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FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO –

FECAP

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DIEGO MACHADO DE NOVAIS


TAIGUARA PIRES DO NASCIMENTO
TATYANY NASCIMENTO PEREIRA

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE O NÍVEL DE ADERÊNCIA


DOS CÓDIGOS DE ÉTICA E CONDUTA DAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL LISTADAS AOS PRINCIPAIS
GUIDELINES DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

São Paulo

2018
Às nossas famílias e amigos por nos entenderem e
apoiarem em nossos momentos de ausência enquanto
estávamos buscando nossos sonhos.

À FECAP agradecemos as oportunidades que nos


foram propostas para o nosso desenvolvimento como
pessoas e como profissionais.

Ao Professor Renato Fernandes Vinhato, pela


dedicação e suporte oferecidos para a realização deste
projeto e pelas sugestões para obtenção dos melhores
resultados.

À Professora Natasha Borali, pelo apoio e incentivo,


sem os quais este trabalho não teria se iniciado.
RESUMO

A sociedade – as pessoas, as empresas e as instituições – tem cada vez mais buscado


desenvolver uma cultura ética em suas relações internas e externas, materializando tais esforços
em documentos chamados Códigos de Ética e Conduta. Nesse sentido, as exigências éticas
destes agentes têm ganhado cada vez mais abrangência seja pelo desenvolvimento das práticas
de governança corporativa, seja por incentivos legais ou até mesmo por influência das práticas
internacionais ou por exigência dos clientes a que atendem. Nesse contexto, apresenta-se este
estudo, que tem por objetivo principal evidenciar o nível de aderência destes instrumentos às
recomendações das principais fontes que tratam destes assuntos, tomando como amostra as
empresas de construção de capital aberto listadas na bolsa de valores, em documentos coletados
em janeiro de 2018. Para sua consecução, foram aplicados procedimentos qualitativos e
quantitativos, por meio de pesquisa documentais, esquematizações e aplicação de checklists
sobre o referencial adotado e sobre a amostra selecionada. Com base neste levantamento de
dados, os resultados foram classificados entre não aderentes, pouco aderentes ou aderentes,
sendo a primeira para os casos entre 0% e 33,33%, a segunda entre 33,34% e 66,66% e a terceira
para os casos iguais ou superiores a 66,67% de relação entre as assertivas e os Códigos de Ética
e Conduta. Como conclusão, evidenciou-se que estes manuais foram classificados como
aderentes de acordo com os critérios utilizados por atingirem o percentual de 72,22% de
aplicabilidade.
Palavras-chave: Empresas de Capital Aberto. Código de Ética e Conduta. Compliance.
Comportamento. Governança Corporativa.
1 INTRODUÇÃO

Recentemente, os noticiários brasileiros foram imersos em notícias sobre políticos,


empresários e grandes instituições envolvidas em escândalos de corrupção, notadamente
aquelas relacionadas à investigação popularmente conhecida como Operação Lava Jato e que
levou ao centro dos holofotes da imprensa empresas sólidas e estruturadas, muitas das quais
possuindo estruturas sofisticadas de governança, gestão de riscos e compliance. É o caso da
Odebrecht, conhecida como uma das mais bem sucedidas empresas brasileiras, com operações
em diversos segmentos e abrangência internacional, que em sua delação premiada citou
centenas de políticos de diversos partidos (ODEBRECHT, 2018; GODOY; BRAMATI, 2017;
BRASIL , 2017).

Paralelamente, houve um perceptível crescimento das discussões sobre ética e conduta


das pessoas e empresas em suas interações sociais e econômicas. Para se ter uma percepção
clara do eco destas discussões no país, uma forma bastante efetiva é analisar a geração de
conteúdo na internet relacionado ao assunto: a partir de uma pesquisa realizada em 13 de janeiro
de 2018, utilizando-se as ferramentas de filtro do próprio buscador, foram pesquisados no site
Google as referências literais à palavra “ética”, coletando-se apenas os findings em português e
gerados em fontes brasileiras. Como resultado, observa-se um aumento de 400% entre 2013 e
2018 (dados até a data da consulta) no número de referências encontradas, conforme o gráfico
abaixo.

Gráfico 1 - Resultados de Pesquisa da Palavra "Ética"

Fonte: Elaborado pelos autores, com base em informações obtidas no buscador Google em 13 de janeiro de 2018. Em milhares.

4
O cenário identificado sugere que o tema ganhou certa relevância na sociedade, em
uma tendência de ascensão que pode ser fruto de diversos fatores, quais sejam sociais, políticos
e jurídicos, decorrentes dos trending topics empresariais e como ecos das legislações de
diversos outros países, das recomendações de órgãos internacionais e também da evolução das
boas práticas de governança corporativa, que trazem à tona temas como a ética em todas as
esferas de ação da empresa. No caso concreto do Brasil, em grande parte, isto se deu como
reflexo da aprovação da Lei Federal nº 12.893/13, popularmente conhecida com Lei Brasileira
de Anticorrupção, que se configurou como uma grande avanço da legislação local, sobretudo
por ter proposto inovações punitivas bastante agressivas às empresas envolvidas em casos de
corrupção, as quais podem ser atenuadas em apenas duas situações: a colaboração no processo
de investigação e a manutenção efetiva de um programa de integridade, considerando esta
última como um dos pilares a existência de um Código de Ética e Conduta (BRASIL, 2013;
PWC, 2013; CGU, 2015).

