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III Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG

I Salão de Extensão & I Mostra Científica

http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao
ISSN 2318-8014

A GESTÃO DO CONHECIMENTO COMO RECURSO ESTRATÉGICO: PARA


ADOÇÃO DE PRÁTICAS EMPREENDEDORAS

Cristiane Marcantea, Kadigia Faccinb, Fábio Teodoro Tolfo Ribasc, Tais Zand , Bianca Fiorio
Olibonie
a
Curso de Graduação em Administração; Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); cristiane@cristianemarcante.com.br.
b
Doutora em Administração; Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); kadigia@gmail.com .
c
Mestre em Administração; Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Fabio.Ribas@fsg.br.
d
Curso de Graduação em Administração; Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); tais.zan@bb.com.br.
e
Curso de Graduação em Administração; Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); biancaoliboni@yahoo.com.br.

Informações de Submissão Resumo


*cristiane@cristianemarcante.com.br
Rua Feijó Junior, 1006 - Caxias do Sul - RS -
CEP: 95034-160
O presente estudo teve como objetivo criar quatro proposições
embasadas na escala de fatores da gestão do conhecimento,
Palavras-chave: que contempla a orientação cultural, a orientação competitiva,
as práticas formais e informais das empresas investigadas,
através da metodologia exploratória. A partir dessas
Gestão do Conhecimento. Empreendedorismo proposições foi possível analisar e identificar os resultados da
Feminino. Empreendedorismo. Micro e importância da gestão do conhecimento na adoção de práticas
Pequenas Empresas. Oportunidade. empreendedoras de micro e pequenas empresas gerenciadas
Desenvolvimento econômico por mulheres, como diferencial competitivo.

1 INTRODUÇÃO

A busca contínua pelo conhecimento oportuniza, cada vez mais, a criação e o


desenvolvimento de vantagens competitivas capazes de alavancar a gestão do conhecimento.
Quando bem aproveitada, a gestão do conhecimento é vista nas organizações como um
excelente recurso estratégico, dotada de um diferencial capaz de reduzir custos, tornar os
processos mais eficientes, gerar lucro e reconhecer pequenos negócios tanto pela melhoria dos
processos quanto pela adoção de práticas empreendedoras. TERRA (2012) aponta a gestão do

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conhecimento como uma estratégia central capaz de desenvolver a competitividade de


empresas e países.
As mulheres têm se destacado neste cenário competitivo, graças à dedicação ao estudo
e à especialização do conhecimento em gestão. Dedicando esta recompensa pela conquista de
cargos de chefia, liderando o ranking do empreendedorismo segundo a Fundação Nacional da
Qualidade (FNQ), principalmente nas micro e pequenas empresas. Neste contexto, se fez
necessário aprender a gerenciar negócios de forma sistêmica, abrangendo todas as áreas da
empresa.
Observa-se ainda que, nas micro e pequenas empresas, os procedimentos existentes e
boa parte do conhecimento, estão registrados apenas nas mentes das pessoas e não em
sistemas que facilitem e possibilitem tanto o desenvolvimento dos processos quanto o
compartilhamento deste ativo. Isso faz com que os pequenos negócios se tornem reféns das
pessoas, além de impossibilitar a evolução deste bem por meio de contribuições extraídas das
experiências e das trocas com outros indivíduos.
Pensando nas modernas formas de gestão de conhecimento em que as empresas estão
cada vez mais competitivas e adaptáveis às mudanças globais, a Fundação Nacional da
Qualidade (FNQ) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),
uniram suas experiências metodológicas e de gestão e criaram os prêmios MPE Brasil e o
Prêmio SEBRAE Mulher de negócios. Os Prêmios, voltados para micro e pequenas empresas,
reconhecem negócios que investem na melhoria contínua dos processos e nas práticas de
gestão, de acordo com os critérios do Modelo de Excelência em Gestão (MEG).
Levando-se em conta que o conhecimento é o bem mais valioso de uma organização, a
gestão do conhecimento é fundamental para que a organização possa se conhecer e se
desenvolver verdadeiramente. Para tanto, dominar essas ferramentas de gerenciamento, assim
como sua tecnologia, é essencial para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades e
atitudes que levam o empreendedor ao sucesso. Com elas, resultados podem ser maximizados,
obtendo vantagens competitivas por meio de processos organizados.
Diante deste contexto, surge o seguinte questionamento: qual a importância da gestão
do conhecimento na adoção de práticas empreendedoras nas micro e pequenas empresas
gerenciadas por mulheres que conquistaram os prêmios a nível nacional.
O estudo tem como objetivo geral objetivo criar quatro proposições embasadas na
escala de fatores da gestão do conhecimento, que contempla a orientação cultural, a
orientação competitiva, as práticas formais e informais em micro e pequenas empresas

