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desenvolvimento produtivo
local
Módulo
Equipe Responsável
Tatiane de Jesus (Conteudista, 2021).
Ricardo Vieira (Conteudista, 2021).
Everton Avi (Conteudista, 2021).
Enap, 2021
Referências...................................................................................... 23
Reconhecer o significado da adesão do Brasil à OCDE para a gestão pública, nos âmbitos
nacional e municipal.
É considerada um grupo de Estados com propósitos semelhantes, tendo sua base estrutural de
funcionamento baseada na participação dos países membros e na atuação do Secretariado. Suas
regras são negociadas entre os membros por meio de guias e recomendações não obrigatórias.
A atuação da organização acontece por meio de persuasão, mais do que imposição. Dessa forma,
há graus de liberdade em relação às políticas internas de cada país. Destaca-se, ademais, pela
ampla gama de temas tratados em áreas diversas como comércio, finanças, investimentos,
políticas sociais e ambientais.
Além disso, gera frequentes recomendações de políticas, com base nas informações de alta
qualidade de diversos países. Membros podem se beneficiar ainda de apoio técnico e têm a
possibilidade de influenciar nas recomendações em suas origens. Não é apenas um espaço de
intercâmbio de boas práticas. Ela impulsiona os tomadores de decisão a agir.
Ser membro da OCDE é, inclusive, percebido como um “selo de qualidade” que induz à adoção
de melhores práticas na gestão pública. Além disso, a organização tem sido um espaço de
pré-negociação de normas e padrões entre os países desenvolvidos, que depois entram para
processos de negociação com outras instituições, de forma a desempenhar um papel importante
na seleção de temas da agenda de governança internacional e na definição do conteúdo das
regras. A OCDE também promove sinergias entre os setores público e privado para a concretização
do desenvolvimento sustentável.
A acessão do Brasil à organização refere-se a sua inclusão como membro pleno da OCDE. Essa é
uma prioridade da política externa brasileira e está incluída em vários temas.
Sobre o processo de adesão à OCDE, confira este vídeo da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), disponibilizado na plataforma YouTube: saiba o que é a OCDE e a importância de o Brasil
fazer parte do grupo.
Identificou-se que, como membros plenos, as economias dos países participantes tornam-se
mais abertas ao comércio exterior, com uma maior atração de investimentos externos diretos,
aumento da formação bruta de capital fixo e aceleração do ritmo de crescimento do produto.
Além disso, pode levar à redução de custos de captação de recursos externos e à atração de
investimentos, pois amplia a percepção de segurança por parte dos investidores e contribui para
um ambiente propício aos negócios.
Ser membro da OCDE significa adotar boas práticas em diversas áreas, contribuindo para
o aumento da produtividade geral e das exportações em longo prazo. Assim, o ingresso de
um país é percebido como sinônimo de sucesso e de estar em um patamar mais elevado nos
padrões de políticas públicas.
A expectativa é que a entrada do país gere uma série de vantagens. A adesão fornece sinais
positivos aos investidores nacionais e internacionais. Favorece a adoção de boas práticas de
governança corporativa, políticas do setor público e tratamento do investimento estrangeiro.
Esses fatores impactam na produtividade da economia brasileira e no crescimento econômico.
Quem atua no município talvez se pergunte: afinal, o que os municípios têm a ver com isso?
Respondendo a esse questionamento, destacamos abaixo cinco motivos para a gestão local ter
atenção em relação à OCDE:
3. A OCDE conta com uma área específica sobre o tema cidades e desenvolvimento
regional, a qual produz análises e recomendações de boas práticas elaboradas com
foco nos territórios.
Identificar tendências em políticas públicas que levam o mundo inteiro para frente é importante
também para prever e se preparar para as mudanças na gestão municipal.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sua alta capacidade
de coletar dados e realizar análises técnicas, é referência no desenvolvimento de estudos e na
promoção de recomendações para melhores políticas públicas.
Para que gestores de políticas públicas se preparem para o que está por vir e estejam prontos
para responder quando necessário, a OCDE destaca as principais tendências com grandes
possibilidades de afetar os territórios de forma significativa nos próximos anos. São elas:
Mudanças tecnológicas
• impressão 3D;
• uso de drones;
As migrações, dentro do país e internacionais, são outra tendência que gera mudanças
demográficas. Pessoas mudam-se de regiões menos prósperas para áreas com maior
desenvolvimento econômico. Habitantes mais jovens tendem a se realocar nos
países membros da OCDE. Esses e outros fluxos migratórios impactam nas estruturas
demográficas dos territórios.
Mudanças ambientais
São consideradas entre as mais importantes para as próximas décadas, pois aparecem
predominantemente como ameaças, gerando uma necessidade de foco em mitigação
(redução de emissão de gases de efeito estufa) e adaptação (iniciativas para redução
da vulnerabilidade às mudanças climáticas).
No setor produtivo local, os efeitos das mudanças climáticas incluem, entre outros:
Bem-estar presente e futuro: A OCDE tem como slogan “melhores políticas para melhores vidas”.
