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Gestão de Custos e

Custos da Qualidade
1. Custo da Qualidade 4
Custos de Prevenção 8
Custos de Avaliação 8
Custos de Falhas Internas 8
Custos de Falhas Externas 9
Como Medir Custos da Qualidade 9

2. Sistemas de Custos da Qualidade 12


Sistemas de Controle 12
Sistema de Custos da Qualidade 13
Desenvolvimento de Sistema pelo Método de Custeio
ABC 15

3. Modelos de Gestão 17
“Benchmarking” e Auto Avaliação 18
Gestão Estratégica da Qualidade 19
Gerenciamento de Custos para Alcançar Metas
Pré-Estabelecidas 20
Análise de Valor do Processo 21

4. Retorno Sobre a Qualidade 24


Qualidade e Perda 25
Retorno Sobre a Qualidade 26
Custos Operacionais da Qualidade e da Má Qualidade 27
Política da Qualidade e Redução de Custos 27
Redução de Custos Através da Qualidade 28

5. Referências Bibliográficas 31

02
03
GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

1. Custo da Qualidade

Fonte: Labone1

I dentificar oportunidades para a


melhoria de sistemas e processos
nas vertentes de tempo, custo e qua-
balização, rápidos e constantes
aperfeiçoamentos tecnológicos tor-
nou-se imperativo ser competitivo,
lidade e gerenciar positivamente os pois, racionalidade, produtividade,
programas promovendo mudanças qualidade e custos são elementos
significativas de organização e de básicos para o crescimento e solidez
cultura, são chaves para competitivi- das empresas. Cada vez mais as or-
dade, crescimento de longo prazo e ganizações necessitam de informa-
viabilidade financeira na economia. ções "úteis, surpreendentes e esti-
Nosso contexto econômico e mulantes" para alimentar o processo
social é altamente mutável. Com a decisório. Para enfrentar as dificul-
formação de blocos econômicos, glo- dades que lhes são impostas, neces-

1 Retirado em https://www.laboneconsultoria.com.br/custo-da-qualidade/

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

sitam de ferramentas eficientes e efi- é quanto a geração de lucros e sua


cazes para a tomada de decisões continuidade. Para isso é necessário
Assim, pode-se dizer que a em- que seu produto seja bem aceito no
presa adquire vantagem competitiva mercado, atendendo às necessida-
exercendo suas atividades estrategi- des dos clientes. Se o produto tiver
camente essenciais, com a melhor defeitos, o cliente tem direito à sua
utilização de seus recursos procu- reposição e ainda poderá optar por
rando, sempre ser mais eficaz que não comprar mais. Por isto, um pro-
seus concorrentes. duto com defeito, poderá ter custos
A base para buscar a competi- inestimáveis, podendo até mesmo
tividade está alicerçada na gestão es- prejudicar a imagem da empresa.
tratégica de custos, na qual se con- De acordo Feigenbaum
centra a combinação de três temas (1990), as maiores causas de devolu-
básicos: cadeia de valor, posiciona- ções de produtos são deficiência dos
mento estratégico e direcionadores fornecedores, erros de projetos, in-
de custos. consistência do processo, erros de
A gestão estratégica de custos operações, erros de inspeção, erro
rompe com ideias, como o princípio de aplicação ou rótulos errados e fa-
de economia de escala, da fabricação lhas na manutenção do produto.
de produtos padronizados, da dispo- Buscando reduzir a devolução
nibilidade de estoques, de produtos dos produtos e garantir a satisfação
comoditiess e outros conceitos tradi- dos clientes, as empresas implemen-
cionais. Apresenta uma estratégia tam sistemas de qualidade para ob-
adequada com base na flexibilidade ter melhoria contínua na qualidade
e respostas rápidas, com produtos de seus produtos e assim atender
diferenciados e de ciclo de vida cur- melhor ao cliente. Mas como avaliar
to, com maior qualidade e melhoria as melhorias dos sistemas de quali-
contínua de todos os processos. O dade? Como medir o retorno dos in-
mais importante desse novo para- vestimentos em qualidade? Teorica-
digma é a lógica da gestão estratégi- mente estas questões devem ser res-
ca de custos, em que o primeiro pondidas pelo sistema de custos da
agente econômico é o cliente, não empresa, ou mais precisamente, dos
obstante toda cadeia de valor na custos da qualidade.
qual a empresa se insere. Da mesma forma que acontece
A globalização tornou o mer- com o conceito de qualidade, é gran-
cado ainda mais competitivo, e o de a diversidade de visões sobre o
principal objetivo de toda a empresa conceito de custo da qualidade.

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Assim, se identificam as se- qualidade são excelentes indicado-


guintes visões: res para tomada de decisões. Produ-
Morse, Roth e Poston (1987) zir com defeito tem um custo e pro-
entendem que, custos da qualidade duzir sem defeitos também tem um
pode ser definido, como o custo in- custo
corrido por causa da existência, ou Cabe lembrar, antes de aden-
da possibilidade de existência, de trar os detalhes para os custos da
uma baixa qualidade. Dentro dessa qualidade, como eram considerados
visão, o custo da qualidade é o custo os custos para efeito da qualidade.
de se fazer as coisas de forma errada. Antes da década de 60, as
Para Ittner (1997), o custo da montadoras americanas domina-
qualidade representa a diferença en- vam o mercado automobilístico. Nos
tre o custo real de um produto ou anos 70 perderam cerca de 15% para
serviço e o que esse custo seria se to- os concorrentes japoneses, obrigan-
dos tivessem desempenho de 100% do-as a se preocuparem com a qua-
em relação ao padrão, que é desem- lidade, pois a política de descontos
penho livre de defeito ou de erro. adotada não prolongaria sua exis-
Segundo Galloro e Associado tência por muito tempo. Foram ado-
(1995), o custo da qualidade não é tadas medidas de qualidade nos pro-
apenas o custo incorrido para se ob- cessos de produção que culminaram
ter qualidade, nem o custo incorrido com o gerenciamento da qualidade.
para o funcionamento do departa- O levantamento constatou que
mento de qualidade, mas os custos o custo da qualidade era elevado e
incorridos na criação do controle de grande parte era representado pela
qualidade, na prevenção, na avalia- não-qualidade, ou seja, grande parte
ção e na correção do trabalho com do custo ocorria com inspeção, con-
defeitos; e por isto, estão incluídos trole de teste de peças e produtos,
nos custos da qualidade também os medição do grau de conformidade
gerados pela não-qualidade. dos produtos, garantia da qualidade
Mesmo havendo uma infinida- oferecida aos clientes, etc.
de de definições de custos da quali- Mesmo suportando esses cus-
dade, vários autores concordam e tos e ainda incorporá-los aos preços
afirmam que são um instrumento de finais, revelou-se a incapacidade das
medida para avaliar o desempenho empresas em evitar produtos defei-
dos programas de qualidade. Assim tuosos. Chegou-se à conclusão de
as informações sobre os custos da que o custo da qualidade era brutal-

