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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
Linha de Pesquisa: Políticas Públicas e Gestão da Educação

A política de competências e habilidades na educação básica


pública: relações entre Brasil e OCDE

RODRIGO DA SILVA PEREIRA


Profa. Dra. Maria Abádia da Silva

BRASÍLIA, 2016
Método como opção política-científica

[...] Aqui parte-se da terra para atingir o céu. Isto significa que
não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam e pensam
nem daquilo que são nas palavras, no pensamento na
imaginação e na representação de outrem para chegar aos
homens em carne e osso; parte-se dos homens, da sua atividade
real. É a partir do seu processo de vida real que se representa o
desenvolvimento dos reflexos e das repercussões ideológicas
deste processo vital (Marx e Engels, 2005, p.26)
Pressupostos filosóficos
 i) Na perspectiva ampliada do Estado capitalista, as determinações que emanam do sistema
sociometabólico do capital, assim como as lutas contra ele, incidem na concepção,
formulação, implementação e avaliação das políticas educacionais;

 ii) A OCDE é uma instituição multilateral signatária da teoria liberal e suas formas de
atuação político-ideológicas intentam obter hegemonia de concepções, via construção de
falsos consensos que interessam ao capital;

 iii) O Pisa é um programa cuja intencionalidade é construir padrões únicos e universais nos
sistemas de educação básica pública nos países que dele participam, a fim de ampliar as
condições de produção e reprodução do sistema capitalista;

 iv) O contexto nacional influencia e é influenciado por intelectuais, orgânicos e tradicionais,


dos governos e partidos políticos, que difundem, sustentam e implementam tipos de gestão e
verificação/avaliação no sistema educacional brasileiro sob o ethos privado.
TESE
 O Pisa é um instrumento da política de competências e habilidades da
OCDE, afere a eficiência e eficácia dos sistemas de ensino, induzindo a
competitividade entre os países. Seus pressupostos político-ideológicos
orientam a adesão e adoção de políticas educativas que buscam construir
um tipo de educação centrado nos resultados dos processos de
verificação e mensuração, impulsionando uma gestão gerencial-
meritocrática subsumida ao ethos mercadológico, com o intuito de
construir padrões de referências internacionais nos sistemas de educação.
Questões de investigação
 i) Por que a participação brasileira em um programa de
avaliação internacional patrocinado por um organismo externo
do qual o Brasil não é membro pleno?

 ii) Por que o governo federal, mesmo tendo seus métodos de


avaliação, aceitou participar de um exame de caráter
internacional?

 iii) Ao participar do Pisa – que busca aferir os sistemas de


ensino a partir de uma determinada visão sobre educação –,
como governos incorporam, na política para a educação básica
pública, parte das concepções da OCDE?
Objetivo geral
 Analisar as orientações e proposições que emanam das relações entre o Brasil
e OCDE voltadas à política da educação básica pública, por meio dos
resultados obtidos no Pisa, entre 2000 e 2012.

Objetivos específicos
 Desvelar as estratégias da OCDE para construção de consenso, a fim de obter
hegemonia para a sua política de competências e habilidades, por meio dos
discursos e ações de seus intelectuais orgânicos;

 Analisar como a política e as proposições da OCDE, por meio das categorias


habilidades e competências, bem como suas determinações na gestão e na
avaliação, materializam-se na política para a educação básica pública
brasileira.
Percurso metodológico
 Análise documental
 Boletins Pisa em Foco
 Estudos Econômicos
 Relatório da revisão por pares
 Coleta de dados e documentos – OCDE/Paris/FR
 Website OCDE
 Portal de periódicos CAPES
 Website MEC/Inep
Conselho Geral
Conselho de
Representantes Secretaria Geral Comitê Executivo

Órgãos Especiais Secretarias Gerais Departamentos


Adjuntas
Economia
Centro de
Desenvolvimento Auditor Geral Comércio e Agricultura

OCDE
Agência Internacional
de Energia Assuntos Jurídicos Cooperação para o
Desenvolvimento
Clube do Sahel e Cooperação com não-
membros Meio Ambiente
África Ocidental
Conselho Executivo Estatística
Fórum para parceria
com a África
Programa
Internacional Futuros Educação e Habilidades
Grupo de Ação
Financeira
Relações Externas e Ciência, tecnologia e
Agência de Energia Comunicação indústria
Nuclear Política e administração
tributária
Fórum Internacional Assuntos financeiros e
do Transporte empresariais
Emprego, trabalho e
assuntos sociais

Segurança pública e
desenvolvimento territorial

Empreendedorismo, PME e
desenvolvimento local
OCDE - Educação
1. De 1948 a 1960, da OECE à criação da OCDE – o início
das atividades educacionais.

