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APS VIII – 7º e 8º sem.

ADM
Elaboração de Artigo
Tema:
A GOVERNANÇA CORPORATIVA SOB A ÓTICA SUSTENTÁVEL

Prof. Orientador
Aparecido Gomes Leal

RESUMO

Atualmente as boas práticas de governança, são amplamente difundidas nos meios


corporativos, principalmente para as empresas de capital aberto, justamente pela
questão da captação de recursos de investidores onde surge a necessidade de se
apresentar como uma organização que tem boa gestão e apresenta com
transparência suas informações e resultados. E também da própria necessidade das
empresas de se tornarem sustentáveis. Inclusive sendo a bolsa de valores brasileira
dívida em níveis de governança corporativa, quanto mais alto o nível maior a
confiança no negócio, mais segurança no investimento. O objetivo geral desse artigo
é analisar sobre os valores que as boas práticas de Governança Corporativa trazem
as empresas sob s ótica sustentável. A metodologia utilizada nesse trabalho trata-se
de um estudo realizado através da pesquisa bibliográfica. Constatando Governança
Corporativa diz respeito à maneira pela qual as organizações são administradas,
monitoradas e incentivadas através da prestação de contas perante a sociedade no
qual se exige cada vez mais uma postura voltada para a sustentabilidade. Isto inclui
seu propósito, valores, cultura, diretrizes, políticas e relacionamentos entre suas
principais lideranças, com destaque para as relações entre diretores, conselheiros
acionistas tendo assim como públicos alvo, em organizações de capital aberto. Em
última instância, a boa governança visa criar um ambiente que induza todos os
executivos e colaboradores a procurar, voluntariamente, cumprir as regras, agir
eticamente e tomar decisões no melhor interesse de longo prazo da organização
com enfoque no desenvolvimento, implantação e sustentabilidade na busca da
transparência das informações gerenciais voltadas para a sociedade em geral.

Palavras Chave: Governança Corporativa. Sustentabilidade. Transparência.


Organizações

INTRODUÇÃO

As organizações atuais movimentam grande quantidade de capital e para isto


usam recursos financiados através de investidores e acionistas, em um mundo cada
vez mais competitivo, ou seja, existe mais opções para o investidor na hora de
investir. Sendo assim as empresas viram a importância de uma boa governança,
que fluidifique o crescimento através da boa gestão e sem dar espaço aos conflitos
de interesses internos que podem trazer escolhas ruins na guinada das
organizações e gerar bastante prejuízo, além disto é importante que as decisões
sejam transparentes aos que interessam, afim de evitar fraudes, todas essas ações
convergem em melhores resultados operacionais e melhoria de confiabilidade aos
olhos dos investidores, trazendo maior possibilidade de captação de recursos, e foi
diante desta necessidade que vimos as boas práticas de governança começarem a
serem ditadas lá na década de 30, justamente por essa necessidade de maior
confiabilidade nas organizações, já que um ano antes havia estourado a crise nos
Estados Unidos, e vindo à tona várias fraudes e escândalos contábeis e fiscais.
As boas práticas de governança surgiram então de uma necessidade de
solidificação e confiabilidade institucional, e muito importante ela traz consigo uma
ideia de melhoria continua, foi maturando ao passar dos tempos, assim como as
empresas que a adotam foram melhorando seus processos, assim uma coisa puxa
outra. Falar de boas práticas de governança corporativa é então, falar em qualidade
e melhoria da gestão, em melhoria de processos, seguimentos de normas e leis e
auditar se tudo acontece de forma correta.
A justificativa desse trabalho está ancorada na ideia de que o valor que pode
ser agregado às organizações com a adoção destas boas práticas de governança
coorporativa. Está em compreender a aplicação deste conjunto de práticas afim de
melhorar os resultados operacionais, adicionando transparência, fluidez e confiança
aos processos corporativos. Este estudo é relevante pois ajuda a entender as
vantagens competitivas e organizacionais que as boas práticas de governança
corporativa podem trazer. E sua necessidade de aplicação para ajudar a garantir a
perenidade das empresas e a sustentabilidade empresarial no longo prazo. Em um
ambiente cada vez mais competitivo, esta pesquisa se faz necessária de forma a ser
usada como ferramenta de transformação corporativa, para agregar grande valor a
gestão e trazer vantagens tanto internas como externas às organizações, já que
fundamenta uma melhor aplicação dos processos internos e traz mais transparência,
dessa forma gera mais confiança aos stakeholders externos o que vem a ser
positivo as organizações diante do exposto buscou responder o problema de
pesquisa quais as vantagens organizacionais, que as boas práticas de governança
corporativa trazem as organizações no âmbito da reponsabilidade socioambiental?
O objetivo geral desse trabalho é analisar sobre os valores que as boas
práticas de governança corporativa trazem as empresas sob s ótica sustentável. A
metodologia utilizada nesse trabalho trata-se de um estudo realizado através da
pesquisa bibliográfica de caráter exploratório e descritivo. da pesquisa, nos quais os
principais autores Rossoni(2019), Mazzali (2018), dentre outros.

