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2023/2024
Leitura e Gramática
1. Lê o texto.
Neste preciso momento, a guerra da Ucrânia e da Rússia está num conflito mudo com a
2 guerra em Israel e na Palestina. O conflito israelo-palestiniano passou para a dianteira por
5 ser mais recente. Tem a frescura de uma guerra que, apesar de antiga, tem episódios
novos. [...] Os relatos de uma e outra guerra são atrozes, vão para lá daquilo que
conseguimos suportar. Mas, apesar do horror, não conseguimos mudar de canal e
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esquecer o que de tão monstruoso está a acontecer. Não conseguimos afastar os olhos de
imagens que nos confrontam com o facto de alguém humano como nós ser capaz de
3 cometer crimes tão desumanos. Diz-se muitas vezes que somos o único animal que mata
0 os que são da mesma espécie, como forma de nos confrontarmos com o horror daquilo
que somos capazes; mas esta afirmação está longe da verdade. Os lémures matam-se
entre a própria espécie, as hienas fazem o mesmo, os lobos, os leões, os cangurus – todos
estes animais atacam e matam animais da mesma espécie. Mas há uma coisa que nos
difere destes outros animais: somos os únicos que fazemos disso um negócio.
3
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Matar e morrer são negócios desde sempre, mas ser espectador disso é uma coisa
nova, com poucos anos. Estas guerras são as piores que alguma vez vimos, porque estas
são das primeiras que vemos filmadas por populares nos sítios mais inacessíveis para as
4 equipas de filmagem. As outras guerras estão escondidas na memória de quem as viveu, e
0 nas terras onde as equipas de filmagem não se atrevem sequer a entrar. Há outros países
em guerra – quer sejam guerras civis ou conflitos entre grupos terroristas – onde neste
preciso momento se cometem atrocidades inimagináveis. Nenhuma dessas outras guerras
tem neste momento a audiência das duas que nos chegam cá diariamente. Os jornalistas
arriscam a vida num corajoso trabalho que implica saírem da paz de onde vivem e viajarem
4 para uma zona perigosa onde podem ser eles as vítimas a qualquer momento. Fazem-no
5 para nos mostrarem o que se passa nas guerras que mais nos sensibilizam neste
momento. [...]
A Ucrânia continua a ter mortes de crianças e adultos todos os dias, mas neste
momento não chega para a guerra que está a começar. Esquecemos o que não vemos,
5 porque vemos o que escolhem por nós; e escolheram-nos estas. Nas capas dos jornais já
0 há uma batalha que está à frente das outras, porque tem o sangue fresco que as outras já
não têm. No meio de todos os conflitos, há um mais escondido que não tem imagens de
mortes nem de edifícios destruídos, mas que causa feridos diariamente: o de tentar
perceber qual é a guerra que os espectadores querem ver hoje.
Bruno Nogueira, in Sábado, 26 de outubro de 2023 (texto com supressões)
2.1. No primeiro parágrafo, o autor descreve o ser humano como “um bicho curioso”
(linha 1), adotando uma perspetiva
(D) irónica, ao mostrar que o ser humano tem tanto de inteligente como de
perverso.
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(A) satirizar a tese apresentada no primeiro parágrafo.
(A) argumento, para atestar a ideia de que o ser humano não é o único animal
que mata os da sua espécie, mas é o único que o faz por dinheiro.
(B) argumento, para contrariar a ideia de que o ser humano não é o único
animal que mata os da sua espécie, mas é o único que o faz por dinheiro.
(C) contra-argumento, para reforçar a ideia de que o ser humano não é o único
animal que mata os da sua espécie, mas é o único que o faz por dinheiro.
(D) exemplo, para corroborar a ideia de que o ser humano não é o único animal
que mata os da sua espécie, mas é o único que o faz por dinheiro.
2.4. Na linha 38, ao afirmar que “Estas guerras são as piores que algumas vez
vimos”, o autor revela
2.5. No contexto em que ocorre, a expressão “sangue fresco” (linha 51) constitui uma
(C) metonímia, para destacar a guerra de audiências que está por trás dos
conflitos mundiais.
3
(C) “outras guerras” (linha 40).
2.7. No enunciado “Esquecemos o que não vemos, porque vemos o que escolhem por
nós” (linhas 49 e 50), a expressão “o que” introduz
(B) uma oração subordinada substantiva relativa, no primeiro caso, e uma oração
subordinada adverbial causal, no segundo.
2.8. Nas linhas 47 e 54, o pronome relativo “que” desempenha a função sintática de
Soluções
2.1. (A)
2.2. (D)
2.3. (D)
2.4. (B)
2.5. (C)
4
2.6. (C)
2.7. (D)
2.8. (B)