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Fiscalidade Empresarial I

Capítulo I - O Direito Fiscal


Fiscalidade
 O termo Fiscalidade deriva do latim “fiscu” que significava o poder do Estado
em tributar o cidadão e recolher para os seus cofres as respetivas receitas
“tributos”.
A fiscalidade é uma expressão de maior amplitude e que engloba os
conceitos de Direito Fiscal, Técnica Fiscal e Política Fiscal.
O termo Fiscalidade distingue-se de Ciência Fiscal, na medida em que esta
tem uma visão mais abstrata e científica daquelas matérias, ao passo que o
termo fiscalidade indica um tratamento predominantemente concreto e
técnico e de efeito objetivo e imediato.
Direito Fiscal: É o conjunto de normas que regulam as relações que se estabelecem
entre o Estado e os outros entes públicos, por um lado e os cidadãos por outro, por
via do imposto. Essas normas regulam as várias fases do imposto: Incidência,
lançamento, liquidação e cobrança.
Técnica fiscal: É o modo (métodos e técnicas) como as normas estabelecidas pelo
Direito Fiscal são aplicadas.
Política Fiscal: Visa o estudo dos mecanismos fiscais a utilizar pelo governo para
atingir determinados objetivos.

O Estado
 É uma super estrutura económico – social com diversas funções ao serviço
do cidadão:
– Soberania, Defesa e Segurança
– Educação
– Saúde
– Organização social
Atividade financeira do Estado
As exigências de satisfação das necessidades económicas de carácter público.
-> Despesas Públicas
A obtenção de meios indispensáveis à respetiva cobertura impõem ao Estado.
-> Receitas Públicas
Necessidade de regras de organização e administração.
-> Organização Administrativa

O conjunto de normas que disciplinam a atividade financeira do Estado


denominam-se Direito financeiro e abrangem o direito das receitas, despesas e
administração.
Tipos de Direito das Receitas:
 Patrimonial
 Tributário (inclui o Direito fiscal)
 Crédito Público
Tipos de Direito das Despesas:
 Direito Orçamental

Necessidades sociais
 Evoluem com os tempos e interagem com as políticas do Estado. Por isso se
fala em:
Necessidades Passivas, aquelas que não dependem da procura e por isso não
pode ser exigido um preço explícito. São por inerência um custo social.
Ex: A Defesa Nacional
Necessidades Ativas, aquelas que são procuradas pelo cidadão, por exemplo
saúde e educação. Qual o preço a pagar?
Qual o papel do Estado Providência?
Receitas do Estado
São os recursos financeiros para fazer face ás despesas. Como tipos temos:
Receitas Patrimoniais – Venda de património (ações, edifícios, etc.)
Receitas Coativas – Impostos e taxas
Empréstimos

Evolução do estado
Estado Patrimonial – As receitas baseiam-se no seu património e muitas vezes
os próprios meios de produção.
Estado Fiscal – As receitas baseiam-se nos impostos cobrados ao cidadão.

Estado de Direito
 Toda a atividade social e económica é regida por normas jurídicas (leis).
O DIREITO é um conjunto de normas assistidas de proteção coativa.
O Direito abrange assim todas as vertentes da sociedade, regras de
convivência social, como direito civil, de regras económicas como o direito
comercial, Direito administrativo na organização do Estado etc.
Conclusão, em cada área de intervenção do homem existem regras
especificas dessa vertente.

Direito Fiscal
 Ramo do Direito que regula os impostos tendo por objeto as normas que
regulam o “Nascimento, o desenvolvimento e extinção das relações jurídicas
relacionadas com os impostos”.
Capítulo II – Teoria do Imposto

Tributo
 Prestação patrimonial, definitiva, sem carácter de sanção, estabelecida por
Lei, a favor do Estado ou de outro ente público tendo em vista a realização
dos fins públicos (educação, saúde, obras públicas, …)

Imposto
 Prestação coativa (imposta), pecuniária (em termos monetários), unilateral
(não recebemos nada em troca de forma imediata e direta), estabelecida
pela lei, a favor do Estado ou de outro ente público, sem carácter de sanção,
com vista à cobertura das despesas públicas e ainda tendo em atenção
objetivos de ordem económica e social.

Taxa
 Prestação coativa (imposta), pecuniária (em dinheiro), bilateral (recebemos
algo em troca de forma imediata, Ex: propinas), estabelecida pela lei, a favor
do Estado ou de outro ente público, sem carácter de sanção, com vista à
realização dos fins públicos e como retribuição dos serviços prestados
individualmente aos particulares no exercício de uma atividade pública, ou
como contrapartida da utilização de bens de domínio público ou de remoção
de um limite jurídico à atividade dos particulares. (existem taxas que
pagamos para obter autorização para levar a cabo uma determinada taxa,
Ex: ser caçador, é necessária uma licença; para se ter uma esplanada, é
necessária uma licença).
A TAXA (preço fixado autoritariamente, pelo Estado) destina-se a cobrar uma
parte do custo dos respetivos serviços públicos sendo a parte restante
coberta pelo imposto. Ex: As propinas não pagam a totalidade, os impostos
compensam/completam o restante.
Contribuição Especial
 Prestação patrimonial, definitiva, sem carácter de sanção, estabelecida por
Lei (coativa), a favor do Estado ou de outro ente público, em virtude de uma
vantagem particular e concreta que o contribuinte retira do funcionamento
de determinado serviço público ou da maior despesa que a sua atividade
provoca. Ex: Expo 98 (desenvolvimento da zona), o Estado lançou uma
contribuição às pessoas que tinham prédios naquela zona porque elas eram
beneficiadas com o desenvolvimento da zona.

Empréstimo Público Forçado


 É uma prestação coativa, não é unilateral porque paga juros e não é a título
definitivo porque é reembolsado.

Contribuições para a Segurança Social (Instituição do Estado que tem a missão


de defender o Estado Social (pessoas) na reforma, doença, etc…)
 Tributo parafiscal (para a entidade (neste caso, segurança social) e a
entidade é que gere essas contribuições), prende-se com as novas funções
do Estado moderno, são consignadas ás entidades Públicas que prosseguem
tais finalidades, são contribuições da parte patronal e da parte do
trabalhador, há quem defenda que são uma taxa e outros que é um seguro
social de direito público atendendo ao elemento aleatório da prestação a
receber, para a entidade patronal (empresas) é um imposto, porque não vão
obter nenhum benefício no futuro.
O Facto Gerador do Imposto ( Art. 36º, nº1 – LGT )
 Facto definido na lei que uma vez verificado faz nascer a obrigação
(exigibilidade) de imposto.
Elemento objetivo - incidência real:
 Material
 Capacidade contributiva
 Espacial – Determinação do território
 Temporal – Lapso de tempo (momento em que ocorreu)
 Quantitativo – Expressão quantitativa
Elemento subjetivo – incidência pessoal:
 Determinação do sujeito

Matéria coletável, taxas e coleta


Matéria coletável (base de aplicação das taxas/impostos) - Base tributável (BT)
Taxa (t) – “quantum” do imposto (%)
Coleta ( taxa * matéria coletável = imposto) – Aplicação da taxa á matéria coletável
I (imposto) = f(BT,t, α, β)
 α - Deduções
 β - Deduções à coleta permitem pagar menos imposto c/ base fiscal

Taxa nominal (taxa que está no código) e taxa efetiva (taxa real, com deduções,
isenções, etc…)
Fases do Imposto
Incidência
 Real (material) – O que está sujeito a imposto (atos, ...).
 Pessoal (subjetiva) – Quem está sujeito a imposto.
Lançamento
 Conjunto das operações administrativas conducentes à identificação do
sujeito passivo de imposto e à determinação da matéria coletável.
Liquidação
 Sentido Restrito – Aplicação da Taxa à Matéria Coletável, para determinação
da Coleta.
 Sentido Lato – inclui operações administrativas de lançamento e liquidação
em sentido restrito.
Cobrança
 Operação administrativa que visa a entrada do imposto nos cofres do
Estado. É efetuada pelos Serviços dependentes da Direção Geral do Tesouro.
Pagamento Voluntário – dentro dos prazos previstos;
Pagamento Coercivo – Após o terminus do prazo de pagamento, começam a
vencer-se Juros de Mora, e é extraída pelos serviços a Certidão de Dívida, que serve
de base à instauração do processo de execução fiscal a promover pelo chefe da
repartição de finanças.