Desde a deflagração da Operação Lava Jato, o mais importante processo de


investigação nos âmbitos empresarial e público, diversas empresas se perceberam expostas
direta ou indiretamente à corrupção e aos seus efeitos colaterais, seja pelos riscos de imagem,
de mercado, de crédito (inclusive quanto à elegibilidade à participação em processos
licitatórios) ou mesmo de vulnerabilidade ao caso material. Não por menos: segundo dados da
Polícia Federal, apenas a Operação Lava Jato, em números consolidados até agosto de 2017,
foram investigados R$ 12,500 trilhões de reais em operações financeiras (o que equivale 189%
do PIB nacional em 2017, que foi de R$ 6,6 trilhões de reais), dos quais R$ 2,4 bilhões de reais
foram efetivamente bloqueados ou recuperados por estarem ligados a casos de corrupção já
julgados (POLÍCIA FEDERAL, 2017; VILLAS BÔAS, 2018).

Nesse contexto, seja por influência da lei ou por tendência de mercado, foram muitas
as empresas que passaram a dar maior atenção às questões de governança corporativa. Nesse
sentido, emerge o fato de que uma empresa – entendida como um sistema – é composta de
pessoas, de suas interações e, consequentemente, dos problemas inerentes a cada um desses
fatores e dos seus interesses diversos, que precisam ser equalizados e harmonizados,
convergindo-se simultaneamente a questões morais, sócio-culturais, legais, do ambiente
corporativo e das especificidades de casa segmento, se organizando em torno de um padrão
comportamental que esta assume como essencial para a condução de suas atividades, se
materializando em um documento, que usualmente é chamado de Código de Ética e Conduta
(ARRUDA, 2002 apud SARMENTO, 2008; OLIVEIRA, SPURI, 2016; ALMEIDA, 2007).
5
As empresas devem ser percebidas como agentes que assumem compromissos éticos
com a sociedade. Desta forma, como parte do momento histórico da sociedade inclusive como
novo requisito essencial para o mercado, ganham importância as declarações de visão, missão,
propósito, valores e os Códigos de Ética e Conduta, que atuam como diretrizes da cultura e das
políticas da empresa, sobretudo em forma e qualidade no relacionamento com seus diversos
stakeholders e na orientação à tomada de decisões pela administração (QUEIROZ; DIAS;
PRADO, 2008).

Segundo Queiroz, Dias e Prado (2008), embora o Código de Ética e Conduta exprima
os princípios que norteiam suas atividades e suas expectativas comportamentais de seus
funcionários e no trato com seus stakeholders, sua adoção não significa apenas compilar uma
série de tópicos como se fossem mandamentos e distribuí-los aos implicados: é necessário que
haja coerência com os valores praticados pelos dirigentes para que seja assimilado pelos demais
níveis hierárquicos. Além disso, para que seja bem-sucedido, sua concepção deve envolver
todos os interlocutores com os quais a empresa se relaciona, em uma cumplicidade que levará
a todos a contribuir e dar vida às intenções ali descritas (ETHOS, 2000).

Considerando o contexto apresentado, qual o nível de aderência dos Códigos de


Ética e Conduta das empresas do segmento de construção civil listadas na Bolsa de
Valores em relação aos principais referenciais de governança corporativa aplicáveis?

Desta forma, consiste no principal objetivo do presente estudo comparar os principais


aspectos propostos pelo arcabouço normativo e nas recomendações encontradas nas principais
fontes de informação sobre boas práticas de compliance em relação aos Códigos de Ética e
Conduta selecionados na amostra.

Este estudo relevância ao saber científico porque as principais informações, pesquisas


e estatísticas publicadas no Brasil a respeito de Compliance (tema geral) e da implamentação
dos Códigos de Ética e Conduta (objeto do estudo) tem origem em um contexto comercial,
podendo sofrer enviesamento, além de relativa carência de produção científica relacionada
diretamente ao assunto proposto. Assim, há necessidade de compreensão do estágio de
convergência do Brasil às práticas dos demais países que são referência no assunto e observar
como as empresas têm respondido às demandas éticas da sociedade e do mercado.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

6
Neste tópico será apresentado o referêncial teórico contendo os conceitos pertinentes
ao problema de pesquisa, a patir da literatura disponível sobre o tema deste trabalho, com a
finalidade de construir a estrutura teórica e estabelecer a base conceitual, necessários ao
desenvolvimento do estudo prático e ao entendimento dos propósitos desde projeto.

2.1 A ÉTICA COMO CONCEITO E SUA INSTRUMENTALIZAÇÃO

A Ética é um valor importante para sociedade que, no entanto, sabidamente possui


falhas que permeiam o comportamento das pessoas e, por consequencia, as organizações das
quais estas participam, a sociedade em que estão inseridas e o Estado que as abriga.
(ZYLBERSZTAJN, 2002).

Dessa constatação, em adição ao fato de que existem diferentes estruturas e relações


sociais e diferentes visões de mundo que impactam a realidade social, tem-se a necessidade de
estabelecer uma construção conceitual das formas de agir e pensar, segundo a visão coletiva e
a visão individual humana, sejam estas racionais ou emotivas (OLIVEIRA, SPURI, 2016). Na
visão do Instituto Ethos (2000), essa construção encontra-se materializada a partir do
estabelecimento de um Código de Ética e Conduta, instrumento no qual a empresa pode
formalizar sua visão, missão, postura esperada de suas partes interessadas, de forma a
comunicar de forma consistente estes objetivos.

