Você está na página 1de 15

MANUAL DO/A FORMANDO/A

Técnico/a de Qualidade
726 – Custos da qualidade

1 de 15
FICHA TÉCNICA

Tipologia de Recurso: Manual do Técnico/a de qualidade / Módulo: 0726 – Custos da Qualidade


Curso: Técnico/a de Qualidade
Formador(es):

Objetivos e Condições de Utilização


O/a formando/a deverá complementar os conhecimentos adquiridos e retidos durante a sessão
com a leitura do presente Manual. Contém todos os temas abordados durante o curso Técnico/a
de qualidade / módulo 0726 – Custos da Qualidade, devendo ser um suporte ao estudo a
desenvolver pelo formando, bem como um reforço aos conhecimentos adquiridos durante a
sessão. A leitura do Manual não invalida que o formando não aprofunde os seus conhecimentos,
através da consulta da bibliografia recomendada ou de outros que julgue convenientes.

Objetivos Gerais
- Aplicar e interpretar os métodos e técnicas de um sistema de custos de qualidade

Conteúdos
- Introdução
- O que são custos da qualidade
* Custos da não qualidade
* Custos da qualidade
- Porquê estudar os custos da qualidade
- Decomposição dos custos da qualidade – referência à Norma Portuguesa NP4239
- Base para a qualificação dos custos de qualidade – noções gerais sobre contabilidade
- Como conduzir um programa de análise de custos da qualidade

Carga horária
25 horas

Data: 07/07/2022

2 de 15
Índice
FICHA TÉCNICA......................................................................................................................................2
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................4
O QUE SÃO CUSTOS DA QUALIDADE...............................................................................................5
CUSTOS DA NÃO-QUALIDADE.............................................................................................................6
CUSTOS DA QUALIDADE.......................................................................................................................7
PORQUÊ ESTUDAR OS CUSTOS DA QUALIDADE..........................................................................9
DECOMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE – REFERÊNCIA À NORMA PORTUGUESA
NP 4239...................................................................................................................................................12
BASE PARA A QUANTIFICAÇÃO DOS CUSTOS DE QUALIDADE – NOÇÕES GERAIS SOBRE
CONTABILIDADE..................................................................................................................................14
COMO CONDUZIR UM PROGRAMA DE ANÁLISE DE CUSTOS DA QUALIDADE.....................14
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................15

3 de 15
INTRODUÇÃO

Uma parte significativa dos custos da qualidade resultam de uma execução incorreta das
atividades e tarefas. É um tipo de medição que transforma os erros em mais valias e isso tem um
grande impacto nos empregados, mas principalmente na gestão das organizações. Os resultados
das organizações são muitas vezes medidos em termos monetários, através de margens, lucros,
valor acrescentado, entre outros.

A importância que a qualidade dos produtos e serviços prestados aos clientes tem para estes
resultados é um facto incontestável e que leva a empresa a procurar medir também em termos
monetários, através dos custos da qualidade.

Os problemas da qualidade têm sempre origem em pequenos desvios nas especificações dos
materiais, do produto ou do processo, nos procedimentos, etc. No entanto, as consequências
destes pequenos desvios, por vezes, atingem proporções inesperadas. Mesmo que as
consequências destes desvios não sejam muito trágicas, podem traduzir-se nas relações com os
clientes, levando à perda ou diminuição das vendas, ou até mesmo à perda do cliente.

A verdadeira dimensão destes custos nem sempre é conhecida. Mesmo quando se conhecem
alguns valores, estes representam uma pequena fração da realidade.

Custo da qualidade nos serviços

Os custos da qualidade em empresas de produção de bens/produtos, ou seja, tangíveis diferem


dos custos das empresas de serviços. No que diz respeito às empresas de prestação de serviços,
entende-se geralmente que os custos da prevenção e da deteção podem ser calculados sem
dificuldades adicional (ou, pelo menos, sem dificuldade adicional relevante) face ao caso das
empresas de produção de bens. O custo das falhas, todavia, costuma ter um componente
relativamente maior de afastamento de clientes em detrimento da rejeição ou da reparação. No
entanto, nada impede que certos serviços mal prestados também possam ser “reparados”: um
serviço de limpeza mal efetuado pode ser “reparado” com uma nova limpeza; uma intervenção
cirúrgica mal efetuada pode ser “reparada” com uma nova intervenção.

