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Autoria: Carlos Olavo Quandt, José Cláudio Cyrineu Terra, Fábio Ferreira Batista
RESUMO
O estudo documentou e analisou as mudanças que estão ocorrendo na Gestão Pública no que
se refere à implementação de práticas de Gestão do Conhecimento (GC) em 28 órgãos da
administração direta e em 6 empresas estatais do executivo federal brasileiro. A pesquisa de
campo envolveu a coleta de dados e informações qualitativas e quantitativas sobre práticas de
gestão do conhecimento no setor público, com o propósito de subsidiar o processo de
formulação de uma política de gestão pública para o País. A análise inclui também os
principais fatores que representam obstáculos e oportunidades para implantação, bem como as
dimensões que facilitam ou dificultam o sucesso de iniciativas de GC. O estudo conclui que
os esforços de GC encontram-se em níveis bastante distintos na administração pública federal.
Alguns ministérios e empresas estatais já atingiram níveis significativos de formalização,
implementação e obtenção de resultados relativos à produtividade e qualidade dos processos
internos e serviços prestados, enquanto a maior parte dos ministérios ainda apresenta
iniciativas e resultados muito incipientes.
1. Introdução
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e quantitativas sobre práticas de gestão do conhecimento no setor público, com o propósito de
subsidiar o processo de formulação de uma política de gestão pública para o País. O estudo
conclui que os esforços de GC encontram-se em níveis bastante distintos na administração
pública federal. Alguns ministérios e empresas estatais já atingiram níveis significativos de
formalização, implementação e obtenção de resultados, enquanto a maior parte dos
ministérios ainda apresenta iniciativas e resultados muito incipientes.
Não existe consenso sobre a definição de “gestão do conhecimento”, mesmo entre os
profissionais da área. O termo refere-se a um conjunto bastante amplo de práticas
organizacionais e enfoques relacionados à geração, captura e disseminação de know-how e
outros conteúdos relevantes aos objetivos das organizações.
Alguns autores argumentam que “gestão do conhecimento” é uma contradição em
termos, sendo um resquício de uma era industrial onde predominava uma visão controladora.
De acordo com World Bank (1998), conhecimento não é simplesmente uma “coisa” explícita
e tangível como a informação, mas informação combinada com experiência, contexto,
interpretação e reflexão. Conhecimento envolve a pessoa como um todo, integrando os
elementos de pensamento e sentimento. Portanto, a sugestão implícita de que o conhecimento
pode ser gerenciado revela um erro fundamental na compreensão da sua natureza.
Algumas organizações, como o próprio Banco Mundial, enfatizam a noção de
“compartilhamento de conhecimento” como uma descrição melhor do que elas se propõem a
fazer do que “gestão do conhecimento”. Outras preferem enfatizar “aprendizagem”, porque o
desafio maior na implementação da gestão do conhecimento está nos processos de criar
sentido, entendimento, e na capacidade de agir com base nas informações disponíveis.
Conforme APQC (2001), o objetivo não é simplesmente compartilhar conhecimento,
embora este seja um subproduto valioso do processo. A organização define gestão do
conhecimento como um processo sistemático de conectar pessoas com pessoas, e pessoas com
o conhecimento que elas precisam para agir eficazmente e criar novo conhecimento.
Neste estudo, o conceito de GC é utilizado no sentido amplo, para incluir práticas
voltadas para a produção, retenção, disseminação e compartilhamento do conhecimento
interno e externo às organizações, mesmo que essas práticas não estejam sistematizadas de
forma integrada e consistente em toda a estrutura organizacional. Muitas organizações não
conhecem ou utilizam o termo "Gestão do Conhecimento", mas grande parte delas já adota
diversas técnicas e ferramentas de compartilhamento e transferência de conhecimento que
podem ser classificadas como práticas de Gestão do Conhecimento.
Os objetivos gerais mais comuns na implantação de iniciativas de gestão do
conhecimento são os seguintes:
1. Explorar o conhecimento existente da melhor maneira possível: criar sinergias
entre as diversas formas de conhecimento tácito e explícito para torná-lo mais
produtivo no contexto da estratégia e dos principais processos e produtos da
organização. Através da incorporação do conhecimento do cliente, as
organizações buscam também melhorar e otimizar o relacionamento com os
clientes.