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

mente significativo, mas passível de de falhas, custos incorridos por fa-


redução. Com esta conclusão, as em- lhas ocorridas, e custos incorridos
presas começaram a colocar em prá- para obter um ambiente que possibi-
tica o gerenciamento da qualidade. lite aos funcionários trabalhar com
Isto não foi suficiente. Foi preciso eficiência.
encarar que o gerenciamento da Os custos da qualidade são
qualidade não era apenas um pro- constituídos por quatro aspectos:
cesso de redução de custos, mas en-  Custos de prevenção - custos
volvia uma alteração drástica na or- incorridos para evitar produ-
ganização. Os processos de produ- tos de má qualidade, tais como
ção foram gradativamente revistos e custos de educação e treina-
mento.
neles inseridos os conceitos de cus-
 Custos de avaliação - custos de
tos, os quais devem ser conduzidos inspeções e de testes para ga-
simultaneamente com a evolução da rantia de que os produtos este-
produção. jam de acordo com as especifi-
Juntamente com o monitora- cações.
mento da produção custos foram os  Custos de falhas internas -
monitorados, surgindo os sistemas custos causados por defeitos
de custos, que evoluíram na década ou falhas que ocorrem antes
da entrega dos serviços ou da
de 80 e aperfeiçoados nesses últi- expedição dos produtos aos
mos anos. clientes.
Os sistemas de custos foram  Custos de falhas externas -
implantados e tornados conhecidos custos de produtos devolvidos,
de todos os participantes do proces- descontos e garantias de pro-
so de produção, facilitando a avalia- dutos defeituosos entregues
ção e sua redução em benefício do aos clientes.
preço do produto ou serviço.
Os custos de prevenção e de
Isto aconteceu devido à entra-
avaliação são custos voluntários, e
da no mercado ocidental dos auto-
podem ser controlados, por decisão
móveis e dos produtos da indústria
da empresa. Normalmente são in-
japonesa com alto padrão de quali-
corridos durante a pesquisa e desen-
dade, que estavam trabalhando com
volvimento, planejamento e dese-
os conceitos de qualidade há muito
nho do produto. Os custos de falhas
tempo.
internas e externas são custos invo-
O custo da qualidade é com-
luntários, ocorrem na fase de produ-
posto de três tipos de custos: Custos
ção e vendas.
incorridos por causa de expectativas

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Custos de Prevenção  Ensaios e inspeções, feitos no


recebimento, no processa-
Os custos de prevenção são in- mento e no final, incluindo a
instalação;
corridos para evitar que falhas ve-
 Auditoria da qualidade do pro-
nham a acontecer. Os custos de pre-
duto;
venção podem ser considerados in-  Custos necessários para testes
vestimentos para evitar futuros cus- do departamento de controle
tos originados por defeitos, se eles de qualidade da empresa;
não forem prevenidos.  Custos de testes executados
Fazem parte dos custos de pre- externamente por terceiros;
venção, os seguintes custos:  Custos para garantir qualida-
 Custos necessários para mon- de no processo de fabricação;
tar um sistema de engenharia  Custos de manutenção e de ca-
da qualidade; custos para pro- libragem de equipamentos de
mover simpósios e reuniões testes;
sobre qualidade;  Custos de avaliação para deci-
 Custos de educação e treina- sões imediatas;
mento com relação à quali-  Custos de provas e de finaliza-
dade e ao trabalho; ção de documentos e sua em-
 Custos para evitar o apare- balagem; custos de manuseio e
cimento de novas falhas (ge- de relatórios sobre qualidade.
ralmente custo de engenha-
ria); Custos de Falhas Internas
 Custos de supervisão e manu-
tenção preventiva. Devido a falhas detectadas na
empresa custos de falhas internas
Custos de Avaliação são incorridos, antes da transferên-
cia do produto ao cliente. São custos
Os custos de avaliação, tam- incorridos para eliminar falhas en-
bém chamados de verificação, tem contradas nas inspeções. Incluem
origem num processo de inspeção custos a partir do instante em que os
em que os resultados são avaliados materiais e as peças são expedidas
para determinar se as atividades es- pelos fornecedores até que os produ-
tão sendo conduzidas corretamente, tos acabados cheguem aos usuários
de conformidade com os padrões e finais; são eles:
procedimentos estabelecidos.  Custos de falhas no processo
Os custos de avaliação in- de fabricação, como sucata,
cluem: material estragado e retraba-
lho;