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gerenciadas por mulheres. A partir da revisão da literatura, utilizando as seguintes palavras


chaves: gestão do conhecimento; empreendedorismo feminino, oportunidade,
desenvolvimento econômico, micro e pequenas empresas, foram criadas quatro proposições
que serão testadas no presente estudo.
Entender como a busca do conhecimento pode levar micro e pequenas empresas
gerenciadas por mulheres a alcançar o reconhecimento, e a conquista de prêmios em nível
nacional é um desafio cativante. Será importante identificar as diferentes formas de gerir os
pequenos negócios em âmbito nacional, através das práticas de gestão do conhecimento. Isso
se dará pela apresentação e fundamentação de conceitos, definições, e ferramentas aplicadas a
gestão do conhecimento. A análise dos recursos estratégicos que tornam os processos e as
práticas empreendedoras mais ágeis e competitivas são vitais e impulsionadoras, capazes de
sensibilizar e estimular outras mulheres a empreender.
O presente estudo está estruturado pelo referencial teórico que aborda os pilares desse
construto com os seguintes temas: gestão do conhecimento e informação, espiral do
conhecimento com o conhecimento tácito e explícito, empreendedorismo e
empreendedorismo feminino. Logo após temos os métodos utilizados para a pesquisa
exploratória, seguida da análise de resultados e da conclusão.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para iniciar o trabalho se faz necessário estudar e compreender o assunto,


estabelecendo uma relação com a adoção de práticas utilizadas nas organizações. Busca-se,
neste capítulo fazer um levantamento bibliográfico sobre os conceitos e definições de Gestão
do conhecimento como recurso estratégico do empreendedorismo, abordando especificamente
o empreendedorismo feminino e a conquista de prêmios em nível nacional, considerando o
contexto e as particularidades das micro e pequenas empresas.

2.1 Gestão do conhecimento e informação

O conhecimento nas organizações é um ativo intangível que representa a base sólida


da sua história e da sua cultura. Quanto mais específico for, mais poderá se tornar um recurso
estratégico, aliado à coleta de informações com qualidade. Sabendo que a recente necessidade
de se aprofundar nos estudos acerca da gestão do conhecimento é resultado direto da

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administração focada na informação, não se deve confundir epistemologias com conceitos


sobre gestão da informação e gestão do conhecimento (CARNEIRO, 2006). É necessária uma
compreensão sobre os conceitos de informação e de conhecimento, que serão descritas no
texto a seguir.
TERRA (2002) contribui dizendo que é preciso tomar cuidado nas lições da
reengenharia de 1990, na qual gestão do conhecimento é confundida com a gestão da
informação. O conhecimento é um recurso difícil de ser compreendido, classificado ou
medido, diferente da informação. É, também, difícil de ser imitado, é intangível, invisível. Por
isso uma das preocupações da gestão do conhecimento não é o domínio da informação, mas o
que fazer com ela, de forma que ela possa ser aproveitada e compartilhada dentro da
organização.
A teoria de Davenport (199, p.14) reforça a linha de pensamento de Terra (2002), que
a ecologia da informação se baseia na maneira como as pessoas criam, distribuem,
compreendem e usam a informação. Destaca que uma das características da informação é a
dificuldade de sua transferência com fidelidade. Consequentemente, como o conhecimento é
informação dotada de valor, a transmissão é ainda mais difícil. Cruz (2013) complementa
dizendo que o conhecimento é entendido e obtido através de interferências realizadas nos
contatos com informações e dados, e estas traduzem a essência de elementos.
Os teóricos Nonaka e Takeuchi (1997) levantaram aspectos sobre a gestão do
conhecimento relevantes e diferentes dos tradicionais. Abordam o conhecimento como um
bem intangível, que é criado pelas pessoas de acordo com suas interações e experiências de
vida. Afirmam que para entender o conhecimento é necessário entender a natureza humana,
pois os indivíduos apresentam diferentes pontos de vista, e são justamente essas diferenças
que possibilitam a criação do conhecimento. TERRA (2002) também contribui com essa linha
de pensamento, esclarecendo que o conhecimento tácito inclui o conjunto de valores
compartilhados, por padrões de comunicação e que estão fortemente ligados à experiência
conjunta da organização.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997) ensinam que criação do conhecimento
organizacional é a capacidade de uma empresa criar um novo conhecimento, difundi-lo na
organização como um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas. Na visão de
Davenport (1998, p.19) o “conhecimento, é a informação mais valiosa (...) é valiosa porque
alguém deu a informação um contexto, um significado, uma interpretação”. Reforça dizendo

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que a informação é fluxo de mensagens, enquanto que o conhecimento é criado pelo fluxo de
informações, oriundo dos compromissos e crenças do seu portador.
Atualmente as organizações tratam o conhecimento como um processo, que as pessoas
criam e usam embora, anteriormente, os teóricos tratavam o conhecimento como uma
substância. Nas organizações baseadas no conhecimento, segundo Nonaka (2011) o
conhecimento nasce a partir de uma experiência, ou seja, é um processo humano, social que é
criado pelas interações entre os indivíduos e o ambiente.