2. Renovar o conhecimento individual e organizacional com base em processos
internos e externos de aprendizagem: aprender continuamente e rapidamente; Este
objetivo está ligado ao conceito de “organização que aprende” e metas como: criar
novas oportunidades para a inovação, e reduzir o prazo no desenvolvimento e
lançamento de produtos e serviços.
3. Transformar o conhecimento individual em conhecimento organizacional: por
meio da conversão do conhecimento individual em conhecimento coletivo, ou
“capital estrutural”, as organizações reduzem o risco de erosão do conhecimento,
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aumentam a velocidade de aplicação do conhecimento e procuram superar
barreiras internas e externas.
4. Formular estratégias com base nas competências essenciais e capacitações
existentes. Para capturar oportunidades, as organizações precisam conhecer suas
competências e os ativos de conhecimento que as sustentam. Com isso, espera-se
tornar as decisões mais rápidas, diretas e focadas em ações eficazes.
No contexto específico da administração pública, o surgimento de iniciativas de GC
está motivado por diversos fatores. Por exemplo, as restrições orçamentárias e reestruturação
administrativa criam pressões para aumento na eficiência e eficácia nos processos,
necessidade de registrar e adotar melhores práticas, evitar perdas de conhecimento com a
saída de especialistas responsáveis pela invenção, captura e transferência de conhecimento.
Ao mesmo tempo, os impactos das tecnologias de informação e comunicação propiciam
acesso instantâneo a informações internas e externas, e criam novas oportunidades para criar
informação e capturar conhecimento. Outro fator importante é a crescente difusão de modelos
de gestão voltados ao trabalhador do conhecimento, ao desenvolvimento e gestão de
competências, e ao trabalho colaborativo. Similarmente, a difusão de práticas de comparação
do desempenho entre organizações e dentro destas (benchmarking externo e interno) aumenta
a importância de identificar e adotar melhores práticas. Entre os fatores externos, o mais
importante é a demanda crescente do público por soluções rápidas e apropriadas às suas
necessidades individuais e problemas específicos. Isto gera pressão para a aceleração dos
processos e agilidade nas respostas, demandando formas de superar barreiras de tempo e
espaço na execução de processos e atendimento ao usuário.
2. Metodologia
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adicional para a conclusão do preenchimento. Ao final, 33 organizações – do total de 34 –
preencheram e devolveram o instrumento de pesquisa. O trabalho de campo foi concluído no
segundo semestre de 2004.
Para processar os dados e informações, foi elaborado um formulário eletrônico com
quatro partes: 1) perfil da organização/gestores; 2) práticas de Gestão do Conhecimento; 3)
grau de explicitação e formalização; e 4) análise comparativa com organizações públicas dos
países da OCDE. Os dados e informações foram inseridos em base de dados comum, a partir
do qual foi feita a consolidação e emissão de relatórios, e análise dos resultados.
Este artigo concentra-se na apresentação dos resultados do segundo componente do
estudo com relação aos Ministérios – excluindo as estatais – mas inclui também alguns
elementos das outras partes da pesquisa, como o grau de explicitação e formalização, e os
principais obstáculos e facilitadores do processo de implementação de iniciativas de GC nas
organizações.
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Os resultados referentes às três categorias são apresentados a seguir. Em cada uma das
categorias, as práticas estão ordenadas de acordo com os resultados da pesquisa, iniciando-se
pelos itens que apresentam um estágio mais avançado de adoção nas organizações
pesquisadas.
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De um modo geral, este grupo de práticas caracteriza-se por um nível incipiente de
adoção nas organizações pesquisadas, conforme indica a Tabela 1. Observa-se que apenas
dois tipos de iniciativas da lista estão implantados em pelo menos metade das organizações
pesquisadas (Fóruns e Comunidades de Prática), e apenas uma iniciativa já apresenta
resultados considerados importantes em mais de 1/3 das organizações (educação corporativa).
Por outro lado, não existem sequer planos de implantação de quatro tipos de iniciativas
(narrativas, mentoring, coaching e universidade corporativa) em mais da metade das
organizações pesquisadas.
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práticas que estão de fato implantadas e produzindo resultados não chega a atingir 50% das
organizações.