REFERENCIAL TEÓRICO

UM OLHAR SOBRE A GOVERNANÇA CORPORATIVA

Para entender os fundamentos da governança corporativa é importante o


entendimento da sua origem que clareia a sua importância. Destacam-se
principalmente três grandes marcos históricos como precursores da regulamentação
da governança corporativa no mundo: o Britânico Relatório Cadbury, os princípios de
governança corporativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) e a lei Americana Sarbanes-Oxley.
No começo da década de 90, para revisar as práticas contábeis e finanças, a
bolsa de valores Inglesa instalou o comitê Cadbury. Motivado por vários escândalos
na gestão de companhias britânicas. Esta publicação influenciou vários códigos que
tratam do assunto e em vários países. Rossoni (2009, p. 87) afirma que “o relatório
Cadbury marcou o fim da experimentação acerca dos códigos de governança e
estabeleceu os fundamentos para uma efetiva regulação da governança
corporativa”. Como resultado do relatório destaca-se o papel de maior protagonismo
entre os investidores e o fortalecimento das relações com investidores por parte das
empresas, além de estimular indiretamente o estado a produção de legislação que
trouxesse mais segurança ao mercado.
O segundo importante marco para a governança corporativa foi o documento
Diretrizes para Empresas multinacionais de 1999. Este tinha um grau mais
institucional que o Cadbury, e trazia recomendações para as empresas cujos
estados eram membros da OCDE, visando “...assegurar que as atividades
corporativas estejam alinhadas com as políticas governamentais, fortalecendo a
confiança mútua entre as empresas e as sociedades” (MAZZALI, 2018, p.18) então
estreitava as relações das empresas com o governo e alinhava com benefício à
sociedade pregando o desenvolvimento sustentável das multinacionais. O país que
aderia a estas orientações, assumia um compromisso de implementar essas
recomendações por meio de princípios e padrões voluntários ou via legislação
específica.
O terceiro e aparentemente o mais importante marco, veio através
implementação da lei Sarbanes-Oxley ou SOx na sua abreviatura. Foi a maior
reforma do mercado de capitais norte americano que aconteceu desde a sua
regulamentação que ocorreu em 1930, ano de pós crise 1929 ano da famosa quebra
da bolsa, passando por vários escândalos contábeis e administrativos. “A SOX,
obriga as companhias a estruturarem – ou reestruturarem – seus procedimentos
internos para elevar o grau de controle e de segurança dos investidores e demais
partes interessadas” (MAZZALI, 2018, p.25). Trazia maior transparência no negócio
e nas demonstrações contábeis e suas divulgações. Determinou que as empresas
adotem meios de auditoria constituída por membros independentes à empresa,
visando reduzir os riscos de que sejam executadas fraudes nocivas ao negócio.
Fica exposto que as recomendações e regulamentações de boas práticas de
governança corporativa, surgiram através da necessidade melhorar as práticas
fiscais e contábeis das empresas, aumentar a transparência e divulgação desse tipo
de informações aos interessados, evitar fraudes, e gerar maior responsabilidade
administrativa gerando valor e perenidade. Em linha com a definição dada pelo
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015):

Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais


organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os
relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos
de fiscalização e controle e demais partes interessadas.
As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos
em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de
preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização,
facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão
da organização, sua longevidade e o bem comum.

