Você está na página 1de 120

TEORIA DOS

JOGOS

Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Patrícia Rodrigues da Silva
Design Educacional
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Rossana Giani
Distância; SILVA, Sidinei Silvério da.
Iconografia
Teoria dos Jogos. Sidinei Silvério da Silva. Isabela Soares Silva
Maringá - Pr.: UniCesumar, 2018. Reimpressão 2021.
Projeto Gráfico
120 p. Jaime de Marchi Junior
“Graduação - EaD”. José Jhonny Coelho
Arte Capa
1. Competição. 2. Estratégicas. 3. Jogos 4. EaD. I. Título.
Arthur Cantareli Silva
ISBN 978-85-8084-964-6 Editoração
CDD - 22 ed. 658 Humberto Garcia da Silva
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Qualidade Textual
Hellyery Agda, Viviane Favaro Notari, Keren
Pardini
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Ilustração
Impresso por: Bruna Marconato
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo
competências e habilidades, e aplicando conceitos
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTOR

Professor Me. Sidinei Silvério da Silva


Possui Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM-2002), Especialização em Consultoria Econômico-Financeira de
Empresas (UEM-2004) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL-2012). Atualmente atua como professor e
coordenador do Curso de Ciências Econômicas na Faculdade Cidade Verde
(FCV), professor na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e UniCesumar.
Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Monetária,
Fiscal, do Meio Ambiente e Análise de Conjuntura Econômica.
APRESENTAÇÃO

TEORIA DOS JOGOS

SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a), é com muito prazer que apresento a você o Livro de Teoria dos
Jogos. Sou o professor Sidinei Silvério da Silva e o preparei com muita dedicação e en-
tusiasmo para que você possa compreender o uso da lógica matemática no processo
de tomada de decisões por meio da teoria dos jogos, da pesquisa operacional e suas
aplicações no mundo dos negócios.
Nosso objetivo ao escrever este livro foi criar condições para que você compreenda da
melhor maneira possível conceitos e aplicações da Economia, Ciência da Computação e
Matemática no suporte à tomada de decisões, buscando sempre a otimização dos recur-
sos produtivos escassos, frente às necessidades múltiplas, ao maximizar os resultados e
gerar valor.
Nesse sentido, ressaltamos que os assuntos que estudaremos nesta disciplina são de
grande relevância para sua formação, tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito pro-
fissional. Por isso, dedique-se a ler e a interagir com os textos, a fazer anotações, a escla-
recer suas dúvidas, verificando as indicações de leitura e respondendo às atividades de
autoestudo.
Em relação à estrutura geral, o livro foi organizado da seguinte maneira: na unidade I,
é abordada a concorrência imperfeita com o estudo da competição monopolística, do
oligopólio e do dilema dos prisioneiros; na unidade II, apresentam-se a teoria dos jogos
e a estratégia competitiva; na unidade III, discute-se a pesquisa operacional como ferra-
menta imprescindível na gestão eficiente dos recursos produtivos escassos; na unidade
IV, é apresentada a solução por meio da programação linear de um problema gerencial
exemplificado na modelagem computacional e, finalmente, na unidade V, desenvol-
vem-se soluções, por meio do Solver do Excel, de problemas gerenciais em estratégias,
produção, logística, finanças e marketing.
Bons estudos e um forte abraço!
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO

13 Introdução

14 Competição Monopolística

16 Oligopólio

19 Concorrência de Preços

20 Concorrência Versus Acordo: O Dilema dos Prisioneiros

24 Considerações Finais

UNIDADE II

TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIA COMPETITIVA

31 Introdução

32 Jogos e Decisões Estratégicas

39 Considerações Finais

UNIDADE III

PESQUISA OPERACIONAL

47 Introdução

48 Evolução Histórica

49 Conceitos-Chave, Suposições e Termos Utilizados

53 Modelagem de Problemas de Programação Linear

54 Considerações Finais
SUMÁRIO

UNIDADE IV

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR

61 Introdução

62 Introdução do Modelo na Planilha Eletrônica

65 Estrutura da Planilha

68 Modelagem no Solver

74 Solução do Modelo e Saídas

78 Considerações Finais

UNIDADE V

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR

87 Introdução

88 Aplicação em Estratégias

91 Aplicação em Produção

93 Aplicação em Logística

99 Aplicação em Finanças

104 Aplicação em Marketing

106 Considerações Finais


113 CONCLUSÃO
115 REFERÊNCIAS
117 GABARITO
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

I
COMPETIÇÃO

UNIDADE
MONOPOLÍSTICA E
OLIGOPÓLIO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a importância das estratégias na maximização de lucro
e geração de valor para a concorrência imperfeita.
■■ Reconhecer as principais diferenças e entender as principais
características das estruturas de mercado, competição monopolística
e oligopólio.
■■ Discutir problemas econômicos enfrentados por entidades
empresariais que atuam nessas estruturas de mercado.
■■ Explicar o dilema dos prisioneiros.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Competição Monopolística
■■ Oligopólio
■■ Concorrência de preços
■■ Concorrência versus acordo: o dilema dos prisioneiros
13

INTRODUÇÃO

Olá, seja bem-vindo(a) ao estudo da concorrência imperfeita!


Caro(a) aluno(a), iniciamos a primeira unidade do livro apresentando a você
as principais estruturas de mercado existentes no mundo dos negócios, pois elas
definem o comportamento dos players em relação à teoria dos jogos.
É importante destacar que entre as duas situações extremas da concorrên-
cia perfeita e do monopólio existe uma diversidade de estruturas de mercado
intermediárias, comumente chamadas concorrência imperfeita, que podem ser
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

agrupadas em dois grandes grupos, tendo em vista as respectivas características:


a concorrência monopolística e o oligopólio. Esta unidade destina-se, portanto,
ao estudo dessas duas estruturas de mercado, apresentando conceitos, caracte-
rísticas e diferenças de cada uma delas.
Agora que já conhecemos as principais estruturas de mercado, no próximo
tópico, passamos ao estudo da concorrência de preços e do clássico dilema dos
prisioneiros, que mostra as nuances dos jogos econômicos no sentido de coo-
perar ou não cooperar. No contexto da concorrência versus acordo, a partir de
implicações do Dilema dos Prisioneiros, serão apresentados os conceitos de rigi-
dez, sinalização e liderança de preços.
Perceba que as ideias apresentadas nos levarão a pensar sobre o dilema dos
prisioneiros e sua relação com a tomada de decisão no dia a dia empresarial.
Compensa cooperar ou não? Vou para uma guerra de preços ou de quantidades?
Para tornar o estudo mais interessante, com o exemplo do posto de combus-
tível, apresentamos as principais questões envolvidas em um processo de decisão
com base no dilema dos prisioneiros. Encerra-se a unidade com o Simulador
de Mercados de Oligopólio (SMO), que visa examinar o comportamento estra-
tégico de empresas detentoras de poder de mercado e as consequências de tal
comportamento em termos de bem-estar.
Então vamos lá! Bom estudo a todos!

Introdução
I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA

Segundo Pindyck e Rubinfeld (2010), Varian (2006), Byrns e Stone (1997),


Salvatore (1981), Miller (1981) e Ferguson (1978), as diferentes estruturas de
mercado estão condicionadas a três variáveis principais: número de firmas pro-
dutoras no mercado, diferenciação do produto e existência de barreiras à entrada
de novas empresas.
O que é um mercado?
Um mercado, de acordo com a teoria microeconômica, é um grupo de com-
pradores e vendedores que, por meio de suas interações efetivas ou potenciais,
determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos.
Pindyck e Rubinfeld (2010) definem competição monopolística como o
mercado no qual as empresas podem entrar livremente, cada uma produzindo
a própria marca ou uma versão de um produto diferenciado, como cremes den-
tais, antigripais, refrigerantes e sabonetes. Um mercado monopolisticamente
competitivo tem duas características-chave:
■■ As empresas competem vendendo produtos diferenciados, altamente
substituíveis uns pelos outros, mas que não são, entretanto, substitutos
perfeitos. Em outras palavras, as elasticidades cruzadas são grandes, mas
não infinitas.
■■ Há livre entrada e livre saída. É relativamente fácil a entrada de novas
empresas com marcas próprias e a saída de empresas que já atuam no
mercado, caso os produtos deixem de ser lucrativos.

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO


15

O que é o Cade?
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica - Cade é uma autarquia
federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Fede-
ral, que exerce, em todo o Território nacional, as atribuições dadas pela Lei
nº 12.529/2011. O Cade tem como missão zelar pela livre concorrência no
mercado, sendo a entidade responsável, no âmbito do Poder Executivo, não
só por investigar e decidir, em última instância, sobre a matéria concorren-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cial, como também fomentar e disseminar a cultura da livre concorrência.


Esta entidade exerce três funções: Preventiva; Repressiva e Educacional ou
Pedagógica.
Disponível em: <www.cade.gov.br>. Acesso em: 29 dez. 2014.

Em concorrência monopolística, as empresas podem aumentar os preços, não


se arriscando a perder todos os clientes, porque o seu produto tem algumas
características próprias que o diferenciam dos produtos similares das empresas
concorrentes. No entanto, esse poder de mercado tem fortes limitações, quer no
curto, quer no longo prazo:
■■ No curto prazo, o fato de os produtos das empresas concorrentes serem
similares (substitutos próximos) faz com que a curva de demanda da
empresa seja bastante elástica, isto é, se a empresa aumentar significativa-
mente o preço, então, a maioria dos clientes passa a comprar os produtos
similares das empresas concorrentes.
■■ No longo prazo, a existência de algumas empresas com lucros positivos
atrai novas empresas para o mercado, o que aumenta o número de produ-
tos diferenciados, fazendo diminuir as vendas das empresas já instaladas.
No mercado de refrigerantes e no mercado de café dos Estados Unidos, as mar-
cas analisadas por Pindyck e Rubinfeld (2010) apresentaram elasticidades da
ordem de 4 a 8, demonstrando o limitado poder de mercado das empresas que
atuam nesse segmento econômico. Exemplificando, no caso da elasticidade igual
a 8, se a empresa aumentar o preço do produto em 1%, provocará uma redução
na demanda em 8%.

Competição Monopolística
I

©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OLIGOPÓLIO

Enquanto no monopólio existe uma só empresa e na concorrência monopolís-


tica existem vários concorrentes, no oligopólio existem poucos concorrentes, de
tal forma que cada empresa está bem consciente dos efeitos que as decisões dos
rivais podem ter em si própria, assim como dos efeitos das suas ações sobre os
rivais e das respostas/reações que esses últimos vão implementar.
Nesse sentido, pode-se definir oligopólio como uma estrutura na qual ape-
nas algumas empresas competem entre si e há barreiras para a entrada de novas
empresas. Pode ou não haver diferenciação de produto, como nos setores pro-
dutivos de automóveis, aço, alumínio, petroquímica, equipamentos elétricos,
aviação e computadores (PINDYCK; RUBINFELD, 2010).
De acordo com Varian
(2006), as empresas oli-
gopolísticas exibem um
comportamento estratégico,
por oposição às empresas em
concorrência perfeita e em
concorrência monopolística,
as quais não levam em conta as
©shutterstock

reações dos adversários (com-


portamento não estratégico).

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO


17

No oligopólio, de uma forma geral, os preços são administrados e os produtos


podem ou não ser diferenciados. O importante é que apenas algumas empresas
sejam responsáveis pela maior parte ou por toda a produção.
Em alguns desses mercados, algumas ou todas as empresas obtêm lucros
substanciais no longo prazo, já que barreiras à entrada tornam difícil ou impos-
sível que novas empresas entrem no mercado.
No oligopólio, considerando o poder de mercado que as empresas possuem,
é possível capturar o excedente do consumidor (diferença entre o preço que
alguém se dispõe a pagar por certo bem e o preço realmente pago) por meio da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

discriminação de preços e transferi-lo para o produtor. Segundo Varian (2006)


e Pindyck e Rubenfeld (2010), em geral, os economistas distinguem três tipos
de discriminação de preços:
■■ Discriminação de preços de primeiro grau: significa vender diferentes
unidades de produto por diferentes preços e que os preços podem diferir
de pessoa para pessoa. Exemplos: vendedores de automóveis, médicos,
advogados, arquitetos, faculdades e universidades.
■■ Discriminação de preços de segundo grau: significa vender diferentes
unidades de produto por diferentes preços, mas cada pessoa que compra
a mesma quantidade de bens paga o mesmo preço. O exemplo principal
disso são os descontos por quantidade. Outro exemplo é a cobrança por
faixas de consumo praticada por empresas fornecedoras de energia elé-
trica, gás natural e água.
■■ Discriminação de preços de terceiro grau: é a prática de dividir os con-
sumidores em dois ou mais grupos com curvas de demanda separadas e
cobrar preços diferentes de cada grupo. É a forma predominante de dis-
criminação de preços. Exemplos: tarifas aéreas de classe econômica versus
primeira classe, produtos (bebidas, alimentos) especiais versus comuns,
descontos para estudantes e cidadãos mais idosos e assim por diante.

Oligopólio
I

Preço

Curva
de
Oferta
Excedente
do
Consumidor
Equilíbrio (p,q)
Excedente
do
Produtor

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Curva
de
Demanda

Quantidade
Figura 1: Excedentes do Consumidor e do Produtor
Fonte: o autor

Pelas ideias apresentadas acima, pode-se concluir que cada empresa considera as
reações dos concorrentes diante de alterações nos níveis de produção e preço, nas
decisões de investimento e campanhas promocionais. Esse processo é dinâmico.
Assim, a partir de implicações do Dilema dos Prisioneiros, que será estudado na
última seção dessa unidade, tem-se a:
■■ Rigidez de preços: característica dos mercados oligopolistas pela qual
as empresas se mostram relutantes em modificar os preços, mesmo que
os custos ou a demanda sofram alterações. Evidencia-se o medo de uma
guerra de preços.
■■ Sinalização de preço: forma de acordo implícito na qual uma empresa
anuncia um aumento de preço e espera que as outras sigam o exemplo. É
um modo de acordo implícito, que pode resultar em ação judicial antitruste.
■■ Liderança de preço: padrão de formação de preço no qual uma empresa
anuncia regularmente mudanças de preços que outras empresas seguirão.

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO


19

CONCORRÊNCIA DE PREÇOS

Além da concorrência por meio da determi-


nação de quantidades, as empresas, como a
indústria de automóveis, consideram o preço
como uma variável estratégica, de tal modo
que cada fabricante escolhe seu preço tendo
em vista as ações e reações dos concorrentes.
A concorrência de preços pode ocorrer
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

com produtos homogêneos ou com produtos ©shutterstock

diferenciados. No primeiro caso (produtos


homogêneos), de acordo com o modelo de Bertrand, desenvolvido em 1883 por
Joseph Bertrand, as empresas produzem uma mercadoria homogênea, cada uma
delas considera fixo o preço de suas concorrentes e todas decidem, simultanea-
mente, qual preço será cobrado. No segundo caso (produtos diferenciados), as
fatias de mercado são determinadas não apenas por meio de preços, mas tam-
bém mediante diferenças de design, desempenho e durabilidade do produto de
cada empresa (PINDYCK; RUBINFELD, 2010).

O que é Conduta Anticompetitiva?


Condutas anticompetitivas são quaisquer atos adotados por pessoas físicas
e jurídicas que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos,
ainda que não sejam alcançados: (i) limitar, falsear ou de qualquer forma
prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; (ii) dominar mercado re-
levante de bens ou serviços; (iii) aumentar arbitrariamente os lucros; e (iv)
exercer de forma abusiva posição dominante.
Disponível em: <www.cade.gov.br>. Acesso em: 29 dez. 2014.