2. De 1961 a 1980 – de criação do departamento de educação


como ferramenta dos intelectuais orgânicos para formulação
da política educacional.

3. De 1980 a 2000, - a ampliação e consolidação da ação


política da OCDE na área educacional.
OCDE - Educação
Comitê Diretor do CERI

Departamento de Educação

Conselho Diretor

Comitê Comitê Comitê Comitê de


Conselho
Diretor do Diretor do Diretor do Política
PISA
CERI PEB IMHE Educacional
Formas de atuação
1. Reuniões de trabalho, seminários, conferências, entre outros
eventos de discussão, formulação e difusão de sua política;

2. Publicações de materiais de variadas naturezas, como boletins,


relatórios, estudos econômicos e sociais, análises e orientações
sobre políticas sociais;

3. Formação de intelectuais orgânicos aos seus interesses, que, em


última instância, são os negócios do capital;

4. Revisão por pares das políticas nacionais dos países-membros e


parceiros;

5. Pressão por pares para que as suas proposições sejam


implementas a contento.
OCDE
Concepção de Educação
i) Assemelhar escolas com empresas, com o intuito de oferecer uma
formação polivalente centrada em conhecimentos rudimentares, porém,
úteis ao mercado de trabalho;

ii) Tratar a educação como treinamento e instrução de competências e


habilidades individuais, estimulando a competitividade;

iii) Exigir, por meio de avaliações externas, as características de


escola-empresa no quase-mercado educacional, objetivando a
exigência de alunos preparados e adaptados às demandas do mercado;

iv) Exigir e responsabilizar os estudantes e jovens pela aquisição das


destrezas necessárias aos padrões capitalistas de empregabilidade.
INES
Indicadores

PISA AHELO
Competências Competências no
Habilidades Ed.básica Ensino Superior

Programas
TALIS educacionais
Ensino e
Aprendizagem e
OCDE PAI
Reformas
trabalho docente

IMHE
PIAAC
Gestão
Competências
Institucional
Adultos
Superior
Instâncias projeto Pisa
Objetivos do Pisa
“É o fato de que o Pisa oferece aos condutores das políticas educacionais e aos
educadores uma forma de identificar, em outros países, as políticas educacionais mais
eficientes que possam ser adaptadas aos seus contextos nacionais”. (PISA EM FOCO,
2013, n. 34, p.2)

Direção política e cultural


Ideologia
Aferição da eficiência e eficácia dos
Fazer crer que o Pisa é uma avaliação
sistemas de ensino.
Objetivos do Pisa
“A demanda em rápido crescimento por trabalhadores altamente qualificados tem levado
a uma competição global por talentos. Competências de alto nível são fundamentais
para a criação de novos conhecimentos, tecnologias e para o desencadeamento da
inovação; dessa forma, são essenciais para o crescimento econômico e o
desenvolvimento social. A consideração sobre os estudantes que se destacam em todas
as áreas avaliadas no PISA – leitura, matemática e ciências – permite aos países
estimar qual o seu celeiro de futuros talentos. Esses são os estudantes multitalentosos
do PISA: estudantes que alcançam níveis de proficiência 5 ou 6 – os maiores níveis de
proficiência do PISA – nas três áreas” (PISA EM FOCO, 2013, n.31. p.1).

Direção política e cultural Trabalhador flexível


Competitividade entre os países Estudantes multitalentosos
A construção da hegemonia
1. Direção política e cultural aos países-membros e parceiros

2. Redefinição do papel do Estado: Menos Estado, Mais Sociedade

3. Educação para o mercado de trabalho: mais técnica, menos teoria

4. Trabalhador Flexível para os “desafios da sociedade”

5. OCDE como sujeito político coletivo:


a) Forma intelectuais orgânicos para serem os comissários das proposições
b) Coopta intelectuais tradicionais para dar legitimidade às proposições
c) Promove a “saldatura” dos intelectuais – orgânicos e tradicionais.
Três movimentos ideológicos
1. Consiste no movimento que tem como objetivo fazer crer que o Pisa é uma
avaliação;

2. Refere-se à exaltação que o Brasil e a OCDE fazem do Pisa como uma referência
que busca identificar habilidades e competências individuais tratando-as como
elemento central para elevação dos indivíduos na sociedade. Neste sentido, a
origem da desigualdade está na falta de qualificação do indivíduo e não no modelo
de produção e reprodução sociometabólica do capital.

