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Licenciatura em Direito

A economia do Covid-19: o caso português

No âmbito da unidade curricular de Economia II

ANA SOFIA DIAS

1ºC, SUBTURMA 15

Nº 64497

0
2020/2021
Índice

Introdução..................................................................................................................................2

Capítulo 1 – A economia portuguesa antes de março de 2020................................................3

a) Taxa de Variação Homóloga (TVH) das importações e exportações................................3


b) Taxa de Desemprego........................................................................................................5
c) Produto Interno Bruto.......................................................................................................7
Capítulo 2 - O consumo e poupança das famílias após a pandemia.......................................9

a) Despesa pública..............................................................................................................11
b) Dívida Pública................................................................................................................12
c) Efeito de aglomeração....................................................................................................13
Capítulo 3 - Evolução da economia dentro da Europa: o caso dinamarquês e romeno......15

a) Índice de Desenvolvimento Humano..............................................................................18


b) Despesa Pública..............................................................................................................19
Conclusão..................................................................................................................................21

Bibliografia...............................................................................................................................22

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Introdução

Pela licenciatura em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa,


no âmbito da unidade curricular de Economia II e com base no livro “Introdução à
Economia”, do professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de
Lisboa, Fernando Araújo, será desenvolvido o tema “A Economia da Covid-19: o caso
português”.

Começar-se-á por introduzir a que níveis o SARS-COVID-19 impactou a


economia governamental, procedendo-se depois à análise de tal nas economias privadas.

Após essa representação, comparar-se-á o caso português ao caso dinamarquês,


sendo a Dinamarca um país mais desenvolvido e mais rico, e ao caso romeno, sendo a
Roménia um país menos desenvolvido e mais pobre.

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Capítulo 1 – A economia portuguesa antes de março de 2020

De forma a perceber como a atual pandemia do SARS COVID-19 veio impactar


a economia, é necessário que se observe a sua situação antes da implementação do
primeiro estado de emergência, em março de 2020. Para tal, analisem-se os seguintes
indicadores:

a) Taxa de Variação Homóloga (TVH) das importações e exportações

Gráfico 1 – Importações em Portugal (valores trimestrais, desde 2016) | Fonte: Gráfico 2 – Exportações em Portugal (valores trimestrais, desde 2016) | Fonte:

INE (Síntese INE @ Covid-19, de 07 de maio de 2021, página 3). INE (Síntese INE @ Covid-19, de 07 de maio de 2021, página 3).

A taxa de variação homóloga, doravante denominada TVH, compara o nível da


variável em estudo entre o período de referência corrente e o mesmo período do ano
anterior1. Calcula-se através da seguinte fórmula:

indice ano n−indice ano ( n−1 )


.
indíce ano( n−1)

1
In “Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação – novembro de 2011”, ine.pt (página
6)
3
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Um exemplo: Se em 2019 se tivessem vendido 5000 carros para o exterior, e em
6000−5000
2020 se tivessem vendido 6000, calcular-se-ia ∗100=+20 % , ou seja, a
5000
taxa de variação homóloga na exportação de carros entre 2019 e 2020 seria positiva em
20%. Caso em 2020 se tivessem vendido menos carros do que em 2019, estaríamos
perante uma variação homóloga negativa. Outro exemplo: se invertendo a situação, e
portanto em 2020 vendendo apenas 5000 carros para o exterior, e em 2019 vendendo
5000−6000
6000 carros para o exterior: ∗100=−16,6 % .
6000

Atente-se no período antes de março de 2020.

Em relação à TVH das exportações, repare-se que no ano de 2019 tem tendência
a aumentar, começando a diminuir em 2020, e no segundo trimestre caindo a pique. No
terceiro trimestre voltam a subir, mantendo-se, no entanto, ainda em valores negativos,
o que não favorece a balança comercial. A causas para tal pode ser a queda da procura
agregada pelos outros países, como também a falta de oferta agregada por Portugal,
devido ao fecho de certas empresas em março de 2020, levando aos lay-off, tema que se
desenvolverá depois. A retração da curva da procura agregada poderá ter sido
provocada por uma grave crise política internacional (economia da COVID-19),
fazendo com que os países retraiam as suas despesas, mas também a queda de consumo,
de investimento (deduzindo-se de tal uma maior poupança por parte das famílias, por
preverem um menor rendimento disponível), de despesa pública (o que não aconteceu,
visto que a despesa pública aumentou devido à prestação de bens e serviços, tais como
máscaras, desinfetantes, vacinas, centros de vacinação, recursos informáticos, subsídios,
entre outros.) ou de exportações líquidas. 2

