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INTRODUÇÃO
Apresente o setor econômico escolhido e fala sobre o seu trabalho em linhas gerais.
CONTEXTO DO SETOR
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https://anfavea.com.br/docs/apresentacoes/APRESENTA%c3%87%c3%83O-ANFAVEA-E-BCG.pdf
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Apresente número e índices relacionados à oferta, à demanda, à produção e aos demais indicadores
necessários à contextualização.
O setor automotivo já vinha enfrentando alguns desafios mesmo antes da pandemia, como a
desindustrialização no país e perda de participação no PIB, apontadas em nota técnica do Dieese 2,
e a necessidade de começar a pensar em soluções cada vez menos dependentes de combustíveis
fósseis, e agora está sofrendo ainda mais impactos negativos, devido aos desafios impostos pela
pandemia do novo coronavírus.
Entrando mais detalhadamente nos índices referentes ao setor, encontramos um grande
número de informações relevantes sobre o setor no site da Anfavea (Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores).
Primeiramente, com relação ao número de licenciamentos, que pode de alguma forma
refletir índices de demanda, apresentamos abaixo uma tabela com os números de 2019 a 2021 no
mesmo período de janeiro a agosto.
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https://www.dieese.org.br/notatecnica/2021/notaTec259desindustrializaSetorAutomotivo.pdf
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GIC_IE_NT_ImpactosMacroSetoriaisdaC19noBrasilvfinal22-05-2020.pdf (ufrj.br)
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1. Cenários de choques sobre os componentes da demanda final (var. % em 2020) – Esther Dweck
analisado.
Observando os volumes dos anos de 2019 a 2021 notamos que houve uma redução
significativa na produção de veículos automotores no ano de 2020 em relação a 2019, sendo um
reflexo direto da pandemia, pois houve paralisação na produção entre abril e maio de 2020.
Podemos observar uma queda de 62,3% em 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Em 2021
o cenário apresentou melhoras significativas, com um crescimento de 204% em relação a 2021,
mas ainda apresentando uma queda de 23% em relação a 2019. Nota-se um impacto significativo
da pandemia no que diz respeito ao índice de produção.
Referente ao volume total do período de janeiro a agosto, notamos que houve uma redução
de 45% no volume produzido em 2020 em relação a 2019, mas houve um crescimento de 33% em
2021, no comparativo com 2020. Ainda assim, analisando 2021 contra 2019, há ainda uma queda
na produção de 26%.
Com relação ao nível de empregos no setor, apresentamos a seguir uma tabela elaborada a
partir dos dados disponíveis na Anfavea, mostrando o total de pessoas empregadas entre os meses
de janeiro e agosto nos anos de 2019 a 2021.
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Nota-se que em todos os meses, o número de pessoas empregadas foi menor em 2020 e
2021 em relação a 2019, mesmo com a recuperação do nível de vendas e produção de veículos no
ano de 2021, não houve recuperação dos empregos, pelo contrário, o nível de empregos foi menor
em 2021 em relação a 2020 também, em todos os meses. Isso provavelmente deve-se à saída da
Ford do Brasil, que segundo matéria no Auto Esporte 4, impactou na perda de cerca de 10 mil
empregos diretos. Desta forma, notamos que deve ter havido um nível de contratação
relativamente alto pelas outras montadoras, uma vez que a queda dos empregos em relação a
2020 não chega a 10 mil.
A partir dessa análise preliminar vemos que o setor automotivo sofreu impactos pesados da
pandemia, mas que vem demonstrando alguns sinais de recuperação, inclusive com relação à
demanda, o que será apresentado mais detalhadamente na análise microeconômica.
ANÁLISE MACROECONÔMICA
Desta forma, é importante analisar esses indicadores macroeconômicos e como eles foram
impactados pela pandemia da COVID-19, e como o setor analisado pode também ter sido
influenciado por alterações nesses indicadores.
Analisando o PIB nacional nos anos 2019 e 2020, notamos uma queda significativa do PIB em
2020 em relação a 2019, com um índice de redução de 4,06% 5.
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https://autoesporte.globo.com/mercado/noticia/2021/01/mais-de-10-mil-trabalhadores-serao-demitidos-apos-a-ford-encerrar-
producao-de-carros-no-brasil.ghtml
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https://datasebrae.com.br/pib/?pagina=dados-para-download&ano=2020
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2. PIB - 2019 vs 2020 – Adaptado de Sebrae
Em relação aos quatro trimestres anteriores, houve um crescimento de 1,8%, que conforme
tabela apresentada na nota informativa do Ministério da Economia, foi superior a alguns países
desenvolvidos como Alemanha e Reino Unido, o que pode ser considerado um dado positivo em
comparação com os índices do auge da pandemia.