3. Está interligado à movimentação ideológica da OCDE assim como às


consequências de sua dominação hegemônica no que se refere à propagação do
Pisa, tem haver com a generalidade que ele adota fazendo crer que sistemas
educacionais de países muito distintos possam ser comparados como se
compartilhassem da mesma trajetória histórica, política e social.
ID
EO
L
COMPETÊNCIAS

OG
HABILIDADES

IA
IA
ON

GESTÃO PÚBLICA
EM
G
HE

AVALIAÇÃO DE SISTEMAS
Pisa: Competências e Habilidades
“Estes resultados [do Pisa] mostram a importância de oferecer aos alunos a
oportunidade de alcançar um elevado nível de competência desde a tenra idade e
garantir que eles mantenham este nível no futuro. A aquisição de habilidades é em si
mesmo um desafio, mas seu uso, é outro. Habilidades não utilizadas são habilidades
perdidas. Os sistemas de ensino que oferecem um elevado nível de habilidade para
os seus alunos devem garantir que essas habilidades sejam utilizados após o fim da
escolaridade obrigatória, a fim de obter melhores benefícios sociais e profissionais,
quando os alunos saem da escola” (PISA EM FOCO, 2014, n. 45, p.3).

Discurso da ascensão social


Direção Política e Cultural
empregabilidade
Construção de padrões internacionais
Pisa: Gestão Pública
“Recentemente, um número cada vez maior de sistemas educacionais nos países da
OCDE e países parceiros tem recebido de bom grado o envolvimento com entidades
privadas, inclusive associações de pais, organizações não governamentais e empresas
comerciais, para financiar e administrar as escolas[...]Nos países em que as escolas
privadas recebem mais recursos públicos, a diferença entre os perfis das escolas
públicas e privadas é menor[...]Há muitas formas de oferecer recursos públicos para
escolas privadas. Uma delas é por meio de bolsas que atendem diretamente aos pais”
(PISA EM FOCO, 2012, n.20, pp.1-3).

Tríplice Governança Redefinição do papel do Estado:


Menos Estado, Mais Sociedade
Gestão gerencial-meritocrática subsumida ao ethos mercadológico
Pisa: Aferição dos sistemas
educacionais
“Os sistemas educacionais desempenham um papel crucial na canalização de
habilidades e de talentos para o mercado de trabalho, bem como na ajuda aos jovens
em sua transição da adolescência para a idade adulta. O desafio para os sistemas
escolares é guiar essa transição de maneira eficiente. O processo começa cedo, quando
os estudantes começam a criar expectativas para si mesmos e para o futuro. Os
sistemas escolares precisam orientar essas expectativas para garantir que as
competências dos estudantes e seus interesses encontrem um correspondente
adequado na economia e na sociedade” (PISA EM FOCO, 2012, n.23, p.1).

Um tipo de educação centrado nos resultados


dos processos de verificação e mensuração
O movimento político da OCDE

Lógica da
Competências e
habilidades

PISA
Política de
Competências e
habilidades
Pisa: Educação e Crescimento
Econômico
“A primeira coisa que os resultados mostram é que a qualidade da educação em
um país é um poderoso prognosticador da riqueza que os países irão produzir a
longo prazo. Ou, dito ao contrário, a produção econômica que se perde por causa
das políticas e práticas de educação pobres deixa muitos países no que equivale a um
estado permanente de recessão econômica - e que pode ser maior e mais profundo do
que aquele que resultou da crise financeira no início do milénio, da qual muitos países
ainda estão lutando para subir” (OCDE, 2015, p.9).

Educação para o mercado de trabalho:


mais técnica, menos teoria
Dimensões da política de Competências e Habilidades
i) No mundo acadêmico, incidindo no conteúdo a ser ensinado, na prática docente e na
gestão da escola;

ii) No discurso ideológico de que as práticas empresariais do mundo privado são mais
adequadas para a gestão da coisa pública, estimulando as parcerias público-privadas e
os mecanismos de cogerência e coparticipação na gestão das escolas públicas;

iii) Na cantilena que vincula, de forma linear e inorgânica, o crescimento econômico


dos países ao acúmulo de capital humano, ou seja, de indivíduos que tenham as
competências e habilidades básicas/chaves;

iv) Na emulação de que tais destrezas garantem a empregabilidade e diminuem a


desigualdade social, uma falsa promessa de um sistema no qual não há espaço para
todos e que é responsável pela existência das assimetrias sociais;

v) Na transformação da educação básica pública em objeto de comércios e mercados.


