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ECONOMIA – 11.

º ANO ELSA SILVA | ROSA MOINHOS

TEMA 9| A CONTABILIDADE NACIONAL

DOCUMENTO 1 | Contas Nacionais — objetivos

As contas nacionais são utilizadas para determinar os recursos da UE, estando as regras
básicas consagradas numa decisão do Conselho. O total de recursos próprios
necessários para financiar o orçamento da UE é determinado pelo total das despesas
deduzido das outras receitas, e o valor máximo dos recursos próprios está relacionado
com o rendimento nacional bruto da UE.
Além de serem utilizados para determinar as contribuições orçamentais na UE, os
dados das contas nacionais servem também para determinar as contribuições para
outras organizações internacionais, como as Nações Unidas (ONU). As contribuições
para o orçamento da ONU assentam no rendimento nacional bruto, juntamente com
um conjunto de ajustamentos e limites.
As contas nacionais são amplamente utilizadas por analistas e investigadores para
avaliar a evolução e a situação económicas. Os parceiros sociais, como os
representantes empresariais (por exemplo, as associações comerciais) ou os
representantes dos trabalhadores (por exemplo, sindicatos) também têm interesse nas
contas nacionais para poderem analisar alterações que afetam as relações laborais.
Entre outras utilizações, os investigadores e os analistas utilizam as contas nacionais
para analisar o ciclo económico e os ciclos económicos a longo prazo, relacionando-os
com a evolução económica, política ou tecnológica.

https://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php?oldid=258989 (adaptado).

DOCUMENTO 2 | Conta do Resto do Mundo

A conta do Resto do Mundo abrange operações entre unidades institucionais


residentes e não residentes e os respetivos stocks de ativos e passivos. Como o resto
do mundo desempenha, na estrutura contabilística, um papel semelhante ao de um
setor institucional, a conta do resto do mundo é estabelecida do ponto de vista do
resto do mundo. Um recurso para o resto do mundo é uma utilização para o total da
economia, e vice-versa. Se um saldo contabilístico é positivo, significa um excedente
do resto do mundo e um défice do total da economia, e vice-versa se o saldo
contabilístico for negativo. A conta do resto do mundo diferencia-se das outras contas
dos setores na medida em que não indica todas as operações contabilísticas no resto
do mundo, mas apenas as que têm uma contrapartida na economia nacional objeto de
medição.

União Europeia, Regulamento n.º 549/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, 2013 (adaptado).
DOCUMENTO 3 | PIB

O PIB representa o resultado final da atividade económica das unidades institucionais


residentes num determinado território, num dado período de tempo (tipicamente, um
ano ou um trimestre). Esse resultado pode ser apurado segundo três óticas:

• Ótica da produção: o PIB corresponde à soma do valor acrescentado bruto (VAB),


que é igual à produção dos diferentes ramos de atividade, valorizada a preços de
base, deduzida do consumo intermédio necessário para a obter, acrescido dos
impostos líquidos de subsídios sobre os produtos;

• Ótica da despesa: o PIB corresponde à soma das despesas de consumo final das
famílias residentes, das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias (numa
terminologia mais simples, a soma destes dois agregados corresponde à designação
de consumo privado) e das administrações públicas (neste caso também
habitualmente chamado consumo público) com o investimento e as exportações
líquidas de importações;

• Ótica do rendimento: o PIB corresponde à soma das remunerações dos empregados,


dos impostos sobre a produção e importação líquidos de subsídios e do excedente
bruto de exploração.
INE, Como se calcula o PIB (adaptado).

DOCUMENTO 4 | Evolução PIB em Portugal

Em Portugal, no ano de 2020, marcado pelos efeitos económicos da pandemia da


Covid-19, o Produto Interno Bruto (PIB) ascendeu a 200,1 mil milhões de euros, o que
representou uma diminuição nominal de 6,7% (+4,5% em 2019) e real de 8,4% (+2,7%
em 2019), conforme se pode observar em Q1.
Com este resultado, 2020 passa a ser o ano com maior contração da atividade
económica desde 1995.
Q1 | PRODUTO INTERNO BRUTO E SUAS COMPONENTES (ÓTICA DA DESPESA)

Como se pode observar em Q2, em 2020, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) diminuiu
7,2% em termos reais. Após o crescimento em 2019 de 2,6%, o VAB registou uma
variação de -7,2% em volume. O VAB das atividades de alojamento e restauração
diminuiu 46,3%, e o dos transportes e armazenagem contraiu 19,5%, sendo as
atividades onde se fez sentir mais intensamente o impacto da pandemia da Covid-19,
refletindo os condicionamentos à mobilidade das pessoas no contexto da pandemia,
nomeadamente às deslocações turísticas e ao transporte aéreo.
Também o ramo dos outros serviços, onde se incluem nomeadamente as atividades
culturais, desportivas, recreativas e serviços pessoais, se contraiu expressivamente
(-15,2%).
Reduções mais moderadas do VAB ocorreram nas atividades financeiras e seguros
(-1,6%), imobiliárias (-1,2%) e de administração pública, saúde e educação (-1,4%).
Os ramos da construção e dos serviços de informação e comunicação, com
crescimentos de 3,0% e 4,1%, respetivamente, constituíram as exceções à contração
da atividade económica. Note-se ainda que a redução dos impostos líquidos de
subsídios sobre os produtos (variações de -15,9% e -10,6% em volume e valor,
respetivamente), sobretudo da receita do IVA, foi mais intensa do que a do VAB,
contribuindo assim para uma maior contração do PIB.
Q2 | PRODUTO INTERNO BRUTO E SUAS COMPONENTES (ÓTICA DA PRODUÇÃO)

O Rendimento Nacional Bruto (RNB) diminuiu 5,7% em 2020 (Q3), sendo esta
redução do RNB consequência direta da diminuição do PIB nominal, atenuada pela
melhoria do saldo dos rendimentos de propriedade com o exterior para -2,5% do PIB
em 2020 (-3,4% em 2019).
O Rendimento Disponível Bruto (RDB) diminuiu 5,5% em 2020 (+4,4% em 2019), o
que, conjugado com a redução de 4,0% da Despesa de Consumo Final, determinou
uma diminuição de 12,1% da poupança bruta da economia em 2020 (+4,9% no ano
anterior). O RDB nominal das Famílias atingiu 146,8 mil milhões de euros em 2020, o
que representa uma redução de 0,7% (+ 4,6% em 2019). A redução do RDB foi devida
à diminuição do EBE (Excedente Bruto de Exploração, de -4,8% em 2020),
parcialmente compensada pelo aumento das prestações sociais recebidas. O saldo
positivo dos rendimentos de propriedade registou uma redução de 2,8%, devida
principalmente à diminuição de 4,8% dos rendimentos recebidos.
Q3 | CONTRIBUTOS PARA A VARIAÇÃO PERCENTUAL DO RENDIMENTO
DISPONÍVEL DAS FAMÍLIAS

Como se pode observar em F1, a necessidade de financiamento da economia


fixou--se em 0,1% do PIB em 2020, o que representa uma redução do saldo em 1,1
p.p. relativamente ao ano anterior.
Este comportamento deveu-se à diminuição da Poupança Bruta da economia
anteriormente referida, atenuada pela redução de 1,6% da Formação Bruta de Capital
Fixo. Para as Famílias, a capacidade de financiamento atingiu 6,3% do PIB, como
consequência direta do aumento da poupança. O setor das Administrações Públicas
registou uma necessidade de financiamento de 5,8%, refletindo sobretudo o aumento
da despesa com subsídios à exploração e a diminuição dos impostos sobre a
produção. As Sociedades Não Financeiras registaram uma necessidade de
financiamento de 2,8% do PIB em 2020, que representou uma diminuição em 0,5 p.p.
do défice deste setor. Esta evolução do saldo foi determinada pelo grande aumento
dos subsídios recebidos, atingindo 3,2 mil milhões de euros, combinado com uma
redução de 5,3% da Formação Bruta de Capital Fixo.

F1 | CAPACIDADE (+) / NECESSIDADE (-) DE FINANCIAMENTP POR SETOR


INSTITUCIONAL (% do PIB)
INE, Destaque – Informação à comunicação social, setembro de 2021 (adaptado).

DOCUMENTO 5 | Limitações do PIB

O PIB pretende refletir exaustivamente o resultado da atividade económica. Quer isto


dizer que, independentemente da organização formal, informal ou mesmo ilegal dessa
atividade, o PIB deve abranger toda a atividade económica realizada. O PIB inclui,
nomeadamente: (i) a produção de serviços pelas administrações públicas e
instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias para os quais, em geral, não é
possível identificar um mercado e/ou o preço cobrado não é económico (razão pela
qual a sua contabilização é efetuada basicamente pelos custos da sua produção); (ii)
os serviços de habitação associados às casas habitadas pelos seus proprietários; (iii)
a produção de bens para autoconsumo.
Qualquer uma destas componentes tem grande relevância no PIB português, com
destaque para a primeira, que, grosso modo, corresponde ao consumo final das
Administrações Públicas (cerca de 1/5 do PIB). A segunda ganhou importância,
sobretudo a partir da segunda metade dos anos 90, em que se expandiu a aquisição
de habitação própria e a aquisição de habitação secundária (as rendas de habitação
imputadas, correspondendo ao valor dos serviços de habitação associados às casas
habitadas pelos seus proprietários, representam perto de 7,5% do PIB). A terceira,
onde predomina o autoconsumo de bens agrícolas, tem menor expressão, mas
assume tradicionalmente um valor ainda significativo na nossa economia (superior a
0,1% do PIB).
O PIB abrange ainda atividades ilegais, como a prostituição, a produção e o comércio
de drogas, o contrabando (estas três atividades correspondem aproximadamente a
perto de 0,5% do PIB), bem como a produção, que, por vários motivos (evasão fiscal,
ausência de contabilidade estruturada), não é apurada no âmbito das fontes
estatísticas convencionais. Existem, no entanto, atividades que não são consideradas
no apuramento do PIB: os serviços produzidos pelas famílias para seu próprio uso
(preparação de refeições, apoio a crianças e a idosos no seio da família, etc.) e o
trabalho voluntário. Adicionalmente, atividades de colaboração e prestação de serviços
no âmbito de tempo de lazer, não suscitando qualquer remuneração monetária ou em
espécie, também não são consideradas. Este tipo de atividades, embora podendo
concorrer para um maior bem-estar e para uma maior eficiência de utilização dos
recursos, enquadra-se na chamada economia colaborativa e na utilização intensiva da
Internet e de outras novas tecnologias e, em geral, não integram ainda a noção de
atividade económica subjacente ao cálculo do PIB.
Em sentido oposto, o efeito destrutivo da atividade económica sobre o ambiente não é,
em geral, repercutido negativamente, isto é, não existe um PIB «verde».

INE, Como se calcula o PIB (adaptado).

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