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MANUAL DO/A FORMANDO/A

Técnico/a de Qualidade
7845 – Empresa e o meio ambiente
FICHA TÉCNICA

Tipologia de Recurso: Manual do Curso/Módulo


Curso: Técnico/a de Qualidade
Formador(es):

Data: 14/02/2022

O formando deverá complementar os conhecimentos adquiridos e retidos durante a sessão com a leitura
do presente Manual.
Contém todos os temas abordados durante o curso Técnico de Qualidade / módulo 7845 – Empresa e o
meio envolvente, devendo ser um suporte ao estudo a desenvolver pelo formando, bem como um reforço
aos conhecimentos adquiridos durante a sessão.
A leitura do Manual não invalida que o formando não aprofunde os seus conhecimentos, através da
consulta da bibliografia recomendada ou de outros que julgue convenientes.

Objetivos Gerais

- Caraterizar as organizações empresariais no contexto em que desenvolvem a sua atividade


- Enquadrar as empresas nos diferentes critérios de classificação
-Enquadrar as empresas nos diferentes critérios de classificação

Conteúdos

- Visão sistémica da empresa


* Conceito da empresa e sua evolução
* Missão, visão e valores
*Objetivos estratégicos e operacionais
* Finalidades econoómicas e sociais da empresa
* Ética, qualidade e responsabilidade social da empresa
* Empresa e o meio envolvente
- Classificação das empresas
*Critérios de seleção
* Setor da atividade
* Dimensão
* Forma jurídica
- Panorâmica do tecido empresarial português
- Globalização da economia e impacto nas empresas

Carga horária
25 horas
Índice
FICHA TÉCNICA............................................................................................................................................1
1.1. CONCEITO DA EMPRESA..................................................................................................................2
1.2. MISSÃO, VISÃO E VALORES..............................................................................................................4
1.3. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS..................................................................................6
1.4. FINALIDADES ECONÓMICAS E SOCIAIS DA EMPRESA.....................................................................6
1.5. ÉTICA, QUALIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA...................................................7
1.6. EMPRESA E O MEIO ENVOLVENTE...................................................................................................8
2. CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS – CRITÉRIOS DE SELEÇÃO, SETOR DA ATIVIDADE, DIMENSÃO E
FORMA JURÍDICA........................................................................................................................................9
I. Singulares.......................................................................................................................................13
a. E.N.I. – Empresário em Nome Individual.......................................................................................13
b. EIRL – ESTABELECIMENTO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA.................................14
c. Sociedade Unipessoal por quotas..................................................................................................15
II. Coletivas.........................................................................................................................................15
a. Sociedade em Nome Coletivo........................................................................................................15
b. Sociedade por quotas....................................................................................................................15
c. Sociedade em Comandita..............................................................................................................16
d. Sociedade Anónima.......................................................................................................................16
3. PANORÂMICA DO TECIDO EMPRESARIAL PORTUGUÊS – GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA E IMPACTO
NAS EMPRESAS.........................................................................................................................................17
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................22

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1. VISÃO SISTÉMICA DA EMPRESA
1.1. CONCEITO DA EMPRESA

A empresa é o resultado de um conjunto de recursos organizados, que quando atuam no mercado fornece
produtos e / ou serviços em troca de uma retribuição monetária, visando a criação de riqueza. Pode
também ser definida como, um conjunto estruturado de fatores de produção (Recursos Naturais + Trabalho
+ Capital) que são utilizados pelo empresário para produzir bens e serviços.

Fatores produtivos
 Terra e Recursos Naturais – A terra consiste no solo utilizado nas atividades rurais ou na
implantação de estradas e de edifícios; os recursos naturais incluem combustíveis, como o carvão
ou o petróleo; minerais, como o cobre, a areia; as árvores cuja madeira é utilizada no fabrico de
papel e em serrações; a água com as mais diversas utilizações desde a produção de energia até à
alimentação, entre outros.
 Trabalho – Consiste na atividade humana despendida na produção. Depende tanto do volume da
população ativa, como da qualificação dessa mesma população, trabalhando, designadamente, em
fábricas de automóveis, em explorações rurais ou ensinando em escolas.
 Capital – Proporciona os meios de pagamento para a obtenção dos materiais e matérias-primas,
para a remuneração da mão-de-obra utilizada e aquisição de equipamentos produtivos.

A Empresa é ainda uma Entidade com enquadramento Jurídico, Económico e Social. O Enquadramento
jurídico define a forma de constituição e funcionamento do ponto de vista legal. O enquadramento
económico garante que a Empresa cumpre os seus objetivos de criação de riqueza. O enquadramento
social garante que a Empresa cumpre com os objetivos de desenvolvimento da Sociedade em que se insere.
O objetivo é que o capital que entra na Empresa como resultado da venda dos seus produtos ou serviços,
seja superior ao capital que a Empresa despende na obtenção dos recursos necessários à sua laboração.

Empresa vs Organização
Uma empresa, de uma forma geral, é um caso particular de uma organização. Considerando que as
organizações, à semelhança do que sucede com as empresas, também:
 Têm personalidade e capacidade jurídicas
 São geridas por pessoas

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 São um sistema que produz bens ou serviços, através de um ou vários processos de transformação
de inputs (recursos) em outputs (bens e/ou serviços)
 Têm uma estrutura organizacional
 Desenvolvem a sua atividade inseridas num meio envolvente que lhes cria oportunidades e
ameaças e que determina, em grande medida, o seu sucesso
 Têm uma missão, objetivos e metas
 Têm restrições ao nível dos recursos
 O seu desempenho é avaliado em termos de eficácia e de eficiência
 Devem ter os objetivos de carácter económico-financeiro (rentabilidade, liquidez, solvabilidade,
autonomia financeira, entre outros) que, embora não constituindo o fim último da sua atividade,
devem ser atingidos (neste caso, como um meio imprescindível ao cumprimento dos fins a que se
propõem e, em última instância, como um meio para assegurar a sua própria sobrevivência)

Assim, uma empresa é uma organização com uma característica especiais que a distingue das demais – o
facto da sua principal finalidade ser a maximização do retorno, no médio e longo prazo, do capital nela
investido pelos detentores do seu capital. A empresa é o resultado de conjunto de recursos organizados,
que atuando no mercado fornece produtos e / ou serviços em troca duma retribuição monetária, visando a
criação de riqueza; em última análise, numa empresa todos os restantes objetivos são na verdade meios
utilizados para maximizar os lucros.