De acordo com o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, uma das


principais referências no Brasil neste assunto, aponta em seu Código das Melhores Práticas,
publicado em 2015, o Código de Ética e Conduta como uma ferramenta relevante de
Governança Corporativa, capaz de aumentar o nível de confiança interno e externo e o valor da
reputação e imagem, dada sua importância. Portanto, este documento configura-se como um
instrumento eficiente de gestão empresarial. Isto porque define que “os princípios básicos de
governança corporativa permeiam [...] todas as práticas do Código [das Melhores Práticas de
Governça Corporativa], e sua adequada adoção resulta em um clima de confiança tanto
internamente como nas relações com terceiros.” (IBGC, 2018). Entre estes princípios, podem
ser destacados dois:

Transparência. Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as


informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições
de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro,
contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação
gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização.

7
Prestação de Contas (accountability). Os agentes de governança devem prestar
contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo
integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e
responsabilidade no âmbito dos seus papeis. (IBGC, 2015, grifo nosso)

Em outro cenário, o Brasil tem vivenciado nos últimos anos, especialmente após junho
de 2013, ano em que ocorreram as maiores manifestações políticas espontâneas e populares de
rua da história do país, um crescimento na expectativa da sociedade a respeito de
comportamentos éticos, especialmente com relação às empresas e as instituições públicas por
uma série de fatores, quais sejam: a Operação Lava Jato (comentada anteriormente), o
impeachment da presidente Dilma Roussef, aumento da percepção de corrupção, alcance
capilar das redes sociais, entre outros. Nesse sentido, uma série leis, normativos e regulamentos
foram emitidos pelas instituições diversas em resposta a este movimento, entre os quais pode-
se destacar a Lei Brasileira Anticorrupção (Lei Federal nº 12.846) (O GLOBO, 2013;
CHAGAS, 2013; ABRANTES, 2016; CALEGARI, 2017; CGU, 2018)

Desde 1990, após a ratificação brasileira por decreto presidencial dos termos da
Convenção da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), evento
multilateral que estabeleceu as bases do combate à corrupção pública no mundo, o Brasil passou
a ser considerado como o parceiro mais engajado nos objetivos da entidade, mesmo não sendo
membro (embora tenha solicitado sua adesão, até esta data sua admissão não fora aprovada).
Por essa razão, a OCDE exerceu durante anos pressão para que o país estabelecesse leis efetivas
especificamente para o combate à corrupção, assim como fizeram também outros países
signatários, o que só ocorreu em 2013, com a aprovação de lei específica (CGU, 2014;
MACHADO, 2014; FROUFE, 2018; OECD, 2018).

No entanto, em relação ao mundo corporativo privado, a interferência estatal ou legal


não consegue abranger todas as oportunidades potenciais de conflito. Assim, essas situações
precisam ser identificadas e tratadas por regras próprias (AZEVEDO et al, 2014). Nesse sentido,
um dos impactos imediatos destes instrumentos é a atualização dos Códigos de Ética e Conduta
com previsões especiais que ressoam seus assuntos.

Inicialmente como um assunto interno das empresas, essas demandas éticas ganharam
tempo e lugar em movimentos coletivos/privados tais como o Instituto Ethos, Selo Pro-Ética e
Novo Mercado que, entre outros pontos, buscavam estabelecer frameworks de governança e
ética na gestão e nos seus relacionamentos.
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Abaixo, apresenta-se abaixo a evolução cronológica dos materiais/fontes utilizados:

Quadro 1 - Cronologia das Fontes Analisadas

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2013

2014

2016

2018
Itens Principais fontes

I1 Manual Implantação de CEC (publicado pelo


          
Instituto Ethos) 
I2 Novo Mercado           
I3 Selo Pro-Ética (prêmio da CGU em parceria
     
com o Instituto Ethos
I4 LBA Lei 12.846/13    
Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir dos dados apresentados no Quadro 1, que serão melhor detalhados nas seções
a seguir, é possível evidenciar que as iniciativas que tiveram origem direta na sociedade
organizada ou não (I1 e I2) são pioneiras em relação às iniciativas que tem origem no estado
(I4) ou com sua participação (I3).

2.2 MANUAL IMPLANTAÇÃO DE CEC (INSTITUTO ETHOS)

Em 1998, um grupo de empresários e executivos da iniciativa privada se uniu para a


criação do Instituto Ethos, para servir como “polo de organização de conhecimento, troca de
experiências e desenvolvimento de ferramentas para auxiliar as empresas a analisar suas
práticas de gestão e aprofundar seu compromisso com a responsabilidade social e o
desenvolvimento sustentável” (ETHOS, 2018). Desde então, o Instituto tem se destacado pelo
trabalho desenvolvido em relação à conscientiziação da sociedade sobre a ética na condução
dos negócios e também quanto às relações das empresas com o estado.

Como parte destes esforços, em 2000 foi lançado um documento intitulado


“Implantação de Código de Ética em Empresas: Reflexões e Sugestões” que contém uma
compilação de recomendações e melhores práticas para o desenvolvimento destes instrumentos
que, embora não tenha nenhuma pretensão normativa, tem servido como um bom parâmetro
para esta atividade.

Desta forma, torna-se relevante utilizar este documento como parte do conjunto de
fontes que formam a matriz de boas práticas para a análise da amostra selecionada.