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

 Perda por falta de qualidade  Custos de cancelamento de en-


(produto com falha de quali- tregas.
dade são muitas vezes vendi-
dos a menores preços; Como Medir Custos da Quali-
 Custos de descobrir paraliza- dade
ções e avarias e repará-las;
custos de engenharia para Usualmente, os custos da qua-
ajustar a qualidade;
lidade são conhecidos através da
 Custos de tempo de computa-
ção para ré execução de tare- identificação de itens de prevenção,
fas; avaliação, falhas internas e falhas
 Custo de estoques de seguran- externas em uma organização. Os
ça de produtos acabados, para cálculos de custos são retirados de
enfrentar baixo saída de pro- relatórios contábeis e através de
dutos do processo, por peças ajustes em sistemas de custos tradi-
defeituosas ou lotes rejeitados; cionais. Este enfoque leva aos mes-
 Perdas devidas as paradas da
mos problemas dos sistemas de cus-
produção.
tos tradicionais, uma vez que os
Custos de Falhas Externas itens dos custos da qualidade são se-
parados em grandes blocos de cus-
São os custos ocasionados pe- tos e não relacionam tais itens às
las falhas, quando o produto apre- suas causas.
senta problemas depois da transfe- A obtenção de custos da quali-
rência do mesmo para o cliente. O dade através da utilização do enfo-
sistema de verificação não conse- que tradicional adiciona apenas um
guiu detectar todos os defeitos antes relatório financeiro de falhas, que
da expedição dos produtos. Os cus- serve para medir a qualidade em
tos de falhas externas incluem: uma empresa, porém não aponta as
 Custos de devolução de produ- causas de falhas e, portanto, não
tos; possui efeito significativo no geren-
 Custos de concessão de des- ciamento da qualidade.
contos devido a qualidade in- A nova tendência da utilização
ferior; do conceito de valor agregado aos
 Custos de processos judiciais custos da qualidade, relaciona os
decorrentes por produtos de- itens de prevenção e falhas com as
feituosos;
atividades que agregam ou não agre-
 Custos administrativos de
atendimento de reclamações; gam valor para o consumidor. As-

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

sim, o gerenciamento da qualidade sa. A identificação dos itens de cus-


baseia-se na eliminação de ativida- tos é uma importante fase na obten-
des que não agregam valor e que re- ção dos custos da qualidade e deve
sultam em custos desnecessários ser analisada cuidadosamente. Além
para a organização. disso, novos itens de custos da quali-
Neste contexto, custos da qua- dade podem ser adicionados de acor-
lidade são então obtidos através de do com o desenvolvimento do progra-
sistemas de custeio baseados em ati- ma de melhoria contínua da empresa.
vidades. Itens de custos da quali- Para Porter (1995), gerenciar
dade podem ser divididos em ativi- custos eficazmente exige um enfo-
dades relacionadas com a prevenção que amplo, externo à empresa. Cada
da qualidade para os custos de con- empresa é parte de uma cadeia de
trole e falhas internas e externas valor que existe o tempo todo, desde
com as atividades realizadas na em- a tabela periódica dos elementos, até
presa que não adicionam valor aos a última poeira e, no mundo de hoje,
produtos ou serviços para os custos passando talvez pela reciclagem
da falta de controle. A identificação para o início de um novo ciclo de ca-
e cálculo dos itens de custos exige al- deia de valor. Cada empresa deve ser
guns ajustes no sistema de custos entendida no contexto da cadeia glo-
para adequar-se à realidade de cada bal das atividades geradoras de valor
empresa. Assim, relatórios de custos da qual ela é apenas uma parte.
da qualidade tornam se um produto Skank (1997), entende que a
do sistema de custos, fornecendo in- cadeia de valor é o conjunto de ativi-
formações de causas de erros e rela- dades criadoras de valor desde as
cionando às atividades que ocasio- fontes de matérias-primas básicas,
nam falhas com o valor do cliente. passando por fornecedores de com-
Determinados requisitos im- ponentes, até o produto final entre-
portantes devem ser cumpridos gue ao consumidor.
quando da obtenção dos itens de A conceituação de cadeia de
custos da qualidade. A definição de valor vai além da visão tradicional
qualidade da empresa, assim como a de que a cadeia de valor de uma em-
sua cadeia de valores devem ser bem presa representa o conjunto de ativi-
definidos, a fim de possibilitar a dades que a empresa desempenha
identificação de atividades que le- nas diferentes áreas funcionais. Ca-
vam a insatisfação do consumidor e deia de valor no sentido amplo, é a
que não colaboram para a alcance análise dos valores desde sua origem
dos objetivos estratégicos da empre- até o seu consumo.

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

2. Sistemas de Custos da Qualidade

Fonte: E-Produção2

Sistemas de Controle ções resultantes do sistema de cus-


tos representem a realidade.

O aumento da complexidade in-


dustrial exige das empresas
maior quantidade de informações
Neste sentido, devido a auto-
mação industrial, variedade de pro-
dução e maior ênfase nas atividades
para controlar suas operações e to- de suporte como planejamento,
mar decisões em nível estratégico e marketing, atendimento ao consu-
operacional. midor, a mão-de-obra direta deixa
Empresas modernas necessi- de ser o principal item de custo.
tam de informações de custo que Robert Booth (1994) enfatiza
identifiquem como e onde os custos este ponto quando apresenta resul-
ocorrem, isto é, suas causas e efeitos. tados de pesquisas nas quais a mão-
Além disso, a alocação de custos de- de-obra direta representa 10% dos
ve estar baseada no consumo de re- custos totais das empresas atuais,
cursos nos processos de produção e overhead representa 35% e supri-
suporte, de forma que as informa- mentos 55%, e acrescenta: infeliz-