Concorrência de Preços
I

CONCORRÊNCIA VERSUS ACORDO: O DILEMA DOS


PRISIONEIROS

©shutterstock
O Dilema dos Prisioneiros
está relacionado com a teo-
ria dos jogos e a teoria da
decisão e se refere ao caso
em que criminosos são sub-
metidos a um interrogatório

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em separado. Cada crimi-
noso sabe que, se ninguém
confessar sobre a participa-
ção própria e dos demais no
crime, ele será libertado ou,
no máximo, terá uma pena
muito pequena. Mas, se um deles confessar e os demais não o fizerem, esse um
poderá ser libertado, enquanto os outros sofrerão pesadas penas. Se todos con-
fessarem, todos receberão penas, embora menos severas do que se apenas um
confessar. O incentivo, nesse caso, para o indivíduo racional, é confessar e dei-
xar os demais sofrerem as consequências. Porém, se todos forem racionais e
agirem dessa forma, o resultado para todos será pior do que seria se todos pudes-
sem entrar em um acordo prévio para ninguém confessar (SANDRONI, 1999).
Esse exemplo na teoria dos jogos, conforme Figura 2, demonstra que, se o
Prisioneiro A confessar, terá menor sentença, independente da ação do prisio-
neiro B. O mesmo vale para o prisioneiro B em relação ao prisioneiro A.

Prisioneiro B
Confessa Não confessa

Confessa - 5, -5 - 1, -10
Prisioneiro A
Não confessa - 10, -1 - 2, -2

Figura 2. Matriz de Payoff do dilema dos prisioneiros


Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010)

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO


21

Barrichelo (2010) apresenta, com base no dilema dos prisioneiros, o exem-


plo do posto de gasolina e a guerra de preços: imagine uma cidade com apenas
dois postos de gasolina. Você é dono de um deles, chamado GASOIL, que fica
lado a lado com o seu concorrente, o posto CARGAS. Devido à proximidade,
quando uma pessoa precisa abastecer o carro, ela vai até eles, visualiza o preço
de ambos e escolhe pelo menor. Embora existam outros motivos que diferenciam
os postos, como a cordialidade e velocidade dos frentistas, o preço é o fator mais
relevante. Assim, se o assunto é preço, alguns centavos a menos podem indu-
zir parte dos clientes a preferir o posto com menor valor. Por exemplo, se seu
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

concorrente abaixar o preço em 5%, ele ganha cerca de 30% dos seus clientes.
Esse aumento de volume de clientes compensa o preço reduzido, melhorando
a rentabilidade, enquanto você perde faturamento. Por isso, você pensa: que tal
abaixar o preço do litro de $3 para $2,90? Isso fará com que habituais clientes do
CARGAS (concorrente) passem a abastecer no GASOIL (o seu posto). A vida
empresarial seria mais fácil se as decisões fossem isoladas. Entretanto, como o seu
concorrente vai reagir? Ao notar que você abaixou o preço e ele perdeu clien-
tes, ele também vai abaixar o preço para $2,90. Como resultado, os dois postos
terão preço igual ($2,90 no lugar de $3,00) e o mesmo volume de cliente como
antes, mas ambas as empresas perdem faturamento e lucro. Essa é a essência de
uma guerra de preços que prejudica o negócio dos dois postos. Suponhamos que
vocês tomem a decisão simultaneamente. Se hoje é domingo, vocês vão deci-
dir qual o preço inicial na segunda-feira. Durante o dia não é possível alterar o
preço, apenas de um dia para outro. Vocês não se conversam e não sabem qual
preço o concorrente vai adotar. Você fica sabendo apenas no dia seguinte e qual-
quer arrependimento será tarde demais (ao menos durante um dia inteiro, até
você tomar alguma atitude para o dia seguinte). Considerando essa dinâmica
de mercado com clientes sensíveis ao preço, ambos têm incentivos para abai-
xar o preço e ganhar mais momentaneamente. No entanto, se os dois fizerem,
ambos saem perdendo. Assim, preventivamente, você conversa com o dono do
CARGAS e os dois combinam para não abaixar os preços. Ele concorda, mas
você vai dormir com a dúvida: será que posso confiar nele? Se ele abaixar o preço
a noite, você perderá toda a clientela do dia seguinte. Você está em um dilema
semelhante ao Dilema dos Prisioneiros.

Concorrência Versus Acordo: O Dilema dos Prisioneiros


I

“Teoria dos Jogos ilumina a estrutura das interações sociais. Uma vez que
você vê o mundo através das lentes da Teoria dos Jogos - ou ´teoria das de-
cisões interdependentes´, como deveria ser chamada - nada mais parece o
mesmo” (ELSTER, 2007, p. 20).

SIMULADOR DE MERCADOS DE OLIGOPÓLIO (SMO)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O Simulador de Mercados de Oligopólio (SMO) é uma aplicação elaborada no
Programa Matlab, por Gonzaga (2008), no âmbito da disciplina de Economia e
Organização Industrial, lecionada na Faculdade de Economia da Universidade
do Porto (situada em Portugal). O SMO simula mercados de oligopólio e de
concorrência imperfeita, baseado na Teoria dos Jogos, visando examinar o
comportamento estratégico de empresas detentoras de poder de mercado e as
consequências de tal comportamento em termos de bem-estar.
Por meio do simulador (SMO), é possível implementar as seguintes estraté-
gias de concorrência imperfeita:
■■ Modelo de Cournot: jogo simultâneo de concorrência pelas quantida-
des entre duas ou mais empresas.
■■ Modelo de Hotelling: jogo simultâneo de concorrência pelo preço, entre
duas empresas, em uma situação de produto diferenciado.
■■ Modelo de Stackelberg: jogo sucessivo de concorrência pelas quantida-
des (existência de uma empresa líder – first mover).
■■ Modelos de Preço Limite, Dixit e Milgrom and Roberts: jogos entre
duas empresas com estratégias de comportamento predatório.
■■ Modelo de Conluio: situações em que é viável a formação de cartéis entre
duas ou mais empresas que concorrem pelas quantidades.
■■ Fusões Horizontais: simula a fusão de uma fração das empresas do
Mercado (assumindo-se que a empresa resultante da fusão ou é igual às
restantes, ou assume a liderança do Mercado).

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO


23

■■ Fusões Verticais: engloba fusões de empresas que produzem bens com-


plementares ou que assumem diferentes papéis na cadeia produtiva.
■■ Restrições Verticais: simulação dos efeitos resultantes de três restrições
verticais entre um produtor e um retalhista: fixação do preço de revenda,
royalties e tarifas de duas partes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 3: Menu Inicial do Simulador de Mercados de Oligopólio


Fonte: Gonzaga (2008)

Como demonstrado na Figura 3, para executar o ficheiro Economia e Organização


Industrial (EOI) do tipo Matlab M-file, no programa Matlab, basta digitar a
expressão EOI na janela de comandos sempre que se pretender iniciar o simu-
lador. Assim que a expressão EOI for executada na janela de comandos, surgirá
o Menu Principal com a generalidade dos modelos. Basta clicar sobre o botão
correspondente e digitar as informações solicitadas e o simulador gerará a matriz
de resultados e o Equilíbrio de Nash.

Concorrência Versus Acordo: O Dilema dos Prisioneiros


I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade você aprendeu que em um mercado monopolisticamente com-


petitivo as empresas concorrem por meio da venda de produtos diferenciados,
que são altamente substituíveis uns pelos outros. Em um mercado oligopolista,
por sua vez, apenas algumas empresas são responsáveis pela maior parte ou pela
totalidade da produção, em que as barreiras à entrada nesse mercado permitem
que algumas empresas obtenham lucros substanciais, mesmo no longo prazo.
Conseguimos compreender que o dilema dos prisioneiros, aplicado ao mundo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dos negócios, pode proporcionar estabilidade de preços nos mercados oligopo-
listas, uma vez que as empresas relutam em alterar os preços, pois temem que,
com isso, possam dar início a uma guerra, em que todos os participantes aca-
bam perdendo.
Com o exemplo do posto de combustível, ficou demonstrada a importância
das estratégias na maximização de lucro e geração de valor para a concorrência
imperfeita, em face do dilema dos prisioneiros.
Após discussão dos problemas econômicos enfrentados por entidades empre-
sariais que atuam na concorrência imperfeita, foi apresentado o Simulador de
Mercados de Oligopólio (SMO), com a possibilidade de implementar estratégias
de concorrência imperfeita para os modelos de Cournot, Hotelling, Stackelberg,
Preço Limite, Dixit e Milgrom and Roberts, Conluio, Fusões horizontais e verti-
cais e Restrições verticais.
Vimos, finalmente, que o Simulador, desenvolvido no programa Matlab, per-
mite um entendimento do funcionamento do mundo empresarial nas estratégias
de tomada de decisão, pois, a partir de informações do mercado a ser analisado,
o simulador gera a matriz de resultados e o correspondente Equilíbrio de Nash,
que é o conjunto de estratégias ou ações em que cada empresa faz o melhor que
pode em função do que as concorrentes estão fazendo.
Sucesso!

COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO


25

Nas últimas décadas o ambiente global ravelmente baixos. Outros concorrentes


das empresas apresenta grandes mudan- simplesmente sucumbiram diante da com-
ças. Ameaças e oportunidades advindas petição.
de fatores estruturais, econômicos e polí-
ticos acirram a competição, atraindo novos Em economias emergentes como o Brasil,
agentes econômicos. Mesmo as economias foram marcantes as mudanças. O ambiente
desenvolvidas têm de ajustar-se aos novos dos anos 70, que se organizava com poucos
tempos e às ameaças inesperadas que tra- fornecedores, torna-se altamente concor-
zem consigo o fantasma da recessão. rencial nos anos 90. A estrutura estável
de mercado, antes garantida por reservas
Os oligopólios vivem crises transformado- de mercado e alianças de cooperação, dá
ras. A indústria global de computadores é lugar à iniciativa individual e acirradas dis-
bom exemplo. Líderes como a IBM, que lide- putas. Enquanto os agentes econômicos
ravam o mercado de máquinas de grande aprendem no novo ambiente, os lucros se
porte, são frontalmente ameaçados por redistribuem entre os diferentes grupos
desconhecidos fabricantes de microcom- de interesses, modificando a atratividade
putadores, substitutos com desempenho dos setores e desafiando as escolhas dos
superior, portabilidade e preços incompa- investidores.
Parte do texto extraído de: <http://goo.gl/4ddjl4>. Acesso em: 29 dez. 2014.
1. Conceitue e caracterize as estruturas de concorrência monopolística e oligopó-
lio.
2. O oligopólio é uma estrutura de mercado na qual apenas algumas empresas
competem entre si e há impedimento para a entrada de novos players, podendo
ou não haver diferenciação de produto. Por meio de uma análise estática com-
parativa, é possível examinar o comportamento estratégico de empresas deten-
toras de poder de mercado, na determinação de preços, com vistas a capturar o
excedente do consumidor. Nesse sentido, discorra sobre a rigidez de preços na
determinação de preços oligopolistas.
3. O Dilema dos Prisioneiros é um exemplo na teoria dos jogos no qual dois pri-
sioneiros suspeitos devem decidir, separadamente, se confessam o crime; não
podem se comunicar, nem confiam um no outro. De acordo com a matriz de
payoff apresentada, discorra sobre os resultados, considerando as estratégias do
prisioneiro A, em face de todas as possibilidades relacionadas a ele.

Prisioneiro B
Confessa Não confessa

Confessa - 5, -5 - 1, -10
Prisioneiro A
Não confessa - 10, -1 - 2, -2
MATERIAL COMPLEMENTAR

Microeconomia
Robert S. Pindyck e Daniel L. Rubinfeld
Editora: Pearson Education
Ano: 2005 - 6ª Edição
Sinopse: O livro apresenta os principais conceitos, teorias e
aplicações da microeconomia, em que destacamos os tópicos
estruturas de mercado e teoria dos jogos, que ajudam no processo
de tomada de decisão tanto no setor privado como no setor público.

Material Complementar
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

TEORIA DOS JOGOS E

II
UNIDADE
ESTRATÉGIA COMPETITIVA

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender o funcionamento da teoria dos jogos enquanto ciência das
estratégias.
■■ Definir as estratégias dominantes, maximin e tit-for-tat.
■■ Compreender o equilíbrio de Nash e as matrizes de payoff.
■■ Analisar os jogos não cooperativos versus jogos cooperativos.
■■ Diferenciar os jogos repetitivos dos jogos sequenciais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Jogos e Decisões Estratégicas
■■ Estratégias Dominantes
■■ Equilíbrio de Nash
■■ Matriz de Payoff
■■ Jogos Não cooperativos versus Jogos Cooperativos
■■ Jogos Repetitivos
■■ Jogos Sequenciais
■■ Estratégias Maximin
■■ Estratégia “Tit-for-tat”
31

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta unidade de estudo você aprenderá que os agentes eco-
nômicos (consumidores, empresas, governos e investidores) podem interagir
estrategicamente em uma variedade de formas, por meio do instrumental da
teoria dos jogos. Observe que, em geral, a teoria dos jogos pode ser utilizada
para estudar desde jogos de salão até negociações políticas e comportamentos
econômicos.
É importante destacar que os jogadores (participantes) tomam decisões
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

estratégicas que levam em consideração as atitudes e respostas dos outros par-


ticipantes. Assim, inicialmente, você entenderá o funcionamento da teoria dos
jogos enquanto ciência das estratégias. Em seguida, passamos aos conceitos bási-
cos da teoria dos jogos que são o alicerce para o desenvolvimento e compreensão
de todas as demais unidades que virão.
No campo das estratégias, iremos definir e caracterizar as estratégias domi-
nantes, maximin e tit-for-tat. Continuando nossa jornada de estudo, apresentamos
o equilíbrio de Nash e as matrizes de payoff, que representam os resultados ou
ganhos de um jogo.
Perceba que as ideias apresentadas nos levarão a pensar sobre os jogos não
cooperativos versus jogos cooperativos e a diferenciar os jogos repetitivos dos
jogos sequenciais, com exemplos ilustrativos que facilitam o aprendizado e a
fixação de conceitos.
A ciência das estratégias certamente o(a) levará a refletir e a considerar vários
cenários no seu dia a dia antes de tomar decisões, sejam elas de cunho pessoal,
profissional ou empresarial. Encontrar respostas para o que, quanto, como e para
quem terá outro prisma a partir de então.
Assim sendo, esperamos que você explore ao máximo esse assunto fascinante,
ao aprender como funciona a interação das estratégias nos mercados de concor-
rência monopolística e oligopólio, aplicando o aprendizado no seu cotidiano.

Introdução
II

JOGOS E DECISÕES ESTRATÉGICAS

Sandroni (1999) define jogo


como uma aplicação da
lógica matemática no pro-
cesso de tomada de decisões
nos jogos e, por extensão, na
economia, na política e na
guerra. A analogia entre as

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
competições nos jogos e na
economia foi desenvolvida
por Johannesvon Neumann1
e Oskar Morgenstern, no ©shutt
erstock

livro Teoria dos Jogos e do


Comportamento Econômico
(1944).

2 Número de Jogadores Mais do que 2

Constante Não constante


(ou zero) Pagamento Total (ou não zero)

Simultâneas Decisões Sequenciais

Uma jogada Jogadas Repetidas

Perfeito Acesso à Informação Imperfeito

Cooperativa Abordagens Não cooperativa

Figura 4: Exemplos de taxonomia de jogos


Fonte: Colin (2007)

1 NEUMANN, Johannesvon (1903-1957). Matemático húngaro radicado nos Estados Unidos, foi quem fez
a primeira axiomatização dos espaços de Hilbert, dando-lhes uma forma altamente abstrata. Notabilizou-
se por introduzir os espaços de Hilbert na mecânica quântica e por criar a teoria dos jogos. Destacou-
se, também, no campo da teoria e projetos de computadores. Escreveu Fundamentos Matemáticos da
Mecânica Quântica (1932) e Teoria dos Jogos e do Comportamento Econômico (1944), em colaboração com
Oskar Morgenstern.

TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIA COMPETITIVA


33

De modo geral, a teoria dos jogos demonstra que, em jogos de apenas uma
pessoa, a estratégia é determinada exclusivamente pelas regras do próprio jogo.
Em jogos com duas pessoas, cada jogador leva em consideração as possíveis
estratégias do outro. Diz-se que esses jogos são zero-soma: uma das partes perde
exatamente o que a outra ganha.
Finalmente, nos jogos com mais de duas pessoas, o que uma perde não é
necessariamente ganho por outra, exigindo considerações mais complexas. No
entanto, o resultado pode ser influenciado pela formação de coalizões, até o ponto
de reduzir o jogo com n participantes a um jogo com apenas dois participantes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

No mundo dos negócios, podem acontecer situações desse tipo, quando algu-
mas empresas de grande porte fazem “acordos” com a finalidade de retirar do
mercado pequenos concorrentes e exercer, de fato, um poder de cartel.
Pindyck e Rubinfeld (2010), por sua vez, definem jogo como uma situação em
que os jogadores (participantes) tomam decisões estratégicas, ou seja, decisões
que levam em consideração as atitudes e respostas dos outros. Os jogos econô-
micos praticados pelas empresas podem ser cooperativos ou não cooperativos.
Um jogo pode ser carac-
terizado de diversas formas,
mas podemos pensar em ter-
mos de jogadores, estratégias
usadas e ganhos (ou perdas).
Cada jogador (empresa,
exército, país, indivíduo,
time de futebol, associação,
equipe de natação, candidato
a governador) procura iden-
tificar as possíveis estratégias
de atuação e usar a que lhe
gerará o maior benefício, ao
mesmo tempo em que consi-
dera as estratégias dos outros
©shutterstock
jogadores.

Jogos e Decisões Estratégicas


II

“Assim como os atletas têm o prazer de treinar seus corpos, também há


imensa satisfação em treinar a mente para pensar de uma forma que é si-
multaneamente racional e criativa. Com todos os seus enigmas e paradoxos,
a Teoria dos Jogos oferece um magnífico ginásio mental para essa finalida-
de. Espero que exercitar-se neste equipamento lhe traga o mesmo prazer
que eu tive”.
(BINMORE, 2007, p. 35).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
COMO ESCOLHER UMA ESTRATÉGIA?

Segundo Varian (2006), quando uma empresa decide a respeito das suas escolhas
sobre preços e quantidades, ela pode já conhecer as escolhas feitas pela outra.
Se uma empresa estabelece seu preço antes da outra, nós a chamamos líder de
preço e a outra seguidora de preço. Do mesmo modo, uma empresa pode esco-
lher sua quantidade antes da outra, nesse caso, ela será a líder de quantidade e a
outra, seguidora de quantidade. As interações estratégicas, nesse caso, formam
um jogo sequencial.

©shutterstock

Por outro lado, pode ser que, quando uma empresa tome decisões, ela não
conheça as escolhas da outra. Nesse caso, é preciso adivinhar a escolha da outra
empresa para tomar uma decisão. Isso é um jogo simultâneo. Mais uma vez, há

TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIA COMPETITIVA


35

duas possibilidades: as empresas poderiam escolher, simultaneamente, tanto os


preços quanto as quantidades.
Cada um desses tipos de interação faz surgir um conjunto diferente de ques-
tões estratégicas. Além disso, em vez de competirem umas com as outras, as
empresas podem formar um conluio. Nesse caso, elas podem chegar a um acordo
para estabelecer preços e quantidades que maximizem a soma de seus lucros.
Esse tipo de conluio é chamado de jogo cooperativo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em um cartel, os produtores concordam explicitamente em agir em


conjunto na determinação de preços e níveis de produção. Nem todos
os produtores de um setor necessitam fazer parte do cartel, e a maioria
dos cartéis envolve apenas um subconjunto de produtores. Mas, se uma
quantidade suficientemente grande de produtores optar por aderir aos
termos do acordo do cartel e se a demanda do mercado for suficiente-
mente inelástica, o cartel poderá conseguir elevar os preços bem acima
dos níveis competitivos.
Fonte: Pindyck; Rubenfeld (2010).

ESTRATÉGIAS DOMINANTES

No âmbito da estratégia, que é um plano de ação ou regra para participar de um


jogo, derivam-se:

©shutterstock

Jogos e Decisões Estratégicas


II

■■ A estratégia ótima: é a que maximiza o payoff esperado do jogador.


■■ A estratégia dominante: estratégia que é ótima, não importando o que
o oponente faça.
■■ O equilíbrio de estratégias dominantes: resultado de um jogo em que
cada empresa faz o melhor que pode, independente das escolhas feitas
pelas concorrentes.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EQUILÍBRIO DE NASH

Equilíbrio de Nash2 é o con-


junto de estratégias ou ações
em que cada empresa faz o
melhor que pode em fun-
ção do que as concorrentes
estão fazendo e se trata de
uma generalização do equi-
líbrio de Cournot (modelo
de concorrência imperfeita).
©shutterstock

MATRIZ DE PAYOFF

Payoffs são valores associados a um resultado pos-


sível. Logo, a matriz de payoff é uma matriz de
resultados (ganhos). Exemplo: duas empresas
hipotéticas operam no mercado de chocolate,
podendo optar entre produzir um chocolate
de alta qualidade ou um chocolate de baixa
©shutterstock

2 NASH, John. Prêmio Nobel em Economia de 1994, em conjunto com John Harsanyi e Reinhard Selten,
por seus trabalhos sobre a Teoria dos Jogos (SANDRONI, 1999). Vide filme “Uma mente brilhante”.

TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIA COMPETITIVA


37

qualidade. Os lucros resultantes de cada estratégia encontram-se apresentados


na matriz de payoff, conforme Figura 5.

Empresa 2
Baixa Alta

Baixa $ -20, $ -30 $ 900, $ 600


Empresa 1
Alta $ 100, $ 800 $ 50, $ 50
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 5: Matriz de Payoff para o problema de determinação da qualidade do chocolate produzido


Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010)

JOGOS NÃO COOPERATIVOS VERSUS JOGOS COOPERATIVOS

©shutterstock

Conceitualmente, jogo cooperativo é aquele no qual os participantes podem


negociar contratos vinculativos de cumprimento obrigatório que lhes per-
mitam planejar estratégias em conjunto. Por sua vez, jogo não cooperativo é
o jogo no qual a negociação e o cumprimento de contratos vinculativos não
são possíveis.

Jogos e Decisões Estratégicas


II

JOGOS REPETITIVOS

Jogos repetitivos são jogos


nos quais as ações são toma-
das e os decorrentes payoffs são recebidos várias vezes, de modo
consecutivo.
©shutterstock
Em um jogo repetido, cada jogador tem a oportunidade de esta-
belecer uma reputação de cooperação e, assim, encorajar o outro jogador a
fazer o mesmo. Ademais, a viabilidade ou não desse tipo de estratégia irá depen-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
der se o jogo será jogado por um número fixo ou indefinido de vezes.

JOGOS SEQUENCIAIS

Jogos sequenciais são


aqueles em que os jogado-
res se movem (um após o
outro) em resposta a ações
e reações do oponente. O
Modelo de Stackelberg, no
qual um jogador é o líder
e o outro o seguidor, é um
exemplo em que um joga-
dor movimenta-se primeiro
e o outro reage.
©shutterstock

TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIA COMPETITIVA


39

ESTRATÉGIAS MAXIMIN

As estratégias Maximin são


estratégias que maximizam
a obtenção de um determi-
nado nível mínimo de ganho.
©shutterstock

ESTRATÉGIA TIT-FOR-TAT
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tit-for-tat é uma estratégia de


repetição na qual o jogador
responde de forma igual às
jogadas do oponente, coope-
rando com os oponentes que
cooperam e retaliando os que
não o fazem.

©shutterstock

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final de mais uma unidade. Nesta, você estudou os conceitos,


as características e diferenças dos jogos e estratégias que norteiam as decisões
empresariais e que podem ser cooperativos ou não cooperativos, sequenciais
ou repetitivos.
No decorrer dos tópicos, procuramos demonstrar a importância da teoria
dos jogos para o sucesso das entidades empresariais com ou sem fins lucrativos,
que podem obter ganhos econômicos com a redução dos custos de produção,
aumento de eficiência produtiva e aumento na lucratividade do negócio; bem
como ganhos sociais e ambientais, a partir das estratégias adotadas.

Considerações Finais
II

A globalização, o aquecimento global, o uso dos recursos naturais e a dis-


posição final dos resíduos sólidos, líquidos e gasosos impactam diretamente o
resultado operacional, razão pela qual o entendimento da ciência das estratégias
pode auxiliar o gestor na tomada de decisão e geração de valor.
Evidentemente, nesse prisma, vimos que o equilíbrio de Nash é uma com-
binação de estratégias em que cada um dos jogadores faz o melhor que pode
em função das estratégias dos demais jogadores; que o equilíbrio em estratégias
dominantes é um caso especial de equilíbrio de Nash; que uma estratégia domi-
nante é ótima, independente do que possam fazer os demais jogadores; e que a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
estratégia maximin é conservadora, pois maximiza o resultado mínimo possível.
Conseguimos chegar, portanto, ao entendimento de que a teoria dos jogos,
ao identificar as possíveis estratégias de atuação de uma empresa, exército, país,
indivíduo, time de futebol, associação, equipe esportiva ou candidato a cargo
eletivo, por meio da matriz de payoff, revelará o resultado gerador do maior
benefício possível, sempre considerando as ações, estratégias e decisões dos
outros oponentes.
Nossa preocupação foi oferecer elementos teórico/práticos que contribuís-
sem com sua formação e qualificação e esperamos lograr êxito.

TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIA COMPETITIVA


41

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

Nas últimas décadas, o cenário mundial uma aliança e os interesses dos parceiros
tem sofrido mudanças de ordem econô- envolvidos, vão além, na maioria das vezes,
mica e social, que afetam o mercado e as de interesses comerciais, mesmo que esses
indústrias de forma significativa. Na atual interesses diversos não sejam apresentados
conjuntura, onde se observa o avanço de forma explícita.
da globalização, a alta interdependência
no setor econômico e o dinamismo dos Para o autor, existem ainda três caracte-
mercados, esta postura de alta competi- rísticas que devem ser observadas: (1) as
tividade já não proporciona os mesmos duas ou mais empresas que se unem para
resultados de alguns anos atrás. As organi- cumprir um conjunto de metas combina-
zações já não mais possuem acesso direto das, permanecem independentes, depois
aos recursos necessários para o sucesso da formação da aliança; (2) as empresas
de seus negócios. Assim, a formação de parceiras compartilham dos benefícios da
alianças estratégicas vem ganhando força, aliança e controlam o desempenho das
como uma postura estratégica no cenário tarefas especificadas – talvez o traço mais
econômico. distintivo das alianças e que muito dificulta
sua gestão; e (3) as empresas parceiras con-
O conceito de Alianças Estratégicas é bas- tribuem continuamente em uma ou mais
tante difícil de ser elaborado, por existir áreas estratégicas cruciais; por exemplo,
uma grande variedade de possíveis relações tecnologia, produtos e assim por diante.
entre as organizações. Segundo Yoshino e
Rangan (1996, p. 5), uma aliança estratégica Assim, alianças estratégicas são acordos
“é uma parceria comercial que aumenta a voluntários de cooperação interorganiza-
eficácia das estratégias competitivas das cional, muitas vezes, caracterizados pela
organizações participantes, propiciando inerente instabilidade gerada pela incer-
o intercâmbio mútuo e benéfico de tecno- teza relacionada ao comportamento futuro
logias, qualificações ou produtos baseados do parceiro e pela aplicação de um nível
nesta”. Este conceito apresenta uma ideia elevado de autoridade para assegurar o
de benefício mútuo, onde os participantes comprometimento (PARKHE, 1993). Este
aumentam suas competências atuando de nível elevado de autoridade está rela-
forma cooperativa. Entretanto, este con- cionado com a estrutura de governança
ceito ainda é limitado, por afirmar que uma (GULATI, 1998), adotada para monitorar e
aliança estratégica é uma parceria comer- fiscalizar o relacionamento e os custos de
cial. As justificativas para a sua formação de transação existentes (WILLIAMSON, 1985).
Parte do texto extraído de: <http://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/downlo-
ad/378/319>. Acesso em: 29 dez. 2014.
1. Jogo é uma situação em que os jogadores (participantes) tomam decisões es-
tratégicas, ou seja, decisões que levam em consideração as atitudes e respostas
dos outros. Os jogos econômicos praticados pelas empresas podem ser coope-
rativos ou não cooperativos. Explique cada um desses conceitos.
2. Quando um mercado se encontra em equilíbrio, as empresas estão fazendo o
melhor que podem e não têm nenhuma razão para modificar os preços ou níveis
de produção. Porém, considerando estratégias competitivas, cada empresa con-
sidera as reações dos concorrentes diante de alterações nos níveis de produção
e preço, nas decisões de investimento e campanhas promocionais. Nesse senti-
do, defina Equilíbrio de Nash.
3. A estratégia é um plano de ação ou regra para participar de um jogo. De acor-
do com os conceitos de teoria dos jogos e estratégia competitiva apresentados,
conceitue estratégia ótima, estratégia dominante, equilíbrio de estratégias do-
minantes, estratégia maximin e estratégia tit-for-tat.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Teoria dos Jogos: conceitos, exemplos e limitações


Fernando Barrichelo
Sinopse: O livro oferece uma abordagem simples e objetiva da Teoria
dos Jogos, ensinando de forma didática os conceitos, exemplos e
limitações para gerentes e estudantes.

Uma Mente Brilhante


O filme Uma mente brilhante apresenta a história de vida do
brilhante matemático John Nash, cujas ideias influenciaram as teorias
econômicas, a biologia da evolução e a teoria dos jogos, em que
pese sofrer de esquizofrenia. Após resolver na década de 1950 um
problema relacionado à teoria dos jogos, ele foi agraciado, em 1994,
com o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel.
Link para o filme:<http://www.imdb.com/title/tt0268978/>

Jogos de guerra (1983)


Jogos de guerra é um filme de ficção científica de 1983, escrito
por Lawrence Lasker e Walter F. Parkes. Retrata a história de um
adolescente, apaixonado por computadores, que consegue acesso
ao sistema bélico dos EUA e, sem saber, dá uma ordem de ataque que
pode causar a terceira guerra mundial.
Link para o filme:<http://www.imdb.com/title/tt0086567/>

Material Complementar
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

III
UNIDADE
PESQUISA OPERACIONAL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer a evolução histórica da pesquisa operacional.
■■ Compreender os conceitos-chave, suposições e termos utilizados na
programação linear.
■■ Aprender a modelar problemas gerenciais por meio da programação
linear e a identificar as limitações dos modelos.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Evolução Histórica
■■ Conceitos-Chave, Suposições e Termos Utilizados
■■ Modelagem de Problemas de Programação Linear
47

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao estudo da nossa terceira unidade,


com base em Colin (2007) e Bueno (2007).
Nesta unidade, você conhecerá um breve histórico da pesquisa operacional e
sua evolução enquanto ferramenta gerencial, aprendendo a identificar os princi-
pais conceitos da programação linear e a construir modelos com base na realidade
empresarial, com vistas ao gerenciamento eficiente dos recursos produtivos.
A pesquisa operacional é muito forte e difundida no Brasil e, apesar de alguns
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

considerarem o conteúdo com elevado grau de dificuldade, é um excelente fator


agregador de valor à formação do estudante de Administração. Isso ocorre por-
que as técnicas aprendidas ao longo do livro fornecem uma nova abordagem na
tomada de decisão e solução de problemas.
Visando atingir os objetivos de aprendizagem já elencados, a unidade em ques-
tão foi dividida em três tópicos, sendo eles: evolução histórica; conceitos-chave,
suposições e termos utilizados; e modelagem de problemas de programação linear.
No primeiro tópico, estudaremos a história da evolução da pesquisa ope-
racional até os dias atuais. No segundo tópico, por sua vez, apresentaremos os
conceitos-chave, suposições e termos utilizados na programação linear. Por fim,
no terceiro tópico, veremos os cuidados que devem ser tomados na modelagem
de um problema de programação linear.
Vale ressaltar que a programação linear trata do problema de alocação ótima
de recursos escassos para a realização das atividades de prestação de serviços,
indústria e comércio.
Assim sendo, ao término desta unidade, você será capaz de compreender
conceitos fundamentais da pesquisa operacional e que podem influenciar o dia
a dia das unidades produtivas, das famílias, dos governos e do resto do mundo.
Bem-vindo(a) ao mundo das aplicações das técnicas de pesquisa operacio-
nal no seio das organizações!