2.1.1 Espiral do Conhecimento: conhecimento tácito e explícito

Na concepção de Nonaka e Takeuchi (1997) é importante entender a criação do


conhecimento como um processo que está dividido em dois componentes, o conhecimento
tácito e o explícito. “Admitem que o conhecimento expresso em palavras e números é apenas
a ponta do iceberg. Veem o conhecimento como sendo basicamente „tácito”- algo dificilmente
visível e exprimível. O conhecimento tácito é altamente pessoal e difícil de formalizar, o que
dificulta sua transmissão e compartilhamento com outros. Além disso, o conhecimento tácito
está profundamente enraizado nas ações e experiências dos indivíduos, bem como suas
emoções, valores e ideais” (NONAKA E TAKEUCHI 1997, p. 07).
Por outro lado “O conhecimento explícito pode ser facilmente “processado” por um
computador, transmitido eletronicamente ou armazenado em banco de dados. No entanto a
natureza subjetiva e intuitiva do conhecimento tácito, dificulta o processamento ou a
transmissão do conhecimento adquirido por qualquer método sistemático ou lógico”.
(NONAKA E TAKEUCHI 1997, p. 08). Cruz (2013, p. 345) complementa definindo que
conhecimento tácito é aquele conhecimento que possuímos dentro de nós, e que é advindo de
aprendizados e experiências que desenvolvemos ao longo de nossa trajetória, e o
conhecimento explícito é aquele externado formalmente ou não.
Quando abordam as dimensões epistemológicas (teoria do conhecimento) e
ontológicas (níveis individual, grupal, organizacional e interorganizacional) em que ocorre o
espiral de criação do conhecimento, eles reforçam a ideia de que o modelo dinâmico proposto
tem o pressuposto “de que o conhecimento humano é criado e expandido através da interação
social entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito” (TAKEUCHI; NONAKA,
2008, p.59). O processo de conversão, entre os conhecimentos tácito e explícito, foi

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denominado pelos autores como SECI – socialização, externalização, combinação e


internalização. Cada etapa é descrita a seguir:

Socializa
ção

Internali
zação
SECI Externali
zação

Combina
ção

Figura 1: Processo de criação de conhecimento: modelo SECI.


Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Nonaka e Takeuchi, 1997.

Socialização: é o compartilhamento de experiências. Um indivíduo pode adquirir


conhecimento diretamente de outros indivíduos. “O segredo para aquisição de conhecimento
tácito é a experiência” (TAKEUCHI; NONAKA, 1997, p.69). Externalização: é a conversão
do conhecimento tácito em explícito. “Na externalização, o conhecimento tácito dos
indivíduos é verbalizado num diálogo de duas vias, e mais tarde, conceituado e aprimorado (
NONAKA, 2011, p. 47). Combinação: é a sistematização dos conceitos de conhecimento
explícito para explícito. Nesse caso, pode ocorrer por processos, onde os indivíduos podem
capturar e trocar conhecimentos de dentro para fora da organização ou de fora para dentro,
que estarão combinando e/ou formando conjuntos de conhecimento. Internalização: é o
processo de absorção do conhecimento explícito para o tácito.

2.1.2 Gestão do conhecimento como recurso estratégico

No cenário global e de grande transição econômica, a gestão do conhecimento ganhou


um significativo espaço nas organizações que necessitam de mudanças urgentes, exigindo
elevado nível de desempenho dos empresários, para que estes liderem empresas mais
sustentáveis e inovadoras. É complexo e desafiador esse novo oceano que as empresas
navegam, onde qualificar e administrar recursos como o conhecimento, é fundamental. Muito
diferente dos modelos tradicionais de gestão, em que a engrenagem que movimentava a linha

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de produção era o homem, com foco na busca tecnológica para a linha de produção
(MAGINA, 2012).
Ferraresi et al (2014) doutores em administração apresentam resultados de seu recente
estudo. O conhecimento é essencial para alicerçar e criar valor para as organizações, e
sugerem a GC para o gerenciamento dos processos. Esse gerenciamento facilita a captura de
conhecimento, que proporciona melhorias aos produtos, serviços e processos. Sobre aspecto
sistêmico, os autores contribuem argumentando que a gestão eficaz do conhecimento,
proporciona condições organizacionais tornando a gestão do conhecimento uma ferramenta
estratégica e determinante para o sucesso das empresas.
Esse último ponto é complementado por Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) sobre a
importância do conhecimento em todas as áreas da organização, que se resumem no ambiente
prático do ambiente de negócios. Sintetizando de nada ainda se falar em conhecimento tácito
ou em vantagem competitiva se a criação do conhecimento não estiver inserida como fonte
estratégica da organização. Para eles uma empresa criadora de conhecimento tem
responsabilidade dobrada por parte dos gestores, pois eles são responsáveis em transformar o
potencial de conhecimentos existentes dentro da organização em ações que agregam valor
para a mesma.
Para Cruz (2013) o conhecimento estratégico é aquele capaz de desenvolver planos
para organização em longo prazo variando de três a cinco anos, podendo ser usado tanto na
vida pessoal quanto profissional. Quanto ao uso estratégico nos planos da organização
Davenport (2006) contribui argumentando que as estratégias da estrutura organizacional, da
interação entre os níveis, do mapeamento do conhecimento existente, propiciam condições
necessárias para contribuir na missão da organização. Com isso é possível levantar as
necessidades futuras, criando maior aproximação e contribuição nos relacionamentos entre
funcionários, fornecedores, clientes, sociedade, inclusive a concorrência quando necessário.
Autores como Bessant e Tidd (2009) contribuem nas formas como administrar o
conhecimento para que este possa ser aproveitado como recurso estratégico dentro da
organização. Para os autores o conhecimento estratégico envolve cinco tarefas fundamentais:
gerar e adquirir um novo conhecimento; identificar e codificar o conhecimento existente;
armazenar e recuperar o conhecimento; compartilhar e distribuir o conhecimento na
organização e por último explorar e implantar o conhecimento em processos, produtos e
serviços.