Classificação dos Impostos


Quanto ao sujeito ativo:
 Estaduais (têm como sujeito ativo o Estado)
 Não estaduais (são aqueles cujo sujeito ativo é uma entidade distinta do
estado)
Nota: Acontece frequentemente que a receita de um imposto estatual seja cedida
pelo Estado a outra entidade pública, essa cedência não altera a natureza.
Quanto ao âmbito de aplicação territorial:
 Nacionais
 Continentais
 Local
Quanto ao índice da capacidade económica:
 Diretos (recaem sobre os rendimentos e o património)
 Indiretos (recaem sobre o consumo e a despesa)
Quanto ao carácter patrimonial ou pessoal do imposto: (impostos indiretos)
 Reais (são aqueles que não levam em consideração as condições do
contribuinte, indicando igualmente a todas as pessoas)
 Pessoais (são aqueles que estabelecem diferenças tributárias em função das
condições próprias do contribuinte)
Quanto à natureza permanente ou acidental dos factos:
 Periódicos (tributam situações ou atividades que duram no tempo, dando
origem a sucessivas obrigações tributárias)
 Obrigação única (recaem sobre factos isolados, sem carácter de
continuidade)
Quanto à natureza das taxas:
 Prestação fixa
 Prestação variável Proporcional (são aqueles em que o montante de imposto
a pagar cresce na mesma razão que a matéria coletável)
 Prestação variável Progressiva (são aqueles em que a coleta de imposto
cresce mais do que proporcionalmente em relação à matéria coletável)
 Prestação variável Regressiva (são aqueles em que a coleta de imposto
cresce menos do que proporcionalmente em relação à matéria coletável)
Quanto à autonomia:
 Principais
 Acessórios (não são autónomos, acrescem aos impostos principais de que
dependem) Ex: IRC (imposto principal) + Derrama (imposto acessório)
Quanto à periodicidade:
 Ordinários
 Extraordinários
Quanto às formas de exteriorização da riqueza:
 Sobre o rendimento
 Sobre o património
 Sobre a despesa

Impostos Reais e Pessoais


Impostos Reais – atendem exclusivamente à matéria coletável, alheando-se da
situação económica e familiar do contribuinte. Exemplo: IMI
Impostos Pessoais – a pessoa do contribuinte é decisiva para a determinação do
imposto. Considera o somatório dos rendimentos, sujeitando a taxas mais elevadas
à medida que a matéria coletável vai aumentando. Exemplo: IRS

Impostos Estatuais, Locais e Parafiscais


Impostos Estaduais – aqueles em que a entidade credora é o Estado. Abrangem
todo o território nacional e regiões autónomas.
Impostos Locais – aqueles em que a entidade credora é uma autarquia local –
Câmara Municipal ou Junta de Freguesia. Abrangem os factos tributários ocorridos
dentro da área da respetiva jurisdição administrativa.
 Impostos Municipais – a favor do município
 Impostos Paroquiais – a favor da freguesia
Derrama – Lei das Finanças Locais ( Artigo 14º)
Nº1 – “Os municípios podem deliberar lançar anualmente uma derrama, até ao limite máximo
de 1,5% sobre o lucro tributável sujeito e não isento de imposto sobre o rendimento das pessoas
coletivas (IRC) que corresponda à proporção do rendimento gerado na sua área geográfica por
sujeitos passivos residentes em território português que exerçam, a título principal, uma
atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e não residentes com estabelecimento
estável nesse território.”
Impostos Parafiscais – as entidades credoras são pessoas de direito público e não
órgãos do Estado ou Autarquias. Exemplo: Seg. Social

Impostos Periódicos e Impostos de Obrigação Única


Impostos Periódicos – atingem situações que se prolongam indefinidamente,
dando lugar à renovação das obrigações tributárias, com o decurso de um
determinado período de tempo (p.e. 1 ano) – IRS e IRC.
Impostos de Obrigação Única – incidem sobre atos ou factos que não apresentam
carácter de periodicidade. Mesmo que exista repetição das situações, estas são
consideradas per si, no momento em que se verificam.

Impostos Ordinários e Extraordinários


Impostos Ordinários – o direito a imposto, por parte do Estado, verifica-se por
tempo ilimitado, isto é, enquanto se verificarem as condições de sujeição a imposto
previstas na Lei.
Impostos Extraordinários – são lançados para ocorrer às despesas extraordinárias
que as leis orçamentais enumeram:
 Fomento económico; Circunstâncias
 Defesa de ordem pública; excepcionais
p.e.: Derramas Municipais

Impostos Proporcionais, Progressivos e Regressivos


Impostos Proporcionais – os que apresentam uma taxa fixa. O imposto está em
proporcionalidade direta com a matéria coletável.
Impostos Progressivos – o imposto é mais do que proporcional face à matéria
coletável.
Impostos Regressivos – são aqueles que diminuem à medida que a matéria
coletável aumenta.
Impostos Parcelares e Impostos Globais
Impostos Parcelares – recaem sobre rendimentos provindos de uma única fonte
de rendimentos. Exemplo: Contribuição industrial.
Impostos Globais – incidem sobre o somatório dos rendimentos, provenientes de
diversas fontes. Exemplo: IRS e IRC.

Impostos (Classificação feita com base na fonte de rendimento)


IMPOSTOS SOBRE O RENDIMENTO:
 Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas – IRC
 Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares - IRS
IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÓNIO:
 Imposto Municipal sobre Imóveis – IMI (Imposto sobre o património
possuído)
 Imposto Municipal sobre Transmissões – IMT
(Impostos sobre o
 Imposto Selo - sobre as transmissões, a título
património transmitido)
gratuito, de bens móveis e imóveis
IMPOSTOS SOBRE O CONSUMO:
 Imposto sobre o Valor Acrescentado
 Imposto sobre os Produtos Petrolíferos
 Imposto de Consumo sobre o Tabaco
 Imposto Automóvel
IMPOSTOS ESPECIAIS:
 Imposto Selo
 Imposto Municipal sobre Veículos
 Impostos Rodoviários
Capítulo III – Sistema Fiscal
Sistema Fiscal
-> “Conjunto de impostos existentes num certo espaço, referindo-se sobretudo à
legislação existente, com vista à prossecução de certos fins” (NOÇÃO BÁSICA)
Sistema Fiscal é o conjunto dos vários impostos que existem e remete-nos para a
legislação fiscal existente. Tal como é citado no art. 103º da Constituição da
República, “o sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado
e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza”.

