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CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE SANTARÉM

TÉCNICO DE APOIO À GESTÃO

MANUAL
DE
CONTABILIDADE

6216 – MODELO DAS DEMONSTRAÇÔES FINANCEIRAS (50h)

Hélder Neves
2020
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TÉCNICO DE APOIO À GESTÃO

Índice

1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE .................................................................... 3


1.1 EMPRESA E CONTABILIDADE...................................................................... 3
1.2 CICLO DE VIDA DA EMPRESA ...................................................................... 3
1.3 AS TRÊS FASES DO CICLO DE VIDA ........................................................... 3
1.4 FLUXOS REAIS E MONETÁRIOS .................................................................. 4
1.5 TRÊS ÓPTICAS DIFERENTES ...................................................................... 4
1.6 PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS GERALMENTE ACEITES ......................... 5
1.7 PATRIMÓNIO ................................................................................................. 6
1.8 ACTIVO E PASSIVO....................................................................................... 7
1.9 SITUAÇÃO PATRIMONIAL ............................................................................ 8
1.10 EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA CONTABILIDADE .................................... 8
1.11 FACTOS PATRIMONIAIS ........................................................................... 8
1.12 CONTA ....................................................................................................... 9
1.13 CONTA – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA EM T......................................... 10
1.14 SALDAR CONTA ...................................................................................... 11
1.15 FECHAR CONTA E REABRIR CONTA ..................................................... 11
1.16 CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS .............................................................. 11
1.17 REGRAS DA MOVIMENTAÇÃO NAS PARTIDAS DOBRADAS ................ 12
1.18 INVENTÁRIO ............................................................................................ 12
2 NFORMAÇÃO FINANCEIRA.............................................................................. 13
2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13
2.2 CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA ............................... 13
2.3 CRITÉRIOS DE VALORIMETRIA ................................................................. 15
3 . EXPLANAÇÃO (RESUMO) DO QUADRO DE CONTAS ................................. 17
3.1 CLASSE 1 – MEIOS FINANCEIROS LÍQUIDOS ........................................... 17
3.2 CLASSE 2 – CONTAS A RECEBER E A PAGAR .......................................... 18
3.3 CLASSE 3 – INVENTÁRIOS ......................................................................... 22
3.4 CLASSE 4 – INVESTIMENTOS .................................................................... 24
3.5 CLASSE 5 – CAPITAL, RESERVAS E RESULTADOS TRANSITADOS ....... 26
3.6 CLASSE 6 GASTOS ..................................................................................... 27
3.7 CLASSE 7 – RENDIMENTOS E GANHOS.................................................... 29
3.8 CLASSE 8 – RESULTADOS ......................................................................... 30
4 III. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ............................................................. 31
4.1 BALANÇO .................................................................................................... 31
4.2 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR NATUREZAS .......................... 35
4.3 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR FUNÇÕES .............................. 37
4.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA............................................... 38
5 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 40

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1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

1.1 EMPRESA E CONTABILIDADE

Empresa: “entidade organizada, com meios materiais e humanos, virada para a


produção e distribuição de bens e serviços, com o fim de satisfazer as necessidades
de vária ordem, da comunidade onde se inserem e que constitui a razão da sua
existência… “

Contabilidade: “técnica que tem por finalidade registar, de uma forma sistemática, tudo
o que acontece no seio das empresas, quer do ponto de vista económico, quer do
ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista de tesouraria… “

1.2 CICLO DE VIDA DA EMPRESA

A empresa tem um ciclo de vida limitado, normalmente dividido em três fases:

 1ª fase Institucional - Decide-se a sua criação, através da obtenção e


combinação dos recursos necessários, para a sua entrada em funcionamento
 2ª fase Funcionamento - Desenvolve-se todo o processo de transformação,
ou seja, o da produção de bens e serviços, com vista à obtenção de certos
resultados
 3ª fase Liquidação - Procede-se à extinção da empresa

1.3 AS TRÊS FASES DO CICLO DE VIDA

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1.4 FLUXOS REAIS E MONETÁRIOS

À medida que as empresas vão cumprindo a sua função, estabelecem-se relações


internas e externas, gerando fluxos de bens e serviços a que correspondem fluxos
monetários de sentido inverso

1.5 TRÊS ÓPTICAS DIFERENTES

Ótica Financeira

Tem a ver com o endividamento da empresa e com a remuneração dos fatores


produtivos e dos bens e serviços vendidos.
Remuneração dos fatores produtivos à DESPESAS Produto das vendas à RECEITAS

Óptica Económica

Tem a ver com a transformação e incorporação dos diversos materiais até se atingir o
produto final
Valores incorporados e gastos na produção à CUSTOS DA PRODUÇÃO Produtos
acabados de fabricar à PROVEITOS DA PRODUÇÃO

Óptica de Tesouraria

Tem a ver com as saídas e entradas monetárias, ligadas às respectivas operações


resultantes do funcionamento da empresa
Saídas monetárias à PAGAMENTOS Entradas monetárias à RECEBIMENTOS