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2.2 Empreendedorismo

As mudanças de mercado, e a competitividade influenciada pelo potencial dos


empreendedores, tiveram impacto no mundo todo. Muitas correntes teóricas definiram o
termo empreendedorismo ao longo da história. Este termo foi criado no século XVII pelo
escritor e economista Richard Cantillon, e a partir dele surgiu a termologia entrepreneur ou
mais especificamente empreendedor. O francês definiu empreendedores as pessoas que
assumiam riscos e adquiriram matéria prima. Esta era processada e revenda por um preço
incerto, viam nisso uma oportunidade de negócio (MARTINS, 2006).
Em 1970 Peter Drucker introduziu o conceito do indivíduo que empreende da seguinte
forma: empreendedor é aquele que corre risco, ou seja precisa arriscar em algum negócio.
Muitos autores discorrem ao longo do tempo sobre o termo empreendedorismo, contudo a
definição mais aceita é a de Hisrich (2009) segundo ele empreendedorismo é criar algo novo
com valor, assumindo riscos financeiros, sociais e psíquicos, dedicando tempo e esforço,
recebendo as recompensas de independência e de satisfação financeira e pessoal.
Dornelas (2003) argumenta na mesma linha de pensamento. Para ele
empreendedorismo é fazer algo diferente do atual, buscar a mudança, buscar oportunidades de
negócios, inovando e criando valor, sintetizando a expressão na sua essência e sustentando a
ideia de Hisrich, de empregar recursos disponíveis, assumindo riscos calculados, promovendo
as mudanças necessárias. Discorre argumentando que no empreendedorismo nada se constrói
sozinho, sempre se faz necessário o trabalho em equipe. “Empreendedorismo é o
envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam a transformação de ideias em
oportunidades” (DORNELAS, 2008, p.22).
No que tange as práticas empreendedoras, Drucker (1986, p. 216) considera que todo
empreendimento em operação requer práticas administrativas. A primeira prática apresentada
por ele é enfocar a visão administrativa em oportunidade. Gerar espírito empreendedor para
todo grupo administrativo é a segunda prática. A terceira prática é a mais relevante, pois trata
especificamente de sessões informais dentro da empresa bem programadas e preparadas.
Hisrich, Peters e Shepherd (2009) ressaltam que o papel do empreendedorismo no
desenvolvimento econômico, não envolve apenas o aumento de produção e renda “per
capta”, envolve desenvolver mudanças para sociedade e na estrutura do negócio. No que diz
respeito a mudanças Bernardi (2011) corrobora com o estudo de que a conjuntura atual exige
profundas reflexões quanto à mudança de postura nas organizações e a postura da cultura

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interna. Ambas permitem desencadear condições competitivas e saudáveis, que contribuem


eficazmente no crescimento econômico. “O empreendedor é o responsável pelo crescimento
econômico e pelo desenvolvimento social. Por meio da inovação dinamiza a economia”
(DOLABELA, 2008, p.24).
O construto deste estudo entende a necessidade de abordar o movimento
empreendedor no Brasil, uma vez que todo estudo de campo será embasado no cenário
econômico brasileiro. DORNELAS (2008) aborda em sua literatura que o movimento
empreendedor ganhou forma em 1990, quando entidades como o SEBRAE foram criadas para
auxiliar pequenas empresas, pois o ambiente político e econômico no Brasil não eram
propícios devido à falta de informações para auxílio da abertura de novos empreendimentos.
O autor levanta um fato preocupante, de que muitos novos negócios abrem por necessidade e
não por oportunidades, para o suprimento das necessidades básicas de renda e mantimento
dele e de sua família, não se preocupando na iniciativa de buscar inovação.
O texto demonstrou acima as diversas teorias e ao longo da história a importância do
empreendedorismo na propulsão do desenvolvimento econômico dos países. E estudos
recentes permeiam em torno do empreendedorismo por oportunidades, tendo esse uma
contribuição significativa no desenvolvimento, movimento este propiciado pela mudança e a
inovação. Dorneles (2008, p.12) sustenta esta ideia: “a criação de empresas por si só não leva
ao desenvolvimento econômico, a não ser que estes negócios estejam focando oportunidades
no mercado”.
No que tange ao desenvolvimento econômico não podemos deixar de citar Schumpeter
(1982, p.47) que diz se entender por desenvolvimento, as mudanças da vida econômica, que
não são impostas de fora, mas que surjam de dentro, por iniciativa própria. Se não há
mudanças ocorrendo na vida econômica e o desenvolvimento é baseado num fato de que os
dados mudam e a economia se adapta a eles, então não haveria desenvolvimento econômico e
a economia em si seria arrastada pelas mudanças do mundo.
Na teoria de Druker como vimos na citação acima, ele destaca que os empreendedores
precisam conhecer para por em prática. Aveni (2014) se insere nesta vertente de Drucker, no
que diz respeito a mudança e em particular na discussão sobre conhecimento. Para ele o
empreendedorismo do conhecimento pode ser resultado do “conhecimento e da inovação,
podendo esta ser a principal fonte do crescimento econômico”. Complementa dizendo que o
empreendedor do conhecimento evidencia o ambiente empreendedor, a orientação e o

