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MANUAL DO/A FORMANDO/A

Técnico/a de Qualidade
728 – Compras e avaliação de fornecedores
FICHA TÉCNICA

Tipologia de Recurso: Manual do Curso/Módulo


Curso: Técnico/a de Qualidade
Formador(es):

Data: 03/12/2021

O formando deverá complementar os conhecimentos adquiridos e retidos durante a sessão com a leitura
do presente Manual.
Contém todos os temas abordados durante o curso Técnico de Qualidade / módulo 728 – Compras e
avaliação de fornecedores, devendo ser um suporte ao estudo a desenvolver pelo formando, bem como
um reforço aos conhecimentos adquiridos durante a sessão.
A leitura do Manual não invalida que o formando não aprofunde os seus conhecimentos, através da
consulta da bibliografia recomendada ou de outros que julgue convenientes.

Objetivos Gerais

- Identificar, planear e monitorizar os processos relacionados com os fornecedores e as compras.


- Identificar e aplicar as metodologias e as técnicas para a seleção, avaliação e classificação de fornecedores

Conteúdos

- Gestão de compras
- Compras e qualificação de fornecedores
- Valorização da qualidade dos fornecimentos
- Novas relações cliente / fornecedor
- Avaliação de desempenho e classificação de fornecedores

Carga horária
25 horas
Índice
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................2
2. GESTÃO DE COMPRAS..........................................................................................................................2
2.1. PAPEL DA COMPRA NA CADEIA DE ABASTECIMENTO.....................................................................2
2.2. CICLO DAS COMPRAS.......................................................................................................................3
3. COMPRAS E QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES..................................................................................6
3.1. PROCESSOS DE COMPRA E REPETIVAS ETAPAS...............................................................................6
4. VALORIZAÇÃO DA QUALIDADE DOS FORNECIMENTOS.........................................................................6
4.1. Fornecimento em JIT – Just In Time.................................................................................................8
5. NOVAS RELAÇÕES CLIENTE-FORNECEDOR / AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E CLASSIFICAÇÃO DE
FORNECEDORES........................................................................................................................................11
5.1. GESTÃO DE FORNECEDORES, ASPETOS QUALITATIVOS NA SELEÇÃO DE FORNECEDORES..........11
5.2. NEGOCIAÇÃO E REVISÃO DE PREÇOS............................................................................................13
5.3. Avaliação / comparação entre fornecedores................................................................................14
Bibliografia................................................................................................................................................16

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1. INTRODUÇÃO

Uma empresa é uma unidade económico-social, integrada por elementos humanos, materiais e técnicos,
que tem o objetivo de satisfazer necessidades através da sua participação no mercado de bens e serviços
tendo como finalidade a maximização dos lucros para a sustentabilidade da organização.

2. GESTÃO DE COMPRAS

As compras representam uma das atividades com maior relevância para as empresas, assim a gestão de
compras é considerada como uma área muito eficaz. A gestão de compras consiste em abastecer a
empresa, colocar à disposição as mercadorias e os produtos necessários. É um processo que compreende a
administração e negociação entre a empresa, os fornecedores e o abastecimento de matérias-primas,
produtos acabados, linhas de montagem da empresa logística (ou seja, a aquisição de equipamentos,
mercadorias e serviços requeridos para cada operação de produção, assim como a conservação de stocks
para a sua produção). Como o cliente procura o melhor fornecedor, o a gestão de compras procura o
melhor processo de negociação com os fornecedores. A Função do da gestão de compras compreende o
conjunto de operações que permitem pôr à disposição da empresa em tempo oportuno, na quantidade e
na qualidade definidas, todos os recursos materiais e serviços necessários ao seu funcionamento e ao
menor custo, ou seja, a grande questão da gestão de stocks é “quanto encomendar e quando encomendar
de forma a minimizar os custos”.

2.1. PAPEL DA COMPRA NA CADEIA DE ABASTECIMENTO

A Gestão da Cadeia de Abastecimento (Supply Chain Management) abrange o planeamento e gestão de


todas as atividades envolvidas com as compras, produção e distribuição, assim como todas as atividades
logísticas, ou seja, envolve o planeamento dos tempos, custos e níveis de qualidade das operações e o
planeamento das operações de distribuição, transporte, armazenagem e embalagem.