Evolução histórica do conceito de empresa


 Fase inicial – Desde a antiguidade, até 1780, o regime de produção esteve limitado a artesãos e a
mãode-obra intensiva e não qualificada, principalmente mais direcionada para a agricultura. O
sistema de comércio era de troca por troca (trocas locais).
 Fase de industrialização – Com a revolução industrial, as empresas sofreram um processo de
industrialização ligado as máquinas. O uso do carvão, nova fonte de energia, veio permitir um
enorme desenvolvimento nos países. A empresa assume um papel relevante no desenvolvimento
das sociedades, introduzindo novas máquinas consoante o material que se queria produzir, como a
máquina de fiar, tear, máquina a vapor, locomotivas, entre outro.
 Fase de desenvolvimento industrial – Os dois expoentes marcantes desta fase, são o aço e a
eletricidade. O ferro é substituído pelo aço, como fonte básica da indústria, e o vapor é substituído
pela eletricidade e derivados de petróleo. O desenvolvimento do motor de explosão e do motor

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elétrico, estabelecem uma relação entre a ciência e o avanço tecnológico das empresas. Isto fez
com que se desse o desenvolvimento dos transportes e das comunicações, o que permitiu encurtar
as distâncias entre diferentes áreas, o que permite o desenvolvimento rápido do intercâmbio
comercial.
 Fase da industrialização – Nesta fase as empresas atingem enormes proporções, passando a atuar
em operações de âmbito internacional e multinacional. Surgem os navios cada vez mais sofisticados
e de grande porte, grandes redes ferroviárias e autoestradas cada vez mais acessíveis. O automóvel
e o avião tornam-se veículos cada vez mais usuais / correntes, e com o aparecimento da televisão
as distâncias encurtam-se.
 Fase da incerteza (pós-moderna) – atualmente, as empresas encontram-se num clima de
turbulência. O ambiente externo das empresas caracteriza-se por uma complexidade e mobilidade
que os empresários não conseguem “gerir” de forma adequada. Nesta fase, as empresas lutam
com escassez de recursos e cada vez é mais difícil colocar os produtos no mercado. As empresas
tendem a estagnar, o que não é recomendável, pois a empresa deve assumir-se como um sistema
aberto a mudanças e inovações a todos os níveis, nomeadamente a nível de produtos internos e
gestão.

1.2. MISSÃO, VISÃO E VALORES

Para que o propósito da organização seja consistente e constante ao longo do tempo, é necessário um
conjunto de valores. Tais valores deverão ser duradouros e conhecidos dentro de toda a organização. A
seguinte frase ajuda a compreender a forma como estes três conceitos se conjugam: A visão provoca o
empenho, de todos, na missão da organização, através do trabalho realizado com base nos objetivos
estratégicos.

A visão, missão e objetivos formam ideias que verificam a energia e as forças distribuídas dentro da
organização. O que determina o sucesso de uma organização é a sua capacidade de conceber uma visão e
fazer dela uma fonte de inspiração para as pessoas que nela trabalham.

Visão

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A visão descreve os desejos para o futuro sem especificar os meios para as alcançar. As visões com mais
efeito são aquelas que criam inspiração e esta inspiração é normalmente querer mais, maior e melhor. Tais
como, prestar o melhor serviço ou desenvolver o produto mais resistente, e deve ser sempre inspirativo.

O processo de construção de uma visão integra dois elementos essenciais: o consenso e a estratégia. A
visão é o ponto de partida para a expressão clara das prioridades organizacionais. Fixa o fim global e de
longo prazo da organização.

Missão
A visão torna-se realista com a definição da missão. Esta reflete aquilo em que um líder pensa
relativamente à organização e às direções que ela deve seguir. A exposição da missão não serve tanto para
afirmar qual é a atividade ou a função da organização, mas sobretudo para expor a razão pela qual essa
atividade ou função existem.

A missão é uma espécie de contrato social entre o funcionário e a organização. Deve traduzir-se numa
afirmação simples e curta, que seja compreendida por todos. Apesar da missão ser especifica de cada
organização, a definição da missão deve conter as respostas às seguintes questões:
 Qual a razão da nossa existência?
 Qual é o nosso propósito?
 O que é que é a nossa organização tem de único ou diferente?
 Que diferenças terá o nosso negócio daqui por 3 ou 5 anos?
 Quem são, ou deveriam ser, os nossos principais clientes, ou segmentos de mercado?
 Quais são os nossos principais produtos? E quais serão?
 Quem são, ou deveriam ser, as nossas principais preocupações económicas?
 Quais são os nossos valores, inspirações e prioridades filosóficas?

Valores
Com a definição do Valores ficam reunidas as condições iniciais para o lançamento de um programa de
qualidade na organização. Os valores são crenças profundamente enraizadas que influenciam as atitudes,
as ações, as escolhas que se fazem e as decisões que se tomam. São a identidade do grupo. Os Valores
respondem às seguintes questões: O que nos rege?; Quais os princípios que orientam a nossa atividade?.

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1.3. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS

Existe uma diversidade muito grande de definições para o termo Gestão. A mais comum, define gestão
como “a forma de assegurarmos uma utilização dos recursos escassos da empresa, no sentido de alcançar
os objetivos previamente fixados”.