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Tabela 3: Estágio de Implantação das práticas na área de metodologia
Já produz Planejada /
Não existem
resultados Implantada em
planos
Prática importantes [3] + [4] implantação
[0]
[4] [1] + [2]
Portais / intranets / extranets 29% 50% 50% 0%
Sistemas de workflow 21% 46% 37% 17%
Gestão de conteúdo 8% 29% 42% 29%
Gestão Eletrônica de Documentos (GED) 8% 25% 67% 8%
Data warehouse 4% 12% 59% 29%
Decision Support Systems (DSS) 8% 8% 29% 63%
Balanced Scorecard (BSC) 4% 8% 29% 63%
Data mining 4% 4% 54% 42%
Customer Relationship Management (CRM) 0% 4% 25% 71%
Key Performance Indicators (KPI) 0% 0% 33% 67%
Enterprise Resource Planning (ERP) 0% 0% 25% 75%
Implantado Em implantação
Foruns / Listas de discussão
Comunidades de prática
Portais / intranets / extranets
Sistemas de workflow
Melhores práticas
Educação corporativa
Benchmarking
Memória organizacional
Inteligência organizacional
Gestão de conteúdo
Narrativas
Gestão Eletrônica de Documentos (GED)
Mapeamento do conhecimento
Mentoring
Coaching
Gestão por competências
Banco competências organizacionais
Universidade corporativa
Banco competências individuais
Data warehouse
Balanced Scorecard (BSC)
Decision Support Systems (DSS)
Gestão do capital intelectual
Data mining
Customer Relationship Management (CRM)
Key Performance Indicators (KPI)
Enterprise Resource Planning (ERP)
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A Figura 1 resume os dados sobre o estágio de implantação do conjunto total das
práticas nas organizações pesquisadas. Em contraste com o número relativamente reduzido de
práticas efetivamente implantadas, observa-se que existem planos de implantação da maioria
das iniciativas de GC em mais da metade das organizações.
Comando do Exército
Ministério da Defesa
Ministério da Previdência Social
Comando da Aeronáutica
Ministério da Justiça
Ministério da Saúde
Casa Civil da Presidência da República
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastec.
Ministério do Turismo
Controladoria Geral da União
Ministério da Ciência e Tecnologia
Ministério das Cidades
Ministério das Minas e Energia
Ministério da Educação
Ministério da Cultura
Ministério dos Transportes
Ministério do Desenvolvimento Agrário
Ministério do Meio Ambiente
Ministério do Trabalho e Emprego
Ministério do Desenv. Social e Combate à Fome
Ministério do Esporte
Ministério da Integração Nacional
Ministério da Fazenda
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da existência de cada prática; portanto, os dados relativos ao estágio de implantação e alcance
das práticas refletem a interpretação dada pelos próprios respondentes a partir das definições
fornecidas no questionário.
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• Baixa compreensão sobre Gestão do Conhecimento na Organização, com 48%.
• Falta de tempo ou recursos para compartilhar conhecimento concretamente na rotina
diária, com 47%.
• Falhas de comunicação, com 43%.
• Falta de incentivos para compartilhar conhecimento, com 39%.
• Resistência de certos grupos de funcionários / cultura organizacional de resistência a
mudanças, com 35%.
• Organização tende a concentrar esforços na tecnologia de informação e
comunicação, em vez de questões organizacionais ou ligadas às pessoas, com 26%.
• Receio que outros órgãos / público em geral poderiam ter acesso a informações
sigilosas / confidenciais, com 22%.
• Deficiências na infra-estrutura computacional, redes, servidores, etc., com 22%.
• Pouca propensão para investimentos em tecnologias voltadas essencialmente para
facilitação de aprendizado e colaboração, com 22%.
Quando questionados sobre os resultados que a organização tem tido com as iniciativas
de GC implantadas, 62% indicaram ter tido algum sucesso. Um grande número de
Ministérios, 61%, admitiu não ter ferramentas de acompanhamento para avaliar o progresso
das praticas de GC na organização. Aqueles que têm, indicam o feedback escrito ou verbal ao
pessoal como a principal ferramenta, com 30%.