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4. Var. % Acum. 4 trimestres - Comparativo de Países - Ministério da Economia
Quanto ao nível de emprego, apresentamos uma tabela elaborada pelo IBGE na qual
podemos observar as taxas de desocupação trimestral a partir do segundo trimestre de 2018.
Observando o quanto a taxa de desocupação foi impactada pela pandemia, com certeza as
políticas públicas de auxílio emergencial foram de extrema importância para que o impacto na
economia não fosse ainda maior tendo em vista que muitas pessoas perderam suas rendas, fossem
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elas advindas de empregos formais ou mesmo informais.
Analisando o IPCA como principal índice de preços e medida mais utilizada para mensuração
da inflação, observamos que em relação a 2019, o ano de 2020 teve índice de inflação praticamente
estável, com crescimento de apenas 0,2%, o que não significa necessariamente algo positivo, pois
em momentos de crise há crescimento muito baixo, e baixo investimento das empresas, com grande
demanda reprimida, e por isso a inflação não cresce.
No entanto, analisando 2021, já identificamos uma inflação bastante alta, com índice
acumulado de 5,67% em 8 meses, e 9,68% nos últimos 12 meses. Além disso, a inflação de agosto
de 2021, com índice de 0,87% 6, foi a mais alta para o mês dos últimos 21 anos, pressionada
principalmente pelos preços dos combustíveis, gás e energia elétrica, e isso logicamente tem um
impacto bastante negativo na economia, pois produz efeitos negativos como a redução do consumo
das famílias.
Outro fator macroeconômico que sofreu bastante influência da pandemia no país foi a taxa
de câmbio. Em setembro de 2019 o dólar era cotado à média de R$ 4,12 e fechou o mês de agosto
de 2021 com a média de R$ 5,25, ou seja, o dólar já acumula alta de 27% nos últimos 24 meses,
conforme podemos observar no gráfico de médias mensais da cotação, elaborado a partir de dados
do Ipea.
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https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/31583-inflacao-fica-em-0-87-em-
agosto-maior-para-o-mes-desde-2000
Esse aumento na cotação do dólar causa impactos significativos na economia, pois por um
lado, favorece as exportações devido ao câmbio favorável para compra do exterior, e para os
exportadores em gera, mas por outro lado traz impactos negativos como o desabastecimento de
alguns itens, pois é mais vantajoso exportar do que vender no mercado interno, gerando aumento
de preços no mercado interno devido à alta demanda e baixa oferta.
Finalmente, outro fator macroeconômico preponderante é a taxa básica de juros praticada no
país. Essa taxa regula juros de empréstimos e rendimentos financeiros, ou seja, tem grande
influência no desempenho econômico do país, pois por exemplo quando a taxa sobre, fica mais caro
tomar empréstimos, e consequentemente há uma redução nos investimentos. A taxa de juros é
também um mecanismo governamental de controle da inflação, pois conforme Stocker (2021)
menciona, “quando a inflação sobe, o Banco Central eleva a Selic, na expectativa de que o crédito
mais caro freie o consumo e, por tabela, a inflação diminua.”
No gráfico a seguir, apresentamos a evolução da Selic desde outubro de 2019.
Observando a evolução da taxa Selic nos últimos dois anos, temos uma sequência de
reduções entre o fim de 2019 e julho de 2020, onde alcançou a menor taxa da história, se mantendo
até o início de 2021. Boa parte das baixas ocorreu durante a pandemia e essa redução
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provavelmente foi uma intenção de estímulo ao crédito e ao consumo em um contexto de muitas
incertezas, e em que a taxa de desocupação estava em crescimento, e havia grande dependência do
auxílio emergencial.
A partir do início de 2021, a taxa veio sofrendo sucessivos aumentos, até chegar ao patamar
de 6,25% a.a. em setembro deste ano, talvez como medida de tentar segurar a inflação que vem
subindo, conforme apresentado anteriormente.
Analisando o geral dos indicadores macroeconômicos apresentados, notamos que a pandemia
teve um impacto muito forte e bastante negativo na economia do país, pois todos os indicadores
apresentados tiveram desempenho bem inferior aos anos e meses anteriores à deflagração da
pandemia da COVID-19.