O método da gestão assenta na definição de objetivos e no acompanhamento da sua implementação. Com


o acompanhamento, é possível controlar e, por sua vez, ajustar os objetivos. A eficácia de uma empresa é
determinada pelo grau em que atinge os seus objetivos. São objetivos fundamentais de qualquer empresa:
a obtenção do lucro, a sua sobrevivência, o seu crescimento no mercado, a satisfação dos interesses dos
diferentes grupos com ela relacionados: clientes, fornecedores, trabalhadores, acionistas, Estado, entre
outros. Os objetivos podem ser de natureza estratégica ou operacional. Os objetivos estratégicos
estabelecem uma direção a seguir no longo prazo e devem ser estabelecidos com um profundo
conhecimento da empresa e da realidade que a envolve - mercados, aspetos sociais, culturais, entre outros.
Por outro lado, os objetivos operacionais permitem estabelecer um plano prático, com um horizonte
temporal mais curto, que define a forma como a empresa vai organizar os seus fatores de produção no
sentido de cumprir os objetivos estratégicos.

1.4. FINALIDADES ECONÓMICAS E SOCIAIS DA EMPRESA

Concretização do conceito do lucro através de um exemplo distinguindo-se a componente receita total e


custo total e a sua importância para a sobrevivência e crescimento da empresa:
 Gerar resultados positivos lucro- que lhe permitam a remuneração do capital investido, isto é,
consiga garantir um rendimento àqueles que nela investiram.
 LUCRO = RECEITAS TOTAIS – CUSTOS TOTAIS
 Crescer – a empresa cresce quando consegue aumentar o negócio: produzir mais, conquistar
mercado, entre outros. Tudo isto acontece vendendo mais, mas garantindo margens

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compensadoras a longo prazo, isto é, vendendo cada produto por um preço competitivo, mas que
compense o que foi gasto na sua produção.
 Adaptar-se – considerando as diversas alterações ambientais e o ritmo a que as mesmas
acontecem, quer a nível global (conhecimentos, tecnologia, comunicações, etc.), quer a nível
específico de cada empresa (necessidades e características dos clientes, competição de mercados,
e outras). São fundamentais a inovação, a flexibilidade e a qualidade.

A Empresa deverá contribuir para o desenvolvimento social e científico dos seus colaboradores, do meio
em que se insere e da sociedade em geral. Deverá também contribuir para que seja garantida a
estabilidade económica e social da região em que se insere. São muitos os grupos que interagem com a
empresa com necessidades e interesses próprios e que esperam vê-los satisfeitos da melhor forma
possível. Os principais grupos de colaboradores são: trabalhadores, sócios ou acionistas e administração ou
gerência. Os stakeholders associados à empresa: clientes, fornecedores, instituições de crédito, outras
entidades, estado, comunidade, entre outros. Naturalmente que deverá existir um equilíbrio na
distribuição da riqueza criada, contemplando os objetivos Económicos e Sociais.

1.5. ÉTICA, QUALIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA

A ética empresarial tem evoluído significativamente ao longo dos anos, sendo, atualmente, universalmente
aceite que qualquer organização para ter sucesso não só tem de mobilizar o empenho, a criatividade, a
energia e a motivação de todos os seus membros, como também tem de o fazer com carácter, ética e
responsabilidade social.

Efetivamente cada vez mais se exige que as organizações não se limitem a cumprir a legislação, mas sim
procurem um equilíbrio entre a procura de resultados empresariais, materializados, por exemplo, no lucro
e a ética empresarial consolidada nos seus valores e na sua responsabilidade social.

A ética tem uma influência crescente, não só, na cultura das organizações, mas também no impacto dos
seus produtos no mercado. Este começa a ser fortemente penalizador para as empresas cujo
comportamento ético, visível no emprego de mão-de-obra infantil, na discriminação negativa, no modo
como gerem os despedimentos, nos sistemas de incentivos que praticam, na forma como delapidam os

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recursos naturais, como poluem o meio ambiente, como estimulam a corrupção, é considerado inaceitável
e lesivo dos interesses da sociedade.

O investimento na ética e na conduta social dificilmente proporciona mais-valias a curto prazo, mas a sua
falta pode induzir elevados prejuízos, particularmente se os seus efeitos forem percecionados pela
sociedade, em particular pelo seu mercado preferencial.

Por outro lado, a Responsabilidade Social das Empresas (RSE) é a integração voluntária de preocupações
sociais e ambientais nas operações quotidianas das organizações e na interação com todas as partes
interessadas.

Trata-se de um modo de contribuir para a sociedade de forma positiva e de gerir os impactos sociais e
ambientais da organização como forma de assegurar e aumentar competitividade.

Quando se fala de RSE fala-se, normalmente, da reciclagem do lixo doméstico e industrial, da reciclagem de
toners, plásticos e papel, mas também do respeito pelas pessoas com quem se convive diariamente e ainda
do apoio que se presta à sociedade. Uma organização socialmente responsável tem em consideração, nas
decisões que toma, a comunidade onde se insere e o ambiente onde opera.

A certificação de uma empresa (organização), qualquer que seja a sua dimensão ou setor de atividade,
consiste no reconhecimento formal por um Organismo de Certificação - entidade externa independente
(terceira parte) e preferencialmente acreditada no âmbito do Sistema Português da Qualidade (SPQ) - após
a realização de uma auditoria, de que essa organização dispõe de um sistema de gestão implementado que
cumpre as Normas aplicáveis, dando lugar à emissão de um certificado.

A implementação de um sistema de qualidade e a sua posterior certificação, é uma maisvalia para a


empresa, ou seja, reconhecimento e satisfação dos clientes e outras partes interessadas, melhoria da
imagem, acesso a novos mercados, redução de custos de funcionamento através da melhoria do
desempenho operacional e uma nova cultura com a sensibilização e motivação dos colaboradores,
orientada para a melhoria contínua e para a satisfação dos clientes e outras partes interessadas.