Caraterísticas de um sistema fiscal


 Coerência (tributar de forma harmoniosa)
 Interação (com o meio envolvente)
 Complexidade (não podem ser complexos)
 Subordinação a objetivos (haver objetivos para cobrar impostos)
 Quatro domínios, normativo (constituído pela legislação que regula as
matérias relacionadas com o imposto), económico (relação entre o sistema
fiscal e o sistema económico), organizacional (constituído pelos serviços
centrais ou periféricos encarregados por administrar os impostos),
psicossociológico (aceitação do sistema fiscal pelos sujeitos passivos sobre
que incide)

Princípios de tributação
 Equidade (exige que os impostos sejam estabelecidos de uma forma justa)
 Eficiência económica (um imposto pode influenciar a eficiência económica,
nomeadamente quanto a oferta e a procura, o imposto é algo que pode
mudar o preço de bens, atividades, etc e resultar ineficiência económica,
assim deve-se assegurar que os impostos distorçam o menos possível)
 Simplicidade (elemento fundamental para a relação entre o fisco e os
contribuintes
 Subordinação a objetivos
Classificação dos sistemas fiscais:
 Critérios sócio-politicos
 Critérios socioeconómicos (nota-se entre países industrializados e países em
desenvolvimento)
o Nível de fiscalidade
o Estrutura fiscal
o Complexidade técnica do sistema
o Taxa de tributação Implícita
o Eficácia Fiscal

Taxonomia Fiscal
Classificação, segundo a OCDE
 1000 Impostos sobre os rendimentos, os lucros e as mais valias
 2000 Contribuições para a Segurança Social
 3000 Impostos sobre salários e mão de obra
 4000 Impostos sobre o património
 5000 Impostos sobre bens e serviços
 6000 Outros impostos

Fontes de Direito Fiscal (fontes de direito tem diversos sentidos, no sentido


técnico-jurídico ou dogmático que nos designa o modo de formação e revelação
das regras jurídicas)
 Constituição da República

 Incidência
 Lei  Taxa
 Benefícios Fiscais
 Garantias dos contribuintes
 Regulamentos
 Tratados Internacionais

Modalidades
 Constituição da República
 Direito comunitário (Diretivas Europeias)
 Tratados internacionais (Convenções e Acordos)
 Lei e Decreto-lei
 Decreto Legislativo Regional
 Regulamento (Portarias e Decretos Reg.)

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Princípio da Legalidade dos Impostos
-> Artigo 103º CRP- Sistema fiscal
“1. O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras
entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza. (...)
2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios
fiscais e as garantias do contribuinte
3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos
termos da Constituição, que tenham natureza retroativa ou cuja liquidação e
cobrança se não façam nos termos da lei.”
-> Artigo 165º nº1 i) CRP
“1. É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as
seguintes matérias, salvo autorização ao Governo:
(…)
i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais
contribuições financeiras a favor das entidades públicas;”
3 aspetos do princípio da legalidade:
 Preeminência da lei – Fonte de legitimidade (só a lei é fundamento para
validar atos praticados pela administração fiscal) (103)
 Princípio da Reserva da Lei – lei formal da AR (só a lei da Assembleia da
república é que pode criar impostos, determinar taxas, benefícios fiscais, etc)
(165)
 Princípio da Tipicidade – (só se podem cobrar impostos que estejam
previstos na lei)

Princípio da Igualdade Tributária


-> Artigo 13.º CRP- Princípio da igualdade
“1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer
direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua,
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução,
situação económica, condição social ou orientação sexual.”
Aspetos do princípio da igualdade:
 Princípio da Generalidade e uniformidade (a repartição dos impostos pelos
cidadãos deve ter o mesmo critério para todas as pessoas)
 Princípio da Capacidade Contributiva (todos devem pagar impostos
dependendo da sua capacidade de pagar esse imposto)
Artigo 67.º, n.º 2 f) CRP
“2.Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família: (....)
f)Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos
familiares;”
Artigo 104.º nº1 CRP
“1.O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das
desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e
os rendimentos do agregado familiar.”
Princípio da não retroatividade da lei fiscal (não pode ter efeito sobre factos
passados, ou seja, não modifica o que já foi feito. Visa a segurança jurídica do
cidadão)
-> Artigo 103º nº3 CRP
“3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos
termos da Constituição, que tenham natureza retroativa ou cuja liquidação e
cobrança se não façam nos termos da lei.”

Direito comunitário
Diretivas sobre:
 Fiscalidade Direta
 Fiscalidade Indireta
o IVA
o IEC impostos especiais sobre o consumo

Tratados internacionais (Convenções e Acordos)


Tratados internacionais
 Visão eliminar a dupla tributação e fraude fiscal internacional
Tipos
o Convenções
o Acordos
(Hierarquicamente superiores ás normas de Direito interno)

Legislação interna
Lei e Decreto-lei
 Sentido formal e material
Decreto Legislativo Regional
 Aplicável ás regiões autónomas
Regulamento
 Visão regulamentar a aplicação das leis
 Portarias e Decretos Regulamentares
 Outro direito circulatório (despachos, ofícios etc.)

A Codificação Fiscal
Conceito – É UMA FORMA DE AGREGAR A LEGISLAÇÃO FISCAL
Os códigos fiscais são diversos
 CIRC
 CIRS
 CIVA
 CIMT
 CIM
 CIS

Interpretação da lei fiscal


A interpretação das leis em geral:
Aquando da aplicação consiste em determinar o exato sentido e alcance de
modo a que se revele a regra nela contida e no caso de dúvidas entender o
verdadeiro espírito do legislador.
Diz o art. 9º do Código Civil “A interpretação não deve cingir-se à letra da lei
mas reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo tendo em conta a
unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei foi elaborada e as
condições específicas do tempo em que é aplicada”.
• Sentido Restrito – verdadeiro alcance da lei
• Sentido Lato – Restrito e espírito da lei
Deve-se aplicar ás leis fiscais os princípios gerais de interpretação das normas
de direito comum. Estão ultrapassadas:
 “in dubio pro fisco” (As leis fiscais deviam ser interpretadas no sentido
mais favorável ao fisco)
 “in dubio contra fiscum” (Nos casos duvidosos optar pela posição mais
favorável ao contribuinte, as normas fiscais tinham um carater
“odioso”)
 Tese da insusceptibilidade da interpretação extensiva

Órgão
 Autêntica: Órgão Legislativo
 Doutrinal: Tribunais ou Administração Pública
Elementos
 Literal: Atenta no texto
 Lógica: Espírito da lei
Extensão
 Declarativa: Letra(elemento gramatical) = Mente(racional)
 Restritiva: Letra > Mente
 Extensiva: Letra < Mente
Posição adotada em Portugal na Lei Geral Tributária
A Lei Geral Tributária determina no seu art.11º nº1 o seguinte:
“Na determinação do sentido das normas fiscais e na qualificação dos factos
a que as mesmas se aplicam são observadas as regras e princípios gerais de
interpretação e aplicação das leis”.
E ainda o nº3:
“Persistindo a dúvida sobre o sentido das normas de incidência a aplicar,
deve atender-se à substância económica dos factos tributários”

Significado dos termos próprios de outros ramos de direito


A atividade de interpretação busca o sentido dos termos ou conceitos utilizados na
lei. Importa saber se o seu significado na fiscalidade é o mesmo do outro ramo de
que é oriundo.
A LGT no nº2 do art. 11º determina:
“Sempre que, nas normas fiscais, se empreguem termos próprios de outros
ramos de direito, devem os mesmos ser interpretados no mesmo sentido
daquele que aí têm, salvo se outro decorrer diretamente da lei”.
Exemplos, transmissão de bens, sociedade comercial, pessoa coletiva, exportação,
sujeito passivo casado etc.

Aplicação da Lei Fiscal no tempo


A Obrigação Tributária nasce com a verificação do pressuposto previsto na lei para
a sujeição ao imposto. A exigibilidade da prestação pode aparecer só mais tarde,
com a liquidação.
Teoria da Irretroatividade – se a nova lei altera os elementos essenciais do imposto
não se aplica, desde que, a obrigação tenha sido constituída antes.
Aplicação da nova lei ao processo administrativo – desde que os elementos
essenciais do imposto na sejam alterados (lugar de pagamento).
Início de vigência
 São válidos os princípios gerais de direito. A lei entra em vigor no dia nela
fixado ou na falta de fixação, no continente no quinto dia seguinte á
publicação e na Madeira e Açores no décimo dia seguinte.
Termo de vigência
 A cessação também segue a regra geral art. 7º do Cod.Civil.Pode ser :
 Por caducidade (termina o prazo nela fixado)
 Por revogação (tácita ou expressa)
 Existe ainda o conceito de suspensão da lei (interrupção da sua
aplicação)
 O problema da não retroatividade da lei fiscal
 A lei só vale para o futuro conforme nº1 do art. 12º
 O art. 12ºnº1 da LGT determina “As normas tributárias aplicam-se aos
factos posteriores à sua entrada em vigor, não podendo ser criados
quaisquer impostos retroativos”.

