depreciação, pessoal, energia elétrica,


despesas com telefone, entre outras, ou seja, todos os recursos.
Passo fundamental 02: escolhendo o driver de atividade e calculando a taxa do
driver
Segundo Ragsale (2009), se o primeiro passo é bem semelhante com o
sistema tradicional, o driver de atividade é o grande avanço do ABC. Ao
entendermos o que realmente se faz dentro dos departamentos (atividades), temos
condição de compreender o que gera (ou direciona) custo naquele departamento
(driver). Para isso, dividimos o custo total da atividade, por exemplo, custo da
atividade de treinamento, pela quantidade de treinamento prestada (driver)
chegando à taxa do driver, que significa quanto custa uma unidade daquela
atividade. Por exemplo, se o custo da atividade de treinamento foi R$ 2.000,00, e
são prestadas 200 horas de treinamento, cada hora de treinamento custa R$ 10,00
(R$ 2.000/200).

Passo fundamental 03: custeando os objetos de custeio


Segundo Ragsale (2009), após caracterizarmos a taxa do driver, isto é,
quanto custa uma unidade da atividade, podemos custear qualquer objeto de
custeio. No caso do treinamento, um produto, departamento, cliente, entre outros,
que usar três horas de atividade, por exemplo, estará recebendo R$ 30,00 (3 x R$
10,00) de custo por essa atividade. Cada empresa deve verificar e estabelecer as
atividades relevantes e que por essa razão devem ser medidas e controladas. Tudo
vai depender do grau de precisão desejado, do escopo do projeto ABC e da relação
custo/benefício.

Importante! Segundo Ragsale (2009), os principais benefícios do sistema ABC, são:


redução dos efeitos arbitrários dos rateios; integração com o orçamento; e,
processo contínuo de racionalização de custos.

4.5 Sistema de custeio variável ou direto


Este sistema de custeio é amplamente utilizado na tomada de decisões
gerenciais, ou seja, no meio empresarial. Tal sistema é conhecido como sistema de

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custeio variável ou sistema de custeio direto. Para a utilização de tal sistema, é


de fundamental importância estarmos familiarizados com alguns conceitos
fundamentais, especificamente falando, tais como, margem de contribuição e
ponto de equilíbrio. Primeiramente, salientamos que o sistema de custeio variável
trabalha centrado no conceito de ponto de equilíbrio.
Em verdade, segundo Ragsale (2009), o sistema de custo variável permite a
determinação do ponto de equilíbrio de um produto, de uma família de produtos ou
de toda a empresa. De outra forma, possibilita simulações para a fixação dos preços
de venda, o cálculo da lucratividade de cada produto, a seleção do melhor mix de
produção, a projeção de resultados, a preparação de orçamentos e a análise de
projetos.
É interessante salientarmos que o sistema de custeio variável é indicado para
a tomada de decisões, pois permite visualizar com clareza a margem de
contribuição, o ponto de equilíbrio, a margem de segurança e o grau de
alavancagem operacional. Além disso, o impacto da alavancagem operacional
diminuirá na proporção do crescimento das vendas acima do ponto de equilíbrio,
resultando assim num lucro maior.

A) Interpretando a margem de contribuição


Segundo Ragsale (2009), é um dos conceitos fundamentais para a
interpretação do sistema de custeio variável ou direto. Podemos dizer que o grande
desafio desse sistema é conseguir separar, com precisão, todos os custos fixos de
todos os custos variáveis, uma vez que, na prática, os custos fixos permanecem
fixos entre determinados intervalos de produção ou prestação de serviço e alguns
custos variáveis por vezes se transformam em fixos em certos intervalos de
produção ou prestação de serviços. Nesse caso, um exemplo é a própria folha de
pagamentos ou serviços contratados. Neste sentido, para eliminarmos, de modo
parcial, tais problemas, é interessante que se trabalhe com esse sistema por
determinados intervalos de produção ou prestação de serviços.
Segundo Martins (2009), o sistema de custeio variável permite que seja
determinada, de forma rápida e direta, a margem de contribuição (MC) de cada
produto que é a diferença entre o preço de venda praticado e o somatório dos custos

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variáveis e das despesas variáveis. Essa formulação não representa a definição


conceitual da margem de contribuição, apenas o meio de se obter o seu valor.
Dessa forma, como definição inicial de margem de contribuição, devemos entender
que a subtração dos custos variáveis, na fórmula, se deve ao fato de que estes só
surgirão no processo caso ocorra produção/venda (atendimento/procedimento), pois
no caso de inexistência não teremos, conceitualmente, custos variáveis a
considerar, restando então os custos fixos para cobrir. Aqui, fica caracterizado que a
margem de contribuição pode ser definida como: parcela do faturamento (PVu) que
contribui para a cobertura dos gastos fixos e para a identificação dos resultados,
entendido resultados como lucro (se sobrar), prejuízo (se faltar) e ponto de equilíbrio
(se empatar). Dessa forma, temos que o cálculo da margem de contribuição
representa o apoio necessário para a identificação do ponto de equilíbrio, e este, a
informação necessária para determinar o momento no qual os custos fixos, que
independem de produção/vendas (atendimento/procedimentos), serão totalmente
cobertos. A metodologia do sistema de custeio variável é simples e segue os
seguintes passos:
classificação dos gastos em custos, despesas e perdas;
separação dos custos e despesas em fixos e variáveis;
apropriação dos custos e despesas variáveis por produto/serviço e/ou
por linha de produtos/serviços;
cálculo da margem das margens de contribuição unitária e total por
negócio, por linha de produtos/serviços ou por produtos/serviços;
determinação do resultado operacional/gerencial de cada negócio ou
da própria empresa.

B) Interpretando as decisões gerenciais via margem de contribuição


Segundo Ragsale (2009), percebe-se que a partir da margem de contribuição,
tem-se um leque maior de análises pode ser realizado no ambiente da empresa,
sendo que cada foco de avaliação pode ser direcionado para uma finalidade
peculiar. Sendo assim, as abordagens mais utilizadas referem-se à locação de
custos e despesas variáveis a procedimentos individualizados, ou à mensuração da
margem de contribuição total, referente ao resultado global da empresa.

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No entanto, segundo Martins (2009) a aplicação do conceito de margem de


contribuição pode ser desdobrada para inúmeros fins, gerando um maior número de
informações pertinentes ao processo de tomada de decisão gerencial. Dessa forma,
agora estaremos interessados em discutir algumas ferramentas gerenciais com a
margem de contribuição: avaliar a lucratividade e mix dos procedimentos, achar o
ponto de equilíbrio, formar preço de venda, entender as relações do custo-volume-
lucro.

C) Avaliação da lucratividade e o mix dos procedimentos


Segundo Ragsale (2009), a lucratividade dos produtos ou serviços
comercializados é sem dúvida nenhuma uma das mais relevantes informações que
os gestores da área empresarial devem dominar profundamente, quando falamos na
ciência do gerenciamento, já que tal informação torna-se ainda mais relevante para
empresas que trabalham com variados procedimentos, o que é muito praticado em
hospitais e de forma geral nas atividades de saúde. Sendo assim, conhecendo a
contribuição exata de cada um deles ao resultado é parâmetro para tomada de
decisões referentes, por exemplo, às políticas de incentivo de vendas e retirada ou
introdução de novos procedimentos.

D) Análise do ponto de equilíbrio


Segundo Ragsale (2009), tem-se que o termo Ponto de equilíbrio provém do
inglês break-even-point, sendo a denominação dada ao estudo, nas empresas,
principalmente na área da Contabilidade, na qual o total das receitas é igual ao total
dos gastos (custos e despesas). Em outras palavras, isso significa que o ponto de
equilíbrio representa o nível de atividade em que as receitas se equivalem aos
custos e despesas, ou seja, não há lucro nem prejuízo. Dessa maneira, o mesmo
pode ser visualizado de duas outras maneiras, que são: os pontos de equilíbrio
econômico e financeiro.
Sabe-se que em economia, especificamente falando nos estudos
relacionados à Contabilidade de custos, o ponto de equilíbrio econômico é o
momento quando as receitas se igualam aos custos e despesas. É, portanto, o
momento em que um produto deixa de custar e passa a dar lucro. Em outras

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palavras, o ponto de equilíbrio econômico é o nível de atividade em que se iguala


a receita total com a soma dos custos e despesas acrescidas de uma remuneração
mínima (custo de oportunidade) sobre o capital investido pela empresa.
Em contrapartida, o ponto de equilíbrio financeiro é o momento quando
despesas e receitas se igualam. Verifica-se o equilíbrio financeiro de uma
organização, quando seus custos e despesas comparam-se com sua receita. Ou
seja, o ponto de equilíbrio financeiro é o nível de atividade em que se iguala a
receita total com a soma de custos e despesas que representam desembolso
financeiro para a empresa. Nesse caso, os encargos da depreciação são exclusos
por não representarem desembolso para a empresa.

E) Formação do preço de venda


Segundo Ragsale (2009), em Economia, Contabilidade, Finanças e Negócios,
preço é o valor monetário expresso numericamente associado a uma mercadoria,
serviço ou patrimônio. O conceito de preço é central para a Microeconomia, na qual
é uma das variáveis mais importantes na teoria de alocação de recursos (também
chamada de teoria dos preços). Contrariamente, em Marketing, preço é uma das
quatro variáveis no Composto Mercadológico, ou marketing mix que os
mercadológicos usam para desenvolver um plano de marketing.
Segundo algumas pesquisas, 14% dos consumidores decidem suas compras
baseando-se exclusivamente no preço. Computa-se no preço, não apenas o valor
monetário de um produto, mas tudo aquilo que o consumidor tem que sacrificar ao
adquirir um bem. Dessa forma, operando-se em mercados de extrema
competitividade, como é o mercado brasileiro de forma geral, torna-se imprescindível
aprimorar a competência na gestão empresarial, especialmente o controle e
entendimento dos diversos custos e despesas existentes na operação e como
aplicá-los no processo de formação de preços. Além disso, em mercados
competitivos, quem faz o preço é o tomador do serviço ou comprador do produto, daí
a importância de entender a formação de custos e manter-se competitivo. Logo, se
isso é verdade, qual a grande finalidade de se entender e controlar custos? Segundo
Martins (2009), simples: para que a empresa possa racionalizar seus custos e
entender se consegue ser eficiente. Ou seja, gerar lucro prestando o serviço na

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qualidade que o mercado espera e está disposto a pagar.

F) Relação custo-volume-lucro
Segundo Ragsale (2009), a utilização dos custos para auxiliar o processo
decisório é de fundamental importância. Um sistema ou conjunto de instrumentos
denominado análise de custo-volume-lucro, que é a relação entre a receita, os
custos fixos e custos variáveis, as despesas fixas e variáveis e o resultado, fornece
as informações necessárias para a caracterização da influência dos custos no lucro.
A análise custo-volume-lucro auxilia os gestores no entendimento da
influência que a alteração de algumas das variáveis provoca nos resultados da
empresa, como, por exemplo, o aumento ou diminuição das quantidades de
procedimentos realizados, ou a alteração dos preços de venda, ou a assunção de
novos custos fixos.
Essa análise, também auxilia os gestores em responder se a empresa é
viável, quais os procedimentos que são rentáveis, que procedimentos devem ser
incentivados e quais os que devem ser, eventualmente, retirados do mix ofertado.

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REFERÊNCIAS

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Prentice Hall, 2003.

DUTRA, Rene Gomes. Custos: uma abordagem prática. 5. ed. SP: Atlas, 2003.

HORNGREN, Charles T. ET AL. Contabilidade de custos. 9 ed. Rio de Janeiro:


LTC, 1997.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009.


NAKAGAWA, Masayuki. Gestão estratégica de custos: conceitos, sistemas e
implantação. SP: Atlas, 2000.

MARION, Jose Carlos. Contabilidade básica. 6. Ed. SP: Atlas, 1998.

MARTINS, Domingos dos Santos. Custos e Orçamentos hospitalares. São Paulo:


Atlas, 2000.

MATARAZZO, Dante Carmine. Analise financeira de balanços: abordagem


básica e gerencial. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2003.

NASCIMENTO, Jonilton Mendes do. Custos: planejamento, controle e gestão na


economia globalizada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

OLIVEIRA, Luis Martins de. Contabilidade de custos para não contadores. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2005.

PADOVEZE, Clovis Luis. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de


informação contábil. São Paulo: Atlas, 1996.

PIZZOLATO, Nélio D. Introdução à Contabilidade Gerencial. 2 Ed. São Paulo:


Pearson, 2000.

RAGSALE, Cliff T. Modelagem e Análise de Decisão. Edição Revisada. São Paulo:


Cengage Linerning, 2009.

VANDERBECK, Edward J. Contabilidade de custos. 11. ed. Sp: Thomson Pioneira,


2001.

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