1.6. EMPRESA E O MEIO ENVOLVENTE

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A empresa enquanto uma organização aberta ao exterior em comunicação permanente quer com o sistema
produtivo, quer com a sociedade em geral, ou seja, mantém relações constantes com diferentes grupos:
administradores, gerentes, fornecedores, empregados, bancos e outras entidades, comunidade, clientes,
estado, sócios e acionistas, entre outros.

Envolvente contextual
As empresas desenvolvem a sua atividade no âmbito de uma determinada sociedade, num meio
concorrencial altamente competitivo onde têm continuamente de lutar pela sua integração.

Assim, as empresas procurarão desenvolver as suas atividades de forma aceitável e desejável por essa
sociedade. Envolvente contextual é, então, o conjunto de características que definem o exterior (culturais,
éticas, sociais e económicas), as quais condicionam a sua atuação e ao mesmo tempo constituem a sua
razão de existir.

Envolvente Transacional
Conjunto de entidades, indivíduos ou organizações que entram em contacto direto com essa organização
geralmente através de uma relação de troca – transação.

Cada uma das empresas que constituem a envolvente transacional tem algum interesse na existência dessa
organização. A empresa enquanto um sistema que agrupa um conjunto de elementos (órgãos, pessoas,
entre outros) que atuam coordenadamente e são interdependentes com vista a alcançar os seus objetivos.

Considera-se aberto na medida em que recebe do meio envolvente os inputs necessários à sua atividade e
transforma-os em outputs que envia para o meio exterior.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS – CRITÉRIOS DE SELEÇÃO, SETOR DA


ATIVIDADE, DIMENSÃO E FORMA JURÍDICA

A palavra «empresa» traduz um conceito atual que qualquer pessoa tende a identificar com a ideia de
negócio, estabelecimento, organização para a exploração de uma atividade.

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Num sistema de economia de livre iniciativa e de mercado a empresa – mais que o próprio Estado – é o
principal centro de decisões no que se refere à utilização dos recursos (escassos) da coletividade.

As empresas são atualmente os agentes económicos predominantes na formação da riqueza de uma região
ou país. A empresa é a organização dos fatores de produção (capital, trabalho) com o fim de obter um
lucro.

A maximização do lucro é o critério de organização e de gestão empresarial típico das economias de


mercado e também o objetivo fundamental de todas as empresas. A maximização do lucro é a diferença
entre receitas resultantes da venda de bens e/ou serviços e o custo da produção desses mesmos bens e
serviços prestados.

Podemos ainda admitir que há empresas que têm como principal objetivo:
 Maximização das vendas
 O aumento da quota no mercado
 O crescimento da empresa e da sua atividade
 Criar notoriedade no mercado
 Garantir que exista lucro

Na perspetiva da economia, “empresa” pode ser considerada como:


 Unidade de produção, ou
 Unidade de exploração económica, ou
 Unidade técnica de produção, ou
 Organização com o objetivo de criar utilidades, sobre a forma de bens ou serviços com o intuito de
obter lucro

A “empresa” no direito comercial português


“Haver-se-ão por comerciais as empresas, singulares ou coletivas, que se propuserem a transformar por
meio de fábricas ou manufaturas, matérias-primas, empregando, para isso, ou só operários, ou operários e
máquinas. (Manufatura é um estabelecimento fabril em que a técnica de produção é artesanal, mas o
trabalho é desempenhado por um número grande de operários, que devem cumprir o trabalho com
horário para iniciar e terminar, sob a direção de um gerente.) …”

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Requisitos da atividade comercial
Todos os que se encontrem especialmente regulados no Código Comercial, ou seja, aqueles que são
sempre comerciais, independentemente da qualidade de comerciante de quem os pratica  São os atos de
comércio objetivos.
Todos os atos praticados pelos comerciantes, exceto se: a sua natureza for exclusivamente civil (por
exemplo, o casamento), se provar que não têm relação com o comércio (como por exemplo, se o
comerciante compra uma casa para a habitação da sua família, este ato não terá relação com o comércio)
 Estes são os atos de comércio subjetivos.

A atividade do empresário realiza-se através de uma organização que é o instrumento da atividade


comercial: o estabelecimento comercial – é o conjunto de bens ou serviços organizados pelo comerciante
com vista ao exercício da sua atividade. Comerciante – são as pessoas que, tendo capacidade para praticar
atos do comércio, fazem desta profissão – os comerciantes em nome individual e as sociedades comerciais.

Os comerciantes estão vinculados a determinadas obrigações, nomeadamente, escolher a forma jurídica


mais adequada, ter uma escrituração, efetuar o registo de determinados atos, dar o balanço e prestar
contas, entre outros.

Tipos de empresas
São diversos os tipos de empresa que existem em Portugal, cada uma destas com características
especificas. Assim, aquando da criação da sua própria empresa é necessário avaliar qual das opções será a
mais benéfica, tendo em consideração as vantagens e desvantagens.

As empresas podem ser classificadas de acordo com vários critérios:

a) Setor de atividade
Setor primário
 Está relacionado com a produção através da exploração de recursos da natureza.
 Conjunto de atividades económicas que produzem matéria-prima.
 Isto implica geralmente a transformação de recursos naturais em produtos primários.
 Exemplos: agricultura, mineração, pesca, caça, entre outros.

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Setor secundário
 É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor primário) em
produtos industrializados.
 É o setor da economia que transforma produtos naturais produzidos pelo setor primário em
produtos de consumo, ou em máquinas industriais.
 A matéria-prima é transformada num produto acabado que sofreu um processo de fabrico.
 Exemplos: roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, entre outros.

Setor terciário
 É o setor económico relacionado com os serviços.
 Envolve a comercialização de produtos em geral, e a oferta de serviços comerciais, pessoais ou
comunitários a terceiros.
 Exemplos: comércio, transportes, distribuição, venda de mercadorias, prestação de serviços, entre
outros.

b) Dimensão
Quais os critérios de determinação da dimensão de uma empresa?