Nesse sentido, a medição do bem-estar é um elemento central. Destaca-se que a organização
traz um elemento inovador ao incorporar elementos do bem-estar futuro em sua estrutura de
análise do tema, com indicadores que impactam diretamente nos recursos para as próximas
décadas.
1. Renda e riqueza
2. Trabalho e qualidade do emprego
3. Habitação
4. Saúde
1. Capital natural
5. Conhecimento e habilidades
2. Capital econômico
6. Qualidade do meio ambiente
3. Capital humano
7. Bem-estar subjetivo (sentido)
4. Capital social
8. Segurança
9. Equilíbrio entre trabalho e vida
10. Conexões sociais
11. Engajamento civil
• Estimulando o comércio.
• Revigorando o investimento internacional.
• Promovendo a concorrência saudável.
• Fortalecendo a educação financeira.
• Reforçando a proteção ao consumidor.
• Criando empregos.
• Garantindo um sistema de pensão eficiente e sustentável.
• Combatendo a desigualdade de gênero.
• Educando e capacitando as novas gerações com as competências certas.
• Medindo o bem-estar.
• Promovendo coesão social e territorial.
Indústria e inovação
Para ter acesso a estudos técnicos sobre esses temas que são de interesse do município, acesse
a publicação Trabalhando com o Brasil, produzida pela OCDE em 2018.
Se quiser se aprofundar nos temas, a CNI produziu uma série de cartilhas que apresentam as
normas da OCDE para o Brasil em diversas frentes, com informações sobre o impacto na indústria:
2. Infraestrutura na OCDE;
Transformação digital
Acesso
Uso
Confiança
Inovação
Fortalecer a inovação digital, o que inclui hubs de inovação para pequenas e médias
empresas, programas para startups e transferência de conhecimentos de empresas
para universidades e centros de pesquisa.
Implantar políticas específicas nos setores que são prioridade na agenda brasileira,
como agronegócio, manufatura (para lidar com o considerado fraco desempenho do
setor), fintechs (tecnologias digitais emergentes e novos modelos de negócios no
setor financeiro) e cibermedicina (relacionada à adoção de tecnologias digitais no
setor de assistência médica).
Crescimento verde
O crescimento verde é apresentado como uma oportunidade para repensar o modelo econômico
atual. A política comercial da União Europeia, por exemplo, exige que seus parceiros comerciais,
o que inclui o Brasil, sigam os padrões e os acordos internacionais de trabalho e meio ambiente,
cumpram as leis ambientais e incentivem que o comércio de recursos naturais seja sustentável.
Vemos, portanto, que a questão ambiental não é algo que depende só do setor produtivo.
A multinacional Ineos adotou uma série de políticas internas para mitigar os impactos ambientais,
como reduzir a intensidade do uso de energia, os insumos materiais e as atividades de transporte.
Desenvolveu novos produtos amigáveis ao meio ambiente (por exemplo, uma fibra de carbono)
e integrou à equipe engenheiros com perfil criativo, para ter novas ideias para sustentabilidade.
Fonte: OCDE (2017) Boosting skills for greener Jobs in Flanders, Belgium
O Brasil, como candidato a membro pleno e atualmente parceiro estratégico, tem avançado em
incorporar as recomendações da OCDE em suas estruturas.
Para gestores municipais, é importante conhecer essas diretrizes, perceber as tendências globais
para os municípios e identificar as oportunidades para incorporá-las conforme a realidade local
e as possibilidades existentes.
A seguir, vamos analisar temas centrais da OCDE com foco nas cidades e regiões, os quais têm um
impacto direto na agenda de desenvolvimento produtivo local.
O CEF trabalha com governos locais e nacionais, comunidades de negócios e outros agentes
de políticas públicas e capacitação. No resumo a seguir, há recomendações mais abrangentes
propostas por esse centro. Cada tema pode ser aprofundado por meio de estudos, dados e
diretrizes mais específicas. Verifique se o seu município conta com iniciativas nessas áreas:
Prioridades do CEF/OCDE:
• Aumentar a produtividade dos pequenos negócios como um dos modos mais efetivos
para gerar crescimento inclusivo, enfrentando barreiras de financiamento, habilidades e
tecnologia.
• Promover cidades sustentáveis, produtivas e inclusivas, por meio de políticas para tornar
qualquer tipo de cidade competitiva; tornar as cidades mais habitáveis (agradáveis) com
sociedades mais inclusivas e com engajamento de líderes locais e negócios.
A OCDE traz um modelo de política rural 3.0, sob o nome de “Implementando um novo paradigma
rural”. Segundo a Organização, as regiões rurais são consideradas lugares de oportunidade,
contribuindo de forma significativa para a prosperidade e o bem-estar dos países.
O Centro de Inovação Rural (Cori, sigla em inglês) auxilia cidades pequenas nos Estados Unidos
a criar estratégias de desenvolvimento econômico para atrair empregos mais digitais, com base
na economia do conhecimento. Implementaram a Rede de Inovação Rural – associação formada
por agentes locais de todo o país – para que transformem suas cidades natais em ecossistemas
digitais. Disponibilizam fundos para investimento em startups rurais. Produzem dados e
estatísticas que permitem visualizar os desafios e as oportunidades da área rural americana.