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1.6 PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS GERALMENTE ACEITES

a) Princípio da Continuidade
Considera-se que a empresa: Opera continuadamente,
Tem duração ilimitada, Não tem intenção nem necessidade de entrar em liquidação ou
de reduzir significativamente o volume das suas operações.

b) Princípio da Consistência

Considera-se que a empresa: Não altera as suas políticas contabilísticas de um


exercício para o outro. Se o fizer, deverá explicitá-lo nas Demonstrações Financeiras.

c) Princípio da Especialização dos Exercícios

Considera-se que os proveitos e os custos: São reconhecidos quando obtidos ou


incorridos,
Este reconhecimento é independente do momento, ou do facto, dos seus
recebimentos ou pagamentos,
Devem, portanto, ser incluídos nas demonstrações financeiras dos períodos a que
respeitam.

d) Princípio do Custo Histórico

Considera-se que os registos contabilísticos: Devem basear-se em custos de


aquisição ou de produção, quer a custos nominais, quer a custos constantes.

e) Princípio da Prudência

Considera-se que: As contas deverão integrar um grau de precaução ao fazer as


estimativas exigidas, mas…
…não se devem criar reservas ocultas nem provisões excessivas…

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…nem quantificar deliberadamente activos e proveitos por defeito ou passivos e


custos por excesso.

f) Princípio da Substância sobre a Forma

Considera-se que: As operações devem ser contabilizadas atendendo à sua


substância e à realidade financeira e não apenas à sua forma legal

g) Princípio da Materialidade

Considera-se que: As Demonstrações Financeiras devem evidenciar todos os


elementos que sejam relevantes e que possam afectar avaliações ou decisões pelos
utentes interessados.

1.7 PATRIMÓNIO

Indivíduo - Toda a riqueza, todos os seus bens, melhor dizendo, todos os seus direitos
e obrigações
Empresa - Em linguagem contabilística, trata-se do valor total dos seus activos
e passivos

P = A – P’

P – Património A = Activo P’ - Passivo

PATRIMÓNIO – Conjunto de valores de natureza diferente e utilizados por uma


unidade económica no exercício da sua actividade

Do estabelecimento de relações, por parte da empresa, nascem direitos e obrigações,


que dão origem a alguns conceitos:

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Valores Integrantes do Património Créditos a receber e dívidas a pagar Património


de um Comerciante Conjunto de valores, utilizados por esse comerciante e afectos à
actividade

Elemento Patrimonial

Entende-se por elemento patrimonial cada componente de um dado


património

Elementos Heterogéneos
Qualquer património é constituído por elementos de natureza diferente

Carácter Pecuniário
Dada a heterogeneidade dos elementos patrimoniais, houve a necessidade de os
reduzir a uma mesma unidade e portanto todos eles vêm referidos a Euros

1.8 ACTIVO E PASSIVO

ACTIVO – representa todos os elementos que a empresa possui e/ou tem a receber
PASSIVO – representa o conjunto de todos os valores a pagar

Composição – conjunto de elementos heterogéneos, a que se atribui um determinado


valor: numerário, edifícios, viaturas, créditos, dívidas, etc.

Valor – quantia que seria preciso dar para obter esse património, isto é, para receber
em troca o Activo e a obrigação de pagar o Passivo.
À expressão numérica do valor do património dá-se o nome de:

 Situação Líquida
 Capital Próprio
 Património Líquido

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1.9 SITUAÇÃO PATRIMONIAL

Activo > Passivo è Situação Líquida Activa Activo < Passivo è Situação Líquida
Passiva Activo = Passivo è Situação Líquida Nula Activo = Passivo – Situação Líquida
Passiva Activo + Situação Líquida Passiva = Passivo

1.10 EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA CONTABILIDADE

ACTIVO + S.L. PASSIVA = PASSIVO + S.L. ACTIVA

Essência da técnica contabilística, servindo de base a um modelo de raciocínio que se


designa pelo princípio das partidas dobradas

ACTIVO
Capital total ou financeiro utilizado pela empresa

PASSIVO
Capital alheio, posto à disposição da empresa

S.L. ACTIVA
Capital Próprio, é o montante de recursos que os proprietários colocam à disposição
da empresa
.S..L. PASSIVA
Quebra ou desgaste do ACTIVO ou perdas e prejuízos nas operações da empresa

1.11 FACTOS PATRIMONIAIS

O património não permanece estático, está em constante transformação


Acontecimentos NORMAIS - Resultam do funcionamento normal da empresa, como
sejam, as compras, as vendas, os empréstimos, os descontos, etc…

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Acontecimentos ANORMAIS - Surgem independentemente da vontade da empresa,


como sejam, os incêndios, roubos, etc…
Factos Patrimoniais Permutativos - provocam apenas alteração na composição do
património e não alteram o seu valor

Factos Patrimoniais Modificativos - Provocam alterações na composição do património


e alteram o seu valor

1.12 CONTA
O conjunto de elementos patrimoniais agrupados e classificados, segundo a sua
natureza e função, com as mesmas características e expressas na mesma unidade de
valor (moeda), tem a denominação de CONTA.

Elementos constitutivos da CONTA

Título
Expressão que designa a conta. É fixa e imutável.