A Comissão Europeia adotou a mais recente definição comum de PME. Esta recomendação entrou em vigor
no dia 1 de janeiro de 2005 e passou, desde esse momento, a ser aplicável a todos os programas, políticas e
medidas geridos pela Comissão Europeia.

Para apurar a dimensão de uma empresa, é fundamental analisar os dados da empresa com base em três
critérios:
 Número de trabalhadores efetivos
 Volume de negócios anual
 Balanço anual

A comparação dos seus dados relativos aos três critérios irá permitir determinar se a sua empresa é:
 Microempresa: Menos de 10 trabalhadores efetivos; Volume de negócios anual ou balanço anual
<= a 2 milhões de euros

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 Pequena Empresa: Menos de 50 trabalhadores efetivos; Volume de negócios anual ou balanço
anual <= a 10 milhões de euros
 Média Empresa: Menos de 250 trabalhadores efetivos; Volume de negócios anual <= a 50 milhões
de euros ou balanço total anual <= 43 milhões de euros
 Grande Empresa: Mais de 250 trabalhadores efetivos e, Volume de negócios anual > a 50 milhões
de euros ou balanço total anual > 43 milhões de euros
Se uma empresa exceder apenas um dos limites no decurso do ano de referência, a sua situação não será
afetada, ou seja, ficará como PME. Contudo, se ultrapassar um dos limites em dois exercícios contabilísticos
consecutivos, perderá essa qualidade.

c) Finalidade
As empresas podem ter fim lucrativo ou fim não lucrativo. Esta divisão, parte do conceito de Empresa, no
sentido de explorar uma atividade com o objetivo do lucro.

Todavia, convém ter em consideração que uma empresa ao declarar que não tem lucros, não implica que
não os crie, eles apenas poderão não ser redistribuídos pelos donos da empresa.

A empresa pode aplicar esses lucros para suportar os custos da sua atividade, e o restante (o chamado
lucro) poderá ser aplicado na expansão da atividade da empresa, aumentos de eficiência (melhoria da
qualidade de funcionamento).

d) Forma jurídica
As empresas podem ser divididas em empresas singulares e empresas coletivas.

I. Singulares
As empresas singulares são aquelas que apenas têm um indivíduo como proprietário. Para além de deter a
totalidade do capital, também contribui com o seu trabalho na direção da empresa. O empresário
individual pode assumir uma responsabilidade limitada se optar pelo estatuto de Estabelecimento
Individual de Responsabilidade Limitada. Neste caso, há uma separação entre o património particular e
comercial e apenas este responderá pelas dívidas contraídas pela empresa.

a. E.N.I. – Empresário em Nome Individual

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Consiste numa empresa titulada apenas por um só indivíduo ou pessoa singular, que afeta bens próprios à
exploração do seu negócio. Pode exercer a sua atividade na área comercial, industrial, de serviços ou
agrícola.
O Proprietário e gestor são uma e a mesma pessoa, que é pessoalmente responsável por todas as
atividades da empresa. Responde ilimitadamente perante os credores pelas dívidas (incluindo dívidas
fiscais e no caso de falência) contraídas no exercício da sua atividade.
Não tem um montante mínimo obrigatório para o capital social. Nem sempre estas empresas individuais
assumem uma forma jurídica regular e raras as vezes têm contabilidade organizada.

A firma ou nome comercial deverá ser constituída pelo nome civil completo ou abreviado do empresário
individual e poderá incluir, ou não, uma expressão alusiva ao seu negócio ou à forma como pretende
divulgar a sua empresa no meio empresarial. Por exemplo: Duarte Barbosa da Rocha ou D. B. Rocha ou
Duarte Barbosa da Rocha – advogado.

Vantagens
• Ser o único proprietário
• Poder manter o controlo direto e completo sobre a empresa e as suas atividades

Desvantagens
• A dimensão da empresa fica sempre limitada ao volume de recursos que o único
proprietário pode dispor
• O único proprietário é responsável, perante a lei, por todas as dívidas da empresa,
podendo ser citado judicialmente

b. EIRL – ESTABELECIMENTO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


Foi criada em Portugal em 1986 e, com a criação da figura de sociedades unipessoais, o Estabelecimento
Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL) passa a ser de pouca importância.

É titulada por um único indivíduo ou pessoa singular e é composto por um património autónomo ou de
afetação especial ao estabelecimento através do qual uma pessoa singular explora a sua empresa ou
atividade.

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O capital social não pode ser inferior a € 5.000 e pode ser realizado em numerário, coisas ou direitos que
possam ser alvo de penhora. Contudo, a parte em dinheiro não pode ser inferior a 2/3 do capital mínimo.

Existe uma separação entre o património pessoal do empreendedor e o património afeto à empresa, pelo
que os bens próprios do empreendedor não se encontram afetos à exploração da atividade económica.
Pelas dívidas resultantes da atividade económica respondem apenas os bens a ela afetos. Em caso de
falência do empreendedor, e caso se prove que não decorria uma separação total dos bens, o falido
responde com todo o seu património pelas dívidas contraídas.

A constituição do estabelecimento é obrigatoriamente registada no Registo Comercial e publicada no Diário


da República. A firma deve ser composta pelo nome civil, por extenso ou abreviado, do empreendedor.
Este nome pode ser acrescido, ou não, da referência ao ramo de atividade, mais o aditamento obrigatório
Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada ou E.I.R.L. Por exemplo: D. B. Rocha, E.I.R.L. ou D.
B. Rocha, Advogado, E.I.R.L.

c. Sociedade Unipessoal por quotas


Tem um único sócio que detém a totalidade do capital. O montante do capital social é livremente fixado no
contrato de sociedade, correspondendo à soma das quotas subscritas pelos sócios.

O nome da firma destas sociedades deve ser formado pela expressão “Sociedade Unipessoal” ou pela
palavra “Unipessoal” antes da palavra “Limitada” ou da abreviatura “Lda”.