4 de 15
O QUE SÃO CUSTOS DA QUALIDADE

A definição de qualidade é algo que, não obstante as várias interpretações que tomou ao longo do
tempo por diversos autores, se torna essencial definir pela empresa por forma a construir,
implementar e desenvolver o seu Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Atualmente, esta
definição pode integrar os conceitos defendidos por diversos autores.

A qualidade é um fator crítico e para geri-la adequadamente é necessário avaliá-la e medi-la


permanentemente, de modo a quantificar os pontos fortes e as áreas suscetíveis de melhoria.
Referindo-se à importância dos custos da qualidade, Pereira e Ganhão (1992:91) afirmam que «o
custo da qualidade é o custo resultante de se fazerem os procedimentos mal feitos». É um tipo de
medição que transforma os erros em unidades monetárias e isso tem um grande impacto nas
organizações, principalmente na gestão. Para os mesmos autores, a gestão dos custos da
qualidade permite determinar os benefícios resultantes das ações corretivas. Todos os negócios
da empresa são medidos em termos monetários, através de margens, lucros, valor acrescentado,
entre outros.

A importância que a qualidade tem para o negócio da empresa é um facto incontestável e que
leva a procurar medi-la também em termos monetários, através dos chamados custos da
qualidade. Contudo, facto dos custos da falta de qualidade serem pouco visíveis nas empresas,
que não lhes dão grande importância, na medida em que derivam do somatório de grandes
quantidades de pequenos desvios, que se transformam num verdadeiro iceberg de custos ocultos,
em que a parte visível pode ser a menos importante. A margem bruta e o resultado operacional
crescem sempre que o sistema de qualidade elimina custos da falta de qualidade, em montante
superior ao total dos custos necessários para que o referido sistema funcione e seja eficaz.

Os custos totais da qualidade obtêm-se somando os custos da não qualidade e os custos da


qualidade e tendem a afetar o preço do produto de forma inversa. Isso significa que quanto
melhores forem as características dos produtos, mais elevados serão os custos da qualidade e o
seu preço; mas quanto menores forem os defeitos, mais baixos serão os custos da não qualidade
e, consequentemente, também o seu preço.

5 de 15
CUSTOS DA NÃO-QUALIDADE

Os custos da não-qualidade engloba:

 Custos das falhas internas – são todos aqueles incorridos devido a algum erro do processo
produtivo, seja ele falha humana ou falha mecânica. Quanto mais cedo erros são
detetados, menores serão os custos envolvidos para corrigi-los. São aqueles que
desapareceriam se não existissem defeitos no produto, antes da sua expedição para o
cliente.

Exemplos: Sucatas; Retrabalhar o produto; Reinspecção dos produtos retrabalhados;


Paragens na linha; Esperas; Falhas do fornecedor; Utilização de material rejeitado para
outras finalidades; Ações corretivas derivadas de materiais e processos; Compras de
materiais defeituosos.

 Custos das falhas externas – são aqueles decorrentes de falhas no produto ou serviço
quando estes se encontram no mercado e/ou são adquiridos pelo consumidor final. São
aqueles que desapareceriam se não existissem defeitos após a entrega do produto ao
cliente.

Exemplos: Atendimento a reclamações; Tratamento das queixas pelo serviço Pós-venda;


Tempo para analisar as anomalias; Tempo para determinar as ações corretivas; Material
devolvido; Sucatas; Custos com garantia; Custos de concessões dadas aos clientes,
descontos; Custos com falhas externas, após garantia.

Redução dos custos das falhas

Os programas de redução de custos da qualidade são inseparáveis dos programas de melhoria da


qualidade. Os esforços das pessoas envolvidas devem ser planeados, coordenados, programados
no tempo e devem gerar ações corretivas devidamente controladas. A maioria dos problemas é
interdepartamental, exigindo contribuições de diversas origens para a sua análise e resolução.

6 de 15
Cada projeto de redução de custos da qualidade é, normalmente, ajustado por uma equipa
pluridisciplinar. Para se conseguir uma efetiva redução dos custos da não-qualidade (falhas
internas e externas) devem ter-se em consideração os seguintes passos:

I. Sensibilizar as pessoas envolvidas para os problemas e as possíveis causas. Portanto,


devem ser elaborados relatórios periódicos, mencionando o resumo da informação
proveniente da inspeção e ensaio, descrição dos problemas, investigações efetuadas, que
devem ser claros e concisos deverão ser distribuídos à direção da empresa e aos
respetivos departamentos.