Os métodos utilizados para comprar envolvem a receção do pedido de pesquisa no mercado (avaliação da
necessidade), apresentar aos potenciais fornecedores o caderno de encargos (identificar todos os possíveis
fornecedores), avaliação das propostas dos fornecedores e proceder á sua seleção, encaminhar a
encomenda e avaliar o desempenho do fornecedor após a compra.

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O efeito chicote é uma das consequências de uma má gestão na cadeia de abastecimentos, consiste no
aumento da variação da procura quando nos deslocamos ao longo da cadeia de abastecimento, a
montante.

O processo desenrola-se na cadeia para montante e obriga os produtores de matérias-primas a uma


crescente integração na cadeia global de abastecimento. Os efeitos ampliam-se num “efeito de chicote”,
pelo que o desafio aumenta quando progredimos para montante da cadeia. Os desafios da logística face às
mutações no comportamento do mercado/consumidor (efeito chicote) é o aumento da concorrência leve
ao esmagamento de margens de lucro e os produtores apresentam cada vez mais produtos diversificados.
Com isto, existe uma tentativa de “empurrar” os custos da cadeia de abastecimento para trás, ou seja, para
os produtores.

2.2. CICLO DAS COMPRAS

O departamento das compras, tem sido, ao longo dos últimos anos, um setor de grande relevância para as
empresas. Para as empresas poder contar com os materiais necessários e para que não haja falta ou
escassez de itens essenciais, a função das compras segue determinadas etapas de trabalho para aquisição
de materiais e produtos, nomeadamente:

a) Receber e analisar requisições de compras – O primeiro passo do ciclo de compras é receber as


requisições de compras. É um documento emitido pelos diversos departamentos da empresa, com
as seguintes informações:

 Identificação completa do requisitante contendo: data/hora, assinatura autorizada,


aprovação e conta na qual será debitado o custo

 Especificação completa do material requisitado

 Quantidade e unidade de medida

 Prazo – data e local de entrega

 Outras informações pertinentes que não deixem nenhuma margem de dúvida

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O profissional de COMPRAS, dependendo das normas da empresa deverá verificar o stock disponível no
presente ou se o serviço solicitado atenderá, de facto, suprir as necessidades sem prejudicar o orçamento
da empresa.

b) Selecionar fornecedores – Contratar um fornecedor não deve representar apenas a aquisição de


mais um produto ou serviço para a empresa, mas sim uma estratégia de gestão, pois trará impactos
na qualidade dos produtos e serviços da mesma, e com isso na rentabilidade do negócio.

De acordo com os itens descritos na requisição, é necessário consultar os fornecedores, tendo em


consideração:

 Os que oferecem serviços de qualidade

 Os mais flexíveis para negociar

 Os que tenham prazos benéficos (pagamento e entrega)

 Os que possam criar uma relação em que as duas partes sejam beneficiadas

Cada empresa terá de selecionar os melhores fornecedores de acordo com a missão, visão e valores da
mesma. Tem em consideração diferentes critérios, nomeadamente,

Preço: nem sempre o preço mais barato é a melhor opção. Pois, muitas vezes preços baixos representam
baixa qualidade. As empresas deverão ter sempre em consideração o custo-benefício, ou seja, pagar mais
pelo produto ou serviço que terá maior durabilidade ou rendimento.
Competências essenciais: recursos exclusivos do fornecedor, os seus pontos fortes e estratégicos, tais
como, ter uma equipa de trabalho qualificada, a localização do armazém, o know-how, entre outros.
Qualidade dos produtos e serviço
Agilidade e flexibilidade: fornecedores que demonstram agilidade no atendimento e flexibilidade na
produção tendem a ter maior capacidade de compreender as necessidades da empresa, proporcionando
um desempenho melhor, tendo sempre em consideração que a sua capacidade tecnológica de informação
garanta uma comunicação eficaz com o cliente.
Estabilidade financeira: é essencial perceber se os fornecedores possuem uma boa “saúde financeira”, pois
poderá depender do cumprimento dos prazos e da qualidade do serviço prestado. É necessário perceber

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que os fornecedores que contratamos hoje, ainda existirão amanhã. Assim, a avaliação financeira do
fornecedor tem como principal objetivo conhecer a sua capacidade de manter um negócio e satisfazer as
necessidades atuais e futuras do cliente.
Cumprimento dos prazos: Os fornecedores devem cumprir sempre com os prazos pré-estabelecidos.
Executar sempre o combinado na entrega, e cumprir rigorosamente com os prazos.
Entre outros

c) Determinar os preços corretamente – É da responsabilidade do departamento de compras,


intimamente ligada à seleção dos fornecedores. O departamento de compras também é
responsável por negociar o preço, para tentar obter o melhor preço junto ao fornecedor.

