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UNIDADE: A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

O ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2019


Linhas orientadoras
Ao longo de três anos consecutivos, Portugal alcançou objetivos fundamentais para salvaguardar o
crescimento e o equilíbrio das contas públicas no futuro. Este é o caminho a seguir. O Orçamento do
Estado para 2019 projeta a continuação desta estratégia, garantindo confiança e previsibilidade.
Renova-se a aposta dual no rigor e equilíbrio das finanças públicas, em paralelo com a promoção do
crescimento inclusivo, do emprego, do investimento produtivo e da melhoria dos serviços públicos:
 Privilegia-se a estabilidade fiscal e promovem-se medidas de apoio às famílias (com destaque para o
Programa Regressar), à competitividade das empresas (realçando-se a dispensa de obrigatoriedade do
PEC), às políticas públicas (nomeadamente, por via da valorização do Interior), de combate à fraude e
evasão fiscais e de simplificação da relação dos contribuintes com a administração tributária.
 Na Proteção Social, prevê-se o aumento real do poder de compra de cerca de 78% das pensões; a
atualização extraordinária para as pensões mais baixas; o novo regime de reforma antecipada por
flexibilização; e o reforço da proteção da primeira e segunda infância do abono de família.
 O investimento público prossegue o compromisso de melhoria dos serviços públicos e de apoio ao
crescimento económico, com um aumento de 710 milhões de euros, em 2019. Estima-se que o
investimento em grandes projetos estruturantes atinja os 1100 milhões de euros, antevendo-se que o
crescimento acelere nos próximos anos, refletindo, por um lado, a maior execução dos fundos
estruturais associados ao Portugal 2020, com um pico em 2022, e, por outro, a expansão da capacidade
produtiva da economia. Os principais investimentos distribuem-se entre as áreas de Saúde, Educação,
Ciência e Tecnologia, Cultura, Transportes, Ambiente, Agricultura, Defesa, Administração Interna e
Justiça.
 Em simultâneo com a diminuição do preço da eletricidade, assistiu-se entre 2017 e 2018 à maior
redução da dívida tarifária, em cerca de 744 milhões de euros. O Governo continuará a apostar na
redução da fatura energética, sendo transferidos mais 200 milhões de euros para reduzir o défice
tarifário, em 2019.
 A aposta na Saúde continua com o investimento em cinco novas unidades hospitalares em Évora,
Lisboa Oriental, Madeira, Seixal e Sintra; o alargamento das redes de cuidados continuados integrados
e de cuidados paliativos; o reforço dos cuidados de saúde primários; e o fortalecimento da rede
nacional de veículos de emergência. Neste quadro, importa destacar o aumento, em mais de 500
milhões de euros, do orçamento do SNS, que inclui a implementação de um novo modelo de
financiamento em 11 hospitais EPE (no âmbito de um projeto-piloto); e a continuação do esforço de
diminuição da dívida, permitindo a obtenção de melhores condições comerciais junto de fornecedores.
 Na Educação, alarga-se a medida de gratuidade dos manuais escolares para todos os alunos da rede
pública, com um enfoque na devolução para reutilização. A primazia dada à equidade na escola pública
concretiza-se com o aumento das dotações para a ação social escolar.
 A valorização da Cultura encontra reflexo no aumento sem precedentes das verbas destinadas ao
respetivo Programa Orçamental, na alteração da taxa do Imposto sobre o Valor Acrescentado aplicável
aos espetáculos culturais, contribuindo para o objetivo de garantir um acesso mais democrático e
abrangente aos diferentes meios de manifestação artística.
 Prosseguindo a reposição de direitos e rendimentos dos trabalhadores da Administração Pública, o
Governo concretiza em 2019 o descongelamento de nove anos nas carreiras, mais um passo no
regresso à normalidade, que vem juntar-se à reversão dos cortes salariais, à reposição das 35 horas e
à contratação de trabalhadores qualificados.

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 Para cumprir o objetivo de dar uma resposta às famílias que vivem em situação de grave carência
habitacional, a meta é erradicar as situações habitacionais indignas em Portugal até 2024. Para tal, é
lançado o 1.º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, que visa garantir o acesso a uma
habitação adequada a pessoas que residem em condições habitacionais indignas, com uma primeira
fase de execução a iniciar-se já em 2019.

Medidas de política orçamental

Para 2019, o Governo manterá as principais orientações de política que caracterizaram os anos
precedentes, procurando dinamizar a economia com base no reforço do investimento e da
internacionalização, bem como na prossecução de medidas de política de equidade social,
promovendo uma trajetória sustentável de redução do défice orçamental e da dívida pública. Assim,
e em linha com o apresentado no Programa de Estabilidade de 2018-2022, serão adotadas medidas
que assentam numa estratégia de aumento do rendimento disponível das famílias, de equidade social
e de apoio à criação de emprego, bem como de alívio fiscal.
As principais medidas de política orçamental encontram-se identificadas no quadro abaixo.

PRINCIPAIS MEDIDAS DE POLÍTICA ORÇAMENTAL

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No quadro, encontram-se elencadas as principais medidas a implementar em 2019, bem como o
respetivo valor incremental face ao ano anterior. Destacam-se o efeito pleno da eliminação da
sobretaxa do IRS e da alteração dos escalões do IRS, bem como o descongelamento de carreiras na
função pública. No âmbito das políticas sociais, é de realçar o aumento extraordinário de pensões,
abono de família e prestação social para a inclusão. Por fim, será dada continuidade ao exercício de
revisão da receita e da despesa pública.

Medidas de política fiscal


No seguimento dos três Orçamentos do Estado aprovados na presente legislatura, o Governo mantém
neste Orçamento o rumo de reposição de rendimentos e promoção de uma mais justa redistribuição
da riqueza nacional. O Orçamento do Estado para 2019 segue, assim, uma lógica de estabilidade fiscal,
com as alterações necessárias para promover um sistema fiscal mais justo, simples e eficaz. As
orientações para a política fiscal em 2019 assentam em cinco grandes eixos:
i. Medidas fiscais de apoio às famílias;
ii. Medidas fiscais de apoio à competitividade das empresas;
iii. Simplificação da relação dos contribuintes com a Autoridade Tributária e Aduaneira;
iv. Combate à fraude e evasão fiscais e ao planeamento fiscal abusivo;
v. Medidas fiscais de apoio a políticas públicas.

DGO, Relatório do Orçamento do Estado 2019, in www.dgo.pt (adaptado).

Receitas e despesas das Administrações Públicas

CONTA DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS EM CONTABILIDADE PÚBLICA


(milhões de euros)

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O saldo das Administrações Públicas deverá situar-se em -2 193,00 milhões de euros em 2019, o que
se traduz num agravamento de 888 milhões de euros face ao previsto para 2018 (-1 304,00 milhões de
euros). Por subsetores, prevê-se que a Administração Central contribua negativamente para a
evolução do défice (-4 524,80 milhões de euros), enquanto os saldos da Segurança Social (1 664,50
milhões de euros) e da Administração Local e Regional (667,40 milhões de euros) registarão evoluções
positivas.

A receita total deverá aumentar 5,4% face ao estimado para 2018, evolução determinada,
maioritariamente, pela receita fiscal, tanto ao nível dos impostos indiretos (3,9%) como dos impostos
diretos (1,8%), e pela receita de capital (73,1%). A despesa, que cresce 6,3%, reflete, em particular, o
aumento do investimento (31,2%), das transferências correntes (3,8%) e da outra despesa corrente
(84,6%).

Receita fiscal

O bom desempenho da economia em 2018 permitiu que a estimativa de receita fiscal fosse revista em
alta face ao constante no Orçamento do Estado para 2018. De facto, prevê-se que a receita em 2018
fique cerca de 1200,00 milhões de euros (+2,8%) acima do que constava no Orçamento do Estado
aprovado. Destaca-se, nesta revisão da estimativa o desempenho positivo do IRC e do IVA, o que
resulta do crescimento da atividade económica. Neste sentido, prevê-se que, face à estimativa de
receita para 2018, em 2019 se verifique um crescimento da receita fiscal em cerca de 1,4%, com
especial destaque para a evolução da receita de IVA, ISP, IRS e IS. De facto, os impostos indiretos são
responsáveis primários (80% da variação) pelo crescimento da receita fiscal, e em menor grau os
impostos diretos.

RECEITA FISCAL
(milhões de euros)

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CONTAS DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS
ÓTICA DA CONTABILIDADE PÚBLICA
(milhões de euros)

DGO, Relatório do Orçamento do Estado 2019, in www.dgo.pt (adaptado).

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Transferências financeiras entre Portugal e a União Europeia

As transferências financeiras entre Portugal e a União Europeia (UE) refletem, do lado da despesa, a
contribuição de Portugal em Recursos Próprios para o Orçamento Geral da UE e, do lado da receita, o
recebimento das comparticipações da UE no cofinanciamento de projetos apoiados por fundos
europeus. No quadro seguinte indicam-se os valores relativos aos fluxos financeiros entre Portugal e a
UE registados nos anos de 2016 e 2017, a estimativa para o ano de 2018 e a previsão para o ano de
2019.
FLUXOS FINANCEIROS ENTRE PORTUGAL E A UNIÃO EUROPEIA
(milhões de euros)

Notas:
(a) Os montantes expressos no quadro correspondem a valores brutos disponibilizados à Comissão Europeia. (b) Inclui os
Ajustamentos aos recursos próprios IVA e RNB de exercícios anteriores e Juros respeitantes a Recursos Próprios. (c) Inclui os
montantes recebidos por Portugal referentes a correções de anos anteriores nos recursos próprios. (d) Despesas de cobrança
previstas no n.º 3 do artigo 2.º da Decisão do Conselho n.º 2007/436/CE, Euratom, de 7 de junho, relativa ao Sistema de
Recursos Próprios da Comunidade Europeia, correspondente a 25% dos Recursos Próprios Tradicionais cobrados, com
redução de 25% para 20% no âmbito da Decisão do Conselho n.º 2014/335/UE Euratom a partir de 1 de outubro de 2016. (e)
Os montantes incluídos em cada Fundo englobam os vários períodos de programação, QREN e PT2020. Não inclui Programas
de Ação e Iniciativas Comunitárias (PAIC). (f) Inclui Medidas Veterinárias. (g) Devoluções e restituições à CE no âmbito dos
diversos Fundos.

DGO, Relatório do Orçamento do Estado 2019, in www.dgo.pt (adaptado).

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Trajetória da dívida pública

No final de 2018, estima-se que o rácio da dívida soberana sobre o PIB atinja os 121,2% (isto é, uma
diminuição de 3,5 p.p. relativamente ao final do ano anterior), o que, em conjunto com a diminuição
verificada em 2017 (-4,5 p.p.), representa a maior redução em 20 anos. Esta variação deverá refletir
um excedente primário de 2,7% do PIB – de novo um dos maiores da União Europeia –, bem como o
efeito do diferencial positivo entre o efeito do crescimento do PIB e o impacto da taxa de juro
subjacente à dívida pública (efeito combinado do rácio da dívida pública em 1,1 p.p.).
Espera-se que os ajustamentos défice-dívida deteriorem o rácio em 0,3 p.p. do PIB. Em 2019, o rácio
da dívida deverá volta a cair (-2,7 p.p.), fixando-se nos 118,5% do PIB, dando continuidade à tendência
iniciada em 2016. Esta melhoria resulta do contributo do saldo primário e do contributo do diferencial
entre o crescimento económico e os encargos com juros. Ambos os efeitos têm vindo a ser benéficos
para a redução da dívida pública desde 2015. Desta feita, apesar da redução do peso dos juros no PIB
em 0,2 p.p., prevê-se que o efeito dinâmico seja inferior ao verificado no ano anterior em 0,1 p.p.,
devido a um menor contributo do crescimento nominal da economia para a redução do rácio da dívida
(4,3 p.p.).
Note-se ainda que o efeito negativo dos juros tem vindo a diminuir nos últimos anos, o que resulta da
redução da taxa de juro implícita da dívida. Para esta evolução contribuiu, para além da política do
Banco Central Europeu e do processo de consolidação orçamental, a estratégia de gestão da dívida
pública assente no reembolso antecipado do empréstimo do FMI, no prolongamento das maturidades
dos títulos e na manutenção de um nível de depósitos capaz de garantir as necessidades de
financiamento em caso de dificuldade no acesso ao mercado de capitais.

TRAJETÓRIA DA DÍVIDA
(% do PIB)

DGO, Relatório do Orçamento do Estado 2019, in www.dgo.pt (adaptado).

(p) Previsão.

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Finanças públicas – Portugal e a UE

EVOLUÇÃO DO SALDO ORÇAMENTAL E DA DÍVIDA PÚBLICA EM PORTUGAL E NA ÁREA DO EURO


(em % do PIB)

(1) Área do Euro: composição de 19 países (na ótica do SEC2010). Os dados para a Área do Euro são atualizados no mês seguinte ao da
disponibilização da informação trimestral referente a Portugal e na data de divulgação do Boletim Estatístico completo.

EVOLUÇÃO DO SALDO ORÇAMENTAL E DA DÍVIDA PÚBLICA EM PORTUGAL E NA ÁREA DO EURO


(em % do PIB)

(1) Área do Euro: composição de 19 países (na ótica do SEC2010). Os dados para a Área do Euro são atualizados no mês seguinte ao da
disponibilização da informação trimestral referente a Portugal e na data de divulgação do Boletim Estatístico completo.

O ajustamento défice-dívida corresponde à variação do stock de dívida pública que não resulta do
défice/excedente orçamental, para um dado período. O ajustamento défice-dívida pode ser agrupado em
três categorias principais:
(i) transações em ativos financeiros; (ii) efeitos de valorização em volume e preço da dívida; (iii) e outros
efeitos.
Para mais detalhes, consultar o Apontamento sobre dívida pública do CFP n.º 1/2013.

Consultar: https://www.cfp.pt/pt/glossario

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*Ótica do PDE: Procedimento dos Défices Excessivos.
(2) A linha a tracejado refere-se ao valor definido pelo Tratado de Maastricht.

Banco de Portugal, Boletim Estatístico de janeiro de 2019,


in https://www.bportugal.pt/publicacao/boletim-estatistico (adaptado)

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Eurostat, News release, Euroindicators, 21 de janeiro de 2019, in https://ec.europa.eu/eurostat/documents

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