Valor
Expresso em unidades monetárias.
Varia porque os elementos patrimoniais sofrem alterações

Homogeneidade

De acordo com este requisito, uma conta só deve conter os elementos com a mesma
característica.

Exemplo:
A conta Caixa só deve conter:
• Notas de banco e moedas metálicas de curso legal (moeda nacional ou estrangeira);
•Cheques e Vales Postais (nacionais ou estrangeiros)

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Integralidade
Segundo este requisito, uma conta deve incluir todos os elementos que gozam de
característica comum.
…ou seja:

A conta Caixa deverá incluir toda a moeda, quer nacional quer estrangeira, que a
empresa possui, bem como todos os cheques e vales postais (em moeda nacional ou
estrangeira), que a empresa recebeu, dos seus clientes, para pagamentos dos bens e
serviços que tenha transaccionado.

1.13 CONTA – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA EM T

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1.14 SALDAR CONTA


Saldar uma Conta, corresponde a compararmos o total dos valores lançados a débito
com o total dos valores lançados a crédito, sendo uma das parcelas o saldo da
respectiva conta, inscrito do lado do débito (Sc) ou do lado do crédito (Sd), conforme o
saldo seja credor ou devedor, respectivamente.

1.15 FECHAR CONTA E REABRIR CONTA


Fechar uma Conta, significa somar todos os débitos e todos os créditos, incluindo o
respectivo saldo ( devedor ou credor ), a fim de obter valores iguais, entre os totais dos
débitos e os totais dos créditos. Seguir, inscrevem-se dois traços horizontais e
paralelos. A isto chama-se trancar uma conta.
Reabrir uma Conta, corresponde a inscrever do lado do débito o saldo devedor dessa
mesma conta, aquando do seu fecho, e do lado do crédito, o saldo credor

1.16 CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS


Contas de Activo Contas de Passivo
Contas de Situação Líquida

Contas de Activo e de Passivo - Contem elementos patrimoniais concretos, com


características de serem propriedade do titular do património. Ex: activos tangíveis e
intangíveis, disponibilidades, créditos e débitos, existências…
Contas de Situação Líquida - Contem elementos patrimoniais abstractos, que
traduzem a diferença entre o Activo e o Passivo

Grau das Contas


Contas de 1º grau – são as Contas Principais
Contas de 2º, 3º, …, enésimo grau – são as Contas Secundárias ou Subcontas

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1.17 REGRAS DA MOVIMENTAÇÃO NAS PARTIDAS DOBRADAS

A um débito ou débitos corresponde sempre um crédito ou créditos de igual valor; A


soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;

A soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores;


A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece sempre a uma das quatro
fórmulas digráficas seguintes:
1ª Fórmula – Uma só conta devedora e uma só conta credora
2ª Fórmula – Uma só conta devedora e várias contas credoras
3ª Fórmula – Várias contas devedoras e uma só conta credora
4ª Fórmula – Várias contas devedoras e várias contas credoras

1.18 INVENTÁRIO

3 fases para um Inventário:

 Identificação
 Descrição e Classificação
 Valorização

Inventário Geral Todos os elementos do património

Inventário Parcial Apenas alguns elementos do património

Inventário Simples Elaborado sem obedecer a qualquer ordem

Inventário Classificado Os elementos patrimoniais são agrupados


segundo a sua natureza, característica ou função

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2 NFORMAÇÃO FINANCEIRA
2.1 INTRODUÇÃO

As demonstrações financeiras devem proporcionar informação acerca da posição


financeira, das alterações desta e dos resultados das operações, para que sejam úteis
a investidores, a credores e a outros utentes, a fim de investirem racionalmente,
concederem crédito e tomarem outras decisões
A informação deve ser compreensível aos que a desejem analisar e avaliar, ajudando-
os a distinguir os utentes de recursos económicas que sejam eficientes dos que o não
sejam, mostrando ainda os resultados pelo exercício da gerência e a responsabilidade
pelos recursos que lhe foram confiados
Os destinatários da informação financeira são, mais especificamente, os seguintes:

• Investidores;
• Financiadores;
• Trabalhadores;
• Fornecedores e outros credores;
• Administração Pública;
• Público em geral.

A responsabilidade pela preparação da informação financeira e pela sua apresentação


é primordialmente das administrações. Isto não invalida que estas também não
estejam interessadas nessa informação, apesar de terem acesso a informação
adicional, que as ajude a executar e a cumprir as responsabilidades do planeamento e
do controlo e de tomar decisões.

2.2 CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA

A qualidade essencial da informação proporcionada pelas demonstrações financeiras


é a de que seja compreensível aos utentes, sendo a sua utilidade determinada pelas
seguintes características:
• Relevância;
• Fiabilidade;
• Comparabilidade.

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Estas características, juntamente com conceitos, princípios e normas contabilísticas


adequados, fazem que surjam demonstrações financeiras geralmente descritas como
apresentando uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e do
resultado das operações da empresa.

Relevância
A relevância é entendida como a qualidade que a informação tem de influenciar as
decisões dos utentes, ao ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes e
futuros ou a confirmar ou corrigir as suas avaliações.
A relevância da informação pode ser perdida se houver demoras no seu relato; por
isso, a informação deve ser tempestivamente relatada.