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compromisso com o resultado, a capacidade de analisar, de enfrentar riscos, com pesquisas e


o sistema de comunicação interno e externo.
Senge (2007) relata que o empreendedor do conhecimento foi definido por vários
pesquisadores, como a habilidade de produzir ou realizar uma pratica inovadora de
conhecimento ou produto, através do conhecimento ou criação de uma oportunidade.
Continua dizendo que a contribuição do conhecimento e a produção de mercado, precisam de
uma organização que sustente a orientação e a produção do conhecimento, difícil este de se
avaliar. Fialho et al ( 2007) discorre considerando que o empreendedor do conhecimento são
os agentes responsáveis em desencadear e conduzir processos de criação e disseminação de
conhecimentos em unidades produtivas que venham a empreender.
Nesta corrente de surgimento de novos empreendimentos o autor discorre ser
necessário o empreendedor estar acompanhado de indivíduos que possuem capacidade de
aprender, de crescer em suas careiras e que dominem novas habilidades para responder as
mudanças tecnológicas e a globalização. Portanto afirma que o conhecimento é o recurso
essencial para galgar e alavancar um empreendimento de sucesso. Voltando ao ponto sobre as
mudanças, com ela veio o papel do empreendedor do conhecimento, que na atualidade tem a
capacidade de incentivar o desenvolvimento de um empreendimento pelo planejamento, pela
educação, e pela gestão do conhecimento, sensibilizando e estimulando seus colaboradores a
participarem (FIALHO ET AL, 2007).
Gerenciar conhecimentos e ter habilidade intelectual é outra característica do
empreendedor do conhecimento, apontada por Aveni (2014). Esta característica está ligada ao
atual momento em que o Brasil e universidades buscam incentivar a criação de novos
empreendimentos de base tecnológica para contribuir no desenvolvimento econômico como já
referenciado no discorrimento do assunto abordado. Para impulsionar esses empreendimentos
pelo conhecimento, pela tecnologia e pela inovação é importante a conscientização.
Dentre as mais significativas estão às teorias de Hisrich, Peters e Shepherd (2009) que
definem o empreendedor como aquele agente que combina recursos, materiais, trabalho e
outros ativos para tornar seu valor maior que o anterior, inovando, e introduzindo mudanças e
novas ordens. Uma das abordagens mais antigas e clássicas que descrevem a figura do
empreendedor é a de Shumpeter (1949) apud Dornelas (2008), que diz: “empreendedor é
aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços,
pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e
materiais”.

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Segundo Dornelas (2008, p. 23) empreendedor é ó indivíduo que cria um novo


negócio por uma oportunidade latente, tem iniciativa, assume riscos calculados e a
possibilidade de fracassar. Kiyosaki (2006, p. 17) destaca em seu livro que umas das
definições mais plausíveis abrangendo o termo empreendedor é de autoria de Howard H.
Stevenson, professor da Harvard University. Segundo ele “empreendedorismo é uma
abordagem a gerencia que definimos como as busca de oportunidades sem levar em
consideração os recursos atualmente controlados”.