Integração da Lei Fiscal


Preenchimento das lacunas ou casos omissos na lei.
Direito Privado – Art. 10º Código Civil – Integração das lacunas da lei
1. Os casos que a lei não preveja são regulados segundo a norma aplicável aos casos
análogos.
2. Há analogia sempre que no caso omisso procedam as razões justificativas da
regulamentação do caso previsto na lei.
3. Na falta de caso análogo, a situação é resolvida segundo a norma que o próprio
intérprete criaria, se houvesse de legislar dentro do espírito do sistema.
A Analogia não se pode aplicar no direito fiscal quando estão em causa elementos
essenciais possam vir a afetar os direitos do contribuinte:
 Incidência
 Taxas
 Benefícios Fiscais
 Garantias dos Contribuintes
Elementos não essenciais – uso de analogia

Princípio da Territorialidade
A lei fiscal de um Estado apenas abrange os factos e situações que ocorram no
território desse Estado e os rendimentos que nele tenham sido obtidos.
CIRC – Art. 4º - Extensão da Obrigação do Imposto
1 -Relativamente às pessoas coletivas e outras entidades com sede ou
direção efetiva em território português, o IRC incide sobre a totalidade dos
seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.
2 -As pessoas coletivas e outras entidades que não tenham sede nem direção
efetiva em território português ficam sujeitas a IRC apenas quanto aos
rendimentos nele obtidos.
Implicações
Em sentido negativo
 As leis fiscais estrangeiras não se aplicam
Em sentido positivo
 As leis tributárias internas aplicam-se a todo o território nacional quer a
entidades nacionais quer estrangeiras.
Elementos de conexão
 Carácter pessoal (nacionalidade ou residência) com grande relevância nos
impostos sobre o rendimento
 Carácter real (origem ou fonte do rendimento) com grande relevância nos
impostos sobre a despesas e património
 A dupla tributação internacional em consequência

A dupla tributação internacional


A Dupla tributação é a suscetibilidade de determinado facto gerador estar sujeito
a imposto em dois espaços fiscais distintos, uma vez que está conexo com mais do
que um país.
Existe assim o problema:
 Estado de residência e
 Estado fonte
Medidas para evitar a dupla tributação
Medidas unilaterais
 Cada Estado toma as medidas que entender no âmbito da sua soberania
 Exemplo “EBF art. 37nº1 isenta de IRS pessoas deslocadas no estrangeiro”
ou ainda o art. 46º IRC.
Medidas bilaterais
 Resultam de tratados bilaterais ou multilaterais respetivamente de dois ou
mais estados
 Exemplo as convenções para evitar a dupla tributação
LEI GERAL TRIBUTÁRIA
Transpõe da Constituição os princípios enformadores e define as regras da relação
jurídica, do procedimento e do processo tributário dos pontos de vista mais
relevantes...
Enquadramento de todos os princípios fundamentais da ordem tributária;
Regula a relação jurídica tributária (relação entre a Administração tributária e os
contribuintes) desde o nascimento até à extinção do imposto;
Regula o procedimento e o processo tributário, competência, legitimidade,
avaliação direta, reclamações, impugnações.

Relação Jurídica Tributária:


É uma relação que se estabelece entre o sujeito credor e os vários sujeitos da
relação em virtude dos diversos direitos, obrigações e responsabilidades que dela
advêm e suscetível de ser imposta coativamente, por força da lei.
A relação jurídica tributária constitui-se pela verificação dos pressupostos previstos
na lei, ou seja, pela prática de determinados factos previstos nas leis tributárias
(artº 36º LGT).
O chamado pressuposto do facto tributário desencadeia o nascimento da relação
jurídica tributária.
A relação jurídica extingue-se pelo pagamento da prestação tributária (artº 40º a
44º LGT), pela caducidade do direito de liquidação (artº 45º a 47º LGT) ou pela
prescrição da prestação tributária (artº 48º e 49º LGT).
Personalidade tributária
A personalidade tributária consiste na suscetibilidade de ser sujeito de relações
jurídicas tributárias.
À personalidade tributária aplica-se, em princípio, a teoria geral da personalidade
jurídica, com exceção do que não for contrariado pela lei fiscal.
O princípio: quem tem personalidade jurídica tem personalidade jurídica
tributária.
O IRC manda tributar mesmo a pessoas desprovidas de personalidade jurídica (artº
2º CIRC).
A personalidade jurídica tributária das pessoas singulares adquire-se no momento
do nascimento completo e com vida (artº 66º CC).
A personalidade jurídica tributária das pessoas coletivas depende da natureza
jurídica das diversas pessoas coletivas.
Por exemplo as sociedades comerciais adquire-se com o registo comercial, as
Associações e Fundações com a Publicação dos Estatutos.

Capacidade Jurídica Tributária (art. 16º LGT)


Capacidade é aptidão para praticar atos que produzam consequências jurídicas
substanciais ou formais na relação jurídica tributária.
Salvo disposição legal em contrário, tem capacidade tributária quem tiver
personalidade tributária. Excetua-se desse disposto a incapacidade dos menores,
interditos e inabilitados (artº 16º nº 3 LGT) e das entidades sem personalidade
jurídica (exercidas pelos seus representantes nos termos legais
Daqui decorre o conceito de representação que pode ser legal (decorre da lei p.
ex. menores) ou voluntária (decorre da vontade do sujeito passivo p.ex. gestor de
negócios)
Órgãos da Administração Tributária
Têm competência para administrar os impostos nos termos do artº 1 da LGT
Autoridade Tributária e Aduaneira ATA;
É dirigida por um Diretor-geral (órgão máximo), coadjuvado diretamente por
subdiretores-gerais que formam o Conselho de Administração Fiscal que
aconselham o Diretor-geral.
Compreende os Serviços Centrais de gestão e de apoio (IR, IVA…), Serviços
Regionais a nível dos distritos e serviços locais a nível dos municípios.
Demais entidades públicas legalmente incumbidas da liquidação e cobrança dos
tributos;
O Ministro das Finanças ou outro membro do Governo competente (quem tiver
poderes delegados integram também a Administração tributárias) quando exerçam
competências administrativas no domínio tributário;
Elementos da relação jurídico-tributária:
 Sujeitos (Art. 18º - LGT)
 O sujeito ativo da relação tributária é a entidade de direito público titular
do direito de exigir o cumprimento das obrigações tributárias, quer
diretamente quer através de representante. (entidade que pode obrigar
o cumprimento, Estado e outros entes públicos)
 O sujeito passivo é a pessoa singular ou coletiva, o património ou a
organização de facto ou de direito que, nos termos da lei, está vinculado
ao cumprimento da prestação tributária, seja como contribuinte direto,
substituto ou responsável.
 Objeto (o que determina a relação jurídico-tributária)
 Facto Jurídico (o que originou essa relação)
 Garantia - conjunto de meios ao dispor do credor para fazer o seu direito no
caso de o devedor não cumprir voluntariamente a obrigação a que está
vinculado.
Sujeito Ativo
 Direito e dever de exigir o cumprimento estrito da lei;
 Dever de fundamentação dos atos tributários que afetem legítimos
interesses e expectativas dos sujeitos passivos (artº 77º LGT);
 Dever de informar (artº 67º LGT);
 Dever de praticar o direito de participação (artº 60º LGT);
 Dever de reembolsar as importâncias pagas indevidas ou em excesso;
 Dever de exigir juros compensatórios e de mora;
 Dever de pagar juros indemnizatórios.
Sujeito Passivo
 O art. 18º da LGT determina o que é sujeito passivo
 O contribuinte direto á a entidade que sofre o desfalque patrimonial
 O substituto á uma terceira entidade a quem a lei impõe a entrega de
imposto após o deduzir a outrem
 O responsável é a entidade que por inerência real ou de direito pode ser
chamada a responder pela obrigação fiscal.
Substituição Tributária (Art. 20º LGT):
“1 – A substituição tributária verifica-se quando, por imposição da lei, a prestação
tributária for exigida a pessoa diferente do contribuinte.
2 – A substituição tributária é efetivada através do mecanismo da retenção na fonte
do imposto devido.”
Intervenientes da substituição tributária:
 Estado
 Substituído (sujeito passivo, é o verdadeiro contribuinte)
 Substituto (aquele a quem a lei obriga a fazer o pagamento do imposto em
nome do trabalhador, substitui os sujeito passivos por imposição da lei)