Atuam junto ao ecossistema, que inclui: pessoas da área rural que possam se beneficiar de
treinamentos, empregadores locais de atividades de tecnologia e empregadores de trabalho
remoto, fornecedores de programas educacionais e parceiros nacionais de treinamento digital.
Tecnológicas
Desenvolvimentos de novas tecnologias.
Organizacionais
Foco em mudanças positivas nas operações cotidianas da administração.
Colaborativas
Inovação por meio da cooperação com os diversos agentes que atuam nas áreas
urbanas.
Experimentais
Criação de espaços para testar inovações junto às pessoas.
• Economia inteligente;
• Meio ambiente inteligente;
• Governança inteligente;
• Modo de vida inteligente;
• Mobilidade inteligente;
• Pessoas inteligentes.
Portanto, a cidade inteligente não é apresentada como uma iniciativa isolada ou pontual, e sim
uma forma de desenvolver políticas que pode ser implementada em diferentes temas.
Conheça a seguir o caso de inovação da cidade portuguesa de Braga. Preste atenção aos
elementos analisados pela metodologia da OCDE para perceber em quais aspectos um município
pode atuar:
Com menos de 200 mil habitantes, a cidade de Braga compõe o estudo da OCDE junto com a
Bloomberg Philanthropies sobre a inovação em cidades como forma de melhorar o bem-estar
dos residentes. Braga destacou-se nas áreas de governança digital e desenvolvimento econômico,
contando com uma divisão municipal de inovação.
Suas atividades de inovação destacam-se nas áreas de novas formas de engajamento com os
cidadãos e no desenvolvimento de soluções baseadas em tecnologias digitais. Incluem também
analisar dados, facilitar a mudança organizacional dentro da administração municipal e repensar
o enfoque em relação a financiamento e parcerias. Utiliza quatro habilidades inovadoras: gestão
de projetos, ciência de dados, engenharia e sociologia. Tem dados disponíveis em 9 de 15 áreas
da gestão pública municipal.
A Agenda 2030 com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foi adotada pelas
Nações Unidas em 2015, por meio de um amplo processo participativo para sua construção.
Constitui-se como agenda global até o ano de 2030 e uma oportunidade para governos
nacionais, regionais e locais unirem-se com a sociedade civil e o setor privado para a promoção
do desenvolvimento sustentável.
A OCDE propõe uma linha de trabalho específica para uma abordagem territorial dos ODS, da qual
participa o Governo do Estado do Paraná. Com base nesse trabalho, propõe a implementação
de um novo paradigma de desenvolvimento regional da OCDE por meio dos ODS que permita:
Para saber mais, veja a seguir os casos selecionados nas 5 dimensões para
implementar os ODS nos territórios.
Financiamento e orçamento
Dados e informações
Engajamento
Para finalizar, no vídeo a seguir você poderá conferir um panorama geral sobre a inovação no
município com a agenda da OCDE:
Referências
BAUMANN, Renato. O que esperar da membresía na OCDE? In: Revista Tempo do Mundo,
número 25, abr. 2021. Brasília: Ipea, 2021.
BRAGA PRIMO, Carlos A. A adesão à OCDE: muito trabalho por nada? In: Revista Tempo do
Mundo, n. 25, abr. 2021. Brasília: Ipea, 2021.
OECD. A territorial approach to the sustainable development goals. 2020. Disponível em:
https://www.oecd.org/cfe/territorial-approach-sdgs.htm.
OCDE. Boosting skills for greener jobs in Flanders, Belgium. 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.1787/9789264265264-6-en.
OECD. Building a more connected world: how the OECD recommendation on broadband
connectivity is setting the pace. OECD Innovation Blog: 2021. Disponível em: https://oecd-
innovation-blog.com/2021/04/28/building-a-more-connected-world-oecd-broadband-
connectivity-recommendation/.
OECD. Discover the centre for entrepreneurship, SMEs, regions and cities. 2021. Disponível em:
https://www.oecd.org/cfe/CFE-Brochure-2021-Final-web.pdf.
OECD. OECD regional outlook 2019. Leveraging megatrends for cities and rural areas, 2019.
Disponível em: https://doi.org/10.1787/9789264312838-en.
OCDE. Smart cities and inclusive growth. Building on the outcomes of the 1st OECD. Roundtable
on smart cities and inclusive growth, 2020. Disponível em: https://www.oecd.org/cfe/cities/
OECD_Policy_Paper_Smart_Cities_and_Inclusive_Growth.pdf
OECD. Rural 3.0. A framework for rural development. Police note. 2018. Disponível em:
https://www.oecd.org/cfe/regionaldevelopment/Rural-3.0-Policy-Note.pdf.
OECD. Rural well-being: geography of opportunities. OECD rural studies. Paris, 2020.