Introdução
III

©shutterstock

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A Pesquisa Operacional, ou simplesmente PO, nasceu na Inglaterra em um


esforço de guerra para alocar eficientemente recursos escassos. Grupos de cien-
tistas de diversos ramos do conhecimento, como matemática, estratégia de
guerra e engenharia elétrica, trabalhavam juntos fazendo pesquisa de operações
militares. Eles fizeram um trabalho especialmente útil para o uso de radares no
combate aéreo. Problemas enfrentados na guerra eram em boa medida similares
aos encontrados em empresas, e não tardou muito para que houvesse uma rápida
aceitação de métodos de PO. O impacto financeiro (essencialmente) provocado
fez com que a disciplina florescesse enormemente (COLIN, 2007).
A Programação Linear (PL) é uma das técnicas da Pesquisa Operacional
mais utilizadas em se tratando de problemas de otimização. Os problemas de
Programação Linear (PL) buscam a distribuição eficiente de recursos limitados
para atender um determinado objetivo, em geral, maximizar lucros ou minimi-
zar custos, por exemplo.
Usuários tradicionais da Programação Linear (PL), como as indústrias
petrolífera e de aviação, enxergam a técnica como uma condição fundamental
para lucratividade e sobrevivência no longo prazo.
Vários Prêmios Nobel de Economia1 tiveram boa parte de seu conteúdo rela-
cionada com a programação linear, e muitos outros laureados tiveram fases de

1 Em 1975, a “teoria da alocação ótima dos recursos” (englobando programação linear) rendeu o Prêmio
Nobel de Economia a Leonid Vitaliyevich Kantorovich (1912-1986), da Ex-URSS e a Tjalling C.
Koopmans, dos EUA.

PESQUISA OPERACIONAL
49

sucesso nas suas carreiras bastante associadas ao pioneirismo na aplicação da


PL. Todo esse “poder de fogo” é oriundo de sua ampla aplicabilidade em pro-
blemas reais de empresas, defesa e governo.
Uma pesquisa contemplando as empresas da Fortune 5002 indicou que 85% delas
usavam ou haviam usado Programação Linear. No Brasil, empresas como Petrobrás,
Eletrobrás, BRFoods, Correios e Copersucar estão entre aquelas que aplicam a técnica.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A tese de doutorado sobre Planejamento Integrado da Cadeia de Suprimen-


tos da Indústria do Petróleo Baseado em Agentes Holônicos, de Fernando
José de Moura Marcellino, apresentada à Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo (USP), em 2013, é uma excelente dica para entendimento da
importância da otimização para a Indústria do Petróleo.
Disponível em: <http://goo.gl/gPK9hu>. Acesso em: 29 dez. 2014.

CONCEITOS-CHAVE, SUPOSIÇÕES E TERMOS


UTILIZADOS

Em linhas gerais, a programação linear trata do problema de alo-


cação ótima de recursos escassos para a realização de atividades.
Por ótimo entendemos que não haja uma outra solução
que seja melhor do que a oferecida (podem haver
outras tão boas quanto). Os recursos escas-
sos representam nossa realidade de existência
finita de recursos, por mais abundantes que
sejam. Com base em Colin (2007), seguem os
principais conceitos e suposições da progra-
©shutterstock
mação linear.

2 Global Fortune 500 é uma classificação das 500 maiores corporações em todo o mundo, conforme
medido por sua receita. A lista é compilada e publicada anualmente pela revista Fortune. A Fortune é uma
revista sobre negócios americana, fundada por Henry Luce, em 1930.

Conceitos-Chave, Suposições e Termos Utilizados


III

1. Modelo
Modelo é uma representação simplificada do comportamento da reali-
dade expressa na forma de equações matemáticas que serve para simular
a realidade.

Exemplo: Modelo que representa a distribuição física de refrigerantes aos clien-


tes de uma empresa engarrafadora de bebidas.

A experiência indica que um modelo simples (mais facilmente implementá-


vel) com 95% de precisão é preferível a um outro mais sofisticado com precisão

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
maior.

2. Variáveis de Decisão
Variáveis de decisão são as variáveis utilizadas no modelo que podem ser contro-
ladas pelo tomador de decisão. A solução do problema é encontrada testando-se
diversos valores das variáveis de decisão.

Exemplo: O número de caminhões que a engarrafadora deve despachar em um


determinado dia.

3. Parâmetros
Parâmetros são as variáveis utilizadas no modelo que não podem ser controla-
das pelo tomador de decisão. A solução do problema é encontrada admitindo
como fixos os valores dos parâmetros.

Exemplo: A capacidade de cada caminhão que vai transportar o refrigerante. Os


caminhões têm uma capacidade especificada pelo fabricante e uma carga total
transportada que é limitada pela legislação rodoviária.

PESQUISA OPERACIONAL
51

4. Função-Objetivo

É uma função matemática que representa o principal objetivo do tomador de


decisão. Ela é de dois tipos: de minimização (de custos, erros, chances de perda,
desvio do objetivo etc.) ou de maximização (de lucro, receita, utilidade, bem-
-estar, riqueza etc.).

Exemplo: Minimizar os custos de transporte relativos à distribuição do refrige-


rante.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

5. Restrições

Restrições são regras que dizem o que podemos (ou não) fazer e/ou quais são
as limitações dos recursos ou das atividades que estão associadas ao modelo.

Exemplo: O número total de caminhões despachados pela manhã é menor


ou igual ao número de motoristas que a empresa tem à disposição no primei-
ro turno.

6. Função Linear

Uma função f (x1, x2, ..., xn) das variáveis x1, x2, ..., xn é uma função linear se
for do tipo f (x1, x2, ..., xn) = c1x1 + c2x2 + ... + cnxn. Sendo c1, c2, ..., cn valores
constantes.

Exemplo: f (x1, x2) = 2x1 + 5x2

Conceitos-Chave, Suposições e Termos Utilizados


III

7. Inequação Linear3

Para um número qualquer b e uma função linear f (x1, x2, ..., xn), define-se uma
inequação linear como as inequações do tipo f (x1, x2, ..., xn) < = b f (x1, x2, ...,
xn) > = b.

Exemplo: 2x1 + 5x2< = 8 e 12a + 3b > = 3 são inequações lineares.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
8. Algoritmo

Algoritmo é uma sequência de instruções que, para determinada entrada, gera


um determinado resultado.

Exemplo: Uma receita de culinária é um exemplo clássico de algoritmo: a descri-


ção detalhada dos ingredientes e do modo de preparo permite que pratos sejam
preparados sempre da mesma forma, gerando sempre os mesmos resultados.

“Para cada tipo de desenho ou pintura existe uma ferramenta adequada,


seja lápis, giz, pincel, entre outros. O grande artista, no seu kit de instrumen-
tos, sabe escolher qual deles usar em cada ocasião. O grande estrategista faz
a mesma coisa. Para cada situação existe um modelo de pensamento mais
adequado” (BARRICHELO, 2010, p. 17).

3 As equações têm como objetivo estudar e determinar soluções dos problemas do dia a dia nas diversas
áreas do conhecimento. As inequações, por sua vez, são desigualdades matemáticas que utilizam os
seguintes sinais na sua estrutura: ≠ (diferente), > (maior), <(menor), ≥ (maior ou igual), ≤ (menor ou
igual). Os métodos resolutivos assemelham-se aos das equações, porém, é muito importante ressaltar
que as inequações respeitam restrições de acordo com o sinal utilizado e que as soluções podem ser
representadas na reta numérica (que representa o conjunto dos números naturais).

PESQUISA OPERACIONAL
53
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

©shutterstock

MODELAGEM DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO


LINEAR

Segundo Bueno (2007), a modelagem pode ser considerada a etapa mais impor-
tante na construção de um sistema de apoio à decisão. Isso porque os métodos
de otimização podem ser implementados com precisão e maturidade em diver-
sas aplicações (o SOLVER, por exemplo), mas a modelagem de um problema
real ainda exige a capacidade de abstração humana e, por isso mesmo, é passí-
vel de erros. Um problema modelado indevidamente jamais gerará resultados
aplicados na realidade.
Para representar corretamente um problema real, um modelo matemático
deve atender a alguns requisitos:
a. As variáveis de decisão devem corresponder exatamente aos parâmetros
que se quer determinar.
b. Deve ser definido um objetivo para o modelo (por exemplo: maximizar
lucro e produção, minimizar gastos e rota).
c. O modelo deve ser passível de resolução, uma vez que é possível elaborar
modelagens sem solução.
d. As relações, ou seja, as expressões matemáticas, devem ser consistentes
com o mundo real.

Modelagem de Problemas de Programação Linear


III

Os modelos de Programação Linear oferecem maior auxílio na tomada de deci-


são, na medida em que a complexidade do sistema em análise cresce. Além das
planilhas (Excel, por exemplo), existe toda uma família de softwares de alta fle-
xibilidade que usa sua própria linguagem de programação, como:
■■ AIMSS (www.aimms.com)
■■ AMPL (www.modeling.com)
■■ GAMS (www.gams.com)
■■ MATLAB (www.mathworks.com)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ SCIENCE LAB (www.sciencelab.com)
■■ OCTAVE (www.octave.org)

Leon et. al.(1996), em pesquisa realizada com 96 empresas, verificaram que as


planilhas eletrônicas são intensivamente utilizadas em áreas como finanças, con-
tabilidade e controle de qualidade, enquanto os softwares são preferidos em áreas
como transporte, manufatura e P&D.

©shutterstock

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, você estudou a evolução histórica da pesquisa operacional e o


seu uso enquanto ferramenta gerencial, aprendendo a identificar os principais
conceitos da programação linear e a construir modelos, com vistas ao gerencia-
mento eficiente dos recursos produtivos.

PESQUISA OPERACIONAL
55

Na evolução histórica, você aprendeu que a Pesquisa Operacional nasceu na


Inglaterra, em um esforço de guerra para alocar eficientemente recursos escassos
e que, posteriormente, foi agregada pelas entidades empresariais, com destaque
para as indústrias petrolíferas e de aviação. Todavia, no período atual, todos os
ramos de atividade econômica (indústria, comércio e prestação de serviços)
utilizam a técnica de programação linear, com vistas a melhorar os resultados
operacionais.
No estudo dos conceitos-chave, suposições e termos utilizados, com o exem-
plo da indústria de refrigerantes, você pode conhecer cada item constituinte de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

um modelo matemático, ou seja, o modelo, as variáveis de decisão, os parâmetros,


a função-objetivo, as restrições, a função linear, a inequação linear e o algoritmo.
Na sequência, caro(a) aluno(a), você visualizou a modelagem de problemas
de programação linear. No que se refere aos modelos matemáticos, vimos que
as variáveis de decisão devem corresponder exatamente aos parâmetros que se
quer determinar. Além disso, deve ser definido um objetivo para o modelo e
esse deve ser passível de resolução, bem como consistente com o mundo real.
Pare e pense: como esse conteúdo pode ser aplicado no dia a dia? Perceba
que as ideias apresentadas e discutidas nesta unidade são relevantes para que
os gestores aprendam a gerir eficientemente os recursos escassos, com o uso da
técnica de programação linear.
Esperamos que você tenha êxito nessa empreitada e que possa fazer um bom
uso deste material.
Sucesso e vamos à luta!

Considerações Finais
IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO PRÁTICA DA PESQUISA OPERACIONAL

O processo decisório envolve as funções importantes: método cartesiano, Brains-


básicas do administrador e, também, torming, técnica de análise do campo de
muitas outras funções que são exigidas força e Princípio de Pareto e Gráfico de
no mundo empresarial. Neste processo, é Ishikawa. Percebe-se, ainda, que algumas
necessário o uso de algumas ferramentas ferramentas fazem uso de valores finan-
e técnicas que otimizam a tomada de deci- ceiros e cálculos matemáticos, essenciais
são, levando a soluções mais efetivas para para a tomada de decisão, como: méto-
a resolução de problemas. dos de custeio, análise financeira, balanced
scorecard, entre outras. A Pesquisa Opera-
Referente às técnicas ou ferramentas de cional se inclui nesse rol de ferramentas de
solução de problemas, Chiavenato (2004) apoio à tomada de decisão. Estas fornecem
afirma que estas, no fundo, são processos recursos ao administrador para que possa
de tomada de decisão, pois seguem as mes- buscar soluções adequadas às necessida-
mas etapas, elencando como técnicas mais des das organizações.
Parte do texto extraído de: <http://www.editora.unoesc.edu.br/index.php/race/article/
download/2201/pdf>. Acesso em: 29 dez. 2014.
57

1. A Programação Linear (PL) é uma das técnicas da Pesquisa Operacional mais uti-
lizada em se tratando de problemas de otimização. Os problemas de Programa-
ção Linear (PL) buscam a distribuição eficiente de recursos limitados para aten-
der um determinado objetivo, em geral, maximizar lucros ou minimizar custos,
por exemplo. Nesse contexto, leia atentamente as afirmações abaixo e assinale
(V) para verdadeiro e (F) para falso.
( ) A Pesquisa Operacional nasceu na França, em um esforço de guerra para
alocar eficientemente recursos escassos.
( ) Grupos de cientistas de diversos ramos do conhecimento trabalharam jun-
tos fazendo pesquisa de operações militares e desenvolveram radares para o
combate aéreo.
( ) Problemas enfrentados na guerra eram em boa medida similares aos en-
contrados em empresas e não tardou muito para que houvesse uma rápida
aceitação de métodos de Pesquisa Operacional.
( ) A programação linear trata do problema de alocação ótima de recursos
escassos para a realização de atividades.

2. A modelagem pode ser considerada a etapa mais importante na construção de


um sistema de apoio à decisão. Para representar corretamente um problema
real, quais requisitos devem ser atendidos pelo modelo matemático?

3. Dentre os principais conceitos e suposições da programação linear, conceitue


modelo, variáveis de decisão, parâmetros, função-objetivo e restrições.