2.3 SELO PRO-ÉTICA

Idealizado inicialmente pelo Instituto Ethos e pela Controladoria Geral da União


(CGU), o selo Pro-Ética é um programa de fomento e reconhecimento de empresas para a
9
adoção voluntária de medidas de integridade e de prevenção da corrupção, sob responsabilidade
de um Comitê que conta ainda com a participação de entidades reconhecidas no meio
empresarial como Confederação Nacional de Indústrias (CNI), Federação Brasileira de Bancos
(Febraban), BM&F Bovespa, Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC),
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Instituto de Auditores
Independentes do Brasil (Ibracon), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) (CGU, 2018)

O Selo Pro-Ética ganha cada vez mais relevância no cenário empresarial, pois é tido
como um reconhecimento dos esforços na busca pela conduta ética por parte das empresas. Esse
crescimento pode ser observado pelas estatísticas do apresentadas no site da CGU: segundo a
entidade, houve um crescimento de 287% entre 2015 e 2017 (estatísticas disponíveis) no
número de inscrições para participação no processo seletivo, conforme gráfico abaixo.

Gráfico 2 - Estatísticas do Selo Pro-Ética

Fonte: Elaborado pelos autores, com base nas estatísticas disponíveis no site da CGU.

Assim, pelo que representa no mercado empresarial para o desenvolvimento ético,


torna-se relevante adotar suas premissas como parte do conjunto de fontes que formam a matriz
de boas práticas para a análise a ser aplicada sobre a amostra selecionada.

2.4 NOVO MERCADO

Diante da percepção de que, para o desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil,


seria necessário um passo à frente da legislação vigente à época quanto à governança
corporativa, na tentativa de equiparar o ambiente de negócios nacional aos patamares
internacionais, a Bovespa (posteriormente BM&F Bovespa e atualmente B3) criou um
programa de classificação em que as empresas são analisadas de acordo com suas práticas de

10
gestão e relacionamento com investidores para distinguir aquelas que são mais atraentes aos
investidores de acordo com estes critérios das demais. Assim, as empresas poderiam ser
elegíveis à classificação em segmentos diferenciados/especiais, entre os quais o mais
importante é o Novo Mercado: antes optativo, atualmente é o requisito mínimo para novas
aberturas de capital (BM&F BOVESPA, 2018).

Abaixo, demonstra-se a curva de crescimento das solicitação de classificação das


empresas no segmento de Novo Mercado.

Gráfico 3 - Volume de empresas listadas no segmento Novo Mercado

Fonte: Elaborado pelos autores, com base nas estatísticas obtidas do site da B3.

Se acordo com Carrança (2017), o selo Novo Mercado converteu-se no mais elevado
reconhecimento que uma empresa pode receber em relação à sua governança corporativa,
informação que pode ser observada no Gráfico 3 (acima). Com isto, é imprescindível sua
utilização no presente estudo.

2.5 LEI BRASILEIRA ANTICORRUPÇÃO

A Lei nº 12.846/13, que trata principalmente da responsabilização administrativa e


civil de empresas em caso de atos contra a administração pública, também chamada de Lei
Anticorrupção, como dito anteriormente, na esteira dos recentes casos de corrupção no país,
trouxe à luz uma discussão urgente para o Brasil: o combate à corrupção. Até o ano da
aprovação da lei, o arcabouço jurídico nacional contava com proibições e penalidades apenas
para os agentes públicos que participassem ativa ou passivamente de atos lesivos ao erário; dali
em diante, as empresas estivessem envolvidas nestes casos. Além das penalidades financeiras,
há as implicações relações trabalhistas, tributárias, societárias, licitatórias, concorrencial, penal,
dentre outras, com desdobramentos na lei de licitações (Lei 8.666/93), na lei de improbidade
11
administrativa (Lei 8.429/92), abertura de ação civil pública (Lei 7.347/85), processo
anticoncorrencial no CADE (Lei 12.529/2011) e ação penal (Decreto-Lei Nº 2.848/40). Assim,
diante destes riscos, as empresas tem evoluído na consciência de que a decisão clara de manter
uma postura ética na relação com agentes públicos é condição sine qua non para a prevenção e
mitigação destes. (XAVIER, 2015; CGU, 2018; MARQUES, 2016)

Por essa razão, dada sua relevância em relação à questão da ética empresarial, foram
consideradas suas premissas como parte do conjunto de fontes que formam a Matriz Referencial
de Análise.

3 METODOLOGIA

Para a consecução dos objetivos deste projeto, foi adotada como metodologia a
pesquisa documental. Segundo Gil (2010), a pesquisa documental utiliza-se de materiais brutos,
sem tratamento analítico, ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa,
constituindo-se como uma fonte rica e estável de dados, que subsiste ao longo do tempo, muito
importante em pesquisas de natureza histórica.

Quanto a estes materiais, a pesquisa documental se utilizou dos Códigos de Ética e


Conduta publicados pelas empresas do ramo de construção civil em seus canais de divulgação
de informações a investidores.

Este estudo não teve como um de seus focos a análise histórica da implementação ou
evolução temporal dos Códigos de Ética e Conduta das empresas, embora isto seja de interesse
relevante para o conhecimento científico sobre o tema, constituindo-se em sugestão para novas
pesquisas sobre o assunto. Sendo assim, foram selecionadas as empresas que possuiam seus
Códigos de Ética e Conduta divulgados em seus diferentes canais durante o período de coleta
das informações, entre janeiro e março de 2018.

