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RESUMO:
Este trabalho apresenta os resultados de trabalho desenvolvido no Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. A empresa está localizada na região amazônica,
no Norte do Brasil. Apresentamos os resultados de diagnóstico de nível de maturidade da
Gestão do Conhecimento e identificação de obstáculos para o desenvolvimento da gestão do
conhecimento internamente. Para tal foi construída uma matriz de maturidade específica para
a organização. A pesquisa apontou baixo nível de maturidade de gestão do conhecimento no
uso da intranet e no atendimento individual ao público-alvo. No entanto apresentou alto nível
de maturidade no que tange à gestão de recursos humanos. Foram apresentadas propostas de
ações que visam à melhoria da gestão do conhecimento, como por exemplo, um sistema de
governança.
Palavras-Chave: gestão do conhecimento; knowledge management maturity model;
diagnóstico de maturidade; SEBRAE; Amazônia; TerraForum.
1. INTRODUÇÃO
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proporcionam aos indivíduos, organizações e à sociedade o entendimento ou significação de
si próprios e do ambiente externo (Alcorta et al, 2009, p. 1).
É por meio do conhecimento que as empresas desenvolvem novos produtos,
estabelecem novas formas de relacionamento com os clientes, mudam seus processos, criam
campanhas de marketing diferenciadas e estabelecem contratos vantajosos com fornecedores
e parceiros de negócios. Desta forma, empresas que se preocupam com o gerenciamento do
conhecimento têm maior probabilidade de conseguir bons resultados e serem inovadoras.
A GC visa organizar as principais políticas, processos e ferramentas gerenciais e
tecnológicas à luz de uma melhor compreensão dos processos de geração, identificação,
validação, disseminação, compartilhamento e uso dos conhecimentos estratégicos para gerar
resultados (econômicos) para a empresa e benefícios para os colaboradores (Terra, 2001;
Badea et al, 2010). Seus objetivos são: 1) identificar os conhecimentos de valor para a
empresa; 2) proteger os conhecimentos identificados como um patrimônio da empresa; 3)
colocar os conhecimentos à disposição dos atores, integrá-los aos processos de trabalho; e 4)
desenvolver e criar novos conhecimentos para suportar os processo de inovação e adaptação
ao ambiente (Dudézert e Longueville, 2003).
Neste artigo mostraremos os resultados de pesquisa sobre GC realizada no Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. O trabalho foi realizado na
filial de Belém do Pará (PA), região amazônica, no norte do Brasil. A pesquisa é um dos
resultados apresentados em trabalho de consultoria realizado pelos autores como consultores
da TerraForum Consultores1, entre março e julho de 2010. O objetivo foi fornecer subsídios à
direção da empresa para adoção de soluções para melhora do desempenho da organização, a
partir do desenvolvimento da GC. Para tal, foram feitas pesquisas que tiveram por objetivo
responder: 1) qual o nível de maturidade da organização no que tange à gestão do
conhecimento; e 2) quais os principais obstáculos para desenvolvimento da gestão do
conhecimento. A partir dos resultados destas duas pesquisas, apresentaremos sinteticamente o
conjunto de soluções apresentadas para desenvolvimento da Gestão do Conhecimento no
SEBRAE/PA.
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A TerraForum Consultores é uma empresa de consultoria e treinamento em Gestão do Conhecimento (GC),
Inovação e Tecnologia da Informação. Os clientes da empresa são, em sua maioria, grandes e médias
organizações dos setores público, privado e terceiro setor. A empresa atua em todo o Brasil e também no
exterior, tendo escritórios em São Paulo, Brasília e Ottawa no Canadá. É dirigida pelo Dr. José Cláudio Terra,
pioneiro e maior referência em Gestão do Conhecimento no Brasil. Além disso, conta com uma equipe
especializada e internacional de consultores. Site: www.terraforum.com.br
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2. METODOLOGIA
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3. O SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS – SEBRAE
Em uma organização que tem por “produto” o conhecimento, como o SEBRAE, gerir o
conhecimento é questão crucial para cumprir seus objetivos enquanto organização. Nonaka e
Takeuchi (1997, p. 59) afirmam que a maior diferenciação entre empresas criadoras de
conhecimento, e outras, é que as primeiras possuem um sistema de gerenciamento sistemático
do conhecimento. Daí a importância de “... entender como as organizações criam novos
produtos, novos métodos e novas formas organizacionais”. Porém, como melhorar a GC
dentro de uma empresa? Um primeiro passo é estabelecer um diagnóstico da atual situação.