4. Para um número qualquer b e uma função linear f (x1, x2, ..., xn), define-se uma
inequação linear como as inequações do tipo f (x1, x2, ..., xn) ≤ b f (x1, x2, ..., xn) ≥ b.
Nesse sentido, cite exemplos de inequação linear.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Pesquisa Operacional – 170 Aplicações em Estratégia,


Finanças, Logística, Produção
Emerson Carlos Colin
Editora: LTC Ano: 2007
Sinopse: O livro apresenta o estudo e a solução de problemas com a
utilização de técnicas de pesquisa operacional, tratando de aplicações
em áreas funcionais, como compras, estratégia, finanças, logística,
marketing, produção, recursos humanos e vendas.
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

IV
UNIDADE
DE PROGRAMAÇÃO LINEAR

Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar o suplemento Solver e habilitá-lo para uso no Microsoft
Excel.
■■ Construir modelos de programação linear no Excel.
■■ Configurar os parâmetros do Solver conforme o modelo introduzido
no Excel.
■■ Resolver o problema de programação linear no Solver.
■■ Interpretar os resultados gerados pelo Solver.
■■ Gerar relatórios de reposta, sensibilidade e de limites no Solver.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Introdução do Modelo na Planilha Eletrônica
■■ Estrutura da Planilha
■■ Modelagens no Solver
■■ Solução do Modelo e Saídas
61

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta quarta unidade, você aprenderá a construir e a resolver


modelos de programação linear no Solver do Excel, bem como a interpretar os
resultados gerados.
Nas aplicações reais, o número de equações e variáveis dos modelos de pro-
gramação linear cresce rapidamente, de modo que fica muito difícil a solução
manual. Dessa forma, os modelos oferecem maior auxílio na tomada de deci-
sões, na medida em que a complexidade do sistema em análise cresce.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quanto mais complexo o sistema que o tomador de decisões está interessado


em analisar, maior será o benefício gerado pelo uso de modelos de programa-
ção matemática.
Visando atingir os objetivos de aprendizagem já elencados, a unidade em
questão foi dividida em cinco tópicos, sendo eles: introdução do modelo na pla-
nilha eletrônica; estrutura da planilha; modelagem de problemas de programação
linear; modelagens no solver; solução do modelo e saídas.
Nessa direção, discutiremos como tal conhecimento/domínio tende a for-
talecer no âmbito pessoal e profissional a sua formação técnica e acadêmica.
Para facilitar o aprendizado, vamos desenvolver um modelo baseado em
política pública, em que o interesse do Governo é que as pessoas tenham uma
dieta equilibrada, mas, ao mesmo tempo, que tenha o menor custo possível. A
elaboração desse modelo e a interpretação dos resultados gerados ajudarão no
entendimento da importância da técnica de programação linear na tomada de
decisão.
Assim sendo, ao término desta unidade, você será capaz de compreender con-
ceitos fundamentais da pesquisa operacional/programação linear na construção
de modelos matemáticos gerenciais e os relacionar com o mundo dos negócios.
Apesar de complexo, o estudo da pesquisa operacional é fascinante. Portanto,
não se detenha diante das dificuldades, mas se esforce na árdua tarefa de agre-
gar valor à sua formação.
Bons estudos!

Introdução
IV

INTRODUÇÃO DO MODELO NA PLANILHA


ELETRÔNICA

Para introduzirmos um primeiro modelo no Excel, utilizare-


mos o problema da dieta. Nesse problema, o objetivo é
determinar qual é a quantidade ideal de alimentos
a ser ingerida com custo mínimo e que satisfaça às
necessidades nutricionais de uma pessoa.
Suponha que o Governo Federal tenha

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
feito uma pesquisa em uma comunidade
desfavorecida do interior do Brasil e tenha
identificado uma série de doenças desenca-
deadas especialmente devido à deficiência
de vitaminas A e C, cálcio e ferro. ©shutterstock

A falta de vitamina A provoca proble-


mas de visão e falta de defesa contra as infecções, enquanto a falta de vitamina
C provoca inflamações gengivais e perda dos dentes. A falta de cálcio provoca
espasmos musculares e tendência à osteoporose. Finalmente, a falta de ferro
provoca anemia, com comprometimento da capacidade de aprendizado e dimi-
nuição do rendimento do trabalho.
O Governo subsidia a venda de uma série de alimentos, como arroz, fei-
jão, carne bovina e açúcar. Sabemos que os alimentos subsidiados possuem os
nutrientes que estão faltando no cardápio das pessoas, conforme Tabela 1.

NEC.
ITEM UN CARNE ARROZ FEIJÃO AÇÚCAR ALFACE LARANJA
DIÁRIA
Valor Energético Kcal 3.200 225 364 337 385 15 42
Vitamina A mcg 750 7 - 2 - 87 13
Vitamina C mg 70 - - 3 - 12 59
Ferro mg 10 2,9 1,3 7,6 0,1 1,3 0,7
Cálcio mg 650 11 9 86 - 43 34
PREÇO $ 0,50 $ 0,18 $ 0,20 $ 0,16 $ 0,30 $ 0,10
Tabela 1: Informações por Alimento (composição por 100 g)
Fonte: Colin (2007)

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


63

O interesse do Governo é que as pessoas tenham uma dieta equilibrada (que


atenda aos valores mínimos dos nutrientes), mas, ao mesmo tempo, que tenha
o menor custo possível. Como um modelo poderia ser construído de forma a
capturar todos os interesses e restrições envolvidos no problema?

FUNÇÃO-OBJETIVO:

Minimizar (Min)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Z = 0,5Xcarne + 0,18Xarroz + 0,2Xfeijão + 0,16Xaçúcar+ 0,3Xalface +


0,1Xlaranja

SUJEITO ÀS SEGUINTES RESTRIÇÕES (S.A.):

■■ Valor energético.
■■ Vitamina A.
■■ Vitamina C.
■■ Ferro.
■■ Cálcio.
■■ Exigências de não negatividade.

RESTRIÇÃO DO VALOR ENERGÉTICO:

225 Xcarne + 364 Xarroz + 337 Xfeijão + 385 Xaçúcar+ 15 Xalface + 42 Xlaranja ≥ 3200

RESTRIÇÃO DA VITAMINA A:

7 Xcarne + 2 Xfeijão + 87 Xalface + 13 Xlaranja ≥ 750

Introdução do Modelo na Planilha Eletrônica


IV

RESTRIÇÃO DA VITAMINA C:

3 Xfeijão + 12 Xalface + 59 Xlaranja ≥ 70

RESTRIÇÃO DO FERRO:

2,9 Xcarne + 1,3 Xarroz + 7,6 Xfeijão + 0,1 Xaçúcar+ 1,3 Xalface + 0,7 Xlaranja ≥ 10

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RESTRIÇÃO DO CÁLCIO:

11 Xcarne + 9 Xarroz + 86 Xfeijão + 43


Xalface + 34 Xlaranja ≥ 650

RESTRIÇÃO DE NÃO NEGATIVIDADE:

Xcarne ≥ 0; Xarroz ≥ 0; Xfeijão ≥ 0; Xaçúcar


≥ 0; Xalface ≥ 0; Xlaranja ≥ 0.
©shutterstock

O Economista e matemático francês da escola econômica neoliberal, Mau-


rice Allais (1911-2010), fez estudos sobre a teoria do equilíbrio econômico
geral e da eficiência máxima, as funções do capital e seu desempenho no
processo de crescimento capitalista, a pesquisa operacional aplicada à eco-
nomia. Também desenvolveu análises de economia aplicada em pesquisas
de minérios e infraestrutura de transportes (SANDRONI, 1999).

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


65

ESTRUTURA DA PLANILHA

Um dos pontos importantes na criação dos modelos é a estrutura da planilha.


Há uma infinidade de maneiras de se estruturar as informações e cada uma prio-
riza mais ou menos alguma característica: ela pode ser mais didática, mais fácil
de construir, ter menos chance de conter erros e assim por diante. As Figuras 6
e 7 mostram uma possível estruturação do problema da dieta.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

SOLUÇÃO DO MODELO E SAÍDAS

Figura 6: Tela do Excel destacando a função objetivo, as restrições e as condições de não negatividade

Figura 7: Estrutura da Planilha

Estrutura da Planilha
IV

ENTRADA DOS DADOS

CÉLULA B17

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 8:Entrada de Dados no Excel – Função Objetivo

CÉLULA I27

Figura 9: Entrada de Dados no Excel – Restrição do Valor Energético

Figura 10: Entrada de Dados no Excel – Restrição da Vitamina A

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


67

Figura 11: Entrada de Dados no Excel – Restrição da Vitamina C


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 12: Entrada de Dados no Excel – Restrição do Ferro

Figura 13: Entrada de Dados no Excel – Restrição do Cálcio

Estrutura da Planilha
IV

Figura 14: Entrada de Dados no Excel – Restrições de Não Negatividade

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MODELAGEM NO SOLVER

Para o modelo ser finalizado, resta-nos apenas introduzir as características do


problema de otimização. Isso é feito no Solver, como segue.

ATIVANDO O SOLVER NO EXCEL

O Solver é um suplemento do Microsoft Office Excel que fica disponível a par-


tir do momento em que é instalado o Microsoft Office ou o Excel. No entanto,
para utilizar no Excel, primeiro, tem de ser carregado.
1. Clique no Botão do Microsoft Office e, em seguida, clique em Opções
do Excel.
2. Clique em Suplementos e, na sequência, na caixa Gerir, selecione Suple-
mentos do Excel.
3. Clique em Ir.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


69
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 15: Opções do Excel – Ativando o Suplemento Solver

4. Na caixa Suplementos Disponíveis, selecione a caixa de verificação Suple-


mento Solver e clique em OK. Se o Suplemento Solver não aparecer na
lista Suplementos disponíveis, clique em Procurar para localizar. Se apa-
recer uma mensagem com a indicação de que o Suplemento Solver não
está instalado no computador, clique em Sim para instalar.
5. Depois de carregar o Suplemento Solver, o comando Solver ficará dispo-
nível no grupo Análise do separador Dados.

Modelagem no Solver
IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 16: Ativação do Suplemento Solver no Excel

Resolvendo o sistema de programação linear pelo SOLVER e determinando


os valores para Z e as variáveis de decisão.
■■ Função-objetivo. A célula de destino representa a função-objetivo que
estamos interessados em otimizar. Em nosso exemplo, a célula B17 (que
representa z). Como queremos minimizá-la, a opção adequada deve ser
selecionada (Mín).

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


71

■■ Variáveis de Decisão. As células variáveis representam as variáveis de


decisão. Clique em Células Variáveis e selecione a área B19:B24, que é
alterada para $B$19:$B$24 pelo Excel, conforme Figura 17.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 17: Caixa de Diálogos do Solver

■■ Restrições. Para a introdução das restrições, clique na caixa Submeter às


restrições e clique em Adicionar. Aparecerá a caixa adicionar restrição.
Referência de célula representa o lado esquerdo das restrições, enquanto
Restrição representa o lado direito dessas. Em nosso caso, as restrições
podem ser definidas como nas Figuras 18 a 24.

Figura 18: Primeira restrição inserida no Solver

Modelagem no Solver
IV

Figura 19: Segunda restrição inserida no Solver

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 20: Terceira restrição inserida no Solver

Figura 21: Quarta restrição inserida no Solver

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


73
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 22: Quinta restrição inserida no Solver

Figura 23: Sexta restrição inserida no Solver

Repita o procedimento até a penúltima restrição de não negatividade.


Quando fizer a última referência de restrição (condição de não negatividade), cli-
que em OK.

Modelagem no Solver
IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 24: Última restrição inserida no Solver

SOLUÇÃO DO MODELO E SAÍDAS

Após os passos descritos na seção anterior, a solução do problema é encontrada


simplesmente clicando-se no botão Resolver. O Excel vai oferecer uma saída,
conforme Figura 25, em que o usuário pode manter a solução encontrada pelo
Solver na planilha ou pode retornar aos valores originais. O usuário pode, ainda,
gerar um ou mais relatórios de saída automaticamente: relatório de respostas,
relatório de sensibilidade e relatório de limites.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


75
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 25: Todas as restrições inseridas no Solver

Figura 26: Resultados do Solver

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Considerando que o interesse do Governo é que as pessoas tenham uma dieta


equilibrada (que atenda aos valores mínimos dos nutrientes), mas, ao mesmo
tempo, que tenha o menor custo possível, temos:
Z = custo mínimo = R$ 4,04
Dieta com 329 gramas de feijão, 510 gramas de açúcar e 855 gramas de alface.

Solução do Modelo e Saídas


IV

“Onde quer que você veja um negócio de sucesso, pode acreditar que ali
houve um dia uma decisão corajosa”. 
DRUCKER, Peter. Disponível em: <https://www.portal-gestao.com/item/
6848-peter-drucker-o-pai-da-moderna-gest%C3%A3o-de-empresas.html>.
Acesso em: 12 mar. 2015.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RELATÓRIOS DO SOLVER

RELATÓRIO DE RESPOSTA
O relatório de resposta exibe o valor inicial e final da função-objetivo e das célu-
las variáveis (ou seja, das variáveis de decisão). Além disso, são exibidos outros
detalhes das restrições.

Figura 27: Relatório de Resposta

RELATÓRIO DE SENSIBILIDADE
O relatório de sensibilidade apresenta a análise de sensibilidade do problema em
estudo. Para visualizá-lo, basta marcar o relatório de sensibilidade na janela exibida.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


77
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 28: Relatório de Sensibilidade

RELATÓRIO DE LIMITES
O relatório de limites apresenta os valores máximo e mínimo que as variáveis
de decisão podem assumir.

Figura 29: Relatório de Limites

Solução do Modelo e Saídas


IV

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), estamos terminando a quarta unidade de Teoria dos Jogos.


Nesta unidade, você aprendeu a construir e a resolver modelos de programação
linear no Solver do Excel e a interpretar os resultados gerados.
Em um primeiro momento, aprendemos a introduzir um modelo de oti-
mização no Excel, utilizando o problema da dieta. A partir desse problema de
política pública, estruturamos a planilha no Excel. Vale lembrar que a estrutura
da planilha é um dos pontos importantes na criação dos modelos. Essa estru-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tura pode ser mais didática, mais fácil de construir, ter menos chance de conter
erros e assim por diante.
Em seguida, trabalhamos na modelagem do problema de programação linear
(dieta), com o estabelecimento da função-objetivo, das variáveis de decisão e
das restrições, no suplemento Solver do Excel. Feito isso, passamos para a parte
final, que é a execução e interpretação dos resultados do modelo de otimização.
Após os passos descritos, a solução do problema é encontrada simplesmente
clicando-se no botão Resolver do Solver. Feito isso, interpretamos os resulta-
dos gerados, a partir da função-objetivo estabelecida. No problema estudado, a
dieta equilibrada, ou seja, que atenda às quantidades mínimas dos nutrientes,
ao mesmo tempo em que tenha o menor custo possível, pode ser elaborada por
R$ 4,04/refeição, sendo utilizados nessa dieta: 329 gramas de feijão, 510 gramas
de açúcar e 855 gramas de alface.
Por fim, ao resolver o sistema de programação linear, determinar os valores
para a função-objetivo e variáveis de decisão, o Solver ainda gera os relatórios de
resposta, sensibilidade e limites, que facilitam a leitura e visualização do modelo
resolvido. Evidentemente, quanto mais complexo o sistema que o tomador de
decisões está interessado em analisar, maior será o benefício gerado pelo uso de
modelos de programação matemática.
Até a próxima e derradeira unidade!