Fiabilidade
A fiabilidade é a qualidade que a informação tem de estar liberta de erros materiais e
de juízos prévios, ao mostrar apropriadamente o que tem por finalidade apresentar ou
se espera que razoavelmente represente, podendo, por conseguinte, dela depender os
utentes.
Para que a informação mostre apropriadamente as operações e outros
acontecimentos que tenha por finalidade representar, é necessário que tais operações
e acontecimentos sejam apresentados de acordo com a sua substância e realidade
económica e não meramente com a sua forma legal, e para que seja fiável deve
também e sobretudo ser neutra, ou seja, estar ausente de preconceitos.
Deve ser obtida conjugação perfeita da relevância com a fiabilidade, a fim de que o
uso da informação seja maximizado.

Comparabilidade
A divulgação e a quantificação dos efeitos financeiros de operações e de outros
acontecimentos devem ser registadas de forma consistente pela empresa e durante a
sua vida, para identificarem tendências na sua posição financeira e nos resultados das
suas operações.
Por outro lado, as empresas devem adoptar a normalização, a fim de se conseguir
comparabilidade entre elas.

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2.3 CRITÉRIOS DE VALORIMETRIA


Disponibilidades
As disponibilidades em moeda estrangeira são expressas no balanço do final do
exercício ao câmbio em vigor nessa data.
As diferenças de câmbio apuradas são contabilizadas nas contas 685 «Custos e
perdas financeiros - Diferenças de câmbio desfavoráveis» ou 785 «Proveitos e ganhos
financeiros - Diferenças de câmbio favoráveis».
Relativamente a cada um dos elementos específicos dos títulos negociáveis e das
outras aplicações de tesouraria, serão utilizados os critérios definidos para as
existências, na medida em que lhes sejam aplicáveis.

Dívidas de e a Terceiros
As operações em moeda estrangeira são registadas ao câmbio da data considerada
para a operação, salvo se o câmbio estiver fixado pelas partes ou garantido por uma
terceira entidade.
À data do balanço, as dividas de ou a terceiros resultantes dessas operações, em
relação às quais não exista fixação ou garantia de câmbio, são actualizadas com base
no câmbio dessa data.

Inventários
Os inventários serão valorizadas ao custo de aquisição ou ao custo de produção
Considera-se como custo de aquisição de um bem a soma do respectivo preço de
compra com os gastos suportados directa ou indirectamente para o colocar no seu
estado actual e no local de armazenagem.
Considera-se como custo de produção de um bem a soma dos custos das matérias-
primas e outros materiais directos consumidos, da mão-de-obra directa, dos custos
industriais variáveis e dos custos industriais fixos necessariamente suportados para o
produzir e colocar no estado em que se encontra e no local de armazenagem
Os custos industriais fixos poderão ser imputados ao custo de produção, tendo em
conta a capacidade normal dos meios de produção.
Os custos de distribuição, de administração geral e os financeiros não são
incorporáveis no custo de produção.
Como métodos de custeio das saídas adoptam-se os seguintes:

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• Custo específico;
• Custo médio ponderado;
• FIFO;
• Custo padrão.

Ativos fixos
O activo imobilizado deve ser valorizado ao custo de aquisição ou ao custo de
produção. Quando os respectivos elementos tiverem uma vida útil limitada, ficam
sujeitos a uma amortização sistemática durante esse período.
O custo de aquisição e o custo de produção dos elementos do activo imobilizado
devem ser determinados de acordo com as definições adaptadas para as existências.

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3 . EXPLANAÇÃO (RESUMO) DO QUADRO DE CONTAS


3.1 CLASSE 1 – MEIOS FINANCEIROS LÍQUIDOS
Esta classe inclui as disponibilidades imediatas e as aplicações de tesouraria de curto
prazo:
Meios líquidos de pagamento de propriedade da empresa

Valores que a empresa tem em depósito nas instituições de crédito, nas diversas
modalidades
Títulos de crédito de curto prazo (menos de 1 ano)

11 Caixa
Inclui os meios de pagamento, tais como, notas de banco e moedas metálicas, de
curso legal, cheques e vales postais, nacionais ou estrangeiros

119 Transferências de caixa

Relativamente às empresas que usem várias subcontas de caixa, prevê-se o uso


desta conta para as transferências entre elas

12 Depósitos à ordem
Respeita aos meios de pagamento existentes em contas à vista nas instituições de
crédito

13 Outros depósitos bancários


Respeita aos depósitos feitos por um prazo estabelecido (geralmente, a 183 dias, a
mais de um ano, etc)
Inclui os depósitos bancários que não devam lançar-se nas contas 12 e 13,
nomeadamente os depósitos com aviso prévio

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3.2 CLASSE 2 – CONTAS A RECEBER E A PAGAR

Esta classe respeita aos movimentos contabilísticos derivados das relações da


empresa com terceiros (clientes, fornecedores, bancos, Estado, accionistas e outros)