2 Retirado em https://eproducaocom.wordpress.com/

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

mente, administradores insistem  Os sistemas contábeis tradici-


em controlar e cortar custos de mão- onais não captam todas as ati-
de-obra direta. vidades de garantia da quali-
Por isso, novos paradigmas de dade;
 Quando há captação parcial,
controle apontam para sistemas de
não há comunicação ade-
custeio que forneçam informações quada, metódica e
sobre os processos e atividades rea-  Sistemática para a tomada de
lizadas e que se utilizam de outras decisões;
bases mais significativas, além da  Sistema de custos da quali-
mão-de-obra, principal base de ra- dade torna-se viável dentro de
teio dos sistemas de controle. um contexto de um sistema de
contabilidade por atividade
que possibilita a gestão estra-
Sistema de Custos da Quali-
tégica de custos.
dade
O sistema de custos da quali-
Os Sistemas de Custos da Qua-
dade fundamentado no contexto de
lidade podem ser planejados levan-
uma contabilidade baseada em ativi-
do-se em consideração a sua inte-
dades (ABC) está alicerçado no prin-
gração com o Sistema Contábil, bem
cípio de que as atividades conso-
como os demais sistemas da em-
mem recursos. Em consequência, os
presa, como: Folha de Pagamento,
seus objetos de custos, como proces-
Plano de Vendas, etc.
sos, produtos, clientes ou serviços
A principal importância dos
consomem atividades.
custos da qualidade está na identifi-
A contabilidade de custos por
cação das oportunidades para me-
atividade deve informar os custos
lhoria e possibilitar sua medição to-
dos diferentes objetos de custos, a
do o tempo (Principles of Quality
fim de possibilitar a gestão estraté-
Cost, da ASQC, 1986).
gica de custos.
Ao planejar o Sistema de Cus-
Na montagem de um sistema
tos da Qualidade, devem ser levados
de custos devem ser levados em con-
em conta os seguintes princípios:
sideração os seguintes tópicos:
 Todas as áreas da empresa Estrutura do Sistema de Cus-
apresentam problemas;
tos: A estrutura do sistema de cus-
 Em todas as áreas da empresa
existem pessoal e equipamen- tos da qualidade deve atender aos
tos voltados para a garantia da diferentes propósitos da informação
qualidade de atividades pró- contábil, dentro do contexto de uma
prias ou de outras áreas; gestão estratégica de custos.

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Deve contemplar individual- Direcionadores de Custos: Os


mente os custos da atividade de cada direcionadores de custos são os mé-
departamento que consomem recur- todos de alocação dos custos. Me-
sos para compor todo o sistema da dem a frequência ou a intensidade
empresa. da demanda de certo tipo de ativi-
Nível de Detalhe das Informa- dade.
ções: Podemos representar o sis- Os custos podem ser alocados
tema de custos da qualidade, em ní- em etapas. A primeira etapa aloca os
vel de detalhe. custos das atividades para determi-
Fontes de Informações: As in- nados centros de atividades. A se-
formações do sistema de custos da gunda os direcionadores de custos
qualidade devem ser extraídas do alocam os custos acumulados nos
sistema de contabilidade. centros de atividades para os demais
Além das informações contá- objetos de custos.
beis, informações extracontábeis de- Podem existir outras etapas de
vem ser incluídas para a formação alocação de custos. A sistemática
das bases na mensuração dos custos adotada deve atender às diversas ne-
da qualidade. cessidades administrativas. O siste-
Atividades Relacionadas com a ma necessita de condições de infor-
Qualidade: As atividades envolvi- mar os custos das atividades, pro-
das no processo de garantia da qua- cessos, produtos, clientes, serviços e
lidade são aquelas que garantem a também estar apto para acumular
qualidade de outras atividades, defi- custos a respeito do ciclo de vida do
nidas como o monitoramento da produto ou do serviço. Também
produção, a inspeção, os testes, a re- deve possuir condições de separá-
visão, a unificação, o ajuste e a re- los em categorias que acrescentam
forma. valor aos clientes internos e exter-
Cada área deve desenvolver nos.
sua lista de atividades, prevendo sua A sistemática da alocação dos
utilização pelo sistema de custos da custos através dos direcionadores de
qualidade. Assim, de acordo com a custo, permite a acumulação dos
ASQC, as atividades classificam- se custos nas categorias de Custos de
em: Prevenção, Custos de Avaliação,
 Acrescentam valor ao cliente; Custos de Falhas Internas e Custos
 Não acrescentam valor ao cli- de Falhas Externas.
ente.

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Desenvolvimento de Sistema  O direcionador de custos sele-


pelo Método de Custeio ABC cionado deve possuir forte cor-
relação com os níveis de custo
O desenvolvimento de sistema no centro de custo da ativi-
pelo método de custeio ABC, envolve dade.
 Aplicação do direcionador às
quatro etapas. As etapas estão assim
linhas de produto para gerar
especificadas: informações sobre o custo dos
 Identificação das atividades produtos. Os direcionadores
que são mais influenciadas pe- de custos devem ser monitora-
lo volume de transações do dos constantemente para que
que pelo volume de produção. continuem espelhando a reali-
Esta etapa é muito importan- dade.
te, se não a mais importante,
pois é nela em que é definida a O maior problema relacionado
estrutura e escopo do sistema.
aos direcionadores de custos é saber
 Identificação e atribuição de
identificá-los e selecioná-los.
consumo de recursos às ativi-
dades de modo que seus custos
possam ser calculados. Nesta
etapa possibilita-se uma visão
dos custos indiretos e uma vi-
são da empresa como um todo.
 Seleção de direcionador de
custos para cada centro de ati-
vidade e estabelecimento de
sistema para coleta de dados
de volume dos direcionadores.

Ao escolher os direcionadores
de custos devem ser considerados os
seguintes tópicos:
 A variável deve ser quantificá-
vel e homogênea;
 Os dados relativos às variáveis
relacionadas devem ser passí-
veis de serem coletados de
forma efetiva quanto a custos e
associados às linhas de produ-
tos individuais;

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

3. Modelos de Gestão

Fonte: Consultoriaiso3

H á uma abordagem radical nas


empresas com área de efetivi-
dade econômica, produtividade, pla-
empresa competitiva na economia
global. Esta tendência é chamada de
revolução de qualidade e este século
nejamento e gerenciamento nos úl- é "século de qualidade".
timos anos da economia mundial. As O desafio da sobrevivência ali-
ferramentas básicas para fazer isso ado à competitividade e à agilidade
O objetivo é a qualidade. A quali- da tecnologia fez emergir novas téc-
dade é um requisito sustentado dos nicas gerenciais: a Reengenharia, o
clientes, mas é uma condição básica