Responsabilidade em caso de substituição tributária (Art. 28º LGT):


“1 – Em caso de substituição tributária, a entidade obrigada à retenção é
responsável pelas importâncias retidas e não entregues nos cofres do Estado,
ficando o substituído desonerado de qualquer responsabilidade no seu pagamento,
sem prejuízo do disposto nos números seguintes.
2 – Quando a retenção for efetuada meramente a título de pagamento por conta
do imposto devido a final, cabe ao substituído a responsabilidade originária pelo
imposto não retido e ao substituto a responsabilidade subsidiária, ficando este
ainda sujeito aos juros compensatórios devidos desde o termo do prazo de entrega
até ao termo do prazo para apresentação da declaração pelo responsável originário
ou até à data da entrega do imposto retido, se anterior.
3 – Nos restantes casos, o substituído é apenas subsidiariamente responsável pelo
pagamento da diferença entre as importâncias que deveriam ter sido deduzidas e
as que efetivamente o foram.”
Responsabilidade Tributária
A responsabilidade tributária é a obrigação legal, assumida pelo sujeito passivo da
relação jurídico-tributária, não diretamente beneficiado pelo ato praticado,
perante o fisco, de pagar o tributo ou a penalidade pecuniária.
Tipologias de Responsabilidade Tributária
Originária ou de 1º grau: (ex:IVA)
 Responsabilidade direta pelo imposto, que só termina com a inexistência de
bens ou não localização do paradeiro (artº 22º nº 1 e 2 LGT).
Subsidiária ou de 2º grau: (imputar a outros essa responsabilidade)
 Só se efetiva por reversão do processo em execução fiscal (artº 23º nº 1 LGT);
Solidária:
 Responsabilidade conjunta, quer no âmbito da responsabilidade originária
(agregado familiar como contribuinte), quer subsidiária (membros dos
corpos sociais das pessoas coletivas).

Artigo 24.º - Responsabilidade dos membros de corpos sociais e responsáveis


técnicos
“1 - Os Administradores, diretores e gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda
que somente de facto, funções de administração ou gestão em pessoas coletivas e
entes fiscalmente equiparados são subsidiariamente responsáveis em relação a
estas e solidariamente entre si.
2 – Os membros de órgãos de fiscalização e revisores oficiais de contas nas pessoas
coletivas em que os houver, desde que se demonstre que a violação dos deveres
tributários destas resultou do incumprimento das suas funções de fiscalização.
3 - Os Técnicos Oficiais de Contas desde que se demonstre a violação dos deveres
de assunção de responsabilidade pela regularização técnica nas áreas contabilística
e fiscal ou de assinatura de declarações fiscais, demonstrações financeiras e seus
anexos.”
Objeto da Relação Jurídico – Tributária ( Art. 30º LGT)
Artigo 30.º - Objeto da relação jurídica tributária
“a) O crédito e a dívida tributários;
b) O direito a prestações acessórias de qualquer natureza e o correspondente dever
ou sujeição;
c) O direito à dedução, reembolso ou restituição do imposto;
d) O direito a juros compensatórios; (pela não liquidação)
e) O direito a juros indemnizatórios. (o estado não reembolsou ano tempo
previsto)”
O objeto é aquilo a que tem direito o sujeito ativo da relação jurídica.
O objeto imediato é constituído pela própria prestação em si mesmo considerada,
pelo comportamento positivo (ação) ou negativo (abstenção) a que está adstrito o
devedor.
O objeto mediato é constituído por aquilo sobre que versa a prestação. Sendo a
relação jurídico-fiscal uma relação complexa, são múltiplos os respetivos objetos.
(acessório, anda à volta do objeto imediato)
Obrigação fiscal, deriva da própria noção de imposto que este se traduz numa
prestação pecuniária, pelo que o objeto daquela obrigação é esta prestação.
O objeto, em termos doutrinais, é todo o facto da vida real que tem consequências
jurídicas, interessando aqui aquele que desencadeia relações jurídicas novas e que
se costuma designar por facto jurídico constitutivo.
Obrigações dos Sujeitos Passivos
1 - Obrigação Principal - efetuar o pagamento da dívida tributária.
2 - Obrigações Acessórias - as que visam possibilitar o apuramento da obrigação de
imposto:
 Apresentação de declarações;
 Exibição de documentos fiscalmente relevantes: incluindo a contabilidade ou
escrita, e a prestação de informações.
Facto tributário art. 36 LGT- Conceito e Elementos
É todo o facto da vida real, material, suscetível de ter relevância jurídico – tributária
por estar previsto na norma de incidência.
“1 - A relação jurídica tributária constitui-se com o facto tributário.
2 - Os elementos essenciais da relação jurídica tributária não podem ser alterados
por vontade das partes.
3 - A administração tributária não pode conceder moratórias no pagamento das
obrigações tributárias, salvo nos casos expressamente previstos na lei.
4 - A qualificação do negócio jurídico efetuada pelas partes, mesmo em documento
autêntico, não vincula a administração tributária.”

Elementos objetivos:
 Qualitativo ou material: Tem a ver com a qualidade do facto (ex: ordenado
auferido, imóvel alienado, mais valia realizada…).
 Temporal: Tem a ver com o momento da realização do facto, com a
constituição da relação jurídica, sendo relevante para a caducidade e
prescrição e para a aplicação da lei no tempo
 Espacial: Tem a ver com o local onde o facto foi praticado (princípio
territorial) – ex: Funchal.
 Quantitativo: Ex: ordenados mensais de 1000 €.
Elementos subjetivos:
 Pessoa singular ou pessoa coletiva.
Extinção da Obrigação Tributária
Pagamento e outras formas extinção da prestação tributária
As prestações tributárias são pagas:
 moeda corrente
 cheque
 débito em conta
 transferência conta a conta e vale postal
 por outros meios utilizados pelos serviços dos correios ou pelas instituições
de crédito que a lei expressamente autorize.
Os contribuintes ou terceiros que efetuem o pagamento devem indicar os tributos
e períodos de tributação a que se referem. Se o montante a pagar ser inferior ao
devido, o pagamento é sucessivamente imputado pela seguinte ordem a:
a) Juros moratórios;
b) Outros encargos legais;
c) Dívida tributária, incluindo juros compensatórios;
d) Coimas.
Pagamento Voluntário – até 30 dias – obedece ás regras da proibição de moratória;
Pagamento voluntário fora do prazo (havendo lugar a juros de mora);
Pagamento Coercivo – incumprimento total ou parcial
Abertura do
Dação em Pagamento(Art.40º nº2 LGT) Processo de
Compensação de Dívidas Execução Fiscal
Caducidade (Art 45)(caso o sujeito passivo não declare o seu dever, só estará
obrigado a pagar se for notificado num período de 4 anos)
Prescrição (Art.48 nº 1 LGT)
Falta de pagamento da prestação tributária
São devidos juros de mora quando o sujeito passivo não pague o imposto devido
no prazo legal. O prazo máximo de contagem dos juros de mora é de três anos,
salvo nos casos em que a dívida tributária seja paga em prestações, caso em que
os juros de mora são contados até ao termo do prazo do respetivo pagamento, sem
exceder cinco anos.