d) Emitir os pedidos de compra – O documento é conhecido como OC – Ordem de Compra. Trata-se


de uma oferta legal de compra que, uma vez aceite pelo fornecedor, torna-se num contrato legal
referente à entrega dos produtos ou prestação de serviços segundo os termos e condições
discriminados aquando da negociação.

e) Entregar os produtos/mercadorias – O fornecedor é responsável pela entrega pedidos. O


departamento de compras deve garantir que os mesmos são entregues.

f) Receber os produtos/mercadorias – quando as mercadorias são recebidas, o departamento de


receção/armazém conferem as mesmas para garantir que foram enviadas de acordo com a
requisição.

g) Aprovar as faturas para pagamento aos fornecedores – quando é recebida a fatura do fornecedor,
existem três requisitos importantes a ter em consideração: o pedido de compra, conferência dos
pedidos e a fatura. As quantidades devem ser os mesmo em todos os documentos, os preços têm
que coincidir com o negociado, assim como os descontos acordados com ambas as partes. É função
do departamento de compras verificar todos estes requisitos. Após verificados todos os itens a
fatura é enviada para o departamento financeiro para posterior liquidação.

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3. COMPRAS E QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES
3.1. PROCESSOS DE COMPRA E REPETIVAS ETAPAS

Na gestão de compras o fornecedor tem um papel importante. Os fornecedores mais “desejados” são os
que apresentam, o produto com melhor qualidade, ao melhor preço e mais próximo geograficamente. A
localização, relativamente aos fornecedores é importante para logística, pois gere o transporte das
mercadorias, tendo em consideração quais os prazos solicitados para cada produto.

O processo de compra inclui várias ações com o objetivo de adquirir bens ou serviços, dependendo da
dimensão da empresa. O setor de compras ocupa uma posição importante na maioria das organizações,
pois representam, em geral, entre 40 a 60% do valor final das vendas de qualquer produto. Genericamente,
segundo Lysons (1990) podemos dividir o processo de compra em oito fases:

I. Análise e identificação das necessidades


II. Definição das necessidades
III. Pesquisa de fornecedores
IV. Solicitação de propostas
V. Avaliação de propostas
VI. Adjudicação, seguimento e receção da encomenda
VII. Ordem de pagamento
VIII. Avaliação de fornecedores

Segundo Bruel (1998), o conjunto destes processos de compra representa uma sequência de operações
administrativas que normalmente demoram muito tempo, a solução passa por informatizar todos os
processos: diminui o trabalho administrativo, rapidez na execução e na procura de informações, melhor
controlo das operações e maior produtividade no serviço das compras

4. VALORIZAÇÃO DA QUALIDADE DOS FORNECIMENTOS

A gestão de compras tem como objetivo definir quais os produtos a encomendar, qual a altura em que
devem ser encomendados e em que quantidade. São diversos os fatores que permitem compreender a
importância da acumulação de stock nas empresas, nomeadamente:

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Escassez: numa tentativa de evitar escassez, a empresa deve considerar o stock como um recurso, e assim
proteger contra a possibilidade de previsões erradas do mercado, ou seja, a procura seja maior do que o
esperado.

Economia em escala: Nas empresas industriais o custo unitário diminui à


medida que o número de artigos produzidos aumenta. Assim como
consequência, o preço de venda do produto diminui, pois, a produção de
grandes quantidades de produtos, reduzem os custos de produção.

Comercial (Vendas): Uma das razões que leva as empresas a armazenar os seus produtos, é para ter todos
os artigos disponíveis para satisfazer as necessidades dos seus clientes. Contudo, ter stock em excesso,
acaba por trazer custos acrescidos, tanto a nível de armazenagem como no preço de venda.