II. Coletivas
a. Sociedade em Nome Coletivo
Não exige um montante mínimo obrigatório para o capital social, visto que os sócios respondem
ilimitadamente pelas obrigações sociais da empresa.

A firma pode ser composta pelo nome, completo ou abreviado, o apelido ou a firma de todos, alguns ou,
pelo menos, de um dos sócios, seguido do aditamento obrigatório por extenso "e Companhia", abreviado e
"Cia" ou qualquer outro que indicie a existência de mais sócios, nomeadamente "e Irmãos".

É uma sociedade de responsabilidade ilimitada em que os sócios respondem ilimitada e subsidiariamente


em relação à sociedade e solidariamente entre si.

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b. Sociedade por quotas
Tem mais do que um sócio. O montante do capital social é livremente fixado no contrato de sociedade,
correspondendo à soma das quotas subscritas pelos sócios.

A denominação destas empresas pode ser composta pelo nome completo ou abreviado de todos, alguns ou
um dos sócios, por uma expressão alusiva ao ramo de atividade ou pela junção de ambos os elementos
anteriores, seguida do aditamento obrigatório "Limitada" por extenso ou abreviado "Lda”.

A responsabilidade dos sócios é limitada ao capital social. Apenas o património da sociedade responde
perante os credores pelas dívidas da sociedade.

O contrato de sociedade pode estabelecer que um ou mais sócios, além de responder para com a
sociedade, respondam também perante os credores sociais até determinado montante.

c. Sociedade em Comandita
Existem dois tipos de sócios, os sócios comanditários (têm responsabilidade limitada, ou seja, respondem
apenas pela sua entrada de capital) e comanditados (têm responsabilidade ilimitada, ou seja, respondem
pelas dívidas da sociedade, ilimitada e solidariamente entre si, nos mesmos termos que os sócios da
sociedade em nome coletivo).

A firma da sociedade é formada pelo nome de um dos sócios, no mínimo, e pelo aditamento “Em
Comandita” ou “Comandita por Ações”.

Este tipo de sociedade pode ser simples ou por ações, residindo a diferença no facto de nas sociedades em
comandita por ações o capital estar representado por ações (o que não se verifica nas sociedades em
comandita simples). Na sociedade em comandita simples o número mínimo de sócios é de 2, enquanto na
sociedade em comandita por ações deve constituir-se com o número mínimo de 5 sócios comanditários e 1
comanditado.

d. Sociedade Anónima
Exige pelo menos cinco sócios, usualmente conhecidos por acionistas, sendo que é possível constituir uma
sociedade anónima com um único sócio desde que este sócio seja uma sociedade.

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O capital social deve ser de pelo menos 50.000 €, que será dividido por ações de igual valor nominal. A
responsabilidade dos sócios, ou acionistas, é limitada ao valor das ações que subscreveu.

A firma pode ser composta pelo nome de algum ou de todos os sócios, por uma denominação particular ou
uma reunião dos dois, tendo de ser obrigatoriamente seguida do aditamento obrigatório “Sociedade
Anónima” por extenso ou abreviado "SA".

VANTAGENS
 É considerada pela lei como uma entidade totalmente distinta dos indivíduos a quem pertence.
 Este processo de financiamento da sociedade anónima implica normalmente que nem os
possuidores da empresa possam ser os gestores, permitindo uma certa divisão das funções de
decisão, oferta de capital e de aceitação de risco.
 Para os acionistas, o aspeto mais importante de uma sociedade por ações, é a responsabilidade
limitada que esta forma jurídica lhes assegura.
 A grande vantagem da sociedade anónima é a de poder atrair o dinheiro (financiamento) de um
número muito grande de indivíduos.

Do ponto de vista da empresa:


 Poder agrupar e realizar uma grande quantidade de capital, permitindo financiar a constituição de
unidades de grande dimensão e a posterior expansão das suas atividades.
 Como as ações são fácil e diretamente transferíveis de um possuidor para outro, a sociedade por
ações pode ter uma vida praticamente independente das mudanças mais ou menos frequentes dos
seus proprietários acionistas.

DESVANTAGENS
Do ponto de vista do investidor
 A sociedade anónima, muito embora seja uma forma alternativa de aplicação de poupanças, pode
ter as suas desvantagens. Uma delas é a influência do acionista individual sobre a gestão da
empresa ser normalmente pequena.
 Tributação dos rendimentos da atividade empresarial. A empresa paga impostos sobre os lucros
que obtém (IRC), tal como os acionistas pagam imposto sobre os dividendos que recebem (IRS).

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3. PANORÂMICA DO TECIDO EMPRESARIAL PORTUGUÊS – GLOBALIZAÇÃO DA
ECONOMIA E IMPACTO NAS EMPRESAS

Indicadores de confiança dos consumidores e de clima económico estabilizam


O indicador de confiança dos Consumidores estabilizou em dezembro de 2021, após ter diminuído nos dois
meses anteriores, de forma significativa em novembro.

O indicador de clima económico também estabilizou em dezembro, tendo vindo a apresentar um


comportamento irregular desde julho. Os indicadores de confiança aumentaram em dezembro na Indústria
Transformadora e na Construção e Obras Públicas e diminuíram ligeiramente no Comércio e nos Serviços.

O saldo das opiniões dos Consumidores relativas à evolução passada dos preços aumentou nos últimos três
meses, de forma ténue em dezembro, atingindo o valor máximo desde abril de 2012.

As expectativas dos empresários da Construção e Obras Públicas sobre a evolução futura dos preços de
venda voltaram a registar o valor máximo da série, reforçando o acentuado movimento ascendente
observado desde maio. Na Indústria Transformadora, as perspetivas sobre os preços de venda situam-se no
valor máximo desde outubro de 1990. Por sua vez, o saldo das perspetivas de evolução futura dos preços
de venda no Comércio diminuiu em dezembro, após ter atingindo em novembro o valor máximo da série
iniciada em 2003. O saldo das expectativas de evolução dos preços de prestação de Serviços também
diminuiu em dezembro, após os aumentos observados nos quatro meses precedentes, que culminaram
num nível próximo do máximo da série registado em novembro de 2005.