Em relação às importações, também estas sofreram uma diminuição a pique no


segundo trimestre de 2020, após uma tendência à diminuição durante o ano de 2019. A
causa poderá ser a previsão de uma maior despesa pública, levando a uma menor
procura por parte de Portugal, como também as medidas de prevenção de propagação da
doença implementadas por outros países, ou ambas. No terceiro trimestre de 2020, volta
a aumentar, mantendo-se o valor negativo. Um valor negativo nas importações é, no
2
ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia (2002), 1ª edição. Almedina, Coimbra.
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entanto, um indicador positivo, na medida em que, se houver um maior número de
exportações do que importações, a balança comercial fica positiva, levando a superavits
e reduzindo o endividamento.

b) Taxa de Desemprego

Gráfico 3 – Taxa de Desemprego em Portugal | Fonte: Fonte: INE (Síntese INE @ Covid-19, de 07 de maio de 2021, página 7).

Uma pessoa desempregada é uma pessoa que está disponível para trabalhar
imediatamente, mas não consegue uma colocação3.

De acordo com o gráfico, desde 2013 a taxa de desemprego tem vindo a


diminuir, excetuando entre março de 2020 e março de 2021, quando a taxa de

3
ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia (2002), 1ª edição. Almedina, Coimbra.
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desemprego subiu para, aproximadamente, 8%, quando se encontrava nos 6% de toda a
população ativa desempregada.

As causas da subida da taxa de desemprego neste cenário poderão ter várias


causas, tais como o encerramento de estabelecimentos, por não suportarem os custos de
uma procura menor (como se verá adiante, as famílias reduziram o seu consumo).
Segundo um inquérito lançado pelo Banco de Portugal e pelo Instituto Nacional de
Estatística4, “na semana de 6 a 10 de abril de 2020, 82% das empresas mantinham-se em
produção ou em funcionamento, ainda que parcialmente, 16% encontravam-se
temporariamente encerradas e 2% assinalaram que tinham encerrado definitivamente.
37% das empresas em funcionamento ou temporariamente encerradas reportaram uma
redução superior a 50% do volume de negócios e 26% reportaram uma redução superior
a 50% do número de pessoas ao serviço efetivamente a trabalhar”.

À data de 13 de abril de 2020, existiam mais trabalhadores em lay-off


simplificado do que em estado de desemprego, situando-se os valores em 930 mil e 353
mil, respetivamente5. O lay-off simplificado vem previsto no Código do Trabalho e é
“uma medida excecional e temporária de proteção dos postos de trabalho, que permite
às empresas a redução temporária do período normal de trabalho ou suspensão do
contrato de trabalho”6, evitando assim desemprego por razões económicas em alturas
excecionais, como é a atual situação de pandemia. Com tal, a entidade empregadora
pagará 30% dos salários aos seus trabalhadores e a segurança social pagará os restantes
70%, garantindo que a empresa não encerra e consequentemente não se extinguem esses
postos de trabalho.

4
https://ine.pt/xportal/xmain?
xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=428264268&DESTAQUESmodo=2
5
https://www.publico.pt/2020/04/15/economia/noticia/crise-covid19-faz-subir-numero-
desempregados-353-mil-1912385
6
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/o-que-e-o-lay-off-simplificado-perguntas-e-respostas
6
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c) Produto Interno Bruto

Produto interno bruto (B.1*g) a preços correntes


(Base 2016 - €) por Localização geográfica;
Trimestral
56000
54000
52000
50000
48000
46000
44000
42000

3T 2020
1T 2017

1T 2018

1T 2019

2T 2019

3T 2019

4T 2019

1T 2020

2T 2020

4T 2020
Gráfico 4 – Produto Interno Bruto a preços correntes em Portugal | Fonte: Portal do INE

De acordo com o gráfico, o Produto Interno Bruto até ao final de 2019


tinha tendência a aumentar. No primeiro trimestre de 2020 desceu ligeiramente e no
segundo trimestre de 2020 desceu a pique. Apesar de no terceiro trimestre ter ocorrido
uma recuperação, o valor do PIB continuou menor do que no ano de 2019.