3 Retirado em https://www.consultoriaiso.org/entenda-o-que-sao-objetivos-de-qualidade-e-como-alcanca-
los/

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Benchmarking, o TQM - Total Qua- modo a assegurarem sua sobrevi-


lity Management e o ABC - Custeio vência e o seu crescimento.
Baseado em Atividades. Implantar a gestão pela quali-
Essas novas técnicas gerenci- dade é um processo educacional,
ais buscam manter as organizações que extravasa as fronteiras das orga-
num cenário em constante mudan- nizações, em que o primeiro passo é
ça, desenvolvendo sistemas admi- desenvolver meios e métodos para
nistrativos eficientemente ágeis e conquistar e conservar o cliente.
suficientemente fortes para os pa- A Qualidade Total é alavanca-
drões estabelecidos pela nova for- da pelo Livre mercado e a competi-
mação econômica da sociedade. ção constituem em molas propulso-
A gestão pela qualidade se des- ras da busca da empresa pela prefe-
taca, entre os novos modelos geren- rência do consumidor. Nessa dispu-
ciais em função da necessidade de ta, cresce o arsenal de novas técnicas
buscar uma boa formação e gestão e ferramentas que aperfeiçoam os
dos recursos humanos, racionalizar métodos de gestão das organizações.
os métodos de produção e se desen- O empresário deve estar atento a es-
volver tecnologicamente. Machado sas inovações, especialmente aque-
(1994) afirma que a nova ideologia les que operam nos mercados mais
desenvolvimentista parte do pressu- competitivos.
posto de que produzir com melhor A concorrência obriga também
qualidade significa produzir com o empresário a ter dois parâmetros
maior produtividade, o que levaria a para analisar o desempenho de sua
menos desperdício e menos retraba- empresa: interno, medindo e avali-
lho, e, por fim, menos custo. ando os progressos obtidos na me-
Produzir bens e serviços com lhoria do atendimento; externo, pro-
qualidade é a nova regra do mercado curando comparar sua performance
nacional e internacional que, com a com as conquistas obtidas pela con-
formação de blocos econômicos, o corrência, ou seja, praticando o ben-
fim das reservas de mercado e das si- chmarking.
tuações oligopolísticas, a globaliza-
ção da economia e o surgimento rá- “Benchmarking” e Auto Avali-
pido e contínuo de novas tecnologias ação
se impõe como forma de mobilizar
as organizações para obtenção do O benchmarking e a auto ava-
grau máximo de competitividade, liação poderá ser uma das mais úteis
modernidade e de qualidade de tendências desenvolvidas nos últi-

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

mos 12 anos. Empresas no México, dade, como obtiveram estes resulta-


Austrália, América do Sul, Europa, dos, e qual o papel desempenhado
África, Sudeste da Ásia e mesmo no pelos líderes empresariais nesta pro-
Japão estão utilizando os critérios eza. Este tipo de benchmarking,
do Prêmio Nacional de Qualidade pessoal e organizacional, é uma das
Malcolm Balridge para avaliar a sua mais importantes tendências na ges-
performance. tão da qualidade.
Muitas outras empresas estão Com o "benchmarking", a em-
utilizando as normas de qualidade presa pode usar a experiência dos
ISO 9000 tanto para uma auto ava- que já identificaram e solucionaram
liação como para uma avaliação por problemas.
terceiros.
As empresas europeias estão Gestão Estratégica da Quali-
começando a utilizar os novos crité- dade
rios do Prêmio Europeu de Qualida-
de para medirem a sua performance Estas ideias são de fácil disser-
em relação a um conjunto rigoroso tação porem apresentam grande di-
de requisitos de qualidade. ficuldade de implementação. Nos úl-
Este tipo de avaliações fornece timos anos, tem havido uma ênfase
aos gestores uma boa base dos níveis crescente referente à gestão estraté-
atuais de performance de qualidade. gica da qualidade. Os seus elemen-
Quando os gestores se disponibili- tos fundamentais não são muito di-
zam a perceber estes critérios e o que fíceis de compreender. Na comemo-
é necessário para melhorar estes ní- ração do 30.º aniversário do Con-
veis, podem desenvolver planos de gress of the Asian Productivity Or-
ação para melhorar as suas empre- ganization, Hideo Sugiura, antigo
sas. Um primeiro passo muito im- presidente da Honda Motor Com-
portante para todo este processo pany, explicou o papel do gestor sê-
consiste em compreender o nível de nior e do planejamento da qualidade
performance da nossa própria orga- estratégico melhor do que ninguém,
nização, para posteriormente o com- descrevendo as quatro “obrigações
pararmos com outra organização. sagradas” da gestão:
Nos Estados Unidos pela pri- A primeira, diz respeito a uma
meira vez na história, os gestores es- clara visão do caminho a seguir pela
tão observando o que outras empre- empresa. Tal visão tem que ser cla-
sas alcançaram em termos de quali- ramente apresentada e comunicada

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

a todos os membros da organiza- para manter o controle financeiro


ção numa linguagem acessível a to- efetivo dos projetos (avaliação, esti-
dos; a segunda, prende-se com a de- mativa, organização, controle, análi-
finição clara de um pequeno número se, previsão e geração de relatórios).
de objetivos-chave que devem ser al- Não se pode cobrar mais por produ-
cançados se a empresa realmente se tos ou serviços que também são ofe-
empenhar a atingir essa visão; a ter- recidos pela concorrência, isto é, o
ceira, é a tradução destes objetivos- preço já está estipulado pelo mer-
chave por toda a organização de for- cado. O consumidor só pagará mais
ma a que cada pessoa saiba em que se um produto ou serviço adicionar
medida poderá executar a sua per- maior valor. Desta forma, o gerenci-
formance para que tais objetivos se- amento de processos visa maximizar
jam atingidos; a quarta, consiste nu- as atividades que agregam valor e
ma avaliação justa e honesta para eliminar as atividades realizadas em
que todos saibam de que forma é que uma empresa que não são percebi-
a sua performance contribuiu para o das pelo consumidor. Porém, para
esforço efetuado pela empresa para melhorar processos e maximizar o
atingir os objetivos propostos, lucro, torna-se necessário gerenciar
acompanhado por uma orientação custos, a fim de dispender recursos
que transmita as maneiras de se com investimentos que adicionam
melhorar individualmente a perfor- valor para o consumidor e trazem
mance. retorno para a empresa.
A gestão estratégica da quali- O gerenciamento de custos
dade não é um projeto que a organi- juntamente com o gerenciamento de
zação possa empreender, tal como é processos visa a melhoria de proces-
o “benchmarking”, o design de pro- sos e a minimização dos custos de
cesso ou até o enfoque no cliente. É produção. Ou seja, um processo pro-
a forma como fazem, independente- dução que se concentra em eliminar
mente do que é feito pela organiza- o desperdício - reduzir e controlar os
ção. custos de produção e produção, tudo
em um esforço para aumentar a efi-
Gerenciamento de Custos ciência, rentabilidade e, finalmente,
para Alcançar Metas Pré-Esta- valor para o cliente. O custo então,
belecidas é visto como uma meta a ser alcan-
çada pela empresa através de melho-
Gestão de custos é uma função rias contínuas.
que inclui os processos necessários