A partir da pesquisa documental, aplicaram-se procedimentos de análise quantitativa


e qualitativa simultânea e consequentemente, esta para a preparação da estrutura de coleta de
dados e aquela para analisar seus resultados, ambas respectivamente descritas a seguir.

Seguindo-se à leitura dos referenciais teóricos adotados, foi aplicada a esquematização


que, de acordo com Silva (2003), consiste em, na sua miríade de possibilidades, sistematizar
um texto a partir de palavras, evidenciando seu esqueleto, apresentando as inter-relações das
ideias e dando a estas títulos e subtítulos. Com este método, foi confeccionada a Matriz
Referencial de Análise, apresentada nas próximas seções.

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Após esta compilação, utilizada então à semelhança de um checklist, seguiu-se a
realização do levantamento de dados sobre a amostra selecionada. Segundo Sousa (2006 apud
Coutinho, 2014), a realização de checklists é um procedimento de análise por meio de notações
breves acerca de certos contextos, realizada a partir de uma lista de características (Matriz
Referencial, apresentada anteriormente) à qual somam-se as observações sobre a amostra. Após
este levantamento, foram realizadas análises quantitativas com o objetivo de obter inferências
a partir das estatísticas evidenciadas e, com base nestas constatações, fazer as conclusões para
a resposta aos objetivos do projeto.

3.1 EMPRESAS ANALISADAS

A seleção das empresas a serem analisadas se deu pela percepção de que esta área de
negócios foi uma das mais afetadas pelos eventos econômicos mais recentes, tais como a
redução dos investimentos por parte dos governos, redução do rating de classificação das
construtoras, dificuldades na captação de financiamentos para suas atividades, aumento do
desemprego, impactos negativos da Operação Lava Jato sobre todo o setor (FERREIRA, 2016).

Demonstramos abaixo as empresas contidas na amostra a ser analisada, obtida a partir


da categoria Construção Civil – Edificações, de acordo com a classificação disponível no site
da BM&FBovespa na data da coleta, a saber, 19 de janeiro de 2018.

Quadro 2 - Empresas Listadas na BM&FBovespa


Classe de Governança
Nome da Empresa
Corporativa
Construtora Adolpho Lindenberg S.A. Tradicional
Construtora Tenda S.A. Novo Mercado
CR2 Empreendimentos Imobiliários S.A. Novo Mercado
Cyrela Brazil Realty S.A. Empreendimentos e Participações Novo Mercado
Direcional Engenharia S.A. Novo Mercado
Even Construtora E Incorporadora S.A. Novo Mercado
Ez Tec Empreendimentos e Participações S.A. Novo Mercado
Gafisa S.A. Novo Mercado
Helbor Empreendimentos S.A. Novo Mercado
JHSF Participações S.A. Novo Mercado
João Fortes Engenharia S.A. Tradicional
MRV Engenharia E Participações S.A. Novo Mercado
PDG Realty S.A. Empreendimentos E Participações Novo Mercado
RNI Negócios Imobiliários S.A. Novo Mercado

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Classe de Governança
Nome da Empresa
Corporativa
Rossi Residencial S.A. Novo Mercado
Tecnisa S.A. Novo Mercado
Trisul S.A. Novo Mercado
Viver Incorporadora E Construtora S.A. Novo Mercado
Fonte: BM&FBovespa.

A amostra é composta por 18 empresas que operam com diversos modelos de negócio
dentro do segmento como, por exemplo, imóveis exclusivamente residenciais como a Tecnisa
S.A. e adicionamento empreendimentos empresariais e comerciais como o grupo Cyrela Brazil
Realty S.A. Além disso, existe representatividade por volume de operações, tendo em vista que
há na amostra empresas de todos os tamanhos: grandes empresas como a MRV Engenharia e
médias empresas como a João Fortes Engenharia S.A.

3.2 PROCESSO DE COLETA, TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Como ponto de partida a relação de empresas obtida com base nos critérios anteriores,
foram coletados os Código e Ética e Conduta das empresas da amostra a partir de seus portais
de comunicação (sites e Relação com Investidores, conhecidos como “RI”). Adicionalmente,
foram documentados os graus de facilidade para obtenção dos arquivos, as datas das
implementação e das vigências, se são informações disponíveis e, por fim, para os casos em
que o documento não foi identificado, contatar diretamente a empresa buscando obter evidência
apropriada.

Para responder aos objetivos desta pesquisa, definiu-se por conduzir uma pesquisa
qualitativa, compreendendo uma investigação documental-descritiva para o levantamento das
orientações dos intitutos, regras da BM&FBovespa e leis brasileiras acerca dos Códigos e Ética
e Conduta; levantamento e análise das informações contidas nos códigos de ética e conduta das
empresas da nossa amostragem buscando correlacionar as duas fontes.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados quantitativos e qualitativos deste estudo evidenciam dados a respeito da


análise dos Códigos de Ética e Conduta das empresas da construção civil listadas na Bolsa de
Valores, obtidos na época de realização da pesquisa.

4.1 MATRIZ REFERENCIAL DE ANÁLISE

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Para que o trabalho de análise fosse realizado, foi preciso compreender quais eram as
recomendações por assunto emitidas pelas fontes utilizadas. Assim, após a leitura e
entendimento destes materiais, foi compilada uma matriz para levantamento e análise dos
dados, contendo os principais assuntos neles identificados.