Garantias de Cumprimento da Obrigação Fiscal


Ligado ao direito de crédito que a lei de imposto atribui ao sujeito ativo, existe um
conjunto de garantias destinadas a assegurar o cumprimento desse direito.
Corresponde assim aos meios capazes de tornar efetiva a cobrança e que se
concretiza nos bens que respondem pelo cumprimento da obrigação fiscal.

Garantia da Prestação Tributária


Garantias dos Créditos Tributários: LGT Art.º 50
“1 – O património do devedor constitui a garantia geral dos créditos tributários.
2 – Para garantia dos créditos tributários, a administração tributária dispõe ainda:
a) Dos privilégios creditórios previstos no Código Civil ou nas leis tributárias;
b) Do direito de constituição, nos termos da lei, de penhor ou hipoteca legal,
quando essas garantias se revelem necessárias à cobrança efetiva da dívida ou
quando o imposto incida sobre a propriedade dos bens;
c) Do direito de retenção de quaisquer mercadorias sujeitas à ação fiscal de que o
sujeito passivo seja proprietário, nos termos que a lei fixar. “
Providências Cautelares: LGT Art.º 51
“(...)
2 – As providências cautelares devem ser proporcionais ao dano a evitar e não
causar dano de impossível ou difícil reparação.
3 – As providências cautelares consistem na apreensão de bens, direitos ou
documentos ou na retenção até à satisfação dos créditos tributários, de prestações
tributárias a que o contribuinte tenha direito.”
Procedimento tributário:
É toda a sucessão de atos dirigida à declaração de direitos tributários (artº 54º LGT)
designadamente:
a) As ações preparatórias ou complementares de informação e fiscalização
tributária;
b) A liquidação dos tributos quando efetuada pela administração tributária;
c) A revisão, oficiosa ou por iniciativa dos interessados, dos atos tributários;
d) O reconhecimento ou revogação dos benefícios fiscais;
e) A emissão ou revogação de outros atos administrativos em matéria tributária;
f) As reclamações e os recursos hierárquicos;
g) A avaliação direta ou indireta dos rendimentos ou valores patrimoniais;
h) A cobrança das obrigações tributárias, na parte que não tiver natureza judicial.

Avaliação da matéria coletável


Situações de Avaliação Indireta:
 Regime Simplificado de Tributação
 Simplificação da tributação de algumas categorias de contribuintes;
 Quando a avaliação direta se traduz em obrigações acessórias
pesadas;
 Determinação da Mat. Coletável com base em índices objetivos;
 Regime optativo à avaliação direta.
 Impossibilidade de comprovação e quantificação direta e exata dos
elementos indispensáveis à correta determinação da Mat. Colectável
 Inexistência ou insuficiência dos elementos contabilísticos;
 Recusa na exibição da contabilidade e outros documentos;
 Existência de diversas contabilidades
Garantias dos Contribuintes
Garantias Materiais (são direitos face ao fisco)
 Direito á informação art. 67º e 68ª LGT
 Direito á avaliação da Situação fiscal a pedido do contribuinte art. 47º da LGT
 Direito á Fundamentação e Notificação art. 77º da LGT
 Direito á dedução, reembolso ou restituição de imposto art. Art. 30º nº1 c)
 Direito a juros indemnizatórios art. 43º LGT
 Direito á redução de Coimas srt. 29º RJIT
 Direito á caducidade e prescrição art. 45º e 48º da LGT
 Direito á confidencialidade art. 64º LGT
Garantias adjetivo-processuais (são garantias que permitem ao contribuinte
participar no procedimento e processo tributário p.ex)
 Audição prévia art. 60º da LGT
 Revisão da matéria colectável 91º e 92º da LGT
 Recurso hierárquico art. 80º LGT
 Reclamação Graciosa art. 68º e 69 e 70º CPPT
 Impugnação Judicial art. 97º a 106º CPPT
Meios de Recurso
Meios Graciosos (ponto de vista administrativo)
 Reclamação Graciosa –ato tributário que visa anular determinado ato da
autoridade tributária anulando o imposto total ou parcial
 Recurso Hierárquico – o ato é contestado perante outro órgão, colocado em
posição hierárquica superior ao que praticou o ato
 Pedido da Revisão da Matéria Coletável - (art. 91 LGT) versa sobre a fixação
da matéria coletável.
Meios Contenciosos – Interfere uma instância independente da administração – os
tribunais
 Impugnação judicial, dos atos da administração tributária – destina-se a
anulação total ou parcial do ato tributário. Também é possível obter a
condenação da administração tributária, quando é determinado pelo juiz o
dever de pagamento de juros indemnizatórios ao contribuinte.

CÓDIGO PROCEDIMENTO E DE PROCESSO TRIBUTÁRIO (CPPT):


Prevê as normas do procedimento administrativo que se aplicavam ao direito fiscal
usando maior simplicidade e eficácia;
Assegura maior certeza e celeridade na declaração e realização dos direitos
tributários como condição de uma melhor justiça social.

Procedimento e Processo Tributário


É toda a sucessão de atos dirigida à declaração de direitos tributários (artº 54º LGT).
O procedimento tributário aplica-se à autoliquidação, à retenção na fonte ou
repercussão legal a terceiros.
O procedimento tributário segue a forma escrita (artº 54º nº 3 LGT).
A Administração tributária exerce as suas atribuições na prossecução do interesse
público, de acordo com os princípios da legalidade, igualdade, proporcionalidade,
justiça, imparcialidade, celeridade e no respeito pelas garantias dos contribuintes
e demais obrigados tributários (artº 55º LGT).
O procedimento tributário compreende um conjunto de procedimentos típicos em
matéria tributária, entre esses estão os previstos nas alíneas de a) a h) do nº1 artº
54º LGT.
A legitimidade para intervir no procedimento e no processo tributário está prevista
no artº 9º do CPPT

Princípios Gerais do Procedimento Tributário


- Princípio do contraditório e da proporcionalidade (artº 58 LGT):
– Princípio do duplo grau de decisão (artº 56º LGT):
– Princípio da cooperação entre a Administração e contribuintes 59º, 60º LGT
– Princípio da cooperação de entidades públicas:
– Princípio da verdade material (artº 72º LGT)
– Legitimidade contributiva no procedimento (artº 65º e 66º LGT).
– Procedimento prévio de informação:
– Informações vinculativas (artº 68º LGT):
– Avaliação prévia dos bens
– Princípio da verdade declarativa:
– Aplicação das normas anti-abuso:
– Presunções (artº 73º LGT).
– Juros indemnizatórios a favor do contribuinte ART. 43º LGT:
– Reconhecimento de benefícios fiscais:
– Reclamação graciosa:
– Recurso hierárquico:
– Competência para a instauração da reclamação:

REGIME GERAL DAS INFRACÇÕES TRIBUTÁRIAS – RGIT


Define o regime geral de infrações;
Define os meros ilícitos de contraordenação tributária
Define os crimes fiscais (burla tributária, frustração de créditos, associação
criminosa, desobediência qualificada, violação de segredo, contrabando…)

Artigo 2.º - Conceito e tipos


Infração tributária é todo o facto típico (escrito na lei), ilícito(contraria a lei) e
culposo (atribuição de culpado) declarado punível por lei tributária.
As infrações tributárias dividem-se:
 Crimes
 Contraordenações (negligência)
Principais tipos de crimes Tributários/Fiscais
 Art. 103º - Fraude fiscal (violação da lei por ação ou omissão)
 Art. 88º Frustração de créditos (alienar património que está em risco de ser
penhorado)
 Art. 105º Abuso de Confiança
 Art. 89 º Associação criminosa,
 Art. 91º Violação de segredo
 Art. 87º Burla tributária (prestar falsas declarações afim de receber dinheiro
a mais)
 etc…..