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Hronec (1994), enfatiza que o Análise de Valor do Processo


custo deva ser um alvo, ou seja, o
custo máximo de fabricação que per- As empresas utilizam para de-
mitirá um retorno esperado, possi- terminar se todas as suas despesas
bilitando, ao mesmo tempo, que a operacionais são necessárias e se
empresa conquiste participação em elas poderiam estar operando de
um nicho de mercado. A redução de forma mais eficiente. A análise do
custos aumenta a produtividade e valor do processo analisa o que o cli-
permite que a organização capture ente quer e depois pergunta se cada
mercados com melhor qualidade e aspecto das operações é necessário
menores preços. para alcançar esse resultado.
Assim, um programa de me- A finalidade da análise de va-
lhoria embasado em informações de lor do processo é identificar oportu-
custos contribuirá para o seu suces- nidades para melhorar o desempe-
so e o retorno de investimentos para nho de uma empresa de forma durá-
a empresa. Um sistema de custos de- vel sem sacrificar a satisfação do cli-
ve fornece informações sobre os cus- ente.
tos dos processos e atividades e sua Ajuda a descobrir situações
respectiva lucratividade. Esses da- como:
dos servirão de base para escolha de  Parte do trabalho realizado
processos críticos, análise das suges- pode ser redundante ou desne-
tões de melhorias, estabelecimento cessário;
de metas a serem alcançadas, aná-  Tempo e o custo necessários à
conclusão do trabalho são al-
lise de eficiência e eficácia do pro-
tos em relação ao seu valor
cesso, identificação de oportunida- para a empresa;
des de melhoria e feedback para as  Um processo é mais complexo
ações implementadas no progra- do que necessário;
ma.  Os recursos da empresa estão
Hronec (1994), afirma que a presos a atividades não lucra-
informação recebida por intermédio tivas.
dos elos do feedback permite à ad-
As principais oportunidades
ministração e às pessoas dos proces-
para a melhoria do processo vêm das
sos verem os resultados de suas
atividades que agregam tempo ou
ações e mudar continuamente, a fim
custo, sem agregar valor aos clien-
de atender às expectativas em muta-
tes. Através da análise de valor con-
ção dos interessados.

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

segue-se identificar tais atividades e recursos consumidos pelo processo


livrar a empresa delas, analisando, em cada atividade.
ou até mesmo eliminando as causas Estimativa do Valor Agregado:
básicas. Classifica-se cada atividade/seg-
Observando Osterga e Probst mento como atividade que agrega
(1992) os dados fundamentais da valor (AV) para o cliente ou ativida-
análise incluem: de que não agrega valor (NAV). Por
Tempo do Ciclo: É o tempo neces- meio desta análise consegue-se eli-
sário para a realização do processo, minar o trabalho que não agrega va-
onde as informações obtidas podem lor, aumentando- se a eficácia e a efi-
ser apresentadas em forma de gráfi- ciência do processo e consequente-
co, utilizando o desenho de uma bar- mente o produto ou serviço.
ra horizontal, dividida em vários Na era digital, os consumido-
segmentos representando as ativi- res podem ter acesso a qualquer pro-
dades que fazem parte do processo. duto que desejam e enviá-lo em tem-
O tamanho dos segmentos represen- po recorde, as empresas estão lu-
ta o tempo de duração de cada ativi- tando para encontrar uma vantagem
dade, ao passo que o tamanho total competitiva. As empresas são cons-
da barra representa a duração do tantemente desafiadas a encontrar
processo. uma forma de agregar valor para
 Identificar atividades de não justificar seus preços para um mer-
valor agregado em um fluxo de cado mais exigente. As empresas es-
trabalho de atividade. tão aprendendo que os consumido-
 Identificar as medidas atuais res estão menos focados no produto
de tempo para conclusão para e mais focados no que o produto fará
um fluxo de trabalho de ativi-
dade. por eles. Descobrir o que o cliente
 Para comparar as medidas realmente valoriza é fundamental
atuais a teóricas ou desejadas. para definir a forma como a empresa
produz, embala, comercializa e en-
Custo de cada Atividade: São es- trega seus produtos.
timados os recursos necessários pa-
ra a realização de cada atividade in-
tegrante do processo em estudo. Os
custos podem ser representados em
forma gráfica, através da adição de
um eixo vertical ao gráfico dos tem-
pos, representando o acumulado de

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

4. Retorno Sobre a Qualidade

Fonte: Máquina Financeira4

M uitas empresas encontram di-


ficuldade em medir retorno
financeiro dos custos com a melho-
dade de seus produtos, mas, o inves-
timento é bloqueado pelo medo de
não haver retorno rápido.
ria da qualidade. Eles mantêm essas Vem do senso comum, a asso-
despesas apenas enquanto a admi- ciação entre qualidade e alto custo o
nistração mantém sua fé na "religião qual diz que um produto de preço é
de qualidade". Quando os tempos se de baixa qualidade, e que produtos
tornam difíceis de forma financeira, de boa qualidade são os de preço
no entanto, os custos cortadores são mais elevado. A tese oposta, também
regidos, e os gastos que não geram é do senso comum, ou seja, o é que
retorno mensurável são vulneráveis. barato sai caro. Comprar da marca
Um obstáculo ao estabeleci- mais barato sempre acaba gerando
mento e consolidação de programas dor de cabeça. Alta qualidade não
de qualidade nas empresas é o pen- significa necessariamente alto custo.
samento de que a alta qualidade sig- Alta qualidade é a fórmula para re-
nifica necessariamente alto custo. O duzir custos!
empresário pretende elevar a quali-