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Um diagnóstico é realizado, sobretudo, por meio de sistemas de medição, exatos ou
subjetivos, no qual se utilizam comparações. Isso ocorre porque as práticas de gerenciamento
devem justificar os esforços realizados, o que também é verdade para a GC (Kulkarni e
Freeze, 2005; Hughes e Holbrook, 1998). Torna-se necessário, portanto, o uso de métricas
para avaliar a desempenho dos sistemas de GC, como afirma Borges et al (2010, p. 3):
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Ao avaliarmos modelos já conhecidos, optamos por construir uma matriz específica
para o SEBRAE/PA. Essa avaliação nos fez concordar com Allee (1997) que afirma que
“nenhuma forma de medida é neutra”. O autor diz ainda que o uso de uma métricas depende
do que a organização prioriza, colocando foco em uma área em detrimento de outra. As
medidas utilizadas devem levar em consideração se o indicador é realmente o que se quer
observar. Isto foi um forte motivo para a decisão de construir um modelo específico para o
SEBRAE/PA. Desenvolvemos uma matriz que leva em conta as particularidades da
organização, com o objetivo de embutir a GC dentro das atividades-fim.
Estabelecemos uma hierarquia baseada em 5 níveis de maturidade e 9 dimensões. Cada
nível é caracterizado pela eficácia da organização naquela dimensão, sendo que o nível 5
representa a situação ideal. Como vemos no Quadro 1, as dimensões foram dividas em 3
grandes blocos: “ferramentas de suporte”, “processos de negócio” e “habilitantes de Gestão
do Conhecimento”.
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governança e indicadores para GC, apoio da liderança e cultura voltada para a GC, e
finalmente políticas de gestão de pessoas que suportem a colaboração, aprendizado e
inovação.
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Nesta dimensão foram avaliadas quais a funcionalidades existentes na intranet do
SEBRAE/PA, tais como o acesso às informações, serviços, ferramentas e outros sites por
meio da sua interface. Foi perguntado se a intranet é uma ferramenta estratégica para o
SEBRAE/PA, com objetivos e metas claras, se tem governança estruturada e se serve de
referência para outras unidades do sistema. O Nível 1 (37,23%) indicou a necessidade de
melhor utilizar esse recurso. Isso significa que a intranet possui somente informações
institucionais, sendo utilizada como interface para acessar os sistemas. Não existe processo
claro para inclusão de conteúdos e funcionalidades.
Obstáculos:
• Dificuldade de utilização da intranet por questões de usabilidade e deficiência das
ferramentas existentes.
• Falta / inexistência de ferramentas para suportar a GC, como sistemas de
colaboração.
• Falta / inexistência de uma governança clara das responsabilidades/atribuições dos
usuários e gestores de conteúdo.
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colaboradores do SEBRAE/PA. As trocas de informação entre atendentes, gestores de
projetos e especialistas possuem deficiências.
Obstáculos:
• Baixa visibilidade dos conhecimentos das áreas-meio, carteiras de projetos e
especialistas internos.
• Monitoramento microeconômico (mercado/setoriais) esporádico.
• Limitada troca de informações e baixa divulgação de resultados e lições aprendidas.
• Relacionamento com parceiros, centros de pesquisa, universidades e especialistas
pouco estruturado, sendo pouco utilizado para gerar conhecimento institucionalizado.
• Baixa disciplina para atualização dos sistemas de informação internos.
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• Baixa retroalimentação para identificar oportunidades para inovação e melhorias
baseadas nas necessidades do empreendedor.
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Governança no caso de Gestão do Conhecimento se estabelece e é necessária em vários níveis. Ao
contrário do que imaginam algumas pessoas, não basta haver um ambiente e cultura
organizacional propícios para o aprendizado, inovação e compartilhamento de conhecimentos.
Embora Gestão do Conhecimento não necessite necessariamente de uma estrutura formal dedicada
exclusivamente para isto, precisa, sem dúvida alguma, de modelos de governança que a
encaminhem (e façam acontecer), tanto no âmbito estratégico, como no vários projetos e
iniciativas que a operacionalizam.
Um padrão de pressupostos básicos compartilhados que o grupo aprendeu para resolver seus
problemas de adaptação externa e integração interna, que têm funcionado bem o suficiente para ser
considerado válido e, portanto, ser ensinado a novos membros como a forma correta de perceber,
pensar, e sentir em relação a esses problemas.
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de liderança no SEBRAE/PA, a forma de atuação dos líderes e seu engajamento na GC.