O Produto Interno Bruto é “o valor de mercado de todos os bens e serviços finais


produzidos num país num determinado período de tempo, e é através deste índice que se
afere o rendimento gerado, e a despesa havida com a produção nacional” 7. Segundo
consta no manual adotado8, também se poderá caracterizar como:

- Um total de rendimento - o que cada agente económico recebeu em


remuneração do seu contributo para o processo produtivo;

- O somatório do valor acrescentado de todos os estádios intermédios da


produção - o quanto cada produtor contribuiu para o processo produtivo;

- O total da despesa, o somatório do valor de mercado dos produtos finais - o que


cada agente económico despendeu para que o processo produtivo chegasse ao seu final;
7
ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia (2002). 1ª edição. Almedina, Coimbra.
Página 671.
8
ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia (2002). 1ª edição. Almedina, Coimbra.
Página 675.
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Ou seja, de modo a calcular o PIB, somam-se o consumo das famílias, os
investimentos (ou seja, aquisição de bens de capital, estruturas e habitação), a despesa
do estado e entidades públicas na aquisição de produtos e as exportações líquidas (sendo
estas o valor da diferença entre as exportações e as importações).

Devido a uma poupança internacional, suscitada pela crise da pandemia COVID-


19, o valor das exportações, uma das fontes de PIB, diminui. Abordando de seguida,
também o consumo das famílias diminuiu, derivado da tal poupança. Como se verá
adiante, também os restantes indicadores de riqueza sofreram uma descida.

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Capítulo 2 - O consumo e poupança das famílias após a pandemia

Com base numa expectativa de baixo rendimento, o consumo das famílias


diminuiu, no entanto observa-se no gráfico 4 que as despesas com bens alimentares
sofreram um ligeiro aumento, assistindo-se ao fenómeno da Lei de Engel.

A Lei de Engel traduz-se num estudo em que se reparou que quanto mais
rendimento as famílias possuíam, menos percentagem desse dispensavam para bens
alimentares. Se o rendimento diminui, então o gasto, em percentagem, com bens
alimentares tem uma tendência para aumentar.

Gráfico 4 - Consumo privado, do quarto trimestre de 2019 ao quarto trimestre de 2020 | Fonte: *Boletim Económico - maio 2021 (bportugal.pt)

A queda do consumo poderá resultar de um encerramento de estabelecimentos,


ainda que temporariamente, do regime de teletrabalho imposto quando possível (o que
consequentemente reduz o consumo de combustível, por exemplo), mas também do
aumento da poupança das famílias.

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Gráfico 5 – Poupança Privada em Portugal, de 2008 ao fim de 2020 | Fonte: *Boletim Económico - maio 2021 (bportugal.pt)

Como se observa no gráfico, a poupança privada em Portugal aumentou bastante


em 2020, no segundo trimestre, diminuindo consideravelmente no terceiro trimestre
mas, ainda assim, mantendo-se em valores altos comparativamente aos anos anteriores.

O aumento da poupança privada deveu-se a uma previsão de aumento de


impostos, devido a uma despesa pública maior por parte do Governo, nomeadamente
em bens, serviços, subsídios, entre outras medidas económicas necessárias para que a
economia não parasse, e a uma previsão de rendimentos menores.

Como consequência do aumento da poupança, a vontade de investir diminuiu e


houve uma expansão da oferta de fundos emprestáveis. Como a vontade de investir
diminuiu, os gastos do governo tiveram de aumentar para compensar. Esse aumento da
despesa pública levou a um aumento do défice público existentes. Em países
superavitários, o défice público não aumenta, mas o excedente diminui.

“Se o aumento de uma taxa de juro remunera mais elevadamente a poupança, ele
permite ao mesmo tempo obter o mesmo rendimento com menor poupança,
desincentivando-a”9.