4 Retirado em https://maquinafinanciera.com/

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Qualidade e Perda recursos, desperdiçando material,


depreciando seus equipamentos, jo-
Para Tagushi (1990) o preço gando fora o potencial de sua mão de
representa para o consumidor uma obra, subutilizando a informação
perda na hora da compra, e a baixa disponível. Tudo isso significa alta
qualidade representa uma perda perda. O empresário que contrata
adicional para ele durante a utiliza- profissionais medíocres por salários
ção do produto. O importante, no aviltantes e só compra equipamento
caso, é analisar a perda total. Por e peças de reposição da marca mais
isso, Tagushi ensina que a qualidade barato realmente gasta pouco, mas
de um produto é identificada como em compensação sempre tem preju-
aquelas suas características que re- ízos decorrentes de erros operacio-
duzem a perda total para o consumi- nais, quebras de equipamentos,
dor. E deixou claro o conceito de que atrasos e paradas de produção, re-
a qualidade não cai de repente quan- sultantes justamente da atividade
do, por exemplo, um maquinista ex- profissional medíocre e baixa confi-
cede uma tolerância rígida ao modelo. abilidade de seu equipamento.
Em vez disso, a "perda" em va- Novamente, vemos que um
lor aumenta progressivamente à baixo investimento em qualidade
medida que a variação aumenta com acarreta altas perdas devido à Má
a condição pretendida. Isso foi con- Qualidade, resultando uma perda fi-
siderado um avanço na descrição da nal insatisfatória.
qualidade e ajudou a alimentar o Se o consumidor compra desta
movimento de melhoria contínua empresa, terá alta perda e diminui-
que desde então se tornou conheci- rão seus recursos para investir em
do como fabricação enxuta. qualidade na próxima compra. Dei-
Ou seja, qualidade é a crítica xará de comprar a marca mais ba-
científica da Má Qualidade. O con- rato e comprará mais barato ainda,
sumidor, tendo comprado um pro- incorrendo em novas perdas Ou adi-
duto mais barato, porém de qualida- ará a nova compra. De qualquer for-
de inferior, terá maiores perdas com ma, a empresa também perderá. Es-
quebras e defeitos, e ainda que este se ciclo vicioso percorre várias vezes
esteja na garantia, as perdas continu- o sistema empresa-consumidor e o
arão, decorrentes da não-utilização. resultado é que também para a soci-
Numa empresa de qualidade edade a perda total é alta quando a
insatisfatória, o que ocorre é seme- qualidade é baixa.
lhante. A empresa aplica mal seus

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Uma empresa que trabalhe e o retorno do investimento em qua-


com alta qualidade, por outro lado, lidade virá através da redução da-
utiliza racionalmente seus recursos quela parcela dos custos operacio-
e suas perdas totais são baixas. O nais que decorrem da Má Qualidade.
empresário que contrata gente com- Para demonstrar sua validade prá-
petente não poderá pagar salários tica temos que estabelecer um modo
aviltantes e a compra de equipamen- de calcular mês a mês os custos ope-
tos de marca confiável irá lhe custar racionais da Má Qualidade bem co-
um pouco mais. Ocorre que a em- mo os custos operacionais da quali-
presa irá funcionar melhor, não lhe dade.
dará prejuízos, e seu ganho total será A função qualidade de uma
maior. Mesmo que seu produto não empresa pode ser definida como um
seja mais-barato, será economica- conjunto de atividades que abrange
mente melhor para o cliente utilizar todos os setores da empresa - de for-
esse produto pois seu custo total, de ma direta e indireta - com o objetivo
aquisição e de uso, é o mais baixo. de melhorar a qualidade do produto
Investindo em qualidade, o consu- final e manter consistente essa me-
midor terá menos perdas com Má lhoria. A função qualidade abrange
Qualidade, resultando num ganho toda a empresa, pois a qualidade é
total. Serão maiores seus recursos tarefa de cada um. Não pode ser con-
para fazer a próxima compra de qua- fundida com o departamento da
lidade. A empresa será lembrada e qualidade, que desenvolve meios e
ganhará de novo. O ciclo positivo técnicas de qualidade nos produtos e
percorre o sistema empresa-consu- serviços, e os coloca à disposição de
midor várias vezes, e a boa qualida- todos, para que o esforço da quali-
de resultará numa baixa perda total dade seja eficiente e produtivo.
para a sociedade, num ganho maior A função qualidade, enquanto
para todos. conjunto de atividades, custa di-
nheiro, ainda que tais custos fiquem
Retorno Sobre a Qualidade espalhados pelos vários departa-
mentos da empresa. Os custos totais
As perdas numa empresa sem- operacionais da qualidade, no en-
pre resultam em maiores custos ope- tanto, não representam apenas a so-
racionais, ou seja, a não-qualidade ma de dinheiro gasto pela função
tem um custo operacional preciso. qualidade. Não são apenas os ele-
Se a empresa investe na quali- mentos que têm ação positiva sobre
dade, irá reduzir seu nível de perdas a qualidade que geram custos. Tudo