A armazenagem da quantidade ideal de stock das empresas, tem de ser uma decisão ponderada tomada
pelos gestores de stocks. É essencial que o gestor selecione com rigor quais os artigos a ter em stock, defina
e ajuste os níveis de stock e dos seus reaprovisionamentos. Se os artigos entrarem em rutura, exatamente
no momento que o cliente solicitar, pode causar a perda da venda e consequentemente a perda do cliente.
Podemos enumerar algumas funções desempenhadas pelo sotcks:

 Evitar rutura, contra possíveis atrasos dos fornecedores e a incerteza da procura


 Beneficiar da redução de custos, à medida que as compras e a produção aumentam. Beneficiar de
descontos de quantidade
 Conseguir um equilíbrio entre as compras e as vendas para obter competitividade

Podemos definir a gestão de stocks como uma analogia do rio, ou seja, comparar o nível de stock com o
fluxo da água. Quando uma empresa reduz o nível de stock (reduz o nível de água) durante o processo
produtivo ou comercial, pode suportar o chamado efeito rio: a água deixa de ver as rochas que interferem
com o processo. Em termos organizacionais, ao ajustar os nossos níveis de stock à procura, a empresa pode
detetar defeitos de qualidade, produção pouco flexível, transporte pouco eficiente e prazos de entrega
excessivos. Em logística, fluxo de água é igual ao fluxo de material.

A gestão de stocks é o conjunto de técnicas empregues para garantir que os stocks (matéria-prima,
produtos em via de fabrico e produtos acabados) são mantidos a um nível elevado relativamente à

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assistência e ao mínimo custo possível. Enumeramos algumas vantagens e desvantagens da gestão de
stocks:

Vantagens Desvantagens:
 Melhores condições de compra (por  Ter um stock excessivo, traz custos para a
exemplo descontos de quantidade) empresa. Para além do custo do produto,
 Aproveitar flutuações do mercado tem custos de manutenção,
 Evitar fazer compras com muita armazenamento e financeiros
regularidade  Ter em consideração a perecibilidade e
 Fazer face à escassez / evitar rutura fragilidade dos produtos, ou seja, produto
 Garantir o consumo habitual de um com prazos de validade muito curto
produto no caso da sua produção ser (exemplo a alimentação)
irregular  Ter em consideração a obsolescência dos
produtos. Muitas vezes é preferível vender
o produto com desconto

A gestão de stocks assume um papel primordial nas empresas, pois é uma das ferramentas mais relevantes
ao dispor da gestão para maximizar os seus resultados líquidos. A gestão de stocks é, de uma forma geral, o
conjunto de ações que visa manter o stock em termos quantitativos e de custo o mais baixo possível,
garantindo o abastecimento normal da empresa e a melhor realização das tarefas de aprovisionamento e
armazenagem.

4.1. Fornecimento em JIT – Just In Time

JIT – Just In Time é um termo inglês que significa “mesmo a tempo”, “na hora certa”, fazer apenas o que é
necessário, quando for necessário, e na quantidade necessária. É um princípio da gestão de stocks, o
conceito foi criado pelo Japão nos anos 50 e caracteriza-se pela manutenção de artigos em stock apenas em
quantidade suficiente, no limite as quantidades de stock são nulas, pois os únicos stocks são os que estão a
ser transformados. O investimento para a empresa é muito reduzido e liberta liquidez (dinheiro) para
outras áreas, como administrativa, marketing, entre outas.

Com este sistema, o artigo chega ao armazém apenas no momento exato em que for necessário, ou seja, os

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produtos são fabricados ou entregues a tempo de serem vendidos ou montados, não existe stock
armazenado. A empresa inicialmente vende o produto e só depois compra a matéria-prima ou produto
acabado.

Nas empresas industriais com o sistema de Just In Time, têm que ter um relacionamento muito próximo de
confiança com os seus fornecedores, pois o seu stock é o mínimo possível, ou seja, apenas o suficiente para
poucas horas de produção. Com isto, o Just In Time é incompatível com:

 Avarias de máquinas
 Problemas de qualidade
 Fornecedores pouco fiáveis
 Trabalhadores pouco aplicados (espera-se trabalhadores polivalentes)

Para falarmos em gestão de compras é importante ter a noção dos diferentes tipos de stock existentes.
Stock é a quantidade de mercadorias que se encontram no armazém de uma empresa, podem ser produtos
destinados a venda ou materiais necessários para o processo produtivo da empresa. É um conjunto de
artigos que esperam uma utilização mais ou menos próxima. Portanto, podemos considerar como stock a
mercadoria existente num espaço de venda ou a mercadoria que existe em armazém, ou até mesmo a
mercadoria que há na dispensa da nossa casa.