Observe-se o supramencionado em gráficos:


9
ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia. (2002) – 1ª edição. Almedina, Coimbra.
Página 698
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a) Despesa pública

Gráfico 6 - Portugal - Despesa pública 2020 | countryeconomy.com

Como se observa no gráfico, a despesa pública portuguesa aumentou em 2020,


em relação a 2019, apesar de em 2011 ter também valores aproximados. Com uma
maior despesa pública, o Estado, de forma a recuperar os gastos, aumentará os impostos
(“Já que o aumento da despesa pública implicará normalmente o aumento das receitas
públicas, e por isso o agravamento tributário e a redução do rendimento disponível dos
consumidores”10).

Como tal, o Estado precisará de empréstimos, para o qual recorrerá a recursos


privados. Assim, visto que a poupança aumenta, as empresas financeiras fornecem os
fundos emprestáveis, recorrendo às poupanças da família. As taxas de juro manter-se-ão

10
ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia (2002), 1ª edição. Almedina, Coimbra.
Página 700.
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baixas para tal efeito. Com base nestes acontecimentos, ocorre o efeito de crowding-out
(sacrifício de recursos privados em benefício da intensificação do uso de recursos
públicos11), uma vez que o governo estará a desviar os fundos do setor privado. Isto
aumenta a sua dívida pública.

b) Dívida Pública

Gráfico 7 - Portugal – Dívida Pública em percentagem do PIB | Fonte: Nota de Informação Estatística - Dívida pública – março de 2021 | BPstat

(bportugal.pt)

A dívida pública, também designada de dívida de Maastricht, é comumente


utilizada para medir o nível de endividamento das administrações públicas de um país.12

Como se observa no gráfico, a dívida pública aumentou ligeiramente, em


percentagem de PIB, do quarto trimestre de 2019 para o primeiro trimestre de 2020, no
entanto, a partir do segundo trimestre de 2020, aumentou consideravelmente.

11
ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia (2002). 1ª edição. Almedina, Coimbra.
Página 700.
12
Estatísticas das Administrações Públicas (bportugal.pt)
12
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De forma a reduzir a dívida pública, o Estado, como mencionado anteriormente,
terá de aumentar os impostos, levando a um ciclo: os contribuintes preverão o aumento
dos impostos, aumentarão a sua poupança. Uma vez que o aumento da poupança
privada compensará a dívida pública e evitará o efeito de aglomeração, a necessidade de
uma melhoria da situação orçamental não afetará a taxa de juro real do equilíbrio, mas
aumentará a quantidade de equilíbrio dos fundos emprestados.

c) Efeito de aglomeração

A aglomeração pode ser explicada ao longo do aumento da procura do Governo por


fundos que o levem a absorver todos os disponíveis numa determinada economia. O
esgotamento do mercado de fundos leva à subida das taxas de juro e, como resultado, o
setor privado será limitado ou até incapaz de pedir empréstimos para financiar o seu
crescimento e expansão. O efeito de crowding-out pode criar uma recessão na
economia, consequentemente uma queda da receita fiscal e, portanto, a necessidade de o
Governo pedir ainda mais empréstimos aumentará.

A situação retratada destaca as consequências do crowding-out do investimento


privado, tais como as de um crescimento mais lento da economia. Para evitar o
agravamento da crise económica trazida pela COVID-19 no setor privado, o Governo
deverá apoiar as empresas privadas criando condições favoráveis para que estas se
expandam. Parece, no entanto, complicado que as empresas se desenvolvam dentro de
um crowding-out. À medida que os mercados de crédito se vão esgotando e o situação
económica se torna instável, as famílias não se sentem confiantes para investir as suas
poupanças, o que provoca uma mudança na oferta de fundos emprestáveis. Ou seja,
tanto a taxa de juro real como a quantidade de fundos emprestáveis diminuirão, como
analisado anteriormente.

Sendo o único agente com as ferramentas necessárias, o Governo tentará compensar


as empresas através de incentivos monetários. Como apenas empresas pré-Covid serão
financiadas, existe um entrave à entrada de novas empresas no mercado e, portanto, um
menor crescimento económico.