Política da OCDE para o BRASIL
GESTÃO PÚBLICA
“Transparência não significa que os servidores devem ser contratados por meio de
concursos que, principalmente, testam suas habilidades e conhecimentos acadêmicos,
como é o caso de outras carreiras. Em vez disso, o recrutamento deve confiar mais na
comparação das exigências profissionais com os perfis de competência dos candidatos”
(OCDE, 2010b, p.25)

REFORMAS ESTRUTURAIS:
• PREVIDÊNCIA
• TRABALHISTA
• REDUÇÃO DOS IMPOSTOS PARA EMPRESÁRIOS
• AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL
Relações Brasil e OCDE/PISA
Educação Básica
Programa de Trabalho 2015

Vice-Presidência do PGB 2013


Engajamento Ampliado 2012

Revisão por pares 2010


IDEB 2007
TALIS - Engajamento Ampliado
INES/ISCED 2006

SAEB/Prova Brasil 2005


GT – OCDE - MRE
Panorama da Educação 2003

PISA 2000
Participação do Brasil na OCDE 1997-2015
SAEB/Prova Brasil - 2005
a) Avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas, de forma que
cada unidade escolar receba o resultado global;
b) Contribuir para o desenvolvimento, em todos os níveis educativos,
de uma cultura avaliativa que estimule a melhoria dos padrões de
qualidade e equidade da educação brasileira e adequados controles
sociais de seus resultados;
c) Concorrer para a melhoria da qualidade de ensino, redução das
desigualdades e a democratização da gestão do ensino público nos
estabelecimentos oficiais, em consonância com as metas e políticas
estabelecidas pelas diretrizes da educação nacional;
d) Oportunizar informações sistemáticas sobre as unidades escolares.
Tais informações serão úteis para a escolha dos gestores da rede à qual
pertençam. (Brasil/MEC, 2005)
“uma ampla avaliação, em termos do alcance dos objetivos almejados, das
atuais vinculações de receitas e das exigências de gastos mínimos poderia
criar as condições para que as despesas sejam mais eficientes”
(OCDE/Estudos, 2005, p.24, grifos nossos).
PDE 2007
“Promove profunda alteração na avaliação da educação básica. Estabelece,
inclusive, inéditas conexões entre avaliação, financiamento e gestão, que invocam
conceito até agora ausente do nosso sistema educacional: a responsabilização e,
como decorrência, a mobilização social” (Brasil/MEC, 2007, p.19).

As medidas de responsabilização destinadas a estudantes, professores e escolas podem complementar-se


mutuamente para melhorar os resultados dos alunos. Os exames de conclusão externos e a utilização de
avaliações para a tomada de decisões sobre a aprovação e a reprovação de alunos incentivam a aumentar
o desempenho, enquanto o uso de avaliações para alunos em grupo reduz o desempenho. Testes
padronizados regulares são benéficos somente onde padrões claros e objetivos são definidos por meio de
exames de conclusão externos. O desempenho dos alunos aumenta também quando os professores são
responsabilizados, porque seus diretores e inspetores externos monitoram suas aulas. Da mesma forma,
os alunos têm melhor desempenho se suas escolas são responsabilizadas, porque são usadas avaliações
para compará-las com o desempenho local ou nacional. (OCDE/Política Educacional, 2007, p.58)
IDEB 2007
“A avaliação do aluno individualmente considerado tem como objetivo a
verificação da aquisição de competências e habilidades que preparam uma
subjetividade, na relação dialógica com outra, para se apropriar criticamente de
conhecimentos cada vez mais complexos” (Brasil/MEC, 2007, p.19)

O Brasil criou uma série de testes nacionais para avaliar as habilidades dos alunos após a 4a,
8a e 11a série que compara os resultados de quase todas as instituições acadêmicas no país, e
tem sido extremamente útil à criação de mecanismos de incentivo. A reforma do sistema de
avaliação escolar, incluindo metas de desempenho para cada estabelecimento em todas as
regiões, para premiar as escolas não só para o nível dos alunos, mas também para a sua
presença, começa a dar frutos[...] A extensão a todo o país deste sistema de remuneração com
base no desempenho seria uma medida útil. (OCDE/Estudos, 2013, p.106-107)
RESISTÊNCIAS
 CLACSO
 PESQUISADORES EUROPEUS
 ASSOCIAÇÕES CIENTÍFICAS
 PESQUISADORES BRASILEIROS
ALGUNS RESULTADOS
a) As proposições da OCDE assumem relevância ao redor do mundo porque ela
combina conceitos já formulados por outros organismos internacionais, sobretudo o
Banco Mundial, e difunde outros como a sociedade do conhecimento e a
ressignificação da teoria do capital humano, com o intento de promover a “boa
governança” e a economia de mercado.