Tendo em consideração o ponto de vista da função que o stock desempenha, podemos classificar os stocks
de acordo com a razão da sua existência:

Stock Cíclico: a aquisição em maior quantidade para obter preços mais reduzidos

Stock de Segurança: temos sempre em armazém algum stock para imprevistos de clientes que queiram
produtos rapidamente, ou seja, alterações espontâneas da procura. Stock de segurança, é o excedente
(“almofada”) que evita a rutura de stock, tendo em consideração possíveis contratempos. Previne
aumentos exagerados da procura, prazos de entrega maiores do que inicialmente esperados.

Stock Especulativo: é quando a empresa compra stock sem precisar naquele momento, para aproveitar por
exemplo descontos de quantidade ou para cobrir riscos de paragem de produção. É também utilizado
quando é esperada uma procura elevada de um determinado artigo.

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Stock Sazonal: tem como objetivo dar resposta às vendas que decorrem numa determinada época, por
exemplo, ventoinhas, aquecedores, entre outros. Também se pode aplicar por questões comerciais
específicas, nomeadamente, “Páscoa”, “Natal” , “Carnaval”, etc.

Stock Morto: produtos retirados do mercado ou substituídos por outros mais modernos. São os artigos
obsoletos, também chamados de “monos”.

Os stocks têm naturezas distintas. Alguns constituem os chamados “stocks involuntários” – são erros nas
previsões da procura ou produção acima da necessária, enquanto outros são “stocks deliberados” –
produção antecipada devido a um prazo que decorre entre a encomenda e a produção

De uma forma genérica, os stocks são mantidos para satisfazer certas necessidades da empresa. Os
principais objetivos da gestão de stocks são:

 Criar segurança contra os atrasos, por parte dos fornecedores, na entrega e matérias ou produtos
 Ter em consideração as variações na procura
 Obter vantagem da dimensão económica de uma ordem de compra

Gestão Administrativa: documentação para controlo administrativo (inventário) e contabilístico de stocks.


Está interligada com o suporte informático destinado a dar a conhecer os níveis de stock em armazém,
assim como o fornecimento de toda a informação aos diversos setores dentro da empresa, tendo em
consideração a movimentação desses stocks.

Gestão de Armazéns: trata de questões relacionadas com a localização. Tendo em consideração a


movimentação fácil, segura e eficiente dos produtos.

Gestão Económica: Conhecer a evolução dos stocks. Tomar decisões de quando e quanto encomendar.
Conseguir melhorar a qualidade do serviço.

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5. NOVAS RELAÇÕES CLIENTE-FORNECEDOR / AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E
CLASSIFICAÇÃO DE FORNECEDORES

5.1. GESTÃO DE FORNECEDORES, ASPETOS QUALITATIVOS NA SELEÇÃO DE


FORNECEDORES

Na atualidade, os mercados estão em constante mudança. Os preços variam diariamente e, para todos os
negócios, é necessário a empresa conseguir manter-se competitiva para conseguir manter, ou até mesmo,
atingir o sucesso.

O novo papel do gestor de compras é aceder ao mercado através de uma rede de bons fornecedores que
satisfaçam todos os requisitos e benefícios; tenham a melhor tecnologia, as melhores práticas e os
melhores processos; tenham as melhores estruturas de custos e estejam atualizados com o mercado. Cada
aprovisionamento e serviço requerem uma estratégia bem definida para a sua compra e uso. Quando
falamos de aprovisionamento de uma empresa é essencial ter em consideração o tempo na implementação
de novas estruturas, na inovação e nas melhorias rápidas no produto.

A empresa ou o gestor de compras e o fornecedor, juntos criam uma vantagem competitiva, na medida em
que o aprovisionamento gere todas as compras e serviços como objetivo de reduzir os custos. A ligação que
se estabelece entre uma empresa e todos os seus fornecedores, deve fundamentar-se na cooperação que
promova o emprenho de ambas as partes, na qualidade dos produtos ou do
serviço.

Inicialmente, a relação entre a empresa e os seus fornecedores foi durante muito tempo conflituosa, pois
tinham interesses opostos. Por um lado, a empresa queria comprar ao menor preço possível, enquanto os
fornecedores queriam vender o mais caro possível e afeta a qualidade dos produtos. Com isto, levou a
empresa e os seus fornecedores a reconsiderarem essa mesma relação pois a empresa mudava de
fornecedores frequentemente. Atualmente chegam a um acordo onde favoreça ambas as partes.