2.2.1 Empreendedorismo Feminino

Diversos conceitos sobre empreendedorismo foram mencionados no construto do


referencial. Os conceitos citados não fazem distinção de gênero, uma vez que as
características empreendedoras tanto são encontradas em homens e mulheres em geral. Para
explicar o comportamento empreendedor vários pesquisadores examinam os traços e as
características pessoais ou a influencia de fatores externos. Compreender o
empreendedorismo exige que ambas as perspectivas estejam integradas, não importando
quanto empreendedor um indivíduo seja, pois um contexto que ofereça acesso a recursos
adequados será necessário. (BESSANT ; TIDD, 2009).
Muitos são os estudos significativos sobre o empreendedorismo feminino. A atividade
empreendedora das mulheres é crescente. Embora seja crescente e existem muitos estudos
relacionados referentes a este fenômeno, poucas são as produções a nível científico que
abordem este tema (BARBOSA ET AL, 2011). Cassol, Silveira e Hoeltgebaum (2007)
contribuem em sua abordagem que o aumento destes estudos, deve-se ao aumento
significativo da inserção da mulher no mercado de trabalho. Estudos como este têm chamando
a atenção e vêm ganhando amplitude no mundo todo.
Pesquisas mostram a influência da mulher neste universo corporativo. Cohen (2009)
frisa que elas empreendem ou ocupam cargos importantes como presidências, diretorias,
gerências e outros níveis hierárquicos, influenciando o mundo todo com a formulação de
novas relações de trabalho, mais humanas. Estas Influências se apresentam também, nas
novas formas de exercer o poder, com integração e novas habilidades. Essa moderna gestão
feminina segundo a autora, está relacionada à ponta do iceberg corporativo que veio para
romper o poder da hierarquia e se associar a uma forma de gestão mais participativa.

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Barbosa et al (2011) acredita que as mulheres vêm conquistando a cena


empreendedora, por sua facilidade em atrair e reter talentos. Morais (2015) aponta em seu
estudo, que mulheres trazem mais inovação ao setor de serviços, os quais apresentam grande
potencial de crescimento. Argumenta também, que a implantação de novas técnicas referente
às estratégicas inovadoras surgem no processo produtivo, fator esse ligado diretamente ao
conhecimento de muitas empreendedoras. Destaca que as habilidades e o conhecimento
distingue a diferença entre os gêneros e o desenvolvimento pessoal quanto às questões
educacionais.
Aspectos importantes da educação no desenvolvimento empreendedor feminino são
levantados por Aveni (2014) que contribui destacando ser um aspecto psicológico derivado do
conhecimento e capacitação obtida na educação. As mulheres que desejam se dedicar ao
mundo dos negócios é extremamente importante que tenham uma educação formal, podendo
também ser informal em alguns aspectos, advinda de redes, revistas, casos de empresas entre
outras. Um segundo aspecto importante vem de se socializar e se capacitar de acordo com as
necessidades de mercado. Conclui destacando que os empreendedores homens e mulheres de
sucesso possuem elevado nível cultural, educacional e de capacitação.
Martins (2015) destaca que a versatilidade feminina teve impacto na renda média que
aumentou em 43%, ao passo que, o aumento da renda média masculina aumentou 19%. A
realidade hoje permite que as mulheres se assimilem aos homens para competir em igualdade.
Porem se diferenciam na capacidade de motivação, habilidades empresariais e históricas
profissionais. Continua a autora dizendo que todas as dificuldades encontradas pelas mulheres
ao gerir um negócio acabam se transformando em motivação instigando o empreendedorismo
e provocando um aumento natural em seus negócios, comprovando que existe um diferencial
empreendedor nas mulheres.
Assim uma nova ordem corporativa a desprezar o poder imposto que emana hierarquia
abraça novas habilidades, provenientes do magnetismo, da versatilidade, aspectos estes que
tem tudo a ver com o fato de ser mulher nos dias de hoje (COHEN, 2009). Na perspectiva de
Tonani (2011) homens e mulheres possuem características peculiares relacionadas ao seu
gênero, ocorrendo uma quebra de paradigma ao buscar o perfil da mulher como novo perfil de
liderança, pois elas dão respostas aos anseios do mercado. Mercado este que busca estratégias
e está cada vez mais competitivo.
Outra análise feita envolve o grau de comprometimento das empreendedoras com suas
empresas. Segundo Jonathan (2005) elas são destemidas e autoconfiante porém demostram

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preocupações nos aspectos financeiros, com o crescimento de seus negócios e com as


condições socioeconômicas do país. No que tange aos aspectos financeiros Martins et al
(2010) contribui reforçando que muitos são os obstáculos enfrentados pelas mulheres e um
deles está relacionado as questões econômicas. Contribui também no seu argumento que elas
possuem “determinação para perseguir seus objetivos, alcançar suas metas e superar
dificuldades”.
Explorando outras pesquisas e resultados fica perceptível os diferentes níveis de
conhecimento por parte das empreendedoras de uma forma em geral. Martins et al (2010)
cita que por mais que tenham anos de práticas da conhecida “dinâmica erro acerto” as
gestoras tem um nível alto de conhecimento, e muita disposição em crescer e obter sucesso.
“As mulheres que se percebem como possuidoras dos conhecimentos e habilidades
necessárias estão mais propensas a iniciar novos negócios”. (CASSOL, SILVEIRA E
HOELTGEBAUM, 2007).
3 METODOLOGIA

Na elaboração deste trabalho foi feita uma abordagem qualitativa utilizando a pesquisa
bibliográfica. A partir dessa serão investigadas diversas informações dos principais teóricos e
autores, extraídas de livros e artigos. Os assuntos investigados tratarão sobre gestão do
conhecimento e as práticas empreendedoras femininas em micro e pequenas empresas. Este
procedimento permite meios de aprofundamento no assunto abordado, e meios de referenciar
o problema citado, bem como conhecer novas áreas em que os problemas não foram
solucionados de maneira eficaz.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído


principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos
seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. (GIL, 2007, p.44).