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR


79

UM MODELO PARA A PROGRAMAÇÃO DE ROTAÇÕES DE CULTURAS

Um dos eixos centrais dos modelos baseia-se na combinação de culturas de


sustentáveis de produção vegetal é a diferentes famílias botânicas no tempo e
diversificação das atividades nas áreas de no espaço. [...]
cultivo para incrementar a sustentabilidade
ecológica, econômica e social da agricul- Os produtores de hortaliças estão acostu-
tura. Estudos agronômicos e ecológicos mados a lidar com a produção continuada
demonstram que o aumento da diversi- de grande número de culturas, alocadas
dade de espécies vegetais no ambiente simultaneamente em áreas adjacentes.
traz benefícios, tais como, a melhor explo- Contudo, essa forma de diversificação nem
ração dos recursos produtivos, um menor sempre segue um planejamento que oti-
ataque de herbívoros e menor incidência mize as vantagens desta forma de cultivo.
de patógenos, um maior controle de plan- Por outro lado, a produção dessas cultu-
tas espontâneas, maior produção por área ras é bastante complexa se comparada à
e maior estabilidade da produção frente às produção de espécies florestais perenes
pressões ambientais (ALTIERI, 2002; GLIES- ou culturas anuais, pois compreende um
SMAN, 2000; VANDERMEER, 1989). número grande de famílias botânicas, as
culturas apresentam produtividades altís-
Dentre os critérios ecológicos, econômi- simas e variáveis, os ciclos (períodos de
cos e agronômicos para o planejamento cultivo) das culturas são curtos, embora
da diversificação de culturas, podem ser com grande variabilidade, e apresentam
relacionados: requerimentos diferenciais limitações específicas quanto à época de
de nutrientes, capacidade de cobertura cultivo. Portanto, no planejamento do plan-
do solo, expectativas de preços de comer- tio orgânico de hortaliças é necessário
cialização da produção e lucratividade. No considerar, além dos critérios importan-
entanto, uma das principais finalidades do tes para a diversificação ambiental listados
estabelecimento de áreas/períodos com anteriormente, os diferentes ciclos produ-
diferentes culturas é reduzir os recursos tivos e exigências climáticas das culturas.
disponíveis tanto para artrópodes quanto
micro-organismos prejudiciais às lavouras, Algumas classes de problemas de rotação
reduzindo assim suas populações e seus de culturas têm sido abordadas por meio
danos. Embora existam organismos-peste de otimização linear por autores como
generalistas, muitos deles obtêm recursos Hildreth e Reiter (1949), El-Nazer e McCarl
de plantas da mesma família botânica. (1986), Clarke (1989), Doggliotti et al. (2003,
Assim, em muitos modelos sustentáveis 2004), Detlefsen e Jensen (2007), Haneveld
de produção, a diversificação de culturas e Stegeman (2005).
Parte do texto extraído de: <http://goo.gl/4ddjl4>. Acesso em: 29 dez. 2014.
Problema da Vidraçaria, baseado em Colin (2007):
A Nadir Figueira Ltda., vidraçaria especializada em fabricar utensílios de vidro por
encomenda, fabrica os seguintes produtos: vaso, castiçal, pássaro e lustre. Além do
vidro, cada tipo de produto requer processamento nas áreas de moldagem e em-
balagem. Atualmente, são disponíveis 600 minutos de moldagem, 400 minutos de
embalagem e 500 kg de vidro. Sejam X1, X2, X3 e X4 as quantidades de vasos, casti-
çais, pássaros e lustres, respectivamente. Considere que a Nadir deseja maximizar
receitas, em que a receita unitária de cada produto é, respectivamente, R$ 6 (vaso),
R$ 10 (castiçal), R$ 9 (pássaro) e R$ 20 (lustre).As restrições de processos consideram
os tempos para realizar cada um dos recipientes e a restrição de vidro considera as
quantidades de vidro utilizadas em cada um dos produtos.

Pede-se:

1. Construa o sistema de programação linear, destacando a função objetivo. Assi-


nale a alternativa que apresenta a correta formulação desse problema.

I. Minimizar Z= X1 + 6X2+ 9X3 + 20X4


II. Maximizar Z= 10X1 + 9X2+ 6X3 + 20X4
III. Minimizar Z= 10X1 + 9X2+ 6X3 + 20X4
IV. Maximizar Z= 6X1 + 10X2 + 9X3 + 20X4
V. Maximizar Z= 9X1 + 10X2+ 6X3 + 20X4

a. ( ) Apenas a I está correta.


b. ( ) Apenas a II está correta.
c. ( ) Apenas a III está correta.
d. ( ) Apenas a IV está correta.
e. ( ) Apenas a V está correta.
81

2. Com base no sistema de programação linear apresentado na questão 1, deter-


mine as restrições e as condições de não negatividade do modelo. É correto o
que se afirma em:

I. 9X1 + 4X2 + 7X3 + 10X4 ≤ 600; X1 + X2 + 3X3 + 40X4 ≤ 400;3X1 + 4X2 + 2X3 + 2X4
≤ 500; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0; X3 ≥ 0;X4 ≥ 0.
II. 4X1 + 7X2 + 9X3 + 10X4 ≤ 600; X1 + X2 + 3X3 + 40X4 ≤ 400;3X1 + 4X2 + 2X3 + 2X4
≤ 500; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0; X3 ≥ 0;X4 ≥ 0.
III. 7X1 + 9X2 + 7X3 + 10X4 ≤ 600; X1 + X2 + 3X3 + 40X4 ≤ 400;3X1 + 4X2 + 2X3 + 2X4
≤ 500; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0; X3 ≥ 0;X4 ≥ 0.
IV. 10X1 + 9X2 + 7X3 + 10X4 ≤ 600; X1 + X2 + 3X3 + 40X4 ≤ 400;3X1 + 4X2 + 2X3 + 2X4
≤ 500; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0; X3 ≥ 0;X4 ≥ 0.
V. 4X1 + 9X2 + 7X3 + 10X4 ≤ 600; X1 + X2 + 3X3 + 40X4 ≤ 400; 3X1 + 4X2 + 2X3 + 2X4
≤ 500; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0; X3 ≥ 0; X4 ≥ 0.

a. ( ) Apenas a I está correta.


b. ( ) Apenas a II está correta.
c. ( ) Apenas a III está correta.
d. ( ) Apenas a IV está correta.
e. ( ) Apenas a V está correta.

3. Resolva o sistema encontrado na questão 2 pelo programa Solver (Excel) e deter-


mine os valores para Z e as variáveis de decisão (X1,X2, X3 e X4). Assinale a opção
que apresenta o valor de Z e as variáveis de decisão.

I. Z (lucro máximo) = R$ 833,33; X1 = 133 vasos; X2 = 0 castiçal; X3 = 0 pássaro;


X4 = 17 lustres.
II. Z (lucro máximo) = R$ 733,33; X1 = 130 vasos; X2 = 1 castiçal; X3 = 0 pássaro;
X4 = 7 lustres.
III. Z (lucro máximo) = R$ 933,33; X1 = 133 vasos; X2 = 0 castiçal; X3 = 0 pássaro;
X4 = 7 lustres.
IV. Z (lucro máximo) = R$ 633,33; X1 = 133 vasos; X2 = 2 castiçal; X3 = 0 pássaro;
X4 = 7 lustres.
V. Z (lucro máximo) = R$ 533,33; X1 = 133 vasos; X2 = 4 castiçal; X3 = 0 pássaro;
X4 = 7 lustres.
a. ( ) Apenas a I está correta.
b. ( ) Apenas a II está correta.
c. ( ) Apenas a III está correta.
d. ( ) Apenas a IV está correta.
e. ( ) Apenas a V está correta.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Aviação Comercial Controlada por Máquinas Inteligentes


Roberto Pontes, Abilio Lucena
Editora: E-papers
Sinopse: O livro apresenta o estudo e a solução de problemas por
algoritmos inteligentes dedicados, ressaltando a importância da
utilização de técnicas de pesquisa operacional e programação
matemática para a aviação comercial em todo o mundo, na busca
incessante pela eficiência em todos os níveis.

Material Complementar
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva

V
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

UNIDADE
GERENCIAIS NO
COMPUTADOR

Objetivos de Aprendizagem
■■ Modelar problemas gerenciais no Excel e obter soluções por meio do
Solver.
■■ Analisar os resultados à luz das teorias econômica e da administração.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Aplicação em Estratégias
■■ Aplicação em Produção
■■ Aplicação em Logística
■■ Aplicação em Finanças
■■ Aplicação em Marketing
87

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta quinta unidade, você aprenderá que as ciências exatas,
especificamente a Ciência da Computação e a Matemática, podem ser aplicadas
a diversos negócios, dando suporte à tomada de decisões e atendendo a vários
requisitos, como a aplicação otimizada de recursos físicos, humanos, materiais,
tecnológicos e financeiros; determinação de preços; localização de rotas ótimas;
maximização de lucros; minimização de custos; otimização de carteiras de inves-
timento; previsão e planejamento.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Visando atingir os objetivos de aprendizagem já elencados, a unidade em


questão foi dividida em cinco tópicos, sendo eles: aplicação em estratégias; apli-
cação em produção; aplicação em logística; aplicação em finanças; aplicação em
marketing.
No primeiro tópico, apresentaremos um problema gerencial com estraté-
gia de investimentos em ações e letras imobiliárias. No segundo tópico, por
sua vez, resolveremos um problema gerencial na produção de computadores
de uma indústria hipotética. No terceiro tópico, trabalharemos um problema
de logística no escoamento da produção de sucos, atendendo aos mercados
consumidores (Mercosul, Chile, União Europeia, Japão, Ásia/Pacífico) com
custo de transporte mínimo. No quarto tópico, elucidaremos um problema de
seleção de carteira de investimento (ações, dólar, ouro, CDB, poupança e imó-
veis) para o Brasil, conforme aplicação do Modelo de Markowitz. Por fim, no
quinto tópico, veremos a resolução de um problema gerencial de marketing
via comerciais de televisão.
Assim sendo, ao término desta unidade, você será capaz de compreender
que a pesquisa operacional/programação linear pode ser aplicada na resolução
de inúmeros problemas do dia a dia empresarial, dando suporte à tomada de
decisões na otimização de recursos.
Aproveite o estudo e um forte abraço!

Introdução
V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock

APLICAÇÃO EM ESTRATÉGIAS

A estratégia empresarial é de suma importância para o mundo dos negócios.


Apesar de ter sua origem nas questões militares1, no período moderno, a sobre-
vivência corporativa depende das estratégias operacionais, de investimentos e
financiamentos.
A seguir, apresentamos um problema gerencial com estratégia de investi-
mentos, com base em Colin (2007).
Problema de Investimentos: uma companhia de investimento dispõe de R$
150.000 para investir em ações (X1) e letras imobiliárias (X2). Sua política de apli-
cação consiste em: aplicar, no máximo, 50% do disponível em ações; aplicar, no
máximo, 65% do disponível em letras imobiliárias. Por meio de uma pesquisa de
mercado, a companhia verificou que deveria aplicar, no máximo, 40% do dispo-
nível, na diferença entre a quantidade aplicada em ações e a quantidade aplicada
em letras, e aplicar 10%, no máximo, do disponível na soma da sétima parte apli-
cada em ações com a quarta parte aplicada em letras. As ações produzem uma
rentabilidade de 5% ao mês e as letras 4% ao mês. Qual é o investimento ótimo
que maximiza o lucro da companhia?

1 Há 2500 anos, Sun Tzu escreveu um livro extraordinário, na China, chamado A Arte da Guerra, que
ensina que o mérito supremo consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


89

INFORMARÇÕES

Aplicação em ações (50% de R$ 150.000) R$ 75.000,00


Aplicação em letras (65% de R$ 150.000) R$ 97.500,00
Diferença entre ações de letras (X1 - X2) (40% de R$ 150.000) R$ 60.000,00
Soma de 1/7 de ações com 1/4 em letras (10% de R$ 150.000) R$ 15.000,00

Modelo Matemático
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Maximizar Z = 0,05X1 + 0,04X2

Sujeito a: X1 ≤ 75.000

X2 ≤ 97.500

X1 - X2 ≤ 60.000

1/7X1 + ¼X2 ≤ 15.000

X1 ≥ 0; X2 ≥ 0

Estrutura da Planilha

Figura 30: Estrutura da Planilha

Aplicação em Estratégias
V

Resolvendo o sistema de programação linear pelo SOLVER e determinando


os valores para Z e as variáveis de decisão

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 31: Parâmetros do Solver

Figura 32: Resultados do Solver

Interpretando os Resultados
A solução ótima para o problema dos investimentos é obter um retorno máximo de
R$ 4.435,71, investindo R$ 75.000,00 em ações e R$ 17.142,86 em letras imobiliárias.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


91

©shutterstock

APLICAÇÃO EM PRODUÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A atividade de produção nas organizações é central, pois todas as demais fun-


ções são interligadas à função de produção, independentemente de se tratar da
produção de bens tangíveis ou intangíveis. Diante disso, Davis et al. (2001) defen-
dem que, a partir de uma estratégia corporativa, a administração da produção
pode ser definida como o gerenciamento dos recursos diretos que são necessá-
rios para a obtenção dos produtos e serviços de uma organização.
A seguir, apresentamos um problema gerencial na produção de computa-
dores, em uma indústria hipotética, conforme Ribeiro (2008).
Problema da Produção de Computadores: uma fábrica de computado-
res produz 2 modelos de computador: A e B. O modelo A fornece um lucro de
R$ 180,00 e B de R$ 300,00. O modelo A requer, na sua produção, um gabinete
pequeno e uma unidade de disco. O modelo B requer um gabinete grande e duas
unidades de disco. Existem no estoque: 60 unidades do gabinete pequeno, 50 do
gabinete grande e 120 unidades de disco. Pergunta-se: qual deve ser o esquema
de produção que maximiza o lucro?

Modelo Matemático

Maximizar Z = 180 xmodeloA + 300 xmodeloB


Sujeito a: xmodeloA + 2xmodeloB ≤ 120

xmodeloA
≤ 60

xmodeloB
≤ 50

xmodeloA
≥ 0; xmodeloB ≥ 0

Aplicação em Produção
V

Estrutura da Planilha

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 33: Estrutura da Planilha

Resolvendo o sistema de programação linear pelo SOLVER e determinando


os valores para Z e as variáveis de decisão

Figura 34: Parâmetros do Solver

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


93
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 35: Resultados do Solver

Interpretação dos Resultados


A solução ótima para o problema da produção de computadores é obter um
lucro máximo de R$ 19.800,00, produzindo 60 unidades do computador Modelo
A e 30 unidades do computador Modelo B.

APLICAÇÃO EM LOGÍSTICA

Peinado e Graeml (2007) afirmam que as ati-


vidades logísticas são atividades normalmente
ligadas aos materiais físicos necessários ao
funcionamento de uma organização. Dentre
elas, destacam-se a previsão e compra de
materiais, o recebimento, a conferência, o
armazenamento em almoxarifados e depósi-
tos, o controle de estoques, a movimentação
de materiais, materiais sendo processados e
©shutterstock

Aplicação em Logística
V

produtos acabados dentro da empresa e a distribuição dos produtos acabados


aos clientes.
A seguir, apresentamos um problema gerencial de transporte, de acordo
com Colin (2007).
Problema do Transporte: imagine que a Associação Brasileira dos
Exportadores de Cítricos (ABECITRUS), que congrega as empresas produto-
ras e exportadoras de sucos e assemelhados, esteja interessada em ajudar na
coordenação e otimização dos custos de transporte da indústria. Suponha que
existam 3 regiões produtoras no Brasil e 5 destinos (mercados) importantes para

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
os produtos. As quantidades produzidas, os volumes consumidos pelos mer-
cados, assim como os custos de transporte entre origens e destinos podem ser
vistos na Tabela abaixo.

PARA O MERCADO CONSUMIDOR


Da região União Ásia/Pa- Produção
Unidade Mercosul Chile Japão
Produtora Européia cífico 1.000 m3

São Paulo I US$ / m3 52 77 241 466 444 771

São Paulo II US$ / m3 60 85 249 473 452 964

Perímetros
US$ / m3 110 135 191 501 477 193
irrigados do NE
Exportação do
1.000 m3 18 7 1.680 159 64 1.927
Setor
Exportação do
US$ / M 9 4 840 79 32 964
Setor
Tabela 2: Informações de Região Produtora e Mercado Consumidor
Fonte: Colin (2007)

O interesse da ABECITRUS é escoar toda a produção, atendendo aos mer-


cados consumidores com custo de transporte mínimo. As variáveis de decisão
devem ser relacionadas com as quantidades enviadas das regiões produtoras

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


95

para os mercados consumidores. Para tanto, chamaremos de xij o número de


milhares de m³ de suco enviado da região produtora i (1 = São Paulo I, 2 = São
Paulo II, 3 = Perímetros irrigados do Nordeste) para o mercado consumidor j
(1 = Mercosul, 2 = Chile, 3 = União Europeia, 4 = Japão, 5 = Ásia/Pacífico). Por
exemplo, x13 representa os envios da região produtora São Paulo I (i = 1) para o
mercado consumidor União Europeia (j = 3) e x34, os envios da região Nordeste
(i = 3) para o Japão (j = 4). As restrições do problema podem ser divididas em
dois grupos:
a. Toda produção deve ser escoada.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b. Toda demanda deve ser atendida.