II. Criar o desejo de resolver os problemas. Fazer relatórios não é suficiente. O


departamento da qualidade deve desenvolver nas pessoas uma confiança crescente na
informação divulgada, nas análises efetuadas, na eficácia das soluções encontradas. É um
trabalho de vendedor que se espera daquele departamento.

III. Lançar ações corretivas. Os problemas identificados, como resultado da análise dos
dados da qualidade, devem ser objeto de ações corretivas.

IV. Seguir os resultados. O primeiro passo para se efetuar esta sequência é a medição dos
resultados. Esta medição pode ser realizada através dos dados recolhidos pela inspeção e
ensaio. Que serviram, também, para identificar o problema.

V. Medir os resultados conseguidos (reduções de custo) em dinheiro e divulga-los por


todos aqueles a quem foram relatados os problemas. É ainda necessário garantir que esta
redução é permanente, ou seja, que a ação corretiva foi eficaz, fazendo análises
periódicas.

CUSTOS DA QUALIDADE

Os custos da qualidade são, normalmente, divididos nas seguintes categorias:

I. Custos de avaliação – são os custos necessários para avaliar a qualidade do produto pela
primeira vez e assim, detetar falhas e inconsistências antes que o produto seja posto no

7 de 15
mercado. Ou seja, são custos incorridos para determinar o nível de conformidade do
produto

Exemplos: Inspeção da Matéria-prima; Testes ao equipamento; Material consumido nos


testes; Avaliação de stocks; Custos de preparação para inspeção e teste; Custos de
controlo de compras; Operações de laboratório; Aprovações por órgãos externos como
governo, seguro, laboratórios; Envio dos produtos testados para a produção;
Demonstração de qualidade, relatórios de qualidade
II. Custos de prevenção – são todos os custos incorridos para evitar que falhas aconteçam
(os custos associados às ações de prevenção, investigação das causas ou redução de
defeitos e falhas). Tais custos têm como objetivo controlar a qualidade dos produtos, de
forma a evitar gastos provenientes de erros no sistema produtivo.

Exemplos: Planeamento da qualidade; Revisão de novos produtos; Formação do pessoal


para a qualidade; Controlo do processo; Análise e aquisição de dados; Relatórios de
qualidade; Planeamento e administração dos sistemas de qualidade; Controlo do projeto;
Obtenção das medidas de qualidade e controlo do equipamento; Suporte aos recursos
humanos; Manutenção do sistema de qualidade

Redução dos custos de avaliação

Os custos de avaliação representam, em média, 50% do valor dos custos totais da qualidade. A
maioria dos programas de redução dos custos das falhas. No entanto, a melhoria dos custos de
avaliação pode trazer um impacto muito significativo. Normalmente, são utilizadas determinas
técnicas para este fim, nomeadamente:

I. Planeamento das inspeções – o sistema deve ser definido de forma eficiente, de tal
modo que cada inspeção auxilie um objetivo essencial. Deve ser escolhido o tipo de
inspeção que melhor beneficia esse objetivo: autocontrolo, inspeção por amostragem,
entre outros.

II. Melhoria dos equipamentos e métodos – estas melhorias podem ser seguidas pela
introdução de equipamentos, que efetuem inspeções de modo mais rápido ou sem
operador, ou pela introdução de dispositivos de inspeção no equipamento da produção,

8 de 15
ou pela melhoria do sistema de registos e relatórios de modo a exigirem menos tempo
e esforço, entre outros.

III. Controlo estatístico da qualidade – algumas ferramentas são batentes eficazes e


podem ser utilizadas para o controlo de processos, são os estudos de capacidade,
cartas de controlo e inspeção por amostragem.
Medição das melhorias conseguidas

Existem diversas fontes de informação dentro da empresa que nos fornecem dados parciais e que
necessitam de ser combinadas para que se obtenha informação suficiente para a avaliação das
melhorias alcançadas. Assim, algumas destas origens são:

 Variação dos custos da qualidade


 Relatórios de falhas externas e a sua reparação
 Relatórios de instalação de produtos
 Observações pessoais efetuadas por pessoal da empresa
 Teste de vida a produtos da própria empresa e da concorrência
 Pesquisa de mercado, acerca da opinião do cliente
 Dados sobre vendas de peças sobressalentes
 Reclamações de clientes
 Auditorias ao produto, antes da sua expedição

Porque falham os processos de melhoria?