Quadro 3 - Matriz Referencial de Análise

LBA nº 12.846/13
Instituto Ethos

Novo Mercado
Selo ProÉtica
Referência

Detalhamento do Assunto Identificado

A - Alcance e abrangência do Código de Ética e Conduta


Demonstra claramente que todos os profissionais, independentemente da posição,
1    
estão sujeitos às regras
Afirma com clareza que a empresa requer de todos os seus profissionais o
2    
compromisso com a Ética
Estabelece claramente a aplicabilidade do Código de Ética e Conduta sobre todas as
3    
empresas do grupo econômico, inclusive subsidiárias fora do país

B – Incentivo à conduta ética


Estabelece a criação de canais de fácil acesso para realização da denúncia para a
4    
remediação
Estabelece mecanismos de proteção contra qualquer espécie de retaliação às pessoas
5    
que utilizarem o canal de denúncias
C - Relacionamento com agentes públicos
Aborda com clareza os requisitos éticos em relação ao relacionamento com agentes
6 públicos em questões regulatórias, obtenção de licenças e permissões, realização de    
vistorias e fiscalizações, etc.
Apresenta a proibição explícita à prática de atos de corrupção em nível nacional e
7    
internacional nas suas diversas formas
D – Relações com os trabalhadores e correlatos
Estabelece regras ou condições claras para questões de parentesco entre
8    
funcionários
Estabelece critérios de avaliação e promoções respaldado na Ética e na Conduta de
9    
cada indivíduo
Ressalta a prática da diversidade que representassem a efetivação do direito à
10 diferença, criando condições e ambientes em que as pessoas possam agir em    
conformidade com seus valores individuais
Proíbe expressamente condutas de discriminação seja pela cor, raça, credo religioso,
11    
sexo, idade, preferência sexual, etc.
Estabelece critérios para o não favorecimento pessoal em detrimento dos interesses
12    
da empresa em que atua?
Estabelece regras para o consumo de álcool e outras drogas e às práticas de jogos
13    
de azar durante a jornada de trabalho
Ressalta as condutas recomendadas e desincentivadas no relacionamento entre
14    
profissionais em suas relações hierárquicas

15
Incentiva o tratamento igualitário entre profissionais diretos, profissionais
15    
terceirizados e prestadores de serviços

LBA nº 12.846/13
Instituto Ethos

Novo Mercado
Selo ProÉtica
Referência

Detalhamento do Assunto Identificado

16 Estabelece critérios específicos para a utilização e proteção às informações    


confidenciais e privilegiadas
Estabelece regras e critérios para a utilização de dos recursos da empresa
17 disponíveis aos empregados para o bom desempenho de suas funções, sobretudo    
aqueles ligados à tecnologia
E - Relações com fornecedores e terceiros
Estabelece regras e orientações sobre o oferecimento de presentes, brindes,
18 refeições, entretenimento, viagem, hospedagem e quaisquer outros benefícios ou    
vantagens econômicas
Estabelece regras ou condições claras para questões de parentesco entre seus
19 funcionários e os demais agentes externos, tais como clientes, fornecedores, poder    
público, concorrentes
Ressalta a importância na conduta ética no processo de negociação com seus
20    
fornecedores
F – Relacionamento com clientes
Estabelece critérios para não ocorrência de abuso de poder econômico, condutas
21    
coercitivas e desleais
Estabelece como princípio fornecer bens e serviços produzidos conforme as
22 especificações técnicas e legislações pertinentes, mesmo que o consumidor não    
tenha condições de proceder à verificação
G - Relações com investidores
Estabelece claramente que a empresa deve ter o compromisso de respeitar os
23    
acionistas minoritários
H – Questões ambientais
Ressalva a importância da preservação do Meio Ambiente no qual a empresa está
24    
inserida
I - Relações com concorrentes
Promove a concorrência justa com seus concorrentes, desincentivando condutas
como difamação, sabotagens, espionagem industrial, contratação de funcionários de
25    
concorrentes para obtenção de informações privilegiadas, roubo de documentos e
outros atos ilícitos
J - Relações com a comunidade e com a sociedade em geral
Estabelece a importância à atenção às necessidades das comunidades locais onde a
26    
empresa está instalada
Estabelece que a empresa deve manter um canal aberto com a imprensa, tornando
27 disponíveis todas as informações necessárias ao esclarecimento e divulgação de    
suas condutas
Estabelece regras e critérios no relacionamento com sindicatos, seja durante as
28    
negociações com os colaboradores ou no relacionamento normal de suas atividades
Fonte: Elaborado pelos autores.

16
Como demonstrado, a matriz com as assuntos levantados – para fins deste estudo
nominada como Matriz Referencial de Análise – possui 28 assertivas distribuídas em 10
pilares/diretivas principais, que representam os principais assuntos que as melhores práticas
aplicáveis aos Códigos de Ética e Conduta recomendam para abordagem nestes instrumentos.

4.2 PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Após a tabulação dos principais assuntos contidos nas orientações dos intitutos
utilizados e de sua aplicação em relação aos Códigos de Éticas e Condutas das empresas da
amostra, foi estabelecido um critério para aplicação do julgamento qualitativo destes
normativos, com base nas assertivas levantadas, como demonstrado abaixo:

✓ Entre 0% e 33,33% - NÃO ADERENTE: significa que o Código de Ética e


Conduta da Empresa não possui aderência em nível satisfatório em relação à matriz de
assertivas;

✓ Entre 33,34% e 66,66% - POUCO ADERENTE: demonstra que o Código de


Ética e Conduta da Empresa é aderente ao conjunto das assertivas, mas não em nível
significativo;

✓ Entre 66,67% e 100% - ADERENTE: evidencia que a o Código de Ética e


Conduta da Empresa é aderente ao conjunto das assertivas, isto é, há convergência entre este
documento e as melhores práticas aplicáveis a este instrumento.