Dessa forma foi considerada a abordagem apropriada para a proposta do presente


trabalho, cujo objetivo é identificar a importância da gestão do conhecimento na adoção de
práticas empreendedoras de mulheres que conquistaram prêmios em nível nacional. O
proposto estudo pretende identificar a resposta do problema de pesquisa, a partir da revisão da
literatura, utilizando as seguintes palavras chaves: gestão do conhecimento;
empreendedorismo feminino, oportunidade, desenvolvimento econômico, micro e pequenas
empresas, e para isso serão criadas quatro proposições que serão testadas no presente estudo.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Gestão do conhecimento x Empreendedorismo

Com base na fundamentação teórica, sobre os temas abordados e referenciados pelos


principais conceitos de teóricos e autores, foram criadas proposições dedutivas embasadas
pelos quatro fatores da GC, verificando a contribuição e a importância da GC na adoção de
práticas empreendedoras femininas, a nível Brasil. Estas proposições dedutivas estão
sustentadas pelo referencial e pelos quatro fatores da GC e servirão de apoio para comprovar
ou não o estudo de campo.
Os fatores multifatoriais, relacionados a GC são: fator um (F1), condiz a orientação
cultural da organização (OCU), o fator dois (F2) é relativo com a orientação competitiva
(CO); o fator três (F3), condiz com as práticas formais (PF) de gestão do conhecimento; e por
fim o fator quatro (F4), condiz com as práticas informais de gestão do conhecimento. A figura
a seguir, ilustra o instrumento do construto propositivo, baseado na estrutura tetradimensional
fatorial da GC:

Figura 4 – Modelo tetradimensional fatorial (F) x proposição (P).


Fonte: Elaborada pela autora

Bessant e Tidd (2009) discorrem em seu argumento que práticas empreendedoras bem
sucedidas dependem da integração e interação em três diferentes perspectivas que tangem
aspectos pessoais. Para ele as práticas empreendedoras são aquelas que incluem estilos
criativos, possuem habilidades de avaliar, identificar e desenvolver novos conceitos e ideias.

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Outra prática condiz com aspectos de fatores sociais ou coletivos que envolvem equipes,
grupos e processos necessários para transformação de ideias em novos produtos, serviços ou
negócios. Por fim, o ultimo aspecto está relacionado aos fatores contextuais que consistem no
ambiente e nos recursos necessários para viabilizar a criação e o crescimento do
empreendedorismo.
Segundo Falconi (2009) os fatores que garantem os resultados de uma empresa em
qualquer iniciativa são a liderança, conhecimento técnico e método. Um dos fatores mais
importantes para o autor é a liderança, pois nada adianta ter conhecimento se não houver
liderança. Para ele o líder é o agente da mudança, ele promove o domínio de métodos,
promove a aquisição de conhecimento, inspira pessoas, promove cultura de alto desempenho,
promove a cultura de tomar decisões, garante o estabelecimento de melhorias contínuas,
padroniza processos. É preciso ter consciência que cada organização tem sua história de
avanços nas práticas de gestão. Diante deste contexto surgem as proposições a seguir:
Proposição 1 (P1) – A existência de uma orientação cultural para o conhecimento, ou
seja, de um conjunto compartilhado de valores, em uma empresa de pequeno porte garante a
criação de práticas empreendedoras aplicáveis no negócio.
A proposição acima irá auxiliar na busca pelo entendimento e a busca de evidências
que comprovem se a orientação cultural depende da GC, para criar práticas empreendedoras.
Segundo Johann (2004) a cultura de uma empresa é o compartilhamento de ideias, crenças,
costumes já estabelecidos, criando regras e modelos metais, fornecendo um mapa no modo de
encarar e interpretar e adaptar-se ao mundo. Cada organização tem sua própria cultura,
embora possa haver semelhanças, não existem “culturas idênticas”.
Proposição 2 (P2)– A existência de uma orientação competitiva para o conhecimento,
ou seja, de utilização do conhecimento organizacional em uma lógica de desempenho
comparativo aos concorrentes, em uma empresa de pequeno porte, garante a criação de
práticas empreendedoras aplicáveis no negócio.
Esta proposição irá investigar e buscar evidências empíricas do contexto
organizacional, para comprovar se a orientação competitiva contribui e depende da GC para
criação de práticas nos negócios. Para Porter (1989) competitividade, são os recursos e as
habilidades que uma empresa possui, proporcionando desempenho superior aos seus
concorrentes de setor, em relação aos atributos que o consumidor valoriza como alvo. As
organizações bem sucedidas em mercados competitivos são aquelas que oferecem valor para
seu cliente, considerando-se então que valor é a fonte da vantagem competitiva, assim