Os processos de melhoria podem conduzir a resultados rápidos, mas também podem ser mal
sucedidos. Quando isso acontece, normalmente a causa está na gestão da empresa: pois utilizou
o processo de forma errada; não participou no processo; pensa que os problemas estão apenas
nos colaboradores; não quer estabelecer compromissos de longo prazo; entre outros.

PORQUÊ ESTUDAR OS CUSTOS DA QUALIDADE

9 de 15
Os profissionais da qualidade já constataram a relação entre os custos, a qualidade e a
produtividade. Reconhecem que a melhoria de custos e produtividade resultantes da melhoria da
qualidade de custos e produtividade resultantes da melhoria da qualidade pode ser um valor para
o cliente, estimulando o crescimento do negócio. Por outro lado, ainda existem muitos
responsáveis nas empresas que não entendem esta relação. O sistema de informação que os
mantém informados sobre o estado do negócio e que orienta as decisões coloca a ênfase nos
prazos, unidades produzidas por empregado, custo por unidade, vendas, receitas e lucro. Deste
modo não é suficientemente realçada a relação entre a qualidade, custo, valor e crescimento de
mercado, o que dificulta a perceção desta relação por parte dos responsáveis.
As técnicas de análise dos custos da qualidade são tão variadas como aquelas que são sadas
para qualquer problema da qualidade, nomeadamente: análise das tendências, análise de Pareto
(por departamento, por produto, por categoria dos custos, entre outros.). A análise de tendências
consiste em comprar os atuais níveis com os do passado. O valor do custo total está a subir, mas,
em termos de rácio relativo a unidades produzidas e vendas não existem variações significativas,
ou seja, o custo das falhas internas sobe gradualmente ao longo do ano.

Assim, é importante realizar a análise destes custos. A técnica mãos usada para análise posterior
dos custos é a análise de Pareto, que envolve a listagem dos fatores que contribuem para o
problema e a sua marcação num gráfico de barras, de acordo com o valor da sua contribuição.
Em muitas situações, existe um número relativamente pequeno de causas que contribuem para
uma percentagem relativamente levada dos custos. Para que as melhorias sejam mais visíveis, os
esforços devem ser concentrados na eliminação ou diminuição das causas que mais contribuem
para o efeito em análise.

A análise de Pareto pode ser usada para pesquisar diversas causas vitais, como por exemplo,
modelos do produto ou seções onde são originados a maior parte dos custos, dependendo do tipo
de dados que se optar por recolher. É possível, em qualquer empresa, realizar uma análise de
Pareto para detetar problemas.

O método de Pareto no cálculo do custo da qualidade

O diagrama de Pareto também conhecido como a regar 80/0 ou análise ABC, trata-se de uma das
ferramentas disponíveis da qualidade. O seu propósito é a análise de problemas, hierarquizando
os dados (normalmente defeitos/problemas) por ordem decrescente de frequência. É uma
ferramenta amplamente utilizada no apoio à tomada de decisões. Considera-se que o “método de

10 de
15
Pareto” é aplicável à análise do custo das falhas e, consequentemente, é indispensável para uma
ação eficiente visando reduzir esse custo. O princípio que lhe está subjacente – e, que se espera
ver confirmado em cada análise concreta – é o seguinte: uma pequena proporção dos tipos de
falha é responsável pela maior parte do custo total das falhas. A aplicação do método de Pareto
costuma consubstanciar-se na construção de um gráfico utilizando a seguinte metodologia:

 Calcula-se o custo de cada um dos tipos de falha durante um determinado período de


produção (uma semana, um mês, etc.) e somam-se de forma a obter o custo total das
falhas
 Atribui-se um número natural (começando pelo 1) a cada um destes tipos de falha,
segundo a importância (por ordem decrescente) do respetivo custo
 Exprime-se o custo de cada um dos tipos de falha em percentagem do custo total das
falhas
 Marca-se no eixo das abcissas, os números naturais que representam os tipos de falhas
(os números são marcados de forma equidistante, por ordem crescente, e iniciam-se com
o 1)
 Marca-se, no eixo das ordenadas, o ponto correspondente à percentagem acumulada do
custo dos tipos de falha (primeiro, percentagem correspondente à falha 1; depois,
percentagem correspondente à falha 1 + falha 2; depois, percentagem correspondente à
falha 1 + falha 2 + falha 3+ …)
 Traça-se a curva, a qual, a confirmar-se o princípio subjacente ao método de Pareto, terá
um elevado declive no início passando abruptamente para um reduzido declive

Diagrama de Ishikawa

Relativamente à análise de problemas de forma mais concreta, a ferramenta apresentada por


Ishikawa tornou-se uma das técnicas essenciais para a qualidade. O diagrama de Ishikawa é
também conhecido por “Espinha de Peixe” ou “diagrama de Causa-Efeito” e constitui uma
guideline para a identificação de causas possíveis de um determinado problema.