As três faixas de aderência descritas acima são ilustradas na Figura 1, abaixo:

Figura 1 - Classificações de Aderência

Fonte: Elaborado pelos autores.

4.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Durante a execução dos trabalhos de pesquisa, emergiram assuntos que figuraram


como limitações técnicas ao desenvolvimento do projeto, quais sejam:

4.3.1 AUSÊNCIA DE DIVULGAÇÃO EXTERNA DOS CÓDIGOS DE ÉTICA E CONDUTA

17
Nas pesquisas realizadas, foram observadas empresas que podem ou não manter um
Código de Ética e Conduta vigente, e que não os divulgam externamente. Nesta categoria,
incluem-se as empresas Construtora Adolpho Lindenberg S.A. e João Fortes Engenharia
S.A., em cujos sites e canais de RI não foi possível obter estes documentos. Como procedimento
alternativo, os autores tentaram contato direto com os responsáveis pela governança, mas até a
conclusão desta pesquisa, não foram obtidas respostas. Desta forma, o trabalho de análise ficou
limitado aos documentos que tivemos acesso, sobre os quais os resultados apresentados
discorrem.

4.3.2 DISTRIBUIÇÃO DAS PROPOSIÇÕES NORMATIVAS COM POLÍTICAS INFERIORES

Outra evidente limitação aos resultados deste trabalho decorre da possibilidade de que
as proposições normativas do conjunto de fontes referenciais sobre governança corporativa
estejam distribuidas tanto nos Códigos de Ética e Conduta das empresa quanto em outras
políticas gerais inferiores, eventualmente não disponibilizadas ao público externo por motivos
diversos.

Por essa razão, embora relevante para o pleno entendimento da convergência dos
programas de Compliance das empresas àqueles estabelecidos em países mais adiantados neste
processo, esta análise não faz parte dos objetivos deste trabalho, constituindo-se esta premente
restrição em uma mais uma sugestão de pesquisa.

4.4 RESULTADOS OBTIDOS

Após o levantamento das informações e da aplicação dos procedimentos analíticos


sobre as amostras, foram obtidos resultados que concorreram para o atingimento dos objetivos
propostos, apresentados nesta seção.

Durante a análise dos referenciais utilizados, foi possível classificar as assertivas


identificadas (ver Quadro 3, acima) em 10 pilares/diretivas que as representam de maneira
abrangente, adotadas neste trabalho como as unidades mínimas para as análises e que serão a
seguir melhor detalhadas.

Com relação à diretiva “Alcance e abrangência do Código de Ética e Conduta”, que


teve entre seus objetivos avaliar se o CEC abrange todas as empresas do grupo, todos os níveis
hierárquicos, entre outros, foi possível observar que 77,8% das empresas da amostra foram
classificadas como ADERENTES à Matriz Referencial de Análise, que representa o conjunto
referencial adotado no Quadro 1, enquanto 11,1% da amostra foi classificado como POUCO

18
ADERENTE. Nesta diretiva, bem como nas demais, 11,1% das empresas classificadas como
NÃO ADERENTES o foram pelo fato de não ter sido possível obter delas os CECs para
realização das análises.

A diretiva “Incentivo à conduta ética”, que visa avaliar se o CEC apresenta


mecanismos que visam garantir sua aplicação efetiva, teve como empresas classificadas como
ADERENTES, 27,8% da amostra; como POUCO ADERENTES, 38,9% e como NÃO
ADERENTES, 33,3%.

Quanto ao pilar “Relacionamento com agentes públicos”, que prima por avaliar se há
afirmação explícita da aplicação da conduta ética com agentes públicos, foram obtidos os
seguintes resultados: ADERENTE, 77,8%; POUCO ADERENTE, 5,6% e NÃO ADERENTE,
16,7%.

Da diretiva “Relações com os trabalhadores e correlatos”, pelo fato de ser o item com
maior quantidade de assertivas em si agrupadas, é possível evidenciar que o conjunto normativo
tem como principal preocupação o comportamento dos funcionários – em condutas esperadas
e desencorajadas pela empresa no contexto laboral –, em destaque sobre os demais atores das
empresas. Como resultado dessa análises, tem-se: ADERENTE, 55,6%; POUCO ADERENTE,
33,3% e NÃO ADERENTE, 11,1%.

Com relação ao pilar “Relações com fornecedores e terceiros”, que busca avaliar as
condutas esperadas e desencorajadas pela empresa na relação de seus funcionários com
fornecedores e terceiros, obteve-se os seguintes resultados: ADERENTE, 77,8%; POUCO
ADERENTE, 5,6% e NÃO ADERENTE, 16,7%.

Quanto ao pilar “Relacionamento com clientes”, que visa avaliar as condutas esperadas
e desencorajadas pela empresa na relação de seus funcionários com os seus clientes, tem-se:
ADERENTE, 16,7%; POUCO ADERENTE, 72,2% e NÃO ADERENTE, 11,1%.