Tradicionalmente um bom fornecedor deve apresentar o produto pedido, dentro da qualidade solicitada,
nos prazos estabelecidos e a preços aceitáveis. A avaliação dos fornecedores é um processo de extrema

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relevância, pois permite que se proceda à seleção de possíveis fornecedores. Para a empresa avaliar os
diversos fornecedores possíveis, é importante que medite sobre um conjunto de critérios, para então
tomar a sua decisão.

A seleção e avaliação de fornecedores é efetuada com base em diversos critérios, acompanhando a


evolução do processo de gestão de compras. Assim, existem vários fatores que permitem os compradores
escolher quais os seus fornecedores, inumerados de acordo com a sua importância, extrema, grande,
média e reduzida. Dickson (1966), apresenta vinte e três critérios, para a seleção de fornecedores:

Extrema importância
Qualid
ade

Entrega
Desempenho
Garantias Grande importância
Desempenho
Capacidade produção
Preço
Competência técnica
Financeira

Cumprimento processual
Sistema de comunicação
Reputação
Interesse manifestado no negócio Importância média
Controlo operacional
Gestão e organização
Atitude
Localização geográfica
Formação
Satisfação e acondicionamento
Volume de negócios
Qualidade da embalagem
Recursos
Serviço de Reparações

Importância reduzida
Acordos recíprocos

Como podemos verificar, de todos os critérios enumerados por Dickson, a qualidade, a entrega rápida e o
desempenho do fornecedor foram os mais recorrentes, independentemente do setor de atividade.

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As organizações devem tratar dos seus fornecedores como verdadeiros parceiros e não apenas como
meros fornecedores. O bom relacionamento requer esforço de ambas as partes e necessita de informação
nos dois sentidos, recomendações métricas e incentivos. Para manter este bom relacionamento, os
profissionais devem optar por diversas estratégias ao logo do contrato ou acordo pré-estabelecidos pelos
dois:

Entender o custo e o valor da cadeia de abastecimento, sem determinar todos os custos de matérias-
primas através do produto final ou serviço.

Compreender o fornecedor numa dupla perspetiva, uma boa relação de parceria com o seu fornecedor
numa tentativa de aproveitar o custo de produção total em benefício de ambas as partes.

Aceitar a responsabilidade, efetuar encomendas aos fornecedores com prazos aceitáveis, tentando evitar
alterações repetidas, pois se todas as encomendas forem com caracter de urgência, a relação empresa-
fornecedor poderá não funcionar.

Partilhar informações relevantes quando necessário, a partilha de informação com segurança e


confidencialidade entre ambas as partes é essencial para a relação com os seus fornecedores.

Criar expectativas que recompensem a honestidade, como nos relacionamentos interpessoais, o bom
relacionamento com os fornecedores exige honestidade mesmo em situações críticas.

Promover reuniões de relacionamento com valor, as reuniões devem-se basear nas áreas para melhoria da
relação com os fornecedores e discussões sobre como o departamento de compras pode melhorar o
relacionamento.

5.2. NEGOCIAÇÃO E REVISÃO DE PREÇOS

Quando se trata de escolher os fornecedores, o preço competitivo é um dos critérios mais importantes
(Grande importância), pelo menos o primeiro que pode ser deduzido intuitivamente. Assim, uma boa
compra não é necessariamente a que é feita aos preços mais baixos, uma vez que a qualidade e os serviços
são igualmente importantes, e que o preço deverá também corresponder a condições que ofereçam toda a

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segurança à empresa.
Todos os compradores procuram conhecer “preço justo”, ou seja, o preço mais baixo que permite que a
empresa obtenha: qualidade desejada, condições de segurança aceitáveis e prazos solicitados.

Uma política sistemática de preços baixos volta-se contra os compradores, quando por exemplo o
fornecedor já não tem mais margem de manobra, nem sequer para pagar os seus custos fixos. Quando se
trata de comparar fornecedores, o comprador tem que usar o bom senso. Não se pode comparar preços de
produtos distintos. Tem que se ter em consideração aspetos diferenciadores que possam existir entre os
diferentes produtos, tais como, mão-de-obra, matéria-prima, qualidade, entre outros. O preço de venda
total é calculado tendo em consideração que o preço de venda é o somatório do custo de fabrico com o
custo das matérias, encargos gerais e o lucro.