Ano de 2020 marcado pelo forte impacto da pandemia covid-19: vab das empresas não financeiras
diminuiu 9,8%, em termos nominais

Em 2020, as empresas não financeiras registaram decréscimos do volume de negócios e do valor


acrescentado bruto (VAB) de 10,0% e 9,8%, respetivamente (+4,0% e +5,8%, em 2019). O pessoal ao
serviço, os gastos com o pessoal e o excedente bruto de exploração (EBE) diminuíram 2,0%, 1,7% e 17,2%,
respetivamente (+4,1%, +8,7% e 2,1%, em 2019, pela mesma ordem).

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Por setor de atividade, foi no Alojamento e restauração que se verificou a maior descida no VAB (-53,9%
face a 2019), enquanto os setores da Informação e comunicação e Energia e água registaram os únicos
crescimentos no conjunto das empresas (+11,2% e +1,4%, comparativamente a 2019).

Em 2020, iniciaram atividade 35 610 sociedades não financeiras, correspondente a uma taxa de natalidade
de 7,9% (-2,6 p.p. face a 2019). Estima-se que o número de mortes de sociedades não financeiras tenha
sido 24 941, correspondente a uma taxa de mortalidade de 5,5% (-0,4 p.p. face ao ano transato).

A produtividade aparente do trabalho das sociedades não financeiras atingiu 27 822 euros, uma redução de
1 880 euros face ao ano anterior, e a remuneração média anual situou-se nos 15 188 euros por pessoa ao
serviço remunerada (+1,2% face ao ano anterior).

Com referência aos dados do Relatório Único de 2019, 19,1% dos trabalhadores das sociedades não
financeiras detinham habilitação superior. A antiguidade média dos trabalhadores era de 6,6 anos no
conjunto destas sociedades, com uma rotatividade média dos trabalhadores de 23,5%. O setor da
Informação e comunicação apresentou a maior proporção de trabalhadores com licenciatura ou habilitação
superior (67,0%) e o do Alojamento e restauração a menor (8,1%).

Em 2020, cerca de 12% das sociedades com 10 ou mais pessoas ao serviço atingiram um nível muito alto ou
alto de intensidade digital, valor inferior à média da UE27 (15%). As sociedades apresentaram uma relação
positiva crescente entre o índice de intensidade digital e os indicadores económicos considerados.

Com este destaque, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga a publicação “Empresas em Portugal
2020”, na qual são apresentados os resultados definitivos relativos aos principais indicadores estatísticos
caracterizadores da estrutura e evolução do setor empresarial português, obtidos a partir do Sistema de
Contas Integradas das Empresas (SCIE), em 2020.

O SCIE é fundamentalmente alimentado por duas fontes administrativas:


i. a Informação Empresarial Simplificada (IES) em que as sociedades apresentam os seus
resultados simultaneamente ao INE, Banco de Portugal, Ministério das Finanças, Ministério da
Justiça e Ministério da Economia, até ao 15.º dia do 7.º mês posterior à data do termo do
exercício económico

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ii. as declarações fiscais das empresas individuais, sendo que esta fonte fica disponível 10 meses
após o ano de referência.

As principais diferenças entre os dados definitivos de 2020, e os dados provisórios, divulgados em 28 de


outubro de 2021, resultaram sobretudo da inclusão da informação das empresas individuais, que nos dados
provisórios foi estimada. É também considerada, nos dados definitivos, a informação mais atualizada
proveniente da Informação Empresarial Simplificada (IES). O apuramento dos dados é efetuado tendo por
base o Regulamento (CE) n.º 295/2008, de 11 de março, relativo às estatísticas estruturais das empresas. A
informação, corresponde à enviada por Portugal ao Eurostat, no âmbito das suas obrigações legais.
Principais indicadores económicos para o ano 2020
O ano de 2020 ficou marcado pelo forte impacto negativo da pandemia COVID-19 na economia nacional.
Os efeitos resultantes do confinamento obrigatório imposto face à evolução pandémica, conduziram a uma
forte contração da grande maioria dos ramos da atividade económica, determinando nalguns casos a
paralisação quase total.

Assim, em 2020, as empresas não financeiras em Portugal registaram decréscimos do volume de negócios e
do valor acrescentado bruto (VAB) de 10,0% e 9,8%, respetivamente (+4,0% e +5,8%, em 2019). A redução
do VAB refletiu-se sobretudo no excedente bruto de exploração (-17,2%), visto que os gastos com o pessoal
diminuíram apenas 1,7%, tendo-se reduzido em 2,0% o pessoal ao serviço.

Apesar do contexto económico, em 2020, o número de sociedades não financeiras cresceu 2,6%,
ascendendo a 450 416 unidades, representando mais de um terço das empresas não financeiras em
Portugal, 77,7% do pessoal ao serviço e mais de 90% do volume de negócios, VAB e gastos com o pessoal.
Estas sociedades registaram ainda variações menos negativas, entre 2019 e 2020, na maioria dos principais
indicadores económicos, face às empresas individuais.

As empresas não financeiras de grande dimensão registaram variações mais negativas comparativamente
às PME, com decréscimos de 12,4% no VAB, 13,7% no volume de negócios e 3,8% no pessoal ao serviço (-
8,4%, -7,4% e -1,5%, pela mesma ordem nas PME).

Por setor de atividade, foi no Alojamento e restauração que se verificou a maior descida no VAB (-53,9%
face a 2019), enquanto os setores da Informação e comunicação e Energia e água registaram os únicos
crescimentos no conjunto das empresas (+11,2% e +1,4%, comparativamente a 2019).