Para a região de São Paulo I, sabemos que o escoamento da produção pode ser
definido como:
x11 + x12 + x13 + x14 + x15 = 771

ou seja, todos os envios da região São Paulo I devem ser iguais à sua produção.
O mesmo tipo de restrição pode ser criado para as duas outras regiões, como
se segue:
x21 + x22 + x23 + x24 + x25 = 964
x31 + x32 + x33 + x34 + x35 = 193

No segundo grupo de restrições, as demandas devem ser atendidas e, de forma


análoga ao caso do escoamento da produção, podemos definir as 5 restrições
como:
x11 + x21 + x31 = 18
x12 + x22 + x32 = 7
x13 + x23 + x33 = 1680
x14 + x24 + x34 = 159
x15 + x25 + x35 = 64

Aplicação em Logística
V

ou seja, para cada um dos destinos, a soma de todos os seus recebimentos deve
ser igual à sua demanda por produtos brasileiros (ou igual a exportação do Brasil
para o destino).
Restrições de não negatividade:
xij ≥ 0 (i = 1, 2, 3 j = 1, 2, 3, 4, 5).

Modelo Matemático

Minimizar Z = 52X11 + 77X12 + 241X13 + 466X14 + 444X15 + 60X21 + 85X22 +

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
249X23 + 473X24 + 452X25 + 110X31 + 135X32 + 191X33 + 501X34 +
477X35
Sujeito a: X11 + X12 + X13 + X14 + X15 = 771
X21 + X22 + X23 + X24 + X25 = 964
X31 + X32 + X33 + X34 + X35 = 193
X11 + X21 + X31= 18
X12 + X22 + X32= 7
X13 + X23 + X33= 1680
X14 + X24 + X34= 159
X15 + X25 + X35= 64
Xij ≥ 0 (i= 1, 2, 3, j = 1, 2, 3, 4, 5)

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 36: Estrutura da Planilha


Estrutura da Planilha

Aplicação em Logística
97
V

Resolvendo o sistema de programação linear pelo SOLVER e determinando


os valores para Z e as variáveis de decisão

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 37: Parâmetros do Solver

Figura 38: Resultados do Solver

Interpretando os Resultados
A solução ótima para o problema do transporte é escoar toda a produção de suco
com o custo mínimo total de R$ 514.780,00, exportando 771.00 m³ de SP I para a
União Europeia, 805.000 m³ de SP II para a União Europeia , 159.000 m³ de SP
II para o Japão, 18.000 m³ do NE para o Mercosul, 7.000 m³ do NE para o Chile,
104.000 m³ do NE para a União Europeia, 64.000 m³ do NE para a Ásia/ Pacífico.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


99

©shutterstock

APLICAÇÃO EM FINANÇAS

No estudo das finanças, temos, de um lado, a Teoria do Portfólio desenvolvida


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

por Markowitz (1952) e seus seguidores e que compõe a moderna teoria de inves-
timentos de risco, como ações, e, de outro lado, os estudos levados a cabo por
Modigliani e Miller (1958) e que compõem a base da moderna teoria de avalia-
ção de projetos e de empresas (valuation).
Segundo Samanez (2007), a Teoria das Carteiras foi desenvolvida por Markowitz,
ganhador do prêmio Nobel de Economia de 1990. Carteira (portfolio, em inglês) é
uma combinação de ativos, tais como investimentos, ações, obrigações, commodi-
ties, investimentos em imóveis, títulos com liquidez imediata ou outros ativos em
que uma pessoa física ou jurídica possa investir e que possa manter. Basicamente,
a finalidade de uma carteira é reduzir o risco por meio da diversificação.
Como demonstrado na Figura 39, algumas combinações podem se situar
no espaço interno à curva, mas serão ineficientes. Para dado nível de risco, uma
combinação situada na superfície da curva domina qualquer outra situada no
espaço interno, pois proporciona retorno maior. Tais carteiras foram chamadas
por Markowitz de carteiras eficientes.
Retorno
Médio da Fronteira Eficiente
Carteira ou
Fronteira de Markowitz

Desvio Padrão da Carteira


Figura 39: Fronteira Eficiente de Markowitz
Fonte: Samanez (2007)

Aplicação em Finanças
V

MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS FINANCEIROS (Capital Asset Pri-


cing Model). Modelo desenvolvido durante os anos 60, cujo objetivo era dar
uma forma específica à existência de um trade-off (troca conflituosa) entre
ganhos e riscos. O modelo estabelece uma relação linear positiva entre o
ganho esperado de um porta-fólio diversificado de ativos e o risco sistêmico
desse porta-fólio medido pelo parâmetro na seguinte equação:
R = Rf + β (Rm – Rf ) na qual R é o ganho esperado do porta-fólio, Rf é a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
taxa de juros sem risco (por exemplo, aqueles pagos nos títulos do governo),
β é a medida de até que ponto os ganhos sobre o porta-fólio se deslocam
com o mercado constituído por uma combinação de todos os títulos, cada
um ponderado por sua participação relativa. Devido a essa base ampla de
comparação, todos os riscos evitáveis foram eliminados, de tal forma que os
remanescentes, denominados sistêmicos ou de mercado, estão associados
com o movimento geral da economia, e Rm é o retorno esperado do porta-
-fólio de mercado (SANDRONI, 1999).

Os objetivos de se aumentar o retorno e diminuir o risco são conflitantes


e, consequentemente, não podemos otimizar ambos ao mesmo tempo. Dessa
forma, convencionalmente, o administrador pode formular seu problema em
um dos dois seguintes formatos:
■■ MAXIMIZAR o retorno, considerando um nível máximo de risco a ser
assumido.
■■ MINIMIZAR o risco, considerando uma rentabilidade mínima a ser
obtida.

Do ponto de vista teórico, os dois problemas são equivalentes, desde que parâ-
metros compatíveis sejam usados em ambas as formulações.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


101

A seguir, apresentamos um problema gerencial na área de finanças, de acordo


com Colin (2007).
Problema de seleção de carteira de investimento para o Brasil conforme
aplicação do Modelo de Markowitz: o Modelo de Markowitz minimiza a vari-
ância de uma carteira de ativos para um dado retorno esperado. Logo, o modelo
pode ser definido por:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O modelo minimiza a variância da carteira ao mesmo tempo em que atende


a um retorno mínimo pré-estabelecido e aloca todo o capital disponível.
Nesse exemplo aplicado à alocação de investimentos no Brasil, para o cál-
culo das covariâncias e rentabilidades dos ativos (Ações, Dólar, Ouro, CDB,
Poupança e Imóveis), utilizou-se um período de 31 meses e os valores apresen-
tados são nominais.
Um investidor está interessado em alocar seu patrimônio disponível em
qualquer um dos ativos apresentados. Seu desejo é obter uma rentabilidade de
pelo menos 18% e, a princípio, ele não tem restrições com relação à quantidade
do capital que será investida em cada um dos ativos.

Aplicação em Finanças
V

Estrutura da Planilha

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 40: Estrutura da Planilha

Resolvendo o sistema de programação linear pelo SOLVER e determinando


os valores para Z e as variáveis de decisão

Figura 41: Parâmetros do Solver

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


103
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 42: Resultados do Solver

Interpretando os Resultados
A solução do problema indica que, para um retorno de 18% ao risco mínimo
possível de 0,232% (variância da carteira), o investidor deverá aplicar 32,6% do
capital disponível em ações e 67,4% em Certificados de Depósito Bancário (CDB).

“Existem dois tipos de riscos: Aqueles que não podemos nos dar ao
luxo de correr e aqueles que não podemos nos dar ao luxo de não
correr”.
DRUCKER, Peter. Disponível em: < https://www.portal-gestao.com/
item/6848-peter-drucker-o-pai-da-moderna-gest%C3%A3o-de-empre-
sas.html>. Acesso 12 mar. 2015.

Aplicação em Finanças
V

©Shutterstock

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
APLICAÇÃO EM MARKETING

As atividades relacionadas à venda do produto ou à imagem da organização são


atividades ligadas ao mercado, portanto, atividades mercadológicas.
No marketing estratégico, temos que levar em consideração a tecnologia e a
globalização. Um marketing ganhador é aquele que responde a uma escolha da
noção da qualidade, ao melhor preço dentro do segmento em que se trabalha,
em que se garante um melhor serviço aos olhos do cliente. A estratégia ganha-
dora dá respostas aos clientes sensíveis ao preço e apressados que esperam o
máximo de serviço. O marketing é o trabalho em que os gestores se empenham
para poder avaliar necessidades e determinar se existe uma boa oportunidade
de obter lucro (KOTLER, 2000).
A seguir, apresentamos um problema gerencial de marketing, com base em
Fogliatto (2010).
Problema do Marketing via Comerciais de TV: uma empresa de eletrodo-
mésticos planeja veicular seus produtos em comerciais de TV durante a novela
das 8 da noite e os jogos da seleção na Copa. Comerciais na novela são vistos por
7 milhões de mulheres e 2 milhões de homens e custam $50.000,00. Comerciais
nos jogos são vistos por 2 milhões de mulheres e 12 milhões de homens e cus-
tam $100.000,00. Qual a distribuição ideal de comerciais se a empresa deseja
que eles sejam vistos por 28 milhões de mulheres e 24 milhões de homens a um
menor custo possível?

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


105

Modelo Matemático

Minimizar (Z) Z = 50.000 Xcomerciaisnovelas + 100.000 Xcomerciaisjogos


Sujeito a: 7.000.000 Xcomerciaisnovelas + 2.000.000 Xcomerciaisjogos ≥ 28.000.000
2.000.000 Xcomerciaisnovelas + 12.000.000 Xcomerciaisjogos≥ 24.000.000
Xcomerciaisnovelas≥ 0 ; Xcomerciaisjogos ≥ 0.

Estrutura da Planilha
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 43: Estrutura da Planilha

Resolvendo o sistema de programação linear pelo SOLVER e determinando


os valores para Z e as variáveis de decisão

Figura 44: Parâmetros do Solver

Aplicação em Marketing
V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 45: Resultados do Solver

Interpretando os Resultados
A solução do problema para minimizar o custo com o marketing por meio
da TV é realizar 3 veiculações durante as novelas e uma durante os jogos da
seleção, indicando um montante de R$ 320.000,00. Se considerarmos o arre-
dondamento matemático ocorrido com as variáveis de decisão, o montante será
de R$ 300.000,00.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos terminando a quinta unidade do livro Teoria dos Jogos. Nesta unidade,
você aprendeu que a pesquisa operacional pode ser aplicada a diversos negócios,
dando suporte à tomada de decisões na otimização de recursos (físicos, huma-
nos, materiais, tecnológicos e financeiros); determinação de preços; localização
de rotas ótimas; maximização de lucros; minimização de custos; otimização de
carteiras de investimento; previsão e planejamento.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS GERENCIAIS NO COMPUTADOR


107

Você se lembra que, em um primeiro momento, estudamos um problema


gerencial com estratégia de investimentos em ações e letras imobiliárias, cuja
função-objetivo é maximizar o retorno do investimento?
Depois, resolvemos um problema gerencial na produção de computadores
de uma indústria hipotética, cujo objetivo é maximizar o lucro operacional, a
partir das restrições produtivas apresentadas.
Em seguida, trabalhamos em um problema de logística no escoamento da
produção de sucos, atendendo aos mercados consumidores (Mercosul, Chile,
União Europeia, Japão, Ásia/Pacífico) com custo de transporte mínimo, ou seja,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

visando minimizar o custo de transporte.


Na sequência, elucidamos um problema de seleção de carteira de investi-
mento para o Brasil (ações, dólar, ouro, CDB, poupança e imóveis), conforme
aplicação do Modelo de Markowitz, com vistas à obtenção do maior retorno
com exposição mínima ao risco.
Finalmente, resolvemos um problema gerencial de marketing via comerciais
de televisão, objetivando minimizar o custo de veiculações e atingindo uma meta
definida para o público masculino e feminino, seja durante a novela das oito ou
jogos da seleção brasileira.
Espero que esta quinta unidade tenha sido proveitosa e que você tenha se
encantando ainda mais com essa fantástica área do conhecimento, que é a pes-
quisa operacional.
Um forte abraço e muito sucesso!

Considerações Finais
O planejamento e programação da produ- nutrição animal, como toda agroindústria,
ção são funções-chave nas mais modernas tem algumas peculiaridades que influen-
indústrias manufatureiras e podem ser ciam no processo de tomada de decisão
reunidos em um só conceito, definidos, do planejamento da produção, dentre eles:
segundo Martins e Laugeni (2010), como sazonalidade da demanda e matérias-pri-
uma área de decisão da manufatura que mas e perecibilidade dos produtos. Essas
corresponde tanto em planejar quanto peculiaridades influenciam o processo de
em controlar os recursos do processo produção assertivo. Neste sentido, as orga-
produtivo, indo desde o planejamento nizações na expectativa de otimização do
até o gerenciamento e controle sobre o planejamento e controle da produção,
que, quanto, como e quando produzir. A estão buscando ferramentas de gestão que
demanda pode ser dada pelos pedidos auxiliem nas tomadas de decisão, visto que
dos clientes ou por uma previsão e, depen- os problemas e as decisões têm se tornado
dendo do caso, pode ser através de ambos. cada vez mais complexas e de maior res-
Devido à escassez e limitação dos recursos ponsabilidade.
produtivos de qualquer indústria (insu-
mos, matéria-prima, mão de obra), um dos Dentre as principais medidas adotadas
maiores desafios do gerenciamento da pro- pelas organizações, têm-se a utilização de
dução é a determinação das quantidades novas formas de gestão, novas técnicas de
a serem produzidas para cada tipo de pro- apoio à tomada de decisão e, essencial-
duto, em cada período de planejamento, mente, a busca pelo aprimoramento de
principalmente em se tratando de produ- suas operações. Uma abordagem impor-
tos sazonais, e ao menor custo possível. tante de apoio à tomada de decisão é a
Pesquisa Operacional (GAVIRA, 2003).
O problema tratado neste estudo origina-se Essa técnica possibilita que a organiza-
no aparente desempenho insatisfatório da ção resolva seus problemas no processo
área comercial de uma indústria de nutrição de produção, otimizando-o e eliminando
animal no município de Unaí-MG. Acredi- possíveis perdas e desperdícios. Para tanto,
ta-se que um dos departamentos que gera a pesquisa operacional utiliza-se de um
tal problema seja o de vendas, pois nem modelo geral que contempla as variáveis
sempre os pedidos de rações e suplemen- que são as quais se tem poder para alterar,
tos são elaborados de forma regular e com ou seja, as variáveis de decisão, os parâme-
antecedência adequada para o responsá- tros que são variáveis os quais não sem têm
vel pelo planejamento da produção, o que o poder de alterar, a solução do problema;
dificulta o planejamento. e, a função objetiva que define e mensura o
principal objetivo do tomador de decisão.
De acordo com Toso (2003), a indústria de
Parte do texto extraído de: <http://goo.gl/4ddjl4>. Acesso em: 29 dez. 2014.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Otimização Gerencial com Excel


Bueno, Fabrício
Editora: Visual Books
Sinopse: O livro apresenta modelos de otimização por meio da
programação linear de diversas atividades empresariais e representadas
no Microsoft Excel, demonstrando como interpretar, analisar e aplicar
os relatórios do Solver, que trazem diversas informações sobre as atividades modeladas e otimizadas
em vários estudos de casos.