O processo de identificação de causas é comumente realizado através de uma sessão de


brainstorming, por forma a recolher o máximo de informação sobre o assunto em análise. Esta
informação é organizada de acordo com 6 famílias de causa (também conhecido por “6Ms”):
Métodos; Meio Ambiente; Mão-de-obra; Máquina; Matéria-prima; Medição.

11 de
15
Indicadores chave de desempenho

No meio industrial/empresarial, qualquer organização necessita de ter informação relativa à sua


performance externa (no mercado) e interna (nos processos). Com base nesta informação, a
organização pode determinar objetivos e monitorizar a sua evolução de curto a longo prazo. Por
forma a facilitar a análise e monitorização da(s) performance(s) da organização, existem os
chamados indicadores (KPI – Key process indicators - Indicadores chave de desempenho) que
são uma ferramenta de gestão para medir um determinado processo e apresentar um resultado
de fácil interpretação em forma de taxas, rácios, médias e percentagens, mas nunca em números
brutos.

Os indicadores chave de desempenho são uma ótima forma de comunicação interna, tanto pela
sua objetividade – resumem resultados de um grande volume de dados, como pelo seu impacto
visual. A utilização de indicadores é também muito versátil, pois é aplicável a tudo o que for
quantificável (mensurável) em toda a organização – desde que reflitam dados significativamente
comparáveis.

Benefícios dos custos de qualidade

O estudo dos custos da qualidade, seja qual for o nível de detalhe, origina debates relativos à
validade dos valores apresentados à organização. Muitas vezes a crítica é depreciativa,
esquecendo os benefícios que a monitorização de um indicador destes custos pode ter.

A perspetiva de melhoria contínua de processos e monitorização dos custos da qualidade visa o


aumento dos esforços de prevenção da qualidade em virtude da avaliação, com o objetivo de
reduzir mais significativamente as falhas internas/externas da organização.

No entanto, deve ser considerado um balanço funcional entre os custos de avaliação e prevenção
relativamente aos das falhas. Isto é, existe um ponto “ótimo” para o qual os custos totais da
qualidade são mínimos, significando que os custos de um maior investimento na avaliação e
prevenção podem não justificar o decréscimo dos custos das falhas.

DECOMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE – REFERÊNCIA À


NORMA PORTUGUESA NP 4239

12 de
15
A norma portuguesa NP 4239 constitui um guia para a utilização pelas empresas com vista à
quantificação dos custos da qualidade. O objetivo é permitir uma quantificação rápida e
simplificada dos custos e, consequentemente, fornecer aos responsáveis das empresas um
conjunto de informações que lhes permitam empreender e intensificar ações tendo em
consideração a melhoria produtiva global das empresas.
A norma NP 4239 pode ser utilizada por todas as empresas. Contudo, as empresas têm que se ter
em consideração:
 Para cada ramo da indústria, as especificações próprias da atividade, ou seja, aspetos de
terminologia
 No quadro da empresa, a sua estrutura de gestão, a natureza dos produtos e serviços
fornecidos e a natureza do mercado
 O caso particular das empresas de serviços

Bases para a quantificação dos custos da qualidade

A quantificação pode ser realizada tendo em consideração o mapa discriminativo dos custos da
qualidade, mapa resumo dos custos da qualidade (apresentação dos resultados e rácios), entre
outros, que melhor se adaptem à empresa, ou seja, o que forem mais fáceis para a empresa
quantificar. O cálculo dos custos apoia-se em dados que existem na empresa ou no cliente e que
é necessário recolher, recorrendo à contabilidade geral e analítica, a documentos administrativos,
técnicos ou comerciais, a inquéritos por sondagens, entre outros.

Todas as possíveis fontes de informação devem ser apresentadas na parte direita do mapa dos
custos da qualidade, de acordo com a fonte utilizada e na respetiva alínea. Para que possa
efetuar posteriormente uma análise credível e útil a partir dos custos obtidos, é desejável que
estes:

 Correspondam ao último exercício conhecido


 Sejam incontestáveis, ou seja, que a quantificação seja efetuada tendo como referência,
zero defeitos e não um número tido como aceitável
 Representam informações devidamente identificadas e documentadas, seja ao nível da
empresa no seu conjunto, seja ao nível de um ou vários dos setores da empresa.