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Capítulo 3 - Evolução da economia dentro da Europa: o caso dinamarquês e
romeno

Mapa 1 – Produto Interno Bruto per capita dos países europeus (com legenda), em euros. | Fonte: Eurostat

(https://ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/sdg_08_10/settings_1/map?lang=en)

Este é um mapa da Europa, fornecido pelo Eurostat13, que mostra o Produto


Interno Bruto per capita (doravante denominado PIB per capita), em euros, de cada
país. Compreenda-se que este fator sozinho não é um indicador do desenvolvimento ou
da riqueza de cada país. Utilizarei também o Índice de Desenvolvimento Humano
(doravante denominado de IDH).

13
https://ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/sdg_08_10/settings_1/map?lang=en
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Compare-se a evolução da economia durante a pandemia em Portugal com a
evolução da economia durante a pandemia num país com maior PIB per capita, a
Dinamarca, com um IDH também mais elevado, e num país com menor PIB, a
Roménia, com um IDH também mais reduzido.

Gráfico 8: PIB per capita da Dinamarca, Portugal e Roménia, em euros, no ano de 2010 | Fonte: Eurostat,

https://ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/sdg_08_10/settings_1/bar?lang=en

Gráfico de 2019: o PIB per capita português teve um valor de 18 630€, o PIB per
capita dinamarquês um valor de 49 720€ e o PIB per capita romeno 9 110€.

Gráfico 9: PIB per capita da Dinamarca, Portugal e Roménia, em euros, no ano de 2020 | Fonte: Eurostat,

https://ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/sdg_08_10/settings_1/bar?lang=en

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Gráfico de 2020: o PIB per capita português esteve nos 17 180€, o PIB per
capita dinamarquês teve um valor de 48 250€ e o PIB per capita romeno de 8 780€.

Em termos de crescimento económico, e portanto não se falando em PIB per


capita, mas PIB total, os países, em comparação ao segundo trimestre de 2019,
registaram o seguinte crescimento, em relação ao segundo trimestre de 2020:

Gráfico 10: Declínio da economia no segundo trimestre de 2020 – Dinamarca, Roménia, Zona Euro e Portugal. |Fonte: Eurostat, OCDE,

https://ourworldindata.org/covid-health-economy

Ou seja, de acordo com os gráficos apresentados, os três países sofreram um


declínio na sua economia. Apesar de Portugal, no ano de 2020, ainda ter um PIB maior
do que a Roménia, assistiu a uma maior diminuição de tal. As causas poderão ser

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a) Índice de Desenvolvimento Humano

Um dos indicadores de escolha dos países a compara foi o Índice de


Desenvolvimento Humano, doravante denominado IDH. O IDH consiste num valor
entre 0 e 1 que determina o grau de desenvolvimento de um país, com base em se a
população destes tem os três aspetos essenciais do desenvolvimento humano: vida longa
e saudável, educação e condições básicas de vida. Para tal, analisam-se quatro
indicadores:

- Para a vida longa e saudável, utiliza-se a esperança média de vida ao


nascimento, ou seja, ao nascer, quanto tempo de vida é expectável que a população de
um país viva, em média;

- Para a educação, utilizam-se a espectativa média de escolaridade, ou seja,


quantos anos, em média, a população deverá estudar, e a média de escolaridade, ou seja,
quantos anos, em média, a população de um país passa na escola;

- Para as condições de vida, utiliza-se o rendimento nacional bruto.14

Não existindo dados do ano de 2020, e portanto, não podendo comparar o IDH
antes e após a pandemia, considerei esta tabela de 2019 para determinar os países em
comparação.