Investigamos como acontece a liderança e como é o comportamento dos líderes, quais devem
ser suas habilidades para motivar e influenciar os liderados. Objetivamos saber se o
desenvolvimento de competências, colaboração e inovação fazem parte dos valores
(difundidos e aplicados no dia-a-dia) e estratégias do SEBRAE/PA, e se abrangem todo o seu
corpo funcional e gerencial.
Obstáculos:
• Cultura organizacional pouco voltada para a GC como um processo gerenciado e
embutido nas práticas cotidianas.
• Apoio pontual das lideranças com foco em GC.
7. PROPOSTAS DE AÇÕES
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7.2 CRIAÇÃO DE PÁGINAS AMARELAS
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A proposta de Fórum e Instrumentos para o PPA é definir mecanismos (relatórios
periódicos, reuniões periódicas), e oportunidades de interação por meio de ferramentas
digitais (fóruns na intranet, formação de redes colaborativas online) para que o processo do
PPA seja conduzido com fundamentação e discussões.
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Projetos finalísticos são os projetos voltados para as atividades-fim da empresa, para o público-alvo. Os
“produtos” da empresa são serviços na forma de projetos.
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comunidades espontâneas porque estas não criam necessariamente mecanismos de
compartilhamento e de responsabilidades (Barlatier et al, 2011). Em empresas, o conceito tem
se provado muito valioso na preservação de conhecimentos tácitos. O objetivo é promover a
melhoria e repasse de conhecimentos sobre os setores de atuação do SEBRAE/PA. Neste
caso, mais especificamente, os Fóruns Setoriais podem ajudar na discussão sobre tendências,
problemas, ameaças e oportunidades nos diversos setores nos quais a organização atua.
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definidos especialistas ou colaboradores que podem responder às dúvidas. As respostas irão
compor uma base de perguntas frequentes (FAQ) para ser consultada posteriormente.
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7.13 EXECUÇÃO DAS INICIATIVAS DE GESTÃO DA MUDANÇA
A GC envolve a mudança da forma das pessoas atuarem no seu dia-a-dia. Para que isso
aconteça, existem ferramentas e métodos adequados para auxiliar com que os colaboradores
estejam alinhados com uma forma de trabalhar.
A gestão da mudança envolve o planejamento e execução de atividades que conduzam a
organização para atuar em um novo patamar. Para que a GC consiga a adesão dos
colaboradores, é recomendável que paralelamente a outras iniciativas sejam realizadas
atividades de gestão da mudança.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Alcorta, L.; Tomlinson, M.; Liang, A. T. (2009) “Knowledge Generation and Innovation in
Manufacturing Firms in China”, Industry & Innovation, vol. 16, n. 4, p. 435-461. doi:
10.1080/13662710903064109
Badea, Leonardo ; Ciprian, George Giju ; Peña, Domingo Nevado ; Ruiz, Víctor Raúl López
(2010), “Knowledge Management – the key resource in the knowledge economy”, Theorical
and Applied Economics, XVII(6 (547)), p. 27-36.
Baer, Eduardo ; Fioravante, Felipe ; Fraga, Rafael ; Freitas, Simone; Cassimiro, Wagner
(2010) “Governança para Gestão do Conhecimento”. Disponible à
http://www.terraforum.com.br. Accès le 17 mars 2010.
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Borges, M de L. ; Gonçalo, Cláudio Reis ; Junges, F. M. (2010). “Avaliação da Gestão do
Conhecimento: modelos de mensuração”. XXX Encontro Nacional de Engenharia de
Produção, annales, p.15. São Paulo, SP.
Cross, Rob ; Laseter, Tim ; Parker, Andrew ; Velasquez, Guillermo (2006), “Using Social
Network Analysis to Improve Communities of Practice”. California Management Review,
vol. 49, n. 1, p.32-61.
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Nor, M. K. (2006). “Knowledge management: does the organizational culture matter?” Jurnal
Kemanusiaan, p. 1–12. Disponible à
http://scholar.google.com/scholar?hl=en&btnG=Search&q=intitle:Knowledge+management:+
Does+the+organizational+culture+matter?#0. Accès le 28 janvier 2010.
Rand, A. du. (2000). “How the corporate intranet can be utilized to support the knowledge
management activities of an enterprise”. South African Journal of Information Management,
vol. 2, n. 1, p. 1–16.
Schein, Edgar H. (1992), Organizational Culture and leadership. 2nd ed. San Francisco:
Jossey-Bass Publishers.
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