Infrações Tributárias (RGIT)


Constitui infração tributária todo o facto típico, ilícito e culposo declarado punível
por lei tributária anterior. (RGIT Art. 2 n.º1)
Principais tipos de contra-ordenações
 Artigo 113.º - Recusa de apresentação de escrita e de documentos
fiscalmente relevantes
 Artigo 114.º - Falta de entrega da prestação tributária
 Artigo 115.º - Violação de segredo fiscal
 Artigo 116.º - Falta ou atraso de declarações
 Artigo 117.º - Falta ou atraso na apresentação de declarações e de
comunicações
 Artigo 118.º - Falsificação, viciação e alteração de documentos fiscalmente
relevantes
 Artigo 119.º - Omissões e inexatidões nas declarações ou em outros
documentos fiscalmente relevantes
 Etc. ….

Perguntas tipo…

1-Desenvolva o tema “Génese e finalidade da tributação”.


A tributação contém um conjunto de vários impostos que nos remetem para a
legislação fiscal e que nos garantem soberania, defesa, segurança, educação, saúde
e organização social.
O Estado tem uma atividade financeira que consiste em efetuar despesas e obter
receitas, sendo esta a finalidade da tributação. Para o estado conseguir efetuar
despesas e obter receitas tem que ter financiamento, financiamento esse que
provém dos impostos, das taxas e das contribuições que são suportadas pelos
contribuintes. Assim sendo, a tributação é muito importante para que o Estado
consiga satisfazer as necessidades dos contribuintes e para que haja uma
repartição justa dos rendimentos e da riqueza.
2-Desenvolva o enquadramento legal do princípio da legalidade tributária.
O princípio da legalidade tributária diz-nos que a lei tem que vir de fonte legitima
e assim só a lei é que pode ser fundamento para validar atos praticados pela
administração fiscal, como nos é dito no artigo 103º nº 2 e 3 da Constituição da
República Portuguesa: “(…)
2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios
fiscais e as garantias do contribuinte
3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos
termos da Constituição, que tenham natureza retroativa ou cuja liquidação e
cobrança se não façam nos termos da lei.”
Também nos remete para o princípio da Reserva da Lei que diz que só a lei da
Assembleia da República é que pode criar impostos, determinar taxas, benefícios
fiscais , entre outros, tal como é citado no artigo 165º nº1 i) da Constituição da
República Portuguesa: “1. É da exclusiva competência da Assembleia da República
legislar sobre as seguintes matérias, salvo autorização ao Governo:
(…)
i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais
contribuições financeiras a favor das entidades públicas;”
E por fim o princípio da legalidade leva-nos ao princípio da tipicidade que indica
que só se podem corar impostos que estejam previstos na lei.

3-Com o pedido de assistência financeira á economia Portuguesa por parte


governo português, foi posta a hipótese de “os funcionários públicos receberam
o subsídio de férias em títulos do tesouro”. Á luz do conceito de imposto comente
as diferenças e semelhanças de tal instrumento com a de imposto.
O conceito de imposto é prestação coativa (que é imposta), pecuniária (em termos
monetários), unilateral (porque não recebemos nada em troca de forma imediata
e direta), estabelecida pela lei, a favor do Estado ou de outro ente público, sem
carácter de sanção, com o objetivo de cobrir as despesas públicas e ainda conseguir
satisfazer as necessidades dos contribuintes. O instrumento referenciado no
enunciado (títulos de tesouro) é um empréstimo público forçado, ou seja, tal como
o imposto é uma prestação coativa, pecuniária, estabelecida pela lei e a favor do
Estado e sem carácter de sanção, a diferença é que o empréstimo forçado não é
unilateral porque paga juros e não é a título definitivo porque é reembolsado.

4-Em que consiste e quais as modalidades do fenómeno da “interpretação da lei


fiscal”.
A interpretação da lei fiscal consiste em determinas o sentido exato da lei e o seu
verdadeiro alcance, ou seja, na interpretação da lei revela a regra contida e em caso
de dúvidas entender o que realmente o legislador queria dizer.
Num sentido restrito, é a interpretação da lei propriamente dita, temos o
verdadeiro alcance da lei.
Em sentido lato, para além de termos um verdadeiro alcance da lei temos também
em consideração aquilo que estaria na mente do legislador (espírito da lei).
Na interpretação declarativa a letra (elemento gramatical) e a mente (racional)
estão em peso de igualdade. Na interpretação restritiva o peso da letra é muito
maior do que o peso da mente, isto é, do espírito do legislador. Na interpretação
extensiva a mente não consegue expressar por palavras a totalidade do
pensamento, ou seja, ao contrário da interpretação restritiva o peso da mente é
muito maior que o da letra da lei..

5-Quais as formas de avaliação da matéria coletável no âmbito do direito


tributário.
As formas de avaliação da matéria coletável são a avaliação direta e a avaliação
indireta. A avaliação direta é feita pela administração tributaria com base na
declaração do contribuinte (principio da verdade declarativa) e assume-se que a
declaração é verdadeira, pode ser feita pelo sujeito passivo nos casos de
autoliquidação. A avaliação indireta determina a matéria coletável a partir de
indícios, presunções ou outros elementos de que a administração tributária
disponha, sendo apenas da competência desta fazer a avaliação indireta. Este tipo
de avaliação é excecional, sendo subsidiaria á avaliação direta, só podendo ter lugar
nos casos e condições expressamente previstas na lei (art. 87º LGT).

6-O Sr. Manuel dedica-se á produção de caracóis e tem contabilidade organizada.


Sabe-se que efetuou vendas de 100 000 € e o seu lucro líquido foi de 10 000 €
negativos em 2010, resultado igual ao obtido em 2009 e 2008. Sabe-se ainda que
o lucro médio do sector é de 25 % sobre as vendas.
Na qualidade de inspector tributário como lhe parece ser o tratamento fiscal
aplicável a esta situação em termos de avaliação da matéria colectável.
Na qualidade de inspetor tributário e tendo em conta o facto de apos 3 anos
seguidos o sr. Manuel apresentar sempre resultados negativos enquanto o lucro
medio do setor é de 25% sobre as vendas, iria proceder á avaliação indireta da
matéria coletável uma vez que esta irregularidade vem prevista no art. 87º nº1
alínea c) LGT, que assim nos permite realizar a avaliação indireta. O art. 87º nº1
alínea c) LGT diznos que “se a matéria tributável se afastar, sem razão justificada,
mais de 30% para menos ou durante 3 anos seguidos” uma vez previsto na lei, é
possível proceder á avaliação indireta.

7-A empresa Alfa foi objeto de uma inspeção tributária. O relatório final do
técnico concluía pela liquidação adicional de IVA a 20% sobre 10 000 € devido ao
facto de a empresa não ter feito tal liquidação porque se tratava de uma
exportação e que segundo a lei é isenta de IVA. No entanto o técnico entende que
a documentação não é suficiente a demonstrar a existência de tal exportação,
pelo que entende que deve ser liquidado imposto. A empresa não concorda e
está convicta de que tem razão.
Comente os mecanismos de defesa que a empresa tem ao seu dispor para fazer
valer a sua razão
Os mecanismos que a empresa tem ao seu dispor são as garantias adjetivo
processuais, que são garantias que oferecem aos contribuintes o direito de intervir
no procedimento e no processo tributário em defesa dos seus direitos. Tem, então,
ao seu dispor os meios graciosos e os meios contenciosos. Nos primeiros encaixam
a reclamação graciosa que vem prevista nos art. 68 e 70 do CPPT, que visa a
anulação total ou parcial do ato tributário; o recurso hierárquico que vem previsto
no art. 80 da LGT em que o ato é contestado perante outro órgão, colocando em
posição hierárquica superior á autoridade tributaria; o pedido de revisão sobre o
material coletável que vem previsto nos art. 90 e91 LGT que visa o estabelecimento
de um acordo quanto ao seu valor a material coletável a considerar para os efeitos
de liquidação. Nos meios contenciosos encaixa a impugnação judicial que tem por
finalidade a anulação parcial ou total do ato tributário, previsto nos art. 97 a 106
do CPPT.