14
The 2010 Human Development Index (HDI) (undp.org)
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Tabela 1: Índice de Desenvolvimento Humano da Dinamarca, Portugal e Roménia. Esperança média de vida ao nascimento (anos), espectativa

de anos de escolaridade (anos), anos de escolaridade efetivos (anos), rendimento nacional bruto. | Fonte: Latest Human Development Index

Ranking | Human Development Reports (undp.org)

b) Despesa Pública

- Dinamarca

Gráfico 11 - Despesa pública da Dinamarca, em milhões de euros. | Fonte: Dinamarca - Despesa pública 2020 | countryeconomy.com

Pela observação do gráfico, entende-se que a Dinamarca tem valores de despesa


pública altos, apesar de em 2020 ainda terem aumentado. Comparativamente a Portugal,
na página 10, o gráfico de despesa pública da Dinamarca, a partir de 2012, ainda que

19
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com algumas exceções, tem sempre aumentos de ano para ano, ainda que ligeiros (antes
de 2012 os aumentos são notórios), enquanto o gráfico da despesa pública portuguesa
tem oscilações – existe um maior gasto num ano, relativamente a um menor gasto no
ano seguinte e assim sucessivamente.

- Roménia

Gráfico 12: Despesa Pública da Roménia | Fonte: Roménia - Despesa pública 2020 | countryeconomy.com

O gráfico da despesa pública da Roménia, diferente dos anteriormente


analisados, sofreu um grande aumento desde 2015, e portanto a pandemia COVID-19
não parece ter provocado alterações em tal, pois, sem tal, o valor seria provavelmente o
mesmo. Tendo em conta o mencionado no capítulo 2, fica então explicado o porquê do
PIB português ter uma maior variação de 2019 para 2020 do que a Roménia.

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Conclusão

Atendendo à nota introdutória, observou-se como oscilaram os indicadores da


Taxa de Variação Homóloga do valor das importações e das exportações portuguesas,
bem como a Taxa de Desemprego e o Produto Interno Bruto, devido à pandemia
COVID-19, que em Portugal apenas produziu efeitos mais severos a partir de março de
2020.

Verificou-se também um aumento nas poupanças das famílias, o que teve


consequências a nível de taxas de juro. Com tal, verificou-se um efeito de crowding-out
e efeito de aglomeração, também devidos a uma crescente dívida e despesa públicas.

Por fim, comparou-se o caso português aos casos dinamarqueses e romenos,


constatando que estes países, a nível de despesa pública e Produto Interno Bruto
comportaram-se da mesma forma que Portugal, na medida em que a despesa pública
aumentou e o Produto Interno Bruto diminuiu, mas em níveis diferentes.

Conclui-se assim que a pandemia declarada pela OMS a 11 de março de 2020


teve efeitos a nível económico não só em Portugal, aumentando a dívida pública já
existente, mas também em outros países dentro da zona euro (apesar de não haver
comparações dentro desta exposição com países fora desta zona, a pandemia afetou a
economia mundial).

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Bibliografia

ARAÚJO, Fernando. Introdução à Economia (2002), 1º edição. Almedina, Coimbra.

*Boletim Económico - maio 2021 (bportugal.pt) [Consultado a 10.05.2021)

Boletim Económico - dezembro de 2020 (bportugal.pt) [Consultado a 30.04.2021]

7f30c3cf-b2c9-98ad-3451-17fed0230b57 (europa.eu) [Consultado a 09.05.2021]

Which countries have protected both health and the economy in the pandemic? - Our
World in Data [Consultado a 08.05.2021]

Real GDP per capita - Products Datasets - Eurostat (europa.eu)

Statistics | Eurostat (europa.eu) [Consultado a 30.04.2021]

Overview - National accounts - Eurostat (europa.eu) [Consultado a 30.04.2021]

Nota de Informação Estatística - Dívida pública – março de 2021 | BPstat (bportugal.pt)

GDP and spending - Real GDP long-term forecast - OECD Data [Consultado a
01.05.2021]

Despesa pública 2020 | countryeconomy.com [Consultado a 03.05.2021]

Latest Human Development Index Ranking | Human Development Reports (undp.org)


[Consultado a 03.05.2021]

The 2010 Human Development Index (HDI) (undp.org) [Consultado a 03.05.2021]

https://ine.pt/xportal/xmain?
xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=428264268&DESTAQUES
modo=2 [Consultado a 07.05.2021]

https://www.publico.pt/2020/04/15/economia/noticia/crise-covid19-faz-subir-numero-
desempregados-353-mil-1912385 [consultado a 10.05.2021]

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/o-que-e-o-lay-off-simplificado-perguntas-e-
respostas [Consultado a 09.05.2021]

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