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fazendo um link entre os conceitos desta teoria e os conceitos que serão apresentados nos
itens no decorrer do referencial.
Continua na sua linha de pensamento enfatizando que, normalmente a alta gerência,
dedica pouca concentração na função estratégica do conhecimento, ou na importância de
programas de criação do conhecimento. Fazem crítica na forma, como muitos gestores,
executivos e estrategistas enxergam o conhecimento dentro da organização. Muitas vezes eles
vêm o conhecimento como algo indefinido, poucas vezes relacionado à criatividade ao invés
de aproveitá-lo com objetividade e considera-lo um importante aliado, e/ou considera-lo um
recurso vinculado as “atividades, tarefas e resultados específicos”. A partir deste apontamento
nasce a terceira proposição:
Proposição 3 (P3) – A existência de práticas formais voltadas ao conhecimento, ou
seja, a utilização de processos e serviços formalizados para aquisição de conhecimento, em
uma empresa de pequeno porte garante a criação de práticas empreendedoras aplicáveis no
negócio.
Esta proposição irá investigar e buscar entender como a empresa enxerga
empiricamente o conhecimento dentro de suas práticas de gestão. Irá buscar respostas dentro
de sua estrutura formal utiliza o conhecimento como recurso estratégico para criação de novas
práticas empreendedoras. Para entender as práticas formais se faz necessário entender uma
estrutura formal de uma organização. Segundo Cruz (2013), as estrutura formais estabelecem
relações de hierarquia e foram criadas para que as empresas pudessem dividir e executar as
funções básicas da administração, essas funções permeiam todos os níveis da organização,
começando pelo estratégico e indo até o operacional, possibilitando cada nível “controlar,
planejar, organizar e dirigir cada processo” ou parte com responsabilidade. Um
questionamento importante surge quando se trata aspectos relevantes que tangem o
funcionamento das estruturas formais. Como seriam as práticas nas estruturas informais? A
partir deste questionamento surge a seguinte proposição.
Proposição 4 (P4) – A existência de práticas informais voltadas ao conhecimento,
amplia as relações sociais e pessoais, garantindo a criação de práticas empreendedoras
aplicáveis no negócio.
Esta proposição nos leva a pensar de que forma as práticas informais dependem da GC
e podem contribuir para criação de novas práticas empreendedoras dentro da organização.
Para que analise dessas abordagens se faz necessário o entendimento sobre definições e
conceitos das estruturas informais. Para Cruz (2013) as estruturas informais sempre

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contribuíram para desaceleração da produtividade que diz respeito aos processos do negócio.
Destaca que nos dias de hoje existem meios e conhecimentos, onde que as organizações
possam tirar proveito deste tipo de estrutura. Momentaneamente, se faz necessário a gestão de
uma organização diminuir este tipo de estrutura informal.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em todo construto deste trabalho, foram levantados conceitos e definições sobre os temas
relacionados à GC, empreendedorismo, empreendedorismo feminino e as micro e pequenas
empresas. Esses conceitos foram extraídos de livros de importantes teóricos e pesquisadores e
artigos recentes, que tratam e mencionam aspectos relevantes sobre os temas abordados.
Foram levantadas algumas evidências concretas sobre alguns apontamentos que serão
descritos abaixo.
No que diz respeito à GC, apesar de ser um tema que ressurgiu em 1990, foi possível
observar que não existem muitos autores que abordam o conhecimento como recurso
estratégico, poucas literaturas foram encontradas. No que diz respeito à criação do
conhecimento, foi possível encontrar diversas literaturas que descrevem este fenômeno, e
artigos atuais também, porém todos baseados na teoria da criação do conhecimento de
Nonaka e Takeuchi.
Já no discorrimento dos assuntos referentes a empreendedorismo, foi possível
encontrar inúmeras literaturas e artigos relacionados, sob aspecto de vários autores, foi
possível assim construir um referencial com embasamento interessante e rico dentro deste
contexto. Já no que se refere ao empreendedorismo feminino, quase toda construção foi
embasada a partir de artigos, pois pouquíssimos autores tratam deste tema. Mesmo nos artigos
encontrados, existe pouco conteúdo pertinente, e no que diz respeito às práticas
empreendedoras quase insuficiente.
Nas peculiaridades das micro e pequenas empresas, se conclui que muitas referências
encontradas, foram extraídas do SEBRAE, justamente por ser um órgão que presta auxílio aos
pequenos negócios. Outras referências levantaram aspectos importantes sobre as taxas de
sobrevivência e mortalidade dessas, por insuficiência de conhecimento da parte dos gestores.
Alguns gestores têm carências quanto às capacitações, principalmente na forma de gerir o
negócio, e nos controles financeiros.

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Conclui-se, portanto que apesar de haver vastas literaturas disponíveis tratando desses
temas construídos durante o referencial, poucos são os estudos relacionados às mulheres. Foi
possível observar também através dos dados levantados pelo GEM, que o empreendedorismo
feminino tem um crescimento considerável no cenário econômico. Referente às práticas
empreendedoras femininas, quase não existe pesquisas e literaturas que abordem sobre isso.
Referente ao sucesso e ao reconhecimento de mulheres empreendedoras foi possível encontrar
apenas dois artigos que abordam essa questão, dificultando a construção deste referencial.

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