8-O Sr. José é gerente da empresa Beta Lda. Em janeiro de 2010 a empresa
começou a entrar em dificuldades financeiras e não entregou o IRS retido aos
trabalhadores no montante de 40 000 €. Caracterize e tipifique a infracção
tributária praticada e qual a sua penalização.
A infração tributária será uma contraordenação que são violações à norma
tributária, mas decorrentes de mera negligencia por parte do sujeito passivo, as
estas infrações aplicam-se coimas.

9- Suponha as seguintes situações:


a)“O governo de Portugal preocupado com a quebra de receitas fiscais, tomou no
ano de 2020 as seguintes medidas em conselhos de ministros: a)Criação de um
imposto extraordinário para fazer face aos encargos com a pandemia Covid 19, e
que consiste em liquidar 10%, sobre a taxa normal do IRC.
 Criação imposto - elemento essencial incidência e taxa
 princípio da legalidade - só pot lei da AR ou o governo com autorização desta
art. 167 CRP e art. 103 CRP
 Neste caso o governo não tem autorização legislativa da AR
 Conclusão - Não tendo autorização da AR esta criação de imposto é ilegal ou
inconstitucional, logo ninguém é obrigado a pagar este imposto.
b) Eliminar os benefícios fiscais em IRS.
 benefícios ficais são elemento essencial de impostos
 Princípio da legalidade art. 103 e 165 CRP, só AR pode legislar em matéria
fiscal e também o governo se lhe concedida autorização legislativa
 Não havendo autorização aquela norma de eliminar os benefícios é ilegal ou
inconstitucional
c)Criar uma isenção total de IRS para os funcionários do ministério das finanças,
com vista a motivá-los no combate á fraude.
 Princípio da igualdade art.º. 13º
 isenção - incidência - benefício fiscal - elemento essencial de imposto
 violação do princípio da legalidade por não autorização da AR
d)Eliminar a possibilidade de reclamação da matéria colectável ou em alternativa
o contribuinte ter de pagar uma taxa por pedido de reclamação..
 Reclamação é uma garantia do contribuinte
 garantias do contribuinte são elemento essencial de imposto
 Princípio da legalidade art. 103º e art 165º reserva lei da AR, ou o governo
com autorização
 Conclusão, não havendo autorização esta norma será ilegal o
inconstitucional
e)Incumbiu o ministro das finanças de elaborar uma portaria para alterar a taxa
do IRC para 15%.

10- 2-A Câmara municipal XYZ deliberou em Junho de 2019, lançar um imposto
sobre a quantidade de viaturas possuídas por cada agregado familiar, sendo 100
€ por cada viatura.
- principio o da legalidade a ser violado art. 103º
11- O imposto referido no ponto 10) é para ser aplicado ás situações que já se
verificavam em 2018.
 Principio não retroatividade está a ser violado uma vez que a norma está a
ser aplicada a factos anteriores á sua entrada em vigor cf art. 103º .
 Esta norma é ilegal ou inconstitucional
12- Em 2019 o contribuinte foi notificado para pagar IRS do ano de 2014, no
montante de 5000 €. Comente estas situações tendo em conta os princípios
constitucionais de direito fiscal.
Existe garantia da Caducidade (art.45 da LGT) que garante a não liquidação imposta
após o prazo de 4 anos passado o facto gerador. Apenas poderia ser liquidados
fosse notificado até 2015. O contribuinte não tem que pagar, neste caso teria que
reclamar.

13-“A empresa ABC no ano 2019, decidiu não registar na contabilidade, uma
fatura de vendas no valor 200 000 €, pelo facto do seu cliente não a ter solicitado.
Após uma inspeção da DGI o facto foi detetado e efetuada a correção. Neste
mesmo ano a empresa efetuou 500 000 € de vendas declaradas tendo as compras
declaradas sido de 450 000 €. A administração Fiscal tem conhecimento que o
lucro médio representa 10% das vendas. Desta forma decidiu apurar a matéria
coletável, por avaliação indireta. Pretende-se que:
a) Fundamente o recurso á avaliação indireta
 Existe uma ocultação de vendas contabilidade (omissão)
 art. 87º e 88º da LGT, impossibilidade de comprovação direta e exata da
matéria coletável a AT pode recorrer á avaliação indireta.
 existem erros ou omissões (relevantes) art. 88º
 Está justificado o recurso á avaliação indireta
b) Quantifique a matéria colectável
 Critério de calculo art. 90º da LGT
 a omissão do registo reduz o resultado em 200 000 €
 impacto no IRC que não foi liquidado 21% x 200000= 42000
c)Qualifique a infração fiscal presente nas contas. Qual a penalização.
 Infração é a de crime por fraude fiscal art. 103º .
 é fraude porque existem uma ocultação de vendas
 pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias
14- “A empresa Alfa não entregava a retenção de IRS efetuada aos trabalhadores
e de IVA a pagar, tudo no valor de 20 000 desde 2013.Numa Acão de fiscalização
a situação foi detetada e levantados os autos. Qualifique a infração. Qual a
penalização.
 Abuso de confiança art. 105º RGIT
 é punido com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias
15 - A empresa Beta havia sido citada para pagar IRC respeitante a 2018 no valor
de 19 000. Contudo a empresa não tendo outras dívidas decidiu vender o único
activo que possuía e que era um terreno no valor de 20 000 €, por forma a
reembolsar os sócios gerentes, de supostos créditos que nela possuíam.
Qualifique a infracção. Qual a penalização.
 Frustração de créditos art. 88º
 é punido com pena de prisão de um a dois anos ou com pena de multa até
240 dias
16 - A empresa WWW entregou a sua declaração de IRC no dia 30 de setembro
de 2019 relativa ao ano 2018 mediante a autoliquidação de imposto no valor de
5 000 €. Qualifique a infração. Qual a penalização. Quais as consequências desta
situação, considerando que o limite da entrega é 31 de maio.
 Entrega da declaração fora de prazo (Art.116)
 coima entre 150 a 3750 euros.
18- A empresa L Lda em ação de fiscalização foi objeto de alteração do seu lucro
tributável em virtude de ter registado uma amortização por 5 000 € quando o
valor correto seria de 3000 €. Qualifique a infração. Qual a penalização.
 A infração foi de omissões ou inexatidões (erro) (art.119)
 Coima entre 375 a 22500 euros

19- Na qualidade de técnico de Contas da empresa Beta é confrontado com as


seguintes notificações dos Serviços Fiscais competentes:
1ª- “A matéria coletável de 2018 foi-lhe fixada por métodos indiretos no valor de
15 000 €, e nada mais se dizia.
2ª-Correcção técnica de amortizações do exercício 2018 passando de 30 000 para
20 000 € originando assim imposto de IRC a pagar de 17000 €, sem quaisquer mais
justificação.
3º-A empresa reclamou em Janeiro 2018 uma correção fiscal efetuada pelos
serviços fiscais que consistia em não considerar custo fiscal 10000 € de
imparidades. Em Julho ainda não tinha recebido qualquer notícia sobre o assunto.
Questões:
1-Será que foram respeitados os princípios legais quanto á forma de notificar?
Na 1º situação existe ausência de fundamento de facto e de direito (Art. 77º LGT)
A empresa devia reclamar com esse fundamento.
2-O primeiro ato tributário “fixação da Matéria coletável é ou não reclamável,
para quem e com que prazos? Será que é diretamente impugnável?
Sim, é reclamável (art.91 e 92 LGT)
3-O segundo ato tributário poderá ser reclamado ou impugnado? Com que prazos
e fundamentos. Quais os procedimentos a efetuar tendo em conta que a empresa
está segura que tem a razão do seu lado.
Na segunda situação o ato pode ser reclamado ou impugnado. Pode ser reclamado
com base no art. 68º e 70º do CPPT no prazo de 120 dias a contar da notificação
com o fundamento de errónea quantificação das depreciações art.99º do CPPT a)
ou impugnar com o mesmo fundamento no prazo de 90 dias conforme art. 102 do
CPPT.

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