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

o que é negativo e destruidor para a Os custos de falhas, tanto as


qualidade também gera custo, e na internas como as externas, devem,
maioria das vezes, custos maiores do por uma razão de justiça, ser defini-
que é gasto positivamente. Os custos dos como custos da Má Qualidade.
operacionais totais da qualidade po- Igualmente os custos de avaliação,
dem ser definidos como tudo o que é que decorrem da necessidade de se-
dispendido pela função qualidade so- parar o ruim do bom, também de-
mado aos custos resultantes do que vem ser definidos como custos da
ocorre quando departamento da qua- Má Qualidade. Embora tenham sido
lidade. gerados pelas atividades da função
qualidade, tais custos só passaram a
Custos Operacionais da Quali- existir em consequência de falhas te-
dade e da Má Qualidade rem ocorrido.
Falhas são um fenômeno alea-
Conforme foi comentado aci-
tório. Ninguém decide quando uma
ma, os custos da qualidade, divi-
falha vai se dar numa empresa.
dem-se em quatro grandes catego-
Se um determinado conjunto
rias (custos de falhas internas, cus-
de causas se acumula por um sem
tos de falhas externas, custos de pre-
número de motivos, uma falha sim-
venção e custos de avaliação). As-
plesmente ocorre e gera suas conse-
sim, os custos que aparecem quando
quências. Associados à ocorrência
a função qualidade falha podem ser
de falhas, os custos da Má Qualidade
divididos em custos de falhas inter-
são também aleatórios, não são dire-
nas e custos de falhas externas, de
tamente controláveis. A prevenção,
acordo com o situação do produto
por seu lado é uma atividade deci-
no instante da falha, se dentro da
dida por alguém, daí que seus custos
empresa ou após ter sido vendido
estão sempre sob algum tipo de con-
aos clientes. Os custos da função
trole. O que significa dizer que os
qualidade, por seu lado, podem ser
custos da qualidade são controlá-
divididos em custos de prevenção,
veis.
que englobam tudo o que é feito para
prevenir defeitos e custos de avalia-
Política da Qualidade e Redu-
ção, que reúnem os esforços despen-
ção de Custos
didos para remover do processo os
produtos defeituosos. A afirmação de que os custos
Apenas os custos de prevenção da Má Qualidade não são controlá-
podem ser literalmente identifica- veis não pode ser tomada ao pé da
dos como custos da qualidade.

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

letra. Se uma falha individual é um de uma empresa é a política de in-


fenômeno aleatório, o nível médio vestir em qualidade para obter re-
de falhas pode ser controlado de al- torno com a redução de custos da
guma forma. Para uma falha ocor- não-qualidade. Essa demonstração
rer, basta que determinado número terá que ser feita na linguagem do
de causas ocorra simultaneamente, dinheiro, a única forma de se obter
mas as causas das falhas dependem comunicação eficaz com a diretoria
elas próprias um certo número de ou com o empresário.
circunstâncias que determinam o ní-
vel médio de falhas. Tais circunstân- Redução de Custos Através da
cias não são nada misteriosas: tra- Qualidade
tam-se justamente da prevenção às
falhas. Os custos operacionais totais
Toda a atividade de prevenção associados à qualidade e à sua falta
visa justamente controlar o nível são bem maiores do que parecem ser
médio de falhas. A qualidade é a ne- à primeira vista. Na maioria das
gativa da Má Qualidade, conclu- companhias que não possuem a fun-
indo-se, assim, que os custos de pre- ção qualidade estruturada, os custos
venção são o principal fator de con- operacionais totais variam de 10% a
trole sobre os custos das falhas, ou é 40% do total das vendas, sendo em
através dos custos da qualidade que sua quase totalidade oriundos da Má
podem ser controlados os custos da Qualidade.
Má Qualidade. Tais custos, normalmente, são
Quem decide a política de qua- incorporados aos padrões de opera-
lidade de uma empresa é quem de- ção, não aparecem e ninguém fala
tém o poder de definir as estratégias deles, até por medo. Mas, em sua
da empresa e é quem aprova tam- maior parte, são evitáveis se ataca-
bém a política de custos: é a direto- dos de forma organizada e sistemáti-
ria ou o empresário. Se o profissio- ca. Aplicando no chão-de-fábrica a
nal da qualidade quiser conquistar ferramenta de redução que são as
investimentos na qualidade, terá contas de custos da qualidade e da
que saber calcular o retorno desses má qualidade, o profissional terá a
investimentos, para convencer oportunidade de afirmar na prática
quem detém o poder dessas deci- a tese: Investir em qualidade é tra-
sões. Não só isso. Terá que demons- balhar com custos controláveis para
trar que a melhor política de custos obter retorno com a redução dos

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

custos da não-qualidade, os quais maior margem de lucro. Porém,


normalmente estão fora de controle. sem a eliminação ou reutilização dos
Assim, a alta qualidade é o caminho recursos liberados através de pro-
para reduzir custos. gramas de melhoria, a empresa não
A diversas maneiras de geren- alcançará desenvolvimento finan-
ciar custos e determinar os graus de ceiro, mesmo que obtenha melho-
satisfação do cliente contempladas rias operacionais.
pela literatura, para medir a eficiên- Além disso, informações de
cia e avaliar o sistema produtivo, custo devem ter caráter estratégico e
sendo que todos são independentes não apenas contábil. A empresa que
entre si. estiver bem alicerçada em informa-
Porem cada autor entende que ções de custo, possui melhores chan-
seu método é o melhor caminho pa- ces de construir e implementar uma
ra o sucesso empresarial. Na reali- estratégia viável e enfrentar os per-
dade em muitas empresas a utiliza- calços dos ciclos econômicos.
ção de programas de qualidade total Para empresas que utilizam o
não caminham paralelo ao desenvol- enfoque estratégico de custos para
vimento econômico. São imprescin- determinados, informações que pos-
diveis medidas mais eficientes de sibilitam a identificação das causas
suporte às ações implementadas por dos custos são vitais no gerencia-
programas de melhoria. Estas, de- mento da produção de forma a al-
vem ser colocadas à disposição dos cançar metas que estabeleçam uma
gerentes a fim de apontar as causas vantagem competitiva.
de falhas e sucessos. A escolha de estratégias com-
A efetividade e qualidade de petitivas para diferentes produtos
produção pode ser medida a partir depende de informações de custo. Se
da capacidade agregadora de valor tais informações não forem a repre-
da empresa. Assim, o gerenciamento sentação da realidade, podem signi-
de custos deve buscar a otimização ficar perdas certas para a organiza-
dos recursos necessários para a pro- ção. É importante salientar que in-
dução, pois os mesmos resultados formações de custo devem fazer par-
podem ser alcançados com menor te do contexto de melhoria contínua
quantidade de recursos através da e suporte nas decisões estratégicas,
eliminação de perdas. A reutilização do contrário, resultarão em exces-
dos recursos liberados pode então sivo esforço e investimento, sem adi-
gerar maior produção ou a elimina- cionar o devido valor para a organi-
ção de tais recursos proporcionará zação.

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GESTÃO DE CUSTOS E CUSTOS DA QUALIDADE

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