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ANÁLISE MICROECONÔMICA
Apresente como o impacto direto na oferta e demanda do setor e a estrutura de mercado a qual
pertence são influenciadas pelos mercados interno e internacional.
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https://www.anfavea.com.br/docs/06_08_2021_release_coletiva.pdf
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Na tabela acima, nota-se um aumento de 43% no número de veículos exportados em
relação ao total de 2020 no mesmo período. Um dos fatores pode ser devido ao câmbio que está
favorável às exportações como foi abordado na análise macroeconômica, o que contribui ainda
mais para a baixa oferta de veículos no mercado interno.
Um dos principais fatores que está influenciando diretamente o setor automotivo é o
mercado do aço, pois apesar de a produção estar relativamente normalizada, há uma demanda
reprimida, e com aumento no consumo em relação ao ano de 2020 8, há um desabastecimento e
crise de estoque.
Além disso, o preço do aço está muito alto, conforme apontado pela S&P Global Platts 9,
houve um aumento de preço no aço nacional de cerca de 130% nos últimos 12 meses. Esse cenário
certamente impactou o setor automotivo, que depende muito dessa matéria prima em sua
produção, e deve ser um dos responsáveis pelo aumento de preços observados.
Desta forma, o preço dos automóveis no Brasil tem subido consideravelmente nos últimos
anos, e principalmente devido à pandemia desde o ano passado, com aumento médio de 10% em
2020 segundo estudo da KBB10, sofrendo impacto do aumento do dólar, aumento das exportações,
dos custos de energia, dos custos de matérias-primas e componentes, e da escassez de materiais e
baixa oferta.
Segundo apresentação da Anfavea 11, vemos que no mês de agosto de 2021 os dias de
estoque de veículos era de apenas 13 dias, contrastando com a situação de março de 2020, quando
foi decretada a pandemia, e os dias de estoque eram 144, provavelmente por uma baixa na
demanda devido às incertezas econômicas, e por ainda haver um estoque significativo que foi
reduzindo até o momento presente em função da baixa produção.
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https://acobrasil.org.br/site/wp-content/uploads/2021/09/EM_Agosto_2021_948977333-2.pdf
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http://edicaodobrasil.com.br/2021/06/04/aco-brasileiro-teve-avanco-de-130-nos-ultimos-12-meses/
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https://www.kbb.com.br/detalhes-noticia/apos-forte-alta-fim-2020-precos-carros-estabilizam-janeiro/?ID=3157
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https://anfavea.com.br/docs/apresentacoes/APRESENTA%c3%87%c3%83O_COLETIVA_SETEMBRO.pdf
9. Dias de estoque Ago/19 a Ago/21
Com relação à demanda, por um lado, temos a questão de restrições orçamentárias de boa
parte da população devido à diminuição de renda, e aumento do desemprego, que desestimulam
gastos de alto valor como veículos, sendo um impacto negativo na demanda.
Ao mesmo tempo, no entanto, as classes mais altas deixaram de gastar com viagens ao
exterior, por exemplo, devido às limitações de viagem impostas pela pandemia, o que os levou a
direcionar esses gastos a outros setores, como imóveis, reformas e à compra de veículos,
principalmente os mais modernos e carregados de mais tecnologia, conforme estudo da Bright
Consulting12, gerando um aumento na demanda por esse tipo de veículos, que são exatamente os
de produção mais impactada, pois tem grande utilização de semicondutores, e outros componentes
que estão escassos no mercado.
Ao passo que diminuiu a produção de veículos novos, em função da escassez de
componentes como semicondutores, chips, e outras peças. Em função do aumento de preços dos
carros novos, houve também um aumento na procura por veículos seminovos e usados, pois “com
os baixos números do mercado de veículos novos, as mudanças de perfil e o comportamento da
população impulsionaram fortemente a venda de carros usados. Além disso, como 40% dos
veículos usados vendidos são financiados, a redução da taxa de juros aumentou o acesso ao
crédito”13 os quais também tiveram aumento de preço bem acima da inflação, com aumentos de
até 4 ou 5 vezes o percentual da inflação, superiores aos veículos novos. Como podemos ver na
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https://brightisd.com/project/os-precos-seguem-aumentando/
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https://www.karvi.com.br/blog/qual-comportamento-do-mercado-automotivo-em-epoca-de-pandemia/
#De_que_forma_a_crise_por_conta_da_covid-19_impactou_o_mercado_automotivo
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tabela abaixo, houve aumentos significativos nos preços de carros usados entre 4 e 10 anos e de
carros seminovos.