Material Complementar
Problema da Indústria de Brinquedos (COLIN, 2007).
A Brinquedos S.A. fabrica dois tipos de brinquedos de madeira: soldados e trens. Um
soldado é vendido por R$ 30 e usa R$ 10 de matéria-prima. Cada soldado fabricado
aumenta os custos diretos de mão de obra e custos indiretos em R$ 14. Um trem é
vendido a R$ 24 e utiliza R$ 9 de matéria-prima. Cada trem aumenta custos de mão
de obra e indiretos em R$ 10. A fabricação requer dois tipos de mão de obra: carpin-
teiro e pintor. A fabricação de um soldado requer 2 horas de um pintor e 1 hora de
um carpinteiro. Um trem demanda 1 hora de pintura e 1 hora de carpintaria. Para
cada semana, a Brinquedos pode conseguir toda a matéria-prima necessária, mas
apenas 100 horas de pintura e 80 horas de carpintaria. A demanda para os trens é
ilimitada, mas a de soldados é de, no máximo, 40 por semana.
A Brinquedos quer maximizar o lucro semanal (receitas menos custos). O modelo a ser
formulado deve atender às restrições do problema ao mesmo tempo em que maximiza
o lucro da empresa. As variáveis de decisão (o que precisamos decidir) são as quantida-
des produzidas de soldados e trens. Podemos chamar Xsoldado o número de unidades
de soldados produzidas, ou X1 eXtrem, ou X2, equivalentemente, o número de trens.
Apesar de a utilização de índices descritivos nas variáveis ser bastante didática e auto-
explicativa, a utilização de índices numéricos facilita a escrita e a clareza dos modelos.
O número de soldados e de trens produzidos não pode ser negativo e isso indica as
duas restrições de não negatividade. Além delas, o problema possui mais 3 restri-
ções. Para cada semana, não se pode: utilizar mais de 100 horas de pintura, utilizar
mais de 80 horas de carpintaria e vender mais de 40 soldados.
Pede-se:
1. Construa o sistema de programação linear, destacando a função objetivo. Assi-
nale a alternativa que apresenta a correta formulação desse problema:

I. Minimizar Z = 30 X1 + 24 X2- 10 X1 - 9 X2 - 14 X1 - 10 X2
II. Maximizar Z = 30 X1 + 24 X2
III. Maximizar Z = 30 X1 + 24 X2- 10 X1 - 9 X2 - 14 X1 - 10 X2
IV. Minimizar Z = 30 X1 + 24 X2
V. Maximizar = 24 X1 + 30 X2- 10 X1 - 9 X2 - 14 X1 - 10 X2

a. ( ) Apenas a I está correta.


b. ( ) Apenas a II está correta.
c. ( ) Apenas a III está correta.
d. ( ) Apenas a IV está correta.
e. ( ) Apenas a V está correta.
111

2. Com base no sistema de programação linear apresentado na questão 1, determi-


ne as restrições e as condições de não negatividade do modelo. É correto o que
se afirma em:

I. 2X1 + X2 ≤ 100; X1 + X2 ≤ 80; X1 ≤ 40; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0


II. X1 + 2X2 ≤ 100; X1 + 2X2 ≤ 80; X1 ≤ 40; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0
III. 2X1 + 2X2 ≤ 100; X1 + 2X2 ≤ 40; X1 ≤ 80; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0
IV. 2X1 + X2 ≤ 80; X1 + 2X2 ≤ 100; X1 ≤ 40; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0
V. X1 + X2 ≤ 80; 2X1 + 2X2 ≤ 100; X1 ≤ 40; X1 ≥ 0; X2 ≥ 0

a. ( ) Apenas a I está correta.


b. ( ) Apenas a II está correta.
c. ( ) Apenas a III está correta.
d. ( ) Apenas a IV está correta.
e. ( ) Apenas a V está correta.

3. Resolva o sistema encontrado na questão 2 pelo programa Solver (Excel) e de-


termine os valores para Z e as variáveis de decisão (X1 e X2). Assinale a opção que
apresenta o valor de Z e as variáveis de decisão:

I. Z (lucro semanal máximo) = R$ 420,00; X1 = 60 soldados; X2 = 20 trens.


II. Z (lucro semanal máximo) = R$ 420,00; X1 = 20 soldados; X2 = 60 trens.
III. Z (lucro semanal máximo) = R$ 320,00; X1 = 60 soldados; X2 = 20 trens.
IV. Z (lucro semanal máximo) = R$ 320,00; X1 = 20 soldados; X2 = 60 trens.
V. Z (lucro semanal máximo) = R$ 520,00; X1 = 60 soldados; X2 = 20 trens.

a. ( ) Apenas a I está correta.


b. ( ) Apenas a II está correta.
c. ( ) Apenas a III está correta.
d. ( ) Apenas a IV está correta.
e. ( ) Apenas a V está correta.
113
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final do livro de Teoria dos Jogos. Neste livro, procu-
ramos levar a você conhecimentos essenciais acerca dos principais elementos da
teoria dos jogos, da pesquisa operacional e suas aplicações.
Vale lembrar que a construção do conhecimento por meio dos conceitos e apli-
cações da teoria dos jogos foi estruturada em cinco unidades. Na unidade I, tra-
tamos da concorrência imperfeita, estudando o mercado monopolisticamente
competitivo e o mercado oligopolista, em que as empresas, por meio da dis-
criminação de preços, buscam capturar o excedente do consumidor e, assim,
aumentar a sua lucratividade. O estudo dessa unidade lhe permitiu, ainda, com-
preender as estratégias de preços e determinação de quantidades, com base no
Dilema dos Prisioneiros, que exemplifica o funcionamento da teoria dos jogos
na tomada de decisão.
Por meio do estudo da unidade II, foram apresentados os conceitos, as caracterís-
ticas e diferenças dos jogos e estratégias que norteiam as decisões empresariais,
sejam eles cooperativos ou não cooperativos, repetitivos ou sequenciais. Vimos,
ainda, os tipos de estratégias, com destaque para as estratégias dominante, ótima,
maximin e tit-for-tat. Finalmente, discutiu-se a relevância do Equilíbrio de Nash para
a teoria dos jogos, enquanto generalização do modelo de concorrência imperfeita
de Cournot, em que cada empresa faz o melhor que pode em função do que as con-
correntes estão fazendo.
Na unidade III, o aprendizado foi em relação à evolução histórica da pesquisa ope-
racional (PO) na resolução de problemas militares e empresariais. Apresentamos e
descrevemos o passo a passo de um modelo baseado na programação linear, que é
uma das técnicas da pesquisa operacional, exemplificada no problema da indústria
de refrigerantes. Nesse exemplo, procuramos destacar a importância da construção
de modelos matemáticos consistentes com o mundo real, com vistas ao gerencia-
mento eficiente dos recursos produtivos escassos.
O estudo da unidade IV lhe propiciou construir e resolver problemas de programa-
ção linear no Solver do Excel, bem como a interpretar os resultados gerados.
Já o estudo da unidade V, última unidade do nosso livro, permitiu-lhe modelar, re-
solver e interpretar os resultados de vários problemas gerenciais, relacionados à es-
tratégia de investimento, produção, logística, finanças e marketing, dando suporte
à tomada de decisões, sempre visando à otimização de recursos.
Assim sendo, esperamos/desejamos que os conteúdos trabalhados nesta disciplina
proporcionem a você relevantes ganhos em termos de uma maior compreensão da
teoria dos jogos e suas aplicações no mundo dos negócios.
CONCLUSÃO

Despedimo-nos com o que escreveu o economista austríaco Joseph Schumpeter


(08/02/1883 a 08/01/1950), ao descrever a relação entre a inovação, a criação de
novos mercados e a ação empreendedora: “É, contudo, o produtor que, via de regra,
inicia a mudança econômica, e os consumidores, se necessário, são por ele ‘educa-
dos’; eles são, por assim dizer, ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que dife-
rem de alguma forma daquelas que têm o hábito de consumir”.
Até a próxima!
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
115
REFERÊNCIAS

BARRICHELO, F. Teoria dos Jogos: Conceitos, Exemplos e Limitações. 1. Ed. 2010.


Disponível em: <http://www.cienciadaestrategia.com.br/teoriadosjogos/capitulo.
asp?cap=i3#20>. Acesso em: 12 mar. 2015.
BUENO, F. Otimização Gerencial com Excel. Florianópolis: Visual Books, 2007.
BYRNS, T. R.; STONE, G. W. Microeconomia: São Paulo: Makron Books, 1997. 579 p.
COLIN, E. C. Pesquisa Operacional. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
DAVIS, M. M.; AQUILANO, N. J.; CHASE, R. B. Fundamentos da Administração da
Produção. Porto Alegre: Bookman, 2001.
ELSTER, JOHN. Explaining Social Behavior: More Nuts and Bolts for the Social
Sciences. Cambridge: University Press, 2007.
FERGUSON, C. E. Microeconomia. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978.
589 p.
FOGLIATTO, F. Pesquisa Operacional. Apontamentos de aula, 2010. Porto Alegre:
UFRGS, 2010.
GONZAGA, P. Simulador de Mercados de Oligopólio. Porto/Portugal: Faculdade
de Economia do Porto, 2008.
PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e de
serviços. Curitiba: Unicenp, 2007.
KEN, Binmore. Playing for real: a text on game theory. New York: Oxford University
Press, 2007.
KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e
controle. São Paulo: Atlas, 1998.
LEON, L.; PRZASNYSKI, Z.; SEAL, K. C. Spreadsheets and OR/MS models: an end-user
perspective. Interfaces, v. 26, n. 2, pp. 92-104, 1996.
MILLER, Roger Leroy. Microeconomia: Teoria, questões e aplicação. São Paulo: Mc
Graw-Hill do Brasil, 1981.
PINDYCK, R. S; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2010. 641 p.
RIBEIRO, Úrsula. L. F. Pesquisa Operacional. Apontamentos de aula, 2008. Uru-
guaiana: PUC-RS, 2008.
SALVATORE, D. Microeconomia. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1981.
SAMANEZ, C. P. Gestão de Investimentos e Geração de Valor. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007.
REFERÊNCIAS

SCHUMPETER, J. A. Teoria do Desenvolvimento Econômico: uma investigação so-


bre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. Tradução de Maria Sílvia Possas.
São Paulo: Nova Cultural, 1997.
TZU, Sun. A arte da guerra. Tradução do inglês e interpretação por Luiz Figueiredo,
2002. Disponível em:<http://goo.gl/VVkU2S>. Acessado 19/11/2014.
VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos, uma abordagem moderna. São
Paulo: Elsevier, 2006 p. 807. Acesso em: 19 nov. 2014.
117
GABARITO

Unidade 1

1. Orientação de resposta:
a. Competição monopolística é o mercado no qual as empresas podem en-
trar livremente, cada uma produzindo a própria marca ou uma versão de um
produto diferenciado, como cremes dentais, antigripais, refrigerantes e sabo-
netes. Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas característi-
cas-chave:
• As empresas competem vendendo produtos diferenciados, altamente
substituíveis uns pelos outros, mas que não são, entretanto, substitutos per-
feitos. Em outras palavras, as elasticidades cruzadas são grandes, mas não
infinitas.
• Há livre entrada e livre saída. É relativamente fácil a entrada de novas em-
presas com marcas próprias e a saída de empresas que já atuam no mercado,
caso os produtos deixem de ser lucrativos.
b. Oligopólio é uma estrutura na qual apenas algumas empresas competem
entre si e há barreiras para a entrada de novas empresas. Pode ou não haver
diferenciação de produto, como nos setores produtivos de automóveis, aço,
alumínio, petroquímica, equipamentos elétricos, aviação e computadores.
No oligopólio, de uma forma geral, os preços são administrados e os produ-
tos podem ou não ser diferenciados. O importante é que apenas algumas
empresas sejam responsáveis pela maior parte ou por toda a produção.

2. Orientação de resposta: A rigidez de preços é uma característica dos mercados


oligopolistas pela qual as empresas se mostram relutantes em modificar os pre-
ços mesmo que os custos ou a demanda sofram alterações, demonstrando medo
de uma guerra de preços.

3. Orientação de Resposta: Pela matriz de payoff do dilema dos prisioneiros, po-


de-se concluir que:
• O prisioneiro A terá menor sentença se confessar, independente da ação do
prisioneiro B, porém, confessando, ambos estariam fazendo o melhor que
podem (Equilíbrio de Nash). Não confessar seria a melhor solução para am-
bos.
GABARITO

Unidade 2

1. Orientação de Resposta: Jogo cooperativo é aquele no qual os participantes


podem negociar contratos vinculativos de cumprimento obrigatório que lhes
permitam planejar estratégias em conjunto. Jogo não cooperativo é aquele no
qual a negociação e o cumprimento de contratos vinculativos não são possíveis.

2. Orientação de Resposta: O Equilíbrio de Nash trata-se de um conjunto de estra-


tégias ou ações em que cada empresa faz o melhor que pode em função do que
as concorrentes estão fazendo.

3. Orientação de Resposta:
• A estratégia ótima: é a estratégia que maximiza o payoff esperado do jo-
gador.
• A estratégia dominante: estratégia que é ótima, não importando o que o
oponente faça.
• O equilíbrio de estratégias dominantes: resultado de um jogo em que
cada empresa faz o melhor que pode, independente das escolhas feitas pe-
las concorrentes.
• As estratégias Maximin são estratégias que maximizam a obtenção de um
determinado nível mínimo de ganho.
• Tit-for-tat é uma estratégia de repetição na qual o jogador responde de forma
igual às jogadas do oponente, cooperando com os oponentes que cooperam
e retaliando os que não o fazem.

Unidade 3

1. F, V, V, V

2. Orientação de Resposta:
Para representar corretamente um problema real, um modelo matemático
deve atender aos seguintes requisitos:
• As variáveis de decisão devem corresponder exatamente aos parâmetros
que se quer determinar.
• Deve ser definido um objetivo para o modelo (por exemplo: maximizar lucro
119
GABARITO

e produção, minimizar gastos e rota).


• O modelo deve ser passível de resolução, uma vez que é possível elaborar
modelagens sem solução.
• As relações, ou seja, as expressões matemáticas devem ser consistentes com
o mundo real.

3. Orientação de Resposta:
1. Modelo é uma representação simplificada do comportamento da realidade
expressa na forma de equações matemáticas que serve para simular a reali-
dade.
2. Variáveis de decisão são as variáveis utilizadas no modelo que podem ser
controladas pelo tomador de decisão. A solução do problema é encontrada
testando-se diversos valores das variáveis de decisão.
3. Parâmetros são as variáveis utilizadas no modelo que não podem ser contro-
ladas pelo tomador de decisão. A solução do problema é encontrada admi-
tindo como fixos os valores dos parâmetros.
4. Função-Objetivo é uma função matemática que representa o principal obje-
tivo do tomador de decisão. Ela é de dois tipos: ou de minimização (de cus-
tos, erros, chances de perda, desvio do objetivo etc.) ou de maximização (de
lucro, receita, utilidade, bem-estar, riqueza etc.).
5. Restrições são regras que dizem o que podemos (ou não) fazer e/ou quais são
as limitações dos recursos ou das atividades que estão associadas ao modelo.

4. Orientação de Resposta:
Exemplos:

5x1 + 8x2< = 2

5a + 5b > = 6

5x1 + 8x2 > = 7


GABARITO

Unidade 4

1. D
2. E
3. C

Unidade 5

1. C
2. A
3. B

Você também pode gostar