Assim, saber negociar com os fornecedores da empresa pode ser a chave para ter sucesso nas vendas. Ter
uma boa equipa para negociar os contratos é essencial, pois se a empresa investir em colaboradores
qualificados e com experiência podem ajudar na negociação dos preços.

Também é importante a empresa ter várias opções de compra, com isto, deveria de ter pelo menos três
cotações de preço de vários fornecedores, antes de fechar o negócio. Negociar preços, qualidade, prazo de
pagamento e pontualidade na entrega é fundamental. Ter uma boa relação com os fornecedores da
empresa é a melhor base para garantir a qualidade e a entrega dos artigos.

5.3. Avaliação / comparação entre fornecedores

A partir dos anos 90, os laços entre fornecedor e comprador foram crescendo através de parcerias
estratégicas na procura de vantagem competitiva para as empresas. A empresa e os seus fornecedores
devem partilhar a mesma ética empresarial, se a empresa exige preços baixos, prazo de entrega reduzido e
um nível alto de qualidade, o seu fornecedor tem inevitavelmente que a acompanhar, não poderá ter um
fornecedor que não se enquadre nesta estratégia.

A seleção de fornecedores é essencial no processo de compras, pois deve ser verificada a capacidade do
fornecedor, tal como os seus artigos e as instalações. Se a empresa mantiver um registo atualizado e

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completo de todos os seus fornecedores e cotações de preços de forma regular (semestralmente), podem
evitar diversos problemas.
A avaliação e qualificação de fornecedores são processos que permitem otimizar a gestão do
aprovisionamento, pois têm o objetivo comum de criar valor mutuamente. Para uma empresa, é
importante que o departamento de compras seja eficiente, principalmente nas parcerias com os seus
fornecedores. O objetivo da avaliação de fornecedores é melhorar o seu desempenho de forma contínua.
As organizações, juntamente com os seus fornecedores, devem identificar oportunidades de melhoria
tendo como impacto redução de custos e o aumento da qualidade. Através do controlo do desempenho
dos fornecedores, as empresas conseguem encontrar formas de ajudar a eliminar os desperdícios e
ineficiências dos seus processos.

“ A empresa deve avaliar e selecionar fornecedores com base nas suas aptidões para fornecer o produto
de acordo com os requisitos da organização. Devem ser estabelecidos critérios para seleção, avaliação e
reavaliação” (IPQ, 2009). Assim de acordo com o que a empresa pretende comprar deve desenvolver uma
avaliação qualitativa e quantitativa dos fornecedores. Os indicadores qualitativos evidenciam as causas dos
problemas, como por exemplo os fatores culturais, as práticas utilizadas, aspetos de liderança, enquanto os
indicadores quantitativos estão diretamente relacionados com o tempo de entrega, os custos e a
qualidade.

De forma a garantir que a empresa optou pelos melhores fornecedores, deve ser realizada uma avaliação
relativa a alguns aspetos relevantes, nomeadamente:

Sistema de qualidade: requer uma visita ao fornecedor, ou seja, uma auditoria realizada por uma equipa
especializada, para certificar os requisitos da norma de qualidade mais adequada.

Capacidade de negócio: tem como objetivo conhecer a capacidade do fornecedor fazer face às
necessidades atuais e futuras do cliente.

Nível de qualidade do produto: a qualidade do produto é avaliada com base na conformidade com os
requisitos e na capacidade dos processos.

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Existem vários critérios de avaliação dos fornecedores, cada empresa ajusta os indicadores à sua realidade
e necessidade, com o intuito de melhorar a gestão de compras. Alguns dos aspetos a considerar na
evolução do modelo de avaliação são:

 Que fornecedores avaliar? Novos ou já existentes?


 Fornecedores de quê? Matérias-Primas? Serviços de transporte?
 Qual o intervalo de tempo decorrente entre avaliações? Mensalmente? Semestralmente?
Anualmente?

Bibliografia
Braga, M. (s.d.). Gestão do Aprovisionamento - Gestão de Compras, Stocks e Armazéns . Editora Presença.
Camara, M., Correia, J., & Branco, C. C. (2017). Regime Jurídico do Processo de Inventário. Edições
Almedina.
Carvalho, J. C. (2020). Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento (3ª ed.). Edições Sílabo.
Paiva, E., & Cabrita, H. (2013). Manual do processo de inventário. Coimbra Editora.
Reis, L. D. (s.d.). Manual da gestão de stocks - teoria e prática . Editora Presença .

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