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Ibmec-BH

Trabalho de Microeconometria

Índice De Ecoeficiência E A Regressão Tobit: Uma Análise Entre Os Anos De 1991 A


2012

Harine Matos Maciel; Ahmad Saeed Khan; Leonardo Andrade Rocha

Arthur Ribeiro da Cruz – 202051416815

Isadora Prazeres Perim – 202051244691

Luana Cerqueira Bretas – 202102022681

6º período matutino

Belo Horizonte – MG

Novembro/2022
Parte A – Resumo do Artigo

O principal objetivo do artigo era calcular o Índice de Ecoeficiência (IE) de 51 países


através do método Free Disposal Hull (FDH) e a estimação de uma regressão Tobit com
o objetivo de determinar as variáveis que mais impactam o IE. A ideia principal do
artigo é mostrar como que o desenvolvimento econômico, através do aumento nos
níveis de consumo, pressionou o meio ambiente ao longo do tempo. O artigo nos mostra
que a partir dos anos 1980 as pessoas começaram a se importar um pouco mais com o
meio ambiente, surgindo assim maneiras de mensurar a eficiência econômica e ao
mesmo tempo ecológica, como foi o caso do índice de ecoeficiência criado pelo World
Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Para o WBCSD, o
desenvolvimento ecoeficiente é alcançado através da produção de bens e serviços a
preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de
vida e, ao mesmo tempo, reduzam o impacto ambiental até um nível pelo menos igual à
capacidade de sustentabilidade do recurso dada pelo planeta Terra. A ecoeficiência
exerce um papel importante ao poder contribuir com informações sobre eficiência
econômica e ambiental dos países, o que traz clareza sobre seu nível de sustentabilidade
e ilumina os governantes sobre as necessidades de alterar ou introduzir novas políticas
ambientais. O estudo também é capaz de responder perguntas como: A ecoeficiência
dos países melhorou desde o início dos anos de 1990? Os países desenvolvidos
alcançaram melhores resultados que os países em desenvolvimento e os países pobres?
Se assim for, quais os possíveis motivos desses resultados?

Os dados utilizados foram de 51 países distribuídos nos 5 continentes, com


periodicidade anual de 1991 até 2012, obtidos de origem secundária no site do Banco
Mundial. Utilizaram as variáveis emprego total (o número de pessoas com idade acima
de 15 anos que estão trabalhando), área de floresta (área de terras naturais ou plantadas
de árvores de pelo menos 5 metros quadrados, seja produtivo ou não, e exclui árvores
em sistemas de produção agrícola e árvores em parques e jardins urbanos), consumo de
energias renováveis (quota de energia renovável do consumo final), PIB a preço de
mercado, emissões totais dos gases do efeito estufa em kt. Para o cálculo da
ecoeficiência foi utilizado a divisão entre o PIB e as emissões totais de gases de efeito
estufa, espera-se que a ecoeficiência seja maior quando as emissões diminuírem para o
mesmo valor do PIB. O índice de ecoeficiência (IE) varia entre 0 e 1, quanto mais
próximo de 1, mais ecoeficiente é o país, comprometendo a dar importância não
somente às variáveis econômicas, mas também às variáveis ambientais.

A metodologia utilizada foi uma combinação da técnica FDH e regressão Tobit. O Free
Disposal Hull (FDH) é um modelo que determina uma fronteira de possibilidades de
produção que representa a combinação dos melhores resultados observados em uma
amostra, além de medir a relativa ineficiência dos produtores dentro da fronteira de
possibilidade de produção, medida pela distância da fronteira. A regressão Tobit assume
uma distribuição normal censurada. A variável dependente foi o logaritmo do inverso
do Índice de Ecoeficiência e as variáveis explicativas foram, também em logaritmo:
Rebanho Total/Área Total; Formação Bruta de Capital Fixo; Consumo de Energias de
Combustíveis Fósseis (% do total de energia utilizada); Taxa de Alfabetização de
Adultos; Qualidade do Governo e Rendas de Carvão (% do PIB).

Como principais conclusões, foi observado que a ecoeficiência média diminuiu de 1991
para 2012, confirmando possivelmente que os países não estão comprometidos em
diminuir os impactos ambientais causados pelas atividades produtivas, populacional e
de consumo. Apenas 9 dos 51 países alcançaram a nota máxima em algum momento do
período estudado e apenas 2 alcançaram a nota máxima em todos os anos estudados. Era
esperado que os países desenvolvidos obtivessem os melhores resultados, já que se
deduz que estes investem mais em pesquisas científicas e tecnológicas na busca por
continuar produzindo em ritmo acelerado, mas com menos impactos ao meio ambiente.
Quando se analisa os maiores índices, percebe-se que há essa dominância, no entanto,
países em desenvolvimento também alcançaram bons resultados, como Uruguai,
Nicarágua e Honduras, sinalizando que a riqueza do país não dimensiona totalmente a
sua capacidade de gerir e inovar em políticas ambientais. O estudo revela também que
países ricos, emergentes e pobres estão poluindo o meio ambiente, mas os ricos e
emergentes poluem em uma parcela bem maior, já que produzem mais e,
consequentemente, emitem mais gases de efeito estufa. Os resultados obtidos através da
regressão Tobit foi que as variáveis Formação Bruta de Capital Fixo, Consumo de
Combustíveis Fósseis e Rendas de Carvão possuem efeito negativo sobre o IE, enquanto
as variáveis Taxa de Alfabetização de Adultos e Qualidade do Governo geram um efeito
positivo, confirmando os efeitos esperados. Das seis variáveis utilizadas, somente
Rebanho Total/Área Rural não se mostrou significativa, embora tenha obtido o sinal
esperado (negativo).