21 Clientes
Regista os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e serviços

211 Clientes c/c


Respeita aos créditos sobre clientes que não estejam representados por letras ou
outros títulos a receber

212 lientes – Títulos a receber


Inclui as dívidas de clientes que estejam representadas por títulos ainda não vencidos

218 Adiantamentos de clientes


Regista as entregas feitas à empresa relativas a fornecimentos a efectuar a terceiros,
cujo preço não esteja previamente fixado.
Pela emissão da factura estas verbas serão transferidas para as respectivas contas da
211 Clientes c/c

22 Fornecedores
Regista os movimentos com os fornecedores de bens e serviços.

221 Fornecedores c/c


Regista os débitos aos fornecedores provenientes de bens e serviços adquiridos pela
empresa que não estejam representados por letras ou outros títulos a pagar

222 Fornecedores – Títulos a pagar


Inclui as dívidas a fornecedores que se encontrem representadas por letras ou outros
títulos de crédito

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228 Adiantamentos a fornecedores


Regista as entregas feitas pela empresa com relação a fornecimentos a efectuar por
terceiros, cujo preço não esteja previamente fixado.
Pela recepção da factura estas verbas serão transferidas para as respectivas contas
da 221Fornecedores c/c

23 Pessoal
Para além das operações relativas ao pessoal, esta conta abrange as que se reportam
aos órgãos sociais, entendendo-se que estes são constituídos pela mesa da
assembleia- geral, administração, fiscalização ou outros corpos com funções
equiparadas

24 Estado e outros entes públicos


Nesta conta registam-se as relações com o Estado, autarquias locais e outros entes
públicos que tenham características de impostos e taxas

241 Imposto sobre o rendimento


É debitada pelos pagamentos efectuados e pelas retenções na fonte a que alguns dos
rendimentos da empresa estiverem sujeitos.
No fim do exercício será calculada, com base na matéria colectável estimada, a
quantia do respectivo imposto, a qual se registará a crédito desta conta por débito da
81

242 etenção de impostos sobre rendimentos


Esta conta movimenta a crédito o imposto que tenha sido retido na fonte relativo a
rendimentos pagos de sujeitos passivos de IRC ou de IRS

243 Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)


Esta conta destina-se a registar as situações decorrentes da aplicação do Código do
Imposto sobre o Valor Acrescentado

2431 IVA suportado

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Esta conta, de uso facultativo, é debitada pelo IVA suportado em todas as aquisições
de existências, imobilizado ou de outros bens e serviços

2432 IVA dedutível


Se se usar a 2431, esta conta debita-se pelo IVA dedutível por contrapartida da 2431,
se não se usar a 2431, é debitada pelo IVA dedutível relativo às aquisições.
Em qualquer caso é creditada pela transferência do saldo respeitante ao período do
imposto, por débito da 2435

2433 IVA liquidado


Creditada pelo IVA liquidado na emissão das facturas ou documentos equivalentes
É debitada pela transferência do saldo respeitante ao período do imposto, por crédito
da 2435

2435 IVA apuramento


Centraliza as operações efectuadas na 2432, 2433, 2434, 2437 de forma a que o
saldo corresponda ao imposto a pagar ou em crédito, relativamente a um determinado
período de imposto
É ainda debitada pelo saldo devedor da 2437, respeitante ao montante de crédito de
imposto reportado do período anterior sobre o qual não exista nenhum pedido de
reembolso

2436 IVA a pagar


Credita-se pelo montante do imposto a pagar relativo a um dado período por
transferência do saldo credor da 2435

2437 IVA a recuperar


Recebe, por transferência da 2435, o saldo devedor desta última conta, referente a um
determinado período de imposto, representando tal valor o montante de crédito sobre
o Estado no período em referência

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244 Outros impostos


Recolhe outros impostos não abrangidos nas rubricas anteriores e os vigentes no
período de transição para o IRC e o IRS

245 Contribuições para a Segurança Social


Credita-se pelas deduções para a Seg. Social nas remunerações pagas ao pessoal,
por débito das contas relativas a essas remunerações, 631 e 632, aquando do
respectivo processamento, e pelas contribuições da empresa para a Seg. Social, por
débito da conta 635.
Debita-se pelo pagamento das contribuições por crédito da 11 ou 12

246 Tributos das autarquias locais


Movimenta-se pelo crédito às autarquias locais de quaisquer taxas que lhes sejam
devidas, por débito da conta que diga respeito a essas taxas, na conta 681

25 Financiamentos obtidos
Registam-se nesta conta os empréstimos obtidos

251 Instituições de crédito e sociedades financeiras


Regista os empréstimos que a empresa obtém dos bancos e outras entidades
financeiras.