Este princípio é importante e notado nos três principais marcos da


governança corporativa, com a importância dada aos investidores, prestando contas,
informando aos externos interessados o que está acontecendo e como está
acontecendo dentro das organizações. Fortalecendo a relação com investidores
através da confiança.
E para isso como citado pela lei SOX, deve pensar ou repensar a
estruturação dos processos internos, além da implementação da auditoria como o
mesmo intuito, validando os processos instalados.
Os quatro princípios se correlacionam e estão presentes nos três marcos da
governança citados anteriormente, todos defendem a gestão eficiente e com
transparência, visando benefícios as organizações onde são implantados e a todos
os relacionados à elas.
A definição é bem ampla, assim como o envolvimento de setores tanto
internos quanto externos as organizações, no âmbito geral está relacionado com as
boas práticas administrativas e demonstração de que se está sendo seguindo estas
boas práticas, isso através da transparência das informações às partes que possam
interessar e que de alguma forma estão ligadas a empresa, ou seja, todos os
stakeholders. Isso fica evidenciado na definição de governança corporativa descrita
por Sinatora, sendo o:

...sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas,


monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios,
conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e
demais partes interessadas. (2016, p 209)

Fica o entendimento que a governança corporativa começa dentro das


empresas com a responsabilidade administrativa e melhora de processos,
envolvendo assim o conselho de administração, diretoria, departamento contábil e
de controle, etc. E vai até sua externalidade através da prestação de contas e
transparência a todos os stakeholders. Nessa parte entram os órgãos regulatórios e
de fiscalização e sócios minoritários e investidores que não participam diretamente
do dia a dia da empresa por exemplo.
Todas as organizações possuem sua estrutura de poder e regras do jogo
explícitas ou tácitas, para seu funcionamento. Elas podem ser mais autocráticas,
centralizadas e dependentes de pessoas específicas, ou mais democráticas,
descentralizadas e institucionalizadas. Podem ter regras e processos decisórios
mais formalizados, ou serem mais informais. Algumas podem ser mais orientadas a
comportamentos éticos e ao cumprimento das regras, enquanto outras desenvolvem
uma cultura na qual os resultados financeiros se sobrepõem aos meios para obtê-los
mesmo que antiéticos ou ilícitos. Cada organização possui uma combinação
específica de características de governança que pode resultar ou não de um
processo de reflexão estruturada de seus líderes. Logo, diferentemente de um mero
modismo ou tema técnico (VALENTE, 2019).
Cada organização possui uma combinação específica de características de
governança que pode resultar ou não de um processo de reflexão estruturada de
seus líderes. Logo, diferentemente de um mero modismo ou tema técnico que as
lideranças podem ou não optar por implantar, todas as empresas necessariamente
possuem algum sistema de governança.

A IMPLEMENTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA

A implementação das boas práticas de Governança Corporativa nas


empresas de capital fechado faz parte de um processo de amadurecimento. Uma
vez que não estão sujeitas a grande parte das exigências legais comuns às de
capital aberto, irão buscar práticas de Governança Corporativa em antecipação ou
resposta aos seus movimentos estratégicos, seja na sucessão da propriedade ou
gestão, mudança da estrutura de capital, para atrair parceiros e investidores, ou em
busca de novos mercados, entre outros aspectos. Em qualquer situação, a
implementação das boas práticas de Governança Corporativa deve ser gradual e
considerar a realidade de cada organização (TOSSINI,2018).

No Brasil existe o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, uma


organização sem fins lucrativos que é atualmente a principal referência do
Brasil para o desenvolvimento das melhores práticas de Governança
Corporativa. O IBGC promove palestras, fóruns, conferências, treinamentos
e relacionamento entre profissionais, além de produzir publicações e
pesquisas. O IBGC define: “Governança Corporativa é o sistema pelo qual
as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e
incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de
administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes
interessadas”.(VALENTE,2019,p.79).