Parte B – Metodologia do Artigo

A metodologia utilizada para calcular o Índice de Ecoeficiência (IE) foi o Free


Disposal Hull (FDH), para determinar uma fronteira de possibilidade de produção que
representa a combinação dos melhores resultados observados em uma amostra, além de
medir a relativa ineficiência dos produtores dentro da fronteira de possibilidade de
produção, medida pela distância da fronteira.

As variáveis definidas para o cálculo da ecoeficiência foram: Emprego Total (número


de pessoas acima de 15 anos que trabalham); Área de Floresta (área de terras de pelo
menos 5m²); Consumo de Energias Renováveis; PIB a preço de mercado; Emissões
Totais de Gases do Efeito Estufa.

O cálculo de ecoeficiência foi feito baseado na divisão do PIB pelo nível de emissões
totais de gases de efeito estufa. Espera-se que a ecoeficiência seja maior quando as
emissões diminuírem para o mesmo valor de PIB. O IE varia entre 0 e 1, sendo que
quanto mais próximo de 1, mais ecoeficiente é o país.

O outro método utilizado foi o Tobit para o modelo de regressão, com o intuito de
encontrar os betas de cada variável escolhida.

Log(1/IE) = β0 + β1LogRT + β2LogFBCF + β3LogCCF + β4LogTAA + β5LogQG +


β6LogRC +ui

Os autores utilizaram o Tobit por ele ser um método de censura, ou seja, com uma
limitação imposta à mensuração da variável dependente, impedindo que a regressão
estime parâmetros para valores inferiores ou superiores da variável dependente. A ideia
no estudo em questão é modelar a probabilidade de ocorrência de zeros para “y”
menores que zero, enquanto o restante das observações é modelado utilizando a
densidade de probabilidade da normal padrão. Para adequar os dados no modelo, o IE
foi utilizado em forma do logaritmo de sua inversa, obtendo assim resultados contínuos
e não negativos para a variável dependente (o IE varia entre 0 e 1, o que representaria
duas censuras necessárias). A diferença dele para o modelo de MQO é que ele consegue
censurar dados. Caso fosse utilizado o MQO, os parâmetros estimados levariam em
consideração os valores abaixo de zero, mesmo eles não sendo possíveis, o que
resultaria em estimativas viesadas e inconsistentes.

Parte C – Sugestões de Melhorias

Um problema que nós encontramos na regressão estimada no artigo está relacionado


com a escolha das variáveis independentes. O fato de a variável Rebanho Total/Área
Rural (RT) não ter sido significativa nos chamou atenção, uma vez que sabemos,
baseado em teoria econômica e dados sobre a emissão do gás metano por rebanhos
bovinos, que países que possuem uma criação relevante emitem uma quantidade muito
maior de gases de efeito estufa. Em países que não têm dotação inicial para criação de
gado, essa variável não é relevante. Para que o efeito da variável em questão sobre o
Índice de Ecoeficiência fosse capturado corretamente, acreditamos que deveria ser
incluída uma dummy que indicasse 1 para os países que possuem criação relevante de
rebanho e 0 caso contrário. A expectativa de resultado é que a varável RT continuaria
possuindo efeito negativo sobre o Índice de Ecoeficiência, mas agora seria significativa
ao modelo.

Outra sugestão é a utilização de dados em painel para a regressão, a fim de se fazer uma
análise dinâmica do Índice de Ecoeficiência nos 51 países mais completa. O resultado
nos permitiria analisar se o efeito de cada variável dependente utilizada no modelo
sofreu alteração ao longo do tempo, o que traria respostas mais assertivas para o
subsídio de implementação de políticas ambientais e econômicas nos países. Para
criarmos um bom modelo, precisamos de estimativas consistentes e precisas para os
coeficientes. Como o período de tempo analisado é relativamente longo, preferimos o
modelo de efeito aleatório ao de efeito fixo. Sugerimos então que a modelagem dos
dados seja feita através de Mínimos Quadrados Generalizados, calculando a equação
com o fator de transformação. Para garantir, pode ser realizado o teste de Hausman, cuja
hipótese nula é de efeito aleatório. Se o P-valor for menor que 10%, usa-se o modelo
com efeitos fixos. Caso contrário, nossa interpretação estaria certa e o modelo a ser
usado é o de Efeito Aleatório.
Referências Bibliográficas

MACIEL, Harine Matos; KHAN, Ahmad Saeed; ROCHA, Leonardo Andrade. Índice


de Ecoeficiência e a Regressão Tobit: Uma Análise Entre os Anos de 1991 a 2012.
Rev. Econ. NE, Fortaleza, v.49, n.2, p. 27-42, abr./jun., 2018. Disponível em:
<https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/35371/1/2018_art_hmmaciel.pdf>. Acesso
em: 20 nov. 2022.

MOREIRA, Ney Paulo; CUNHA, Nina Rosa da Silveira Cunha; FERREIRA, Marco
Aurélio Marques; SILVEIRA, Suely de Fátima Ramos. Fatores Determinantes da
Eficiência dos Programas de Pós-Graduação Acadêmicos em Administração,
Contabilidade e Turismo. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v.16, n. 1, p. 201-230,
mar. 2011. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/aval/a/xHXtYyNKbVFLW38XhJVTC6b/?
format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 21 nov. 2022.

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