26 Accionistas/sócios
Regista os movimentos com os sócios/accionistas.

27 Outras contas a receber e a pagar


Nesta conta registam-se as transacções da empresa com terceiros que não devam
lançar-se nas contas de terceiros anteriormente tratadas

271 Fornecedores de investimentos


Regista os movimentos com os fornecedores de bens e serviços com destino ao activo
tangível e intangível da empresa

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3.3 CLASSE 3 – INVENTÁRIOS


Esta classe inclui somente os bens armazenáveis que se destinam a venda ou a
serem consumidos no processo produtivo da empresa
Não compreende os que se destinam a consumo imediato e que, por isso, se
consideram custo desde a sua compra, nem os bens de utilização contínua, isto é,
bem de imobilizado.
Numa empresa comercial compreende apenas as Mercadorias:
● Mercadorias – Bens adquiridos para revenda sem transformação interna na
empresa
Numa empresa industrial compreende:
● Produtos acabados e intermédios – Produção apta para venda
● Subprodutos – Produtos secundários resultantes do processo produtivo principal
e obtidos em simultaneo
● Desperdícios, resíduos e refugos – Bens de baixo valor económico resultantes
do
processo produtivo
● Produtos e trabalhos em curso – Produtos que se encontram em fabricação,
mas não estão ainda aptos para venda
● Matérias-primas – Bens que se destinam a ser incorporados directamente nos
produtos
● Matérias subsidiárias e de consumo – Bens que directa ou indirectamente
concorrem para a produção, mas não incorporam directamente o produto

31 Compras
Lança-se nesta conta o custo das aquisições de matérias-primas e bens
aprovisionáveis destinados a consumo ou venda, incluindo as despesas adicionais de
compras
Esta conta salda por débitos das contas de existências.

32 Mercadorias
Respeita aos bens adquiridos pela empresa com destino a venda, desde que não
sejam objecto de trabalho posterior de natureza industrial. O seu saldo representa o
valor em stock destes bens.

33 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

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Na 331 Matérias-primas, registam-se os bens que se destinam a ser incorporados


materialmente nos produtos finais
Na 332 Matérias subsidiárias, registam-se os bens necessários à produção que não se
incorporam materialmente nos produtos finais
Na 333 Embalagens, registam-se os bens envolventes ou recipientes das mercadorias
ou produtos, indispensáveis ao seu acondicionamento ou transacção

34 Produtos acabados e intermédios


Respeita aos principais bens provenientes da actividade produtiva da empresa, assim
como os que, embora normalmente reentrem no fabrico, possam ser objecto de venda
(produtos intermédios)

37 Activos biológicos
Respeita aos activos biológicos (animais e plantas) consumíveis ou de produção

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3.4 CLASSE 4 – INVESTIMENTOS


Esta classe inclui os bens detidos com continuidade ou permanência e que não se
destinem a ser vendidos ou transformados no decurso normal das operações da
empresa, quer sejam de sua propriedade, quer estejam em regime de locação
financeira. Integra assim os bens patrimoniais, tangíveis ou intangíveis, que não se
destinam a ser vendidos ou transformados, mas sim a serem utilizados no processo
produtivo da empresa, ou seja, bens que ela utiliza como meios para alcançar os seus
objectivos.

Dado que o bem vai ser utilizado no processo produtivo, deve registar-se como activo
e apenas deve afectar o custo dos períodos na medida da sua depreciação
(amortizações)

41 Investimentos financeiros
Integra as aplicações financeiras de carácter permanente, nomeadamente,
investimentos em partes de capital, obrigações e outros títulos, empréstimos de
financiamento, investimentos em imóveis, outras aplicações financeiras (depósitos
bancários que não sejam de classificar como disponibilidades, títulos da dívida pública,
outros títulos, fundos)
43 Activos fixos tangíveis
Integra os activos tangíveis, móveis ou imóveis, que a empresa utiliza na sua
actividade operacional, que não se destinem a ser vendidos ou transformados, com
carácter de permanência superior a um ano. Inclui também as benfeitorias e as
grandes reparações que sejam de acrescer ao custo daqueles imobilizados

432 Edifícios e outras construções


Respeita aos edifícios fabris, comerciais, administrativos e sociais, compreendendo as
instalações fixas que lhes são próprias (água, energia eléctrica, aquecimento, etc),
bem como muros, silos, parques, albufeiras, canais, estradas e arruamentos, vias-
férreas internas, pistas de aviação, cais e docas.

433 Equipamento básico

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Respeita ao conjunto de instrumentos, máquinas, instalações e outros bens - com


excepção dos indicados na conta 425 - com os quais se realiza a extracção,
transformação e elaboração dos produtos ou a prestação de serviços.

434 Equipamento de transporte


Regista os veículos, barcos, vagões, empilhadores, guindastes e outra aparelhagem
de carga das empresas cuja actividade não é o transporte de carga ou de passageiros

435 Equipamento administrativo

Respeita ao equipamento social e administrativo e mobiliário diverso.

44 Activos intangíveis
Integra os activos intangíveis, englobando trespasses, projectos de desenvolvimento,
programas de computador e direitos de propriedade industrial.

45 Investimentos em curso
Abrange os activos de adição, melhoramento ou substituição enquanto não estiverem
concluídos

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3.5 CLASSE 5 – CAPITAL, RESERVAS E RESULTADOS TRANSITADOS

51 Capital
Respeita ao capital nominal subscrito

59 Resultados transitados
Esta conta é utilizada para registar os resultados líquidos e os dividendos antecipados,
provenientes do exercício anterior. Será movimentada de acordo com a aplicação de
lucros ou a cobertura de prejuízos que for deliberada, bem como pela diferença entre
os lucros imputáveis às participações nas empresas filiais ou associadas e os
respectivos lucros que lhes forem atribuídos

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3.6 CLASSE 6 GASTOS


Nesta classe registam-se os custos operacionais, financeiros e extraordinários do
exercício.
De um modo geral, as contas desta classe apenas se debitam, creditando-se somente
por quaisquer devoluções, descontos e abatimentos, ou por correcções (estornos) de
lançamentos anteriores.
As contas desta classe deverão ficar saldadas no fim do exercício.

61 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas


Regista a contrapartida das saídas das existências nela mencionadas, por venda ou
integração no processo produtivo. No caso do inventário intermitente, poderá ser
movimentada apenas no termo do exercício

62 Fornecimentos e serviços externos


621 Subcontratos
Esta conta compreende os trabalhos necessários ao processo produtivo próprio,
relativamente aos quais se obteve a cooperação de outras empresas, submetidas a
compromissos formalizados ou a simples acordos

622 erviços especializados


Esta conta regista os custos pagos ou a pagar a terceiros, por serviços especializados
prestados à empresa (publicidade, segurança, honorários, comissões, conservação,
etc)

623 Materiais
Regista os custos com a compra de materiais (ferramentas, livros, material de
escritório, artigos para oferta)

624 Energia e fluidos


Custos com energia eléctrica (iluminação, aquecimento, força motriz, etc),
combustíveis, água.

625 eslocações, estadas e transportes


Regista os custos com deslocações, estadas e transporte de pessoal e mercadorias

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626 erviços diversos


Respeita à renda de terrenos e edifícios e ao aluguer de equipamentos, gastos com
comunicações, seguros, royalties, contencioso e notariado, representação, limpeza e
higiene, conforto)

63 Gastos com o pessoal


Regista os custos com as remunerações aos pessoal e aos órgãos sociais

631 Remunerações dos órgãos sociais


Regista as remunerações dos membros da mesa da assembleia geral, da
administração, fiscalização ou outros corpos com funções equiparadas

632 Remunerações ao pessoal


Respeita aos salários e ordenados líquidos, bem como às remunerações adicionais,
pagas ao pessoal

635 Encargos sobre remunerações


Registam-se as incidências relativas a remunerações que sejam
suportadas obrigatoriamente pela empresa

636 Seguros de acidentes no trabalho e doenças profissionais


Respeita aos prémios de seguro de acidentes no trabalho e doenças profissionais

69 Gastos e perdas de financiamento


Regista os juros suportados e outros custos financeiros do exercício e as diferenças
de câmbio desfavoráveis

691 Juros suportados


Regista os juros suportados com operações de financiamentos obtidos

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3.7 CLASSE 7 – RENDIMENTOS E GANHOS

Esta classe regista, por natureza, os proveitos correntes operacionais, financeiros e


extraordinários.

71 Vendas
Respeita às vendas, representadas pela facturação, deduzida do IVA e de outros
impostos e incidências nos casos em que nela estejam incluídos

72 Prestações de serviços
Esta conta respeita aos trabalhos e serviços prestados que sejam próprios dos
objectivos ou finalidades da empresa. Poderá integrar os materiais aplicados, no caso
de estes não serem facturados separadamente

73 Variações nos inventários da produção


Regista a variação dos inventários ocorrida ao longo do exercício (aumentos e
diminuições) relativa a produtos acabados e intermédios, subprodutos, resíduos e
refugos, produtos e trabalhos em curso, e activos biológicos.

74 Trabalhos para a própria entidade


Credita-se pelo valor dos trabalhos que a empresa realiza para si mesma, sob sua
administração directa, aplicando meios próprios ou adquiridos para o efeito e que se
destinam ao seu imobilizado ou que sejam de repartir por vários exercícios

79 Rendimentos e ganhos de financiamento


Credita-se pelos proveitos e ganhos financeiros obtidos pela empresa,
nomeadamente, juros obtidos (de depósitos bancários, obrigações e títulos de
participação, empréstimos correntes, empréstimos de financiamento, outras aplicações
de tesouraria, outros investimentos financeiros, outros juros), ganhos em empresas do
grupo e associadas (relativos às suas participações de capital), rendimentos de
imóveis (não afectos à actividade da empresa), rendimentos de participação de capital,
diferenças de câmbio favoráveis, ganhos na alienação de aplicações de tesouraria,
outros proveitos e ganhos financeiros)

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3.8 CLASSE 8 – RESULTADOS


Esta classe regista o resultado líquido do exercício
81 Resultado líquido do período
811 Resultado antes de impostos
Esta conta, servirá para receber os saldos das contas de apuramento de resultados
(classe 6 e classe 7)

812 Imposto sobre o rendimento do período


Considera-se nesta conta a quantia estimada para o imposto que incidirá sobre os
resultados, corrigidos para efeitos fiscais.