5. Conclusões
A pesquisa realizada com a maioria dos Ministérios e algumas das mais importantes
empresas estatais brasileiras mostra um panorama bastante distinto em termos do grau de
explicitação e formalização da Gestão do Conhecimento. É bastante evidente que as estatais já
deram passos muito mais concretos no sentido de tornar a abordagem proporcionada pela
Gestão do Conhecimento uma ação coordenada, institucionalizada e com objetivos, resultados
e indicadores concretos. Alguns Ministérios, no entanto, já mostram progressos significativos
em relação à GC.
De modo geral, as organizações do executivo federal mostram certa dificuldade na
definição dos principais objetivos quanto a Gestão do Conhecimento. Poucos também são os
Ministérios em que o processo de elaboração dos objetivos de GC derivou diretamente do
planejamento estratégico da organização. Como principais objetivos apontados, nota-se que as
iniciativas permeiam duas grandes vertentes: a gestão de conteúdo e a formação de redes
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externas de colaboração. A primeira, que aparece de forma mais contundente, tem como
principais enfoques a facilitação do acesso às bases de informação e memória organizacional.
Já a segunda, busca a disseminação de conhecimento através das redes formais de
compartilhamento de informações que contemplem fornecedores e organizações com
finalidades comuns.
No caso das Estatais, o processo de definição dos objetivos de GC tende a estar
estreitamente ligado à estratégia da corporação. Iniciativas associadas à inovação, ao
compartilhamento de conhecimento, ao desenvolvimento profissional e pessoal do
colaborador e à preservação do conhecimento organizacional são as mais preponderantes.
Neste sentido, estas empresas reportam também melhorias significativas na capacitação de
colaboradores em competências mapeadas pela organização, melhora no recrutamento e
seleção de colaboradores e incrementos nos pedidos de patentes.
No caso dos Ministérios que já têm ações mais concretas de GC, as iniciativas estão
mais focadas principalmente em iniciativas que permeiam duas grandes vertentes: a gestão de
conteúdo e documentos e a formação de redes externas de colaboração. Em grande medida,
reportam melhor compartilhamento entre diversos órgãos com atividades similares e melhoria
do processo decisório. A diferença de ênfase com relação às Estatais é, de certa maneira,
reflexo do grau de maturidade. Tradicionalmente a GC tem começado com foco em gestão de
informação e estruturação da infra-estrutura de informática, que exigem menor
comprometimento e alinhamento estratégico e mudanças culturais significativas.
Nota-se que, entre os Ministérios em que o tema foi iniciado pela alta administração, a
existência de mecanismos formais é bem maior. Tais mecanismos contemplam principalmente
programas, políticas e estratégia por escrito. Em contraste, quando as iniciativas ocorrem
através de áreas isoladas (nível departamental), existe maior dificuldade em formalizar uma
estrutura de GC. Nesses casos, tendem a surgir grupos informais, em que o conceito de GC
ainda é bem abstrato ou a liderança dos projetos é exercida por apenas uma área.
De modo geral, para os Ministérios em que a Gestão do Conhecimento é tratada como
um tema estratégico, a introdução e o apoio às iniciativas estão estritamente ligados à alta
gestão. Apesar desta definição de prioridade, a estratégia de modo geral parece não estar
sendo amplamente disseminada até a base da organização, sendo que a maioria dos
funcionários parece pouco informada ou comprometida com a Gestão do Conhecimento.
A maioria dos Ministérios apresentou, em maior ou menor grau de desenvolvimento,
iniciativas que buscam a gestão de conteúdo, memória organizacional e facilitação do acesso
às bases de informação. Entre as principais ações citadas estão: a elaboração de portais
corporativos com o intuito de gerenciar documentos, formatação de bibliotecas virtuais,
disponibilização de manuais e normas e elaboração de vocabulários comuns. Em menor grau,
foram citadas iniciativas com o intuito de formatar redes formais de colaboração,
contemplando fornecedores e organizações com finalidades e interesses comuns.
De modo geral, as iniciativas de GC estão em sua maioria na fase inicial de
implementação. Existe ainda uma pequena quantidade de iniciativas ligadas à gestão de
recursos humanos, tais como gestão por competências e treinamentos. Isso sugere que as
práticas ainda estão muito ligadas à gestão da informação e a aspectos de tecnologia.