13 de
15
Contudo, sempre que não seja possível obter os custos, pode-se:

 Efetuar uma estimativa simples, mas credível a partir dos dados existentes na empresa
 Calcular ou estimar os custos de extrapolação, a partir de um período para o qual se
dispõe de informação ou a partir do último exercício conhecido
 Calcular ou estimar custos a partir de informações disponíveis dentro de um setor ou
departamento que se julgue representativo da empresa, e depois extrapolar os resultados
desse cálculo ou dessa estimativa a toda a empresa

A obtenção dos custos faz-se de uma forma geral a partir dos meios que a empresa dispõe nesse
momento, sem pôr em causa a existência desses meios, nem encarar quaisquer investimentos
materiais ou humanos complementares.

BASE PARA A QUANTIFICAÇÃO DOS CUSTOS DE QUALIDADE –


NOÇÕES GERAIS SOBRE CONTABILIDADE

Os dados que nos permitem determinar os custos da qualidade existem em diversas fontes,
nomeadamente, contabilidade geral, contabilidade analítica, documentos administrativos, técnicos
ou comerciais, inquéritos e sondagens, entre outros. Para que a análise de custos seja credível e
útil, é necessário que os dados recolhidos sejam atuais, sejam incontestáveis, ou seja, que a
quantificação seja efetuada tendo como referência zero defeitos e tenham origem em fontes de
informação conhecidas e devidamente identificadas.

Contudo, sempre que não seja possível obter os custos pode-se:


 Efetuar estimativas simples, mas credíveis a partir de dados existentes na empresa
 Calcular ou estimar custos por extrapolação, a partir de um período para o qual se dispõe
de informação ou a partir do último exercício conhecido
 Calcular ou estimar os custos a partir de informações disponíveis dentro de um setor ou
departamento que se julgue representativo da empresa e depois tirar conclusões dos
resultados desse cálculo ou dessa estimativa a toda a empresa

Muitas vezes, os custos da qualidade são contestados pelo motivo de não serem rigorosos. Na
realidade, é difícil e muitas vezes impossível, recolher os todos os custos, cêntimo a cêntimo. O

14 de
15
importante é obter uma ordem de grandeza, certamente por defeito, mas que mostre a
importância do problema e permita efetuar análises posteriores para se obterem melhorias.

COMO CONDUZIR UM PROGRAMA DE ANÁLISE DE CUSTOS DA


QUALIDADE

Tradicionalmente quando as empresas superam a fase do desinteresse face ao tema “qualidade”


passam para outra fase denominada como a fase da preocupação. O custo da deteção aumenta,
mas verifica-se uma diminuição nos custos das falhas internas e externas. Posteriormente se as
empresas continuarem a evoluir neste domínio, entram noutra fase em que assumem uma clara
atitude preventiva. O custo da prevenção aumenta, mas verifica-se diminuição do custo das falhas
internas e externas, bem como do custo da deteção: existindo prevenção, não só se reduzem as
falhas como, também, se dispensa trabalho de deteção.

A relação entre o percurso evolutivo de cada um destes custos e a evolução do custo total da
qualidade é objeto de discórdia. A análise tradicional dos custos, quer a curto quer a médio/longo
prazos, considera a existência de um decréscimo de custo médio até um determinado valor
mínimo, representativo de uma quantidade produzida considerada como optimizadora dos custos.

BIBLIOGRAFIA
Ávila, P. (2010). Metodologia de análise e melhoria de processos. Instituto Superior de Engenharia do Porto.
Jr., A. R. (2003). Custos da qualidade - Aspectos económicos da gestão da qualidade e gestão ambiental.
Editora atlA .
Mattos, J. C., & Toledo, J. C. (1998). Custos da qualidade: diagnóstico nas empresas com certificação ISO
9000. Gestão e Produção, 312-324.
Pereira, A., & Ganhão, F. (1992). A gestão da qualidade - Como implementá-la na empresa. Lisboa:
Presença.
Qualidade, I. P. (1994). Norma Portuguesa NP 4239.
Saraiva , M., & Teixeira, A. (2010). TMQ - Qualidade numa perspetiva multi e interdisciplinar. Edições Sílabo.
Trindade, D. C. (2012). Custos da qualidade: Análise da estrutura e componentes dos custos da qualidade.

15 de
15

Você também pode gostar