818 Resultado líquido do exercício


Esta conta recolhe o saldo das contas anteriores

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4 III. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

4.1 BALANÇO
O Balanço é um quadro alfanumérico que contém informação reportada a determinada
data, acerca dos recursos que a entidade utiliza e da forma como estão a ser
financiados pelos titulares da entidade e por terceiros.
Embora continuando a ser o mapa por excelência do valor dos recursos controlados
pela empresa (Activo) e das suas obrigações (Passivo) numa determinada data, passa
a ter uma nova divisão naquelas duas grandes rubricas. Assim os activos e os
passivos passam a dividir-se em correntes e não correntes. Um dos principais critérios
de divisão, respeita ao prazo de detenção daqueles activos e de liquidação daqueles
passivos, sendo de doze meses como limite para os correntes e mais de doze meses
para os não correntes.
Aquele critério de classificação, em nada difere do critério estabelecido no POC, ou
seja do curto, do médio e longo prazo, muito embora seja dado maior realce ao ciclo
operacional da entidade, ou seja, o tempo que medeia entre a aquisição de um activo
para processamento e a sua realização em caixa ou seus equivalentes. Acrescenta
ainda que, “quando o ciclo normal da entidade não for claramente identificável,
pressupõe-se que a sua duração seja de doze meses”, o mesmo se diga relativamente
aos passivos correntes.
As rubricas do modelo de Balanço correspondem ao conteúdo mínimo obrigatório de
informação financeira a ser apresentado na face desta demonstração financeira.
Contudo, atendendo aos critérios de materialidade e agregação, uma entidade poderá
excepcionalmente acrescentar outras rubricas que sejam relevantes.
Assim, o balanço, agora em formato vertical, será apresentado no seguinte modelo
(exemplo reduzido para melhor compreensão das suas grandes divisões por classes):

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O conteúdo das rubricas do balanço, de acordo com o novo plano de contas, parte
integrante do SNC, é o seguinte:

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Assim a face do balanço, terá o seguinte aspecto:

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4.2 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR NATUREZAS

A Demonstração dos Resultados é um quadro alfanumérico que contém informação


reportada a um determinado intervalo de tempo, isto é a um período de tempo que
medeia entre as datas do Balanço.
No que respeita à sua apresentação, e à semelhança do balanço, é permitido que se
adicionem itens, títulos e sub-totais, ao próprio mapa base, se tal for relevante para
uma melhor compreensão do desempenho financeiro da entidade em causa.
De realçar o impedimento na apresentação, pela entidade, de itens de rendimento e
de gasto extraordinários, quer na própria demonstração dos resultados, quer no
anexo, banindo desta forma, uma prática de classificação de certos factos, que à luz
do POC, eram tidos como não correntes que, no entanto, irão continuar a acontecer!
A demonstração dos resultados deverá ser apresentada com base numa classificação
por natureza, embora adicionalmente, possa ser apresentada uma outra
demonstração de resultados baseada numa classificação por funções.
A demonstração dos resultados, por naturezas e por funções, adoptou o formato
vertical de formação do resultado líquido, a partir do rédito gerado pelas vendas e
serviços prestados.
O conteúdo das rubricas da demonstração dos resultados por naturezas, de acordo
com o novo plano de contas, parte integrante do SNC, é o seguinte:

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Assim a demonstração dos resultados por naturezas será apresentada no seguinte


modelo:

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4.3 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR FUNÇÕES

Neste quadro, o conteúdo das contas será em cada caso concreto, o resultado da
distribuição elaborada para as várias rubricas por natureza, de modo a reflectir os
reais custos das funções nele apresentadas.

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4.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A Demonstração dos Fluxos de Caixa deve relatar os fluxos (entradas e saídas) de


caixa e seus equivalentes durante o período, classificados por actividades
operacionais, de investimento e de financiamento, de acordo com a Directriz
Contabilística (DC) n.º 14.
A obrigatoriedade de apresentação desta demonstração financeira é, para todas
as empresas
que apliquem as NCRF (Norma Contabilística de Relato Financeiro). A excepção, será
feita apenas às pequenas empresas que aplicarão a Norma Contabilística e de Relato
Financeiro para Pequenas Entidades, caso não optem por aplicar o conjunto das
NCRF. À semelhança das demonstrações financeiras já apresentadas anteriormente,
a face da demonstração de fluxos de caixa, contém uma coluna, paralela às rubricas,
reservada à colocação do número da nota do anexo, onde se encontrará informação
adicional se disso houver necessidade, para uma melhor explicação dos valores
expostos e da forma como se obtiveram. De igual modo, para completa informação
dos movimentos históricos aquele mapa inclui agora, uma coluna para os valores
relativos ao período anterior.
A demonstração dos Fluxos de Caixa, que não é de elaboração obrigatória para as
entidades que apliquem a NCRF-PE, apresenta-se da seguinte forma:

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5 BIBLIOGRAFIA

Contabilidade Geral, Manuel Alberto Gonçalves, Plátano Editora

Plano Oficial de Contabilidade Explicado, José Bento e José Fernandes Machado,


Porto Editora
CD do SITOC, Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas

O MODELO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS NO ÂMBITO DO SNC, H.

Oliveira, B. Sousa, A. Teixeira - Junho de 2009,

(http://www.accid.org/CONGRES/SESSIONS/31-05.PDF)

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