Desta forma, notamos que há diversos fatores microeconômicos tanto no mercado interno,
como por exemplo o aumento de preços, aumento de custos e baixa oferta, e no mercado externo,
como escassez mundial de semicondutores, e valorização do dólar, trazendo diversos impactos ao
setor automotivo no Brasil, pois grande parte dos componentes que já estão escassos são
importados, sofrendo ainda maiores pressões do câmbio, além dos valores de commodities como o
aço serem negociadas em dólar, gerando impactos nos preços dos automóveis novos, e
consequentemente também nos veículos usados e seminovos.
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CONCLUSÃO
Ao longo do desenvolvimento desta análise, foi possível observar que fatores macro e
microeconômicos tem um papel fundamental no comportamento dos setores produtivos, e dos
consumidores em geral, pois está tudo interconectado, principalmente em um mundo em que as
fronteiras são cada vez menos relevantes no que diz respeito aos negócios e à economia em escala
global.
Através das análises, foi possível observar os diversos impactos negativos que a pandemia
trouxe à economia do país, e mais especificamente ao setor de produção e venda de veículos. No
entanto, também se observa uma ligeira melhora que ainda está sendo afetada pela escassez de
alguns produtos fundamentais à produção, os quais foram impactados pela baixa na produção
devido ás medidas de contenção ao vírus num primeiro momento, e atualmente pela demanda que
estava reprimida, e agora está alta, não sendo os setores produtores desses materiais capazes de
suprir a demanda em tempo hábil para permitir a recuperação da produção do setor automotivo.
Desta forma, acreditamos que o cenário para o próximo ano parece favorável no que diz
respeito ao tamanho da demanda, e nos preços, porém é de extrema importância que haja a
regularização no suprimento de matérias-primas e componentes de forma que o setor seja capaz
de aumentar a produção e as vendas. Entendemos que há um otimismo razoável, e que as
perspectivas para o setor são boas e tendem a continuar assim até o momento que a demanda
reprimida consiga ser suprida, quando deve haver uma estabilização em linha com os anos
anteriores à pandemia, a não ser que apareça algum outro fator relevante para a economia
brasileira que não tenha sido identificado até o momento presente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DWECK, Esther, et al. Impactos Macroeconômicos E Setoriais Da Covid-19 No Brasil. Disponível em:
https://www.ie.ufrj.br/images/IE/grupos/GIC/GIC_IE_NT_ImpactosMacroSetoriaisdaC19noBrasilvfin
al22-05-2020.pdf. Acessado em 18/09/2021
GONÇALVES, Antônio Carlos Pôrto et al, Economia empresarial. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018
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consumidores, Blog do Ibre, Disponível em https://blogdoibre.fgv.br/posts/os-impactos-do-
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Nota Técnica: A desindustrialização e o setor automotivo: retomada urgente ou crise sem fim
Disponível em:
https://www.dieese.org.br/notatecnica/2021/notaTec259desindustrializaSetorAutomotivo.pdf -
Acesso em 20/09/2021
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https://anfavea.com.br/docs/siteautoveiculos2021.xlsx - Acesso em: 22/09/2021
CONHECER o PIB te ajuda a entender o passado e programar o futuro. SEBRAE. Disponível em:
https://datasebrae.com.br/pib/?pagina=dados-para-download&ano=2020 – Acesso em 25/09/2021
PREÇOS de carros usados sobem mais de 13% no primeiro semestre diante da falta de peças e
ritmo mais lento na produção. Infomoney, Disponível em: https://www.infomoney.com.br/minhas-
financas/precos-de-carros-usados-sobem-mais-de-13-no-primeiro-semestre-diante-da-falta-de-
pecas-e-ritmo-mais-lento-na-producao/
https://acobrasil.org.br/site/wp-content/uploads/2021/09/EM_Agosto_2021_948977333-2.pdf
http://edicaodobrasil.com.br/2021/06/04/aco-brasileiro-teve-avanco-de-130-nos-ultimos-12-meses/
https://www.kbb.com.br/detalhes-noticia/apos-forte-alta-fim-2020-precos-carros-estabilizam-janeiro/?ID=3157
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