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Em 2020, as empresas financeiras2 em Portugal registaram reduções de 2,5% do VAB e 13,0% do volume
de negócios (+7,3 p.p. e -3 p.p. face ao registado nas empresas não financeiras, respetivamente). Estas
empresas representaram 1,2% do número de empresas, 2,2% do pessoal ao serviço, 6,0% do volume de
negócios e 9,6% do VAB do total das empresas.

Demografia das empresas


As sociedades registaram uma diminuição nos nascimentos líquidos (diferença entre os nascimentos e as
mortes), tendo atingido um saldo de 10 879 sociedades em 2020 (-46,1% face ao ano anterior), sendo este
o valor mais baixo para o período 2016-2020. Em 2020, a dimensão média das sociedades nascidas e das
que morreram diminuiu face ao ano anterior, fixando-se em 1,8 e 2,3 pessoas ao serviço por sociedade,
respetivamente (1,9 e 2,4 em 2019, pela mesma ordem).

Em 2020, verificou-se uma diminuição do número de nascimentos líquidos das empresas individuais,
resultante de um decréscimo de 21,0% nos nascimentos e uma redução estimada de 4,2% nas mortes. A
dimensão média dos nascimentos e das mortes neste tipo de empresas continuou estável ao longo dos
últimos anos.

Caracterização dos trabalhadores nas sociedades não financeiras


Em 2020, a produtividade aparente do trabalho das sociedades não financeiras, expressa pelo quociente
entre o VAB e o pessoal ao serviço, atingiu 27 822 euros, uma redução de 1 880 euros face ao ano anterior
(-6,3%). Os setores do Alojamento e restauração e Transportes e armazenagem foram os que registaram os
maiores decréscimos (-43,3% e -30,8% face a 2019, respetivamente). O setor da Informação e comunicação
registou o único crescimento da produtividade, +3,9% em 2020, atingindo 59,4 mil euros por pessoa ao
serviço.

Em 2020, a remuneração média anual situou-se em 15 188 euros por pessoa ao serviço remunerada,
correspondendo a um crescimento de 1,2% face ao ano anterior. Saliente-se que a Retribuição Mínima
Mensal Garantida (RMMG) cresceu 5,8% entre 2019 e 2020, fixando-se em 635 euros mensais9 (600 euros
em 2019). Por dimensão, a remuneração média cresceu mais nas PME (+1,7%) comparativamente às
grandes empresas (+0,6%), atingindo 14 270 euros e 17 486 euros, respetivamente.

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Por setor de atividade, evidenciaram-se as sociedades da Informação e comunicação com a remuneração
média anual mais elevada, 27 568 euros por pessoa ao serviço remunerada, e o maior crescimento neste
indicador em 2020 (+4,8%). Os setores Transportes e armazenagem, Alojamento e restauração e Energia e
água registaram diminuições na remuneração média anual face a 2019 (-5,9%, -2,2% e -1,2%,
respetivamente).

Com o objetivo de caracterizar o pessoal ao serviço das sociedades não financeiras em Portugal, considerou
se relevante relacionar a informação do Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE) com informação
disponível no Relatório Único (RU). Para esse efeito, efetuou-se o cruzamento das sociedades não
financeiras no SCIE em 2020 com as do RU de 2019, de que resultaram 224 543 sociedades comuns. Sobre
estas sociedades, apresentam-se de seguida os resultados para alguns indicadores, nomeadamente
qualificações, antiguidade média e rotatividade dos trabalhadores.

Em 2019, 19,1% dos trabalhadores das sociedades não financeiras detinham habilitação superior12. As
empresas de grande dimensão registaram uma maior percentagem neste indicador, com 20,7%, que
compara com 18,4% nas PME. Por setor de atividade, destaca-se o setor da Informação e comunicação com
67,0% dos trabalhadores com licenciatura ou habilitação superior, seguindo-se os Outros serviços com
30,2%. O Alojamento e restauração e a Agricultura e pescas foram os setores com uma menor percentagem
de trabalhadores com licenciatura ou habilitação superior (8,1% e 8,6%, respetivamente).

A antiguidade média dos trabalhadores foi de 6,6 anos no conjunto das sociedades não financeiras comuns
entre o SCIE e o RU. Por dimensão, foram as empresas de grande dimensão que apresentaram
trabalhadores com antiguidade média mais elevada (7,9 anos), comparativamente às PME (6,5 anos). Por
setor de atividade, a Indústria e o Comércio registaram as antiguidades médias mais elevadas (8,3 anos e
7,8 anos, respetivamente), o que contrasta com a Informação e comunicação e o Alojamento e restauração
com as antiguidades mais baixas (4,7 anos e 4,8 anos, pela mesma ordem).

Em 2019, a rotatividade média dos trabalhadores nas sociedades não financeiras foi de 23,5%, sendo
superior nas sociedades de grande dimensão (26,7%) e inferior nas PME (22,0%). Por setor de atividade, a
maior rotatividade foi observada no Alojamento e restauração (32,6%), seguido de Outros serviços (31,0%)
e Agricultura e pescas (28,4%). Por oposição, os setores com menor rotatividade foram a Indústria, Energia
e água e Transportes e armazenagem (15,0%, 17,2% e 18,5%, respetivamente).

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BIBLIOGRAFIA
Carvalho, J. E. (2009). Gestão de Empresas - Princípos fundamentais . Edições Sílabo.
Costa, H. (2011). Criação & Gestão de Micro - Empresas & Pequenos Negócios. Lidel.
DRE. (s.d.). DRE - Diário da República Eletrónico. Obtido em 11 de 02 de 2022, de dre.pt:
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/28-2019-119622094
INE. (s.d.). https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE. Obtido em 11 de 02 de 2022, de
www.ine.pt: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE
Portal das Finanças. (s.d.). Obtido em 11 de 02 de 2022, de portaldasfinancas.gov.pt:
https://www.portaldasfinancas.gov.pt/pt/home.action

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