Mesmo com o nível incipiente de implementação de práticas de GC e da informação,
diversos Ministérios apontam algum sucesso na obtenção de resultados, sendo os mais
frequentemente citados: Melhoria no acesso a informação, maior contribuição e uso de
informações, melhor qualificação e agilidade na tomada de decisões, ganhos de produtividade
e eliminação de duplicidades, acordos e compartilhamento de procedimentos entre diversos
órgãos com atividades similares. De modo geral, os resultados apresentados estão alinhados
aos objetivos primários das organizações, tendo foco principalmente na gestão de
documentos.
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Contudo, existe uma grande dificuldade por parte dos Ministérios em monitorar e
avaliar os resultados de GC em suas organizações. É consensual a inexistência de indicadores
para monitorar as iniciativas, sendo este fato um dos principais obstáculos para a
disseminação das ações de GC. Apenas um Ministério apresentou indicadores de
desempenhos específicos, ainda em fase de implementação. A forma mais comum de
monitoramento dos projetos é feita através de feedbacks escritos ou verbais, reuniões ou
relatórios de evolução.
Em contraste, todas as empresas estatais pesquisadas apresentaram algum resultado
observado decorrente das praticas adotadas de GC e afirmam ter tido, no mínimo, algum
sucesso. Elas também apresentam uma quantidade maior de meios de monitoração e avaliação
dos projetos ligados a GC. Das empresas que disseram fazer tal acompanhamento, metade
utiliza-se de feedbacks escritos ou verbais. A outra metade usa um sistema formal de
indicadores, ligados as características internas de cada um dos projetos.
Tanto no caso das Estatais, como entre os Ministérios mais avançados na GC, há, no
entanto, certa confluência entre uma série de fatores que têm contribuído para o êxito da GC
nestas organizações. Estes fatores podem ser agrupados em três grandes grupos:
1. Alinhamento organizacional e estratégia de conhecimento, compreendendo a
priorização dessas iniciativas no nível mais alto da organização, bem como
uma clara identificação da base de conhecimento organizacional relevante
para a organização.
2. Acesso a conhecimento externo, incluindo o acesso a consultores
especializados, a busca externa de melhores práticas e benchmarking, e o
acesso a recursos bibliográficos impressos e eletrônicos sobre o tema.
3. Infra-estrutura computacional, principalmente sistemas de Informática que
apóiem os processos de GC.
Além deste grupo de fatores que tem se mostrado bastante relevante para as
organizações mais avançadas em GC, é importante se destacar também alguns outros
obstáculos recorrentes que têm sido mencionados por aquelas organizações que ainda se
encontram em estágios iniciais em termos de GC. Neste sentido, os obstáculos adicionais na
maior parte dos Ministérios podem ser classificados em dois grandes grupos:
1. Compreender melhor o que significa Gestão do Conhecimento e o impacto
que esta pode ter, incluindo: baixa compreensão sobre GC na organização;
deficiências de capacitação do pessoal; pouca propensão para investimentos
em tecnologias voltadas essencialmente para facilitação de aprendizado e
colaboração; o receio que outros órgãos, ou o público em geral, poderiam ter
acesso a informações sigilosas; e a resistência de certos grupos de
funcionários, ou mesmo uma cultura organizacional de resistência a
mudanças.
2. Obstáculos para o estabelecimento de processos básicos e centrais da GC,
incluindo a falta de incentivos para compartilhar conhecimento; deficiências
na infra-estrutura computacional, redes servidores, etc.; dificuldade para
capturar o conhecimento não documentado; falhas de comunicação; falta de
tempo ou recursos para compartilhar conhecimento concretamente na rotina
diária; e a inexistência de indicadores adequados.
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compartilhamento de informações internamente e entre as organizações sobre práticas de GC;
e, finalmente, o desconhecimento do tema entre membros da alta administração, chefias
intermediárias e servidores de uma maneira geral. Para que a GC seja amplamente
disseminada na administração direta, evidencia-se a necessidade de uma política específica,
com direcionadores estratégicos, alocação de recursos específicos e treinamentos nos vários
níveis organizacionais. Existe, ademais, uma grande oportunidade de que Ministérios menos
avançados na GC escalem rapidamente a curva de aprendizado, tanto a partir de trocas de
experiências com outras organizações, como a partir do uso de várias fontes externas de
aprendizado que estão disponíveis para seus gestores.
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