A diretiva “Relações com investidores”, que busca avaliar a postura da empresa em


relação aos acionistas (sobretudo minoritários), apresenta os seguintes resultados:
ADERENTE, 83,3%; POUCO ADERENTE, 0,0% e NÃO ADERENTE, 16,7%.

Com relação à diretiva “Questões ambientais”, que avalia se a empresa expressa


preocupação com o Meio Ambiente nas suas atividades, obteve-se o como resultado:
ADERENTE, 77,8%; POUCO ADERENTE, 0,0% e NÃO ADERENTE, 22,2%.

19
O resultado obtido para o pilar “Relações com concorrentes”, que avalia se a empresa
preza pela postura respeitosa em relação aos seus concorrentes de mercado, foi: ADERENTE,
83,3%; POUCO ADERENTE, 0,0% e NÃO ADERENTE, 16,7%.

E, por fim, quanto ao resultado da diretiva “Relações com a comunidade e com a


sociedade em geral”, que visa avaliar a postura da empresa em relação à sociedade
(representada por seus agentes como imprensa, comunidade, sindicato e afins), tem-se:
ADERENTE, 72,2%; POUCO ADERENTE, 11,1% e NÃO ADERENTE, 16,7%.

Abaixo, apresenta-se um quadro resumo dos resultados alcançados com a pesquisa


quali-quantitativa aplicada sobre a amostra:

Quadro 4 - Resumo dos Resultados


% Empresas % Empresas
% Empresas
Pilares/Diretivas POUCO NÃO
ADERENTES
ADERENTES ADERENTES
Alcance e abrangência do Código de Ética e Conduta 77,8% 11,1% 11,1%
Incentivo à conduta ética 27,8% 38,9% 33,3%
Relacionamento com agentes públicos 77,8% 5,6% 16,7%
Relações com os trabalhadores e correlatos 55,6% 33,3% 11,1%
Relações com fornecedores e terceiros 77,8% 5,6% 16,7%
Relacionamento com clientes 16,7% 72,2% 11,1%
Relações com investidores 83,3% 0,0% 16,7%
Questões ambientais 77,8% 0,0% 22,2%
Relações com concorrentes 83,3% 0,0% 16,7%
Relações com a comunidade e com a sociedade em geral 72,2% 11,1% 16,7%
Fonte: Elaborado pelos autores.

4.5 SUGESTÃO DE NOVOS ESTUDOS

Considerados os objetivos e resultados deste estudo, incluindo as limitações


apresentadas e aquelas eventualmente não identificadas no caput, emergem como novos
assuntos de pesquisa ou como adição de conhecimento aos interesses deste projeto as seguintes
questões/idéias:

✓ Existe coerência entre discurso e prática em relação aos Códigos de Ética e


Conduta das empresas?

✓ Quais são as principais práticas de controle para asseguração da efetividade dos


Códigos de Ética e Conduta nas empresas?

✓ Divulgação dos Códigos de Ética: motivos que levam as empresas que a


ferramenta implementada a não divulgá-la ao mercado;
20
✓ Reperformance desta pesquisa e comparação histórica dos resultados;

✓ Aplicação dos procedimentos e metodologia desta pesquisa a outros grupos de


instituições, como aquelas classificadas como Pequenas e Médias Empresas (PMEs),
associações ou órgãos públicos;

✓ Compreender a visão das empresas em relação às condutas esperadas e


desencorajadas pelos stakeholders identificados e mensurar quais assuntos em que se verificam
maior ou menor preocupação, com base nos resultados identificados;

5 CONCLUSÃO

Os resultados da pesquisa demonstram que, à luz dos referenciais utilizados e dos


critérios adotados, as empresas da amostra tem seus Códigos de Ética e Conduta classificados
como ADERENTES em 72,22% dos casos. Desta forma, esta pesquisa logrou êxito ao
responder objetivamente ao problema original do projeto, qual seja: evidenciar o nível de
aderência destes instrumentos aos principais referenciais de governança corporativa aplicáveis.

Ressalte-se, no entanto, que, embora o resultado tenha sido classificado como


ADERENTE por ter atingido o percentual definido nos critérios adotados, conforme exposto
no item 4.2 (acima), o ponto percentual está mais próximo do limite inferior do estrato do que
do limite superior, o que evidencia que existe espaço para um avanço no sentido das melhores
práticas aplicáveis, ainda que fossem desconsideradas as empresas cujos documentos não
puderam ser analisados (ver Figura 2, abaixo).

Figura 2 - Aderência à Matriz Referencial

Fonte: Elaborado pelos autores.

21
Acredita-se que este trabalho, além de sua contribuição acadêmica e de seu tema ter
sido pouco explorado recentemente, contribuiu para a compreensão de que, embora as empresas
de construção civil estejam alinhadas à tendência do desenvolvimento ético da sociedade, existe
um espaço significativo não preenchido para sua evolução: dado que o desempenho geral foi
de cerca de 72,22%, existe uma margem de convergência de aproximadamente 27,78% em
relação às melhores práticas recomendadas pelo conjunto normativo (ver Figura 3, acima).

Consequentemente, o estudo também trouxe uma oportunidade significativa para a


evolução da governança corporativa das empresas brasileiras e para a realização de pesquisas
futuras que possam obter novas constatações, seja por aprofundar-se no tema, aplicação da
metodologia em novas amostras ou por explorar hipóteses relacionadas ao objetivo deste
projeto.

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