b) Seus programas e projetos analisados dentro de uma estrutura totalizante, buscam


conformar um projeto global para educação pública, referenciados nos padrões de
eficiência e eficácia oriundos do setor privado.

c) Para isso, preconizam a centralidade das políticas de verificação/avaliação do tipo


burocrático(accountability), como mecanismos de controle, regulação, vigilância e
punição para aqueles que não atingem os resultados esperados.
ALGUNS RESULTADOS
 Suas implicações determinam,

 a) Um tipo de educação básica associada aos interesses do mercado e da economia


global sob os pressupostos da sociedade/economia do conhecimento,

 b) Um viés gerencial da gestão escolar sob os princípios da Nova Gestão Pública


que incute os parâmetros privados no cotidiano da administração das escolas e,

 c) Para que essas determinações se materializem, utilizam os resultados do Pisa


como um avaliação dos sistemas, mas que na realidade concreta, são expressões de
um processo linear de aferição de desempenhos previamente definidos de acordo
com os interesses da OCDE.
ALGUNS RESULTADOS
No contexto nacional,

i) A ampliação, em 2007, e o aprofundamento, em 2012, da relação entre o


Brasil e a OCDE, que resultou, em 2013, na ocupação, pelo Inep, da vice-
presidência do Conselho Administrativo e de Governo do Pisa;

ii) A aprovação do PNE, em 2014, que alçou o Ideb à condição de política de


Estado e institucionalizou um método de aferição baseado em testes
padronizados e no fluxo escolar centrados na política de competências e
habilidades;

iii) o retorno, em 2016, de intelectuais orgânicos ao capital e a interesses


empresariais ao comando do MEC, do Conselho Nacional de Educação e do
Inep.
ALGUNS RESULTADOS
No contexto nacional,

a) Um movimento global para conformação de uma agenda educacional comum


aos países que participam da OCDE;

b) Um movimento específico que se configura na relação político-educacional


entre o governo federal e a organização,

c) Um deslocamento teórico-prático da perspectiva de gestão democrática,


configurada na Constituição Federal de 1988 e na Lei no 9.394/1996 (LDB),
enxertando na educação básica pública, por meio de políticas de
verificação/avaliação externa, um modelo de gestão gerencial e meritocrática
baseado no ethos mercadológico que emana da política de competências e
habilidades.
TESE
 O Pisa, como instrumento da política de competências e
habilidades da OCDE, afere a eficiência e eficácia dos sistemas
de ensino, induzindo a competitividade entre os países. Seus
pressupostos político-ideológicos orientam a adesão e adoção de
políticas educativas que buscam construir um tipo de educação
centrado nos resultados dos processos de verificação e
mensuração, impulsionando uma gestão gerencial-meritocrática
subsumida ao ethos mercadológico, com o intuito de construir
padrões de referências internacionais nos sistemas de educação.
REFERÊNCIAS
 AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional: regulação e emancipação: para uma sociologia das políticas
avaliativas contemporâneas. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2009.

 BARROSO, João. A regulação das políticas públicas de educação: espaços, dinâmica e atores. Lisboa, Portugal:
EDUCA, 2006.

 CARVALHO, L. M.(org.) O Espelho do perito: Inquéritos internacionais, conhecimento e política em educação – o


caso do PISA. Fundação Manoel Leão, V.N. Gaia, 2011.

 DUARTE, Newton. Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões? Quatro ensaios crítico-dialéticos em
filosofia da educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.

 FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo, Cortez, 1995.

 GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1991

 IANNI, O. Teorias da globalização. 15º ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

 KOSIK, K. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Centauro, 2005.

 MÉSZÁROS, István. Estrutura social e formas de consciência: a determinação social do método. São Paulo:
Boitempo, 2009.

 RAMOS, Marise Nogueira. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? São Paulo: Cortez, 2001.
ID
EO
L
COMPETÊNCIAS

OG
HABILIDADES

IA
IA
ON

GESTÃO PÚBLICA
EM
G
HE

AVALIAÇÃO

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