É função principal das práticas de governança corporativa assegurar que os


executivos persigam os objetivos determinados pelos proprietários ou pelos
responsáveis pelas decisões estratégicas monitorarem o comportamento dos
responsáveis pela execução, a exemplo do que ocorre quando o conselho de
administração monitora a gestão e exige transparência nas informações e na
prestação de contas (BACEN, 2008).
No momento em que ocorre a separação entre a propriedade e a gestão das
empresas se iniciam os problemas de governança decorrentes de questões
envolvendo alinhamento de interesses entre as partes, motivação, assimetria de
informação e propensão a risco. Diante disso, no ambiente de negócio cada vez
mais profissionalizado e com aperfeiçoamento constante dos instrumentos de
mercado e da transparência, cresce a premência de melhorar as práticas de gestão
dos negócios, diante disso as boas informações e clareza sobre a gestão das
empresas, constatando assim que as chances de aumento de bons resultados estão
atrelado a boas práticas de transparência quanto a tudo que faz (VALENTE,2019).
Valente (2019) afirma que a Governança Corporativa traz um conjunto de
processos, costumes, políticas, leis e instituições usados na administração da
companhia, com o constante compartilhamento das informações entre seus
executivos, na elaboração dessas informações, na análise e na implementação de
diretrizes e suas orientações, necessários para que a companhia possa alcançar
seus objetivos perante ao novo mercado. Por serem sistemas complexos, requerem
constante avaliação, prevenção e análise dos riscos, de forma a minimizar possíveis
perdas, manter as metas e as regras reguladoras, que auxiliam ao bom andamento
dos processos entre as partes envolvidas.
Nesse sentido, Bichuetti (2019) considera a governança corporativa como um
sistema de aperfeiçoamento da gestão ao agregar valores ao administrativo e aos
negócios empresa. A governança corporativa não é um modismo, é um sistema
aperfeiçoado de gestão, porque dele emana o comportamento da diretoria executiva
de passar mais informações ao mercado como maneira de agregar valor ao negócio
e também de estruturar a administração da empresa.
A Governança Corporativa possui formalmente quatro princípios que devem
ser seguidos quando da sua implementação. Estes princípios são diretrizes da
natureza da Governança Corporativa e devem ser seguidos por qualquer
organização independente do seu porte e tipo de negócio. O que será diferente para
cada organização é: como cada um destes princípios será implementado? Neste
caso, esta implementação e continuidade dos Princípios da Governança Corporativa
serão diferentes em cada organização.
O princípio da transparência consiste no desejo de disponibilizar para as
partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas
aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao
desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores
(Inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação
e à otimização do valor da organização(SINATORA,2016).
Já o da equidade caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos
os sócios e demais partes interessadas (Stakeholders), levando em consideração
seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.
A responsabilização na prestação de contas ocorre através dos agentes de
governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso,
compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus
atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus
papéis. Existe uma responsabilização dos gestores da governança e os gestores
operacionais da organização. Qualquer ato ou omissão de ato tem associado um
gestor que é responsável e responde por este fato. Nada pode ficar sem uma
responsabilização. Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade
econômico financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus
negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no
seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, Intelectual,
humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos. (IBGC,
2015, p.21).

A GOVERNANÇA ATRAVÉS DA SEGURANÇA DAS INFORMAÇÃO

A informação é um elemento chave para qualquer organização. Para atender


os objetivos corporativos a organização utiliza a informação: algumas de maneira
indireta outras de maneira direta. Mas todas as organizações dependem da
informação. Desta maneira é responsabilidade do Corpo Diretivo da organização
garantir que as iniciativas de controles de segurança da informação estão
contribuindo positivamente para o atendimento aos objetivos corporativos. O Corpo
Diretivo da organização é o responsável pelas decisões de uma organização e pelo
seu desempenho, portanto, deve definir as diretrizes do Programa Organizacional de
Segurança da Informação e deve governar as iniciativas de segurança da
informação (TOSSINI,2018),
Governar a segurança da informação significa garantir que a abordagem de
segurança da informação definida e adotada para a organização é eficiente, eficaz,
possível de ser implementada e alinhada com as estratégias e objetivos
corporativos. Segundo a Norma NBR ISO/IEC 27014 a Governança de Segurança
da Informação “fornece a ordem essencial para direcionar as iniciativas de
segurança da informação por toda a organização” (ABNT, 2013, p.V). Mas à frente
ela complementa “Governança de Segurança da Informação é o sistema pelo qual
as atividades de segurança da informação de uma organização são dirigidas e
controladas.(TOSSINI,2018),
A Governança de Segurança da Informação acontece pelas ações acima
descritas para o Corpo Diretivo e pela sua implementação pelo Gestor de Segurança
da Informação que desenvolverá ações para a materialização desta governança na
organização. A Norma NBR ISO/IEC 27014 define para a Governança de
Segurança da Informação (p.2) seus objetivos, resultados esperados e seu
relacionamento.
Os Princípios de Governança da Segurança da Informação são diretrizes
para a conduta e para a implementação da governança. A Norma NBR ISO/IEC
27014 define cinco princípios para a Governança da Segurança da Informação (p.3).
Estes princípios são válidos para qualquer tipo de organização. Para Valente (2019)
organização deve:
 A informação utilizada na organização deve ser protegida independente em
que ambiente ela se encontra: ambiente digital ou ambiente convencional.
Esta proteção deve envolver todas as áreas organizacionais e todos os tipos
de usuários que tem contato com a informação da organização ou sob
responsabilidade da organização. A responsabilidade por cada ação de
segurança da informação deve estar explicitamente definida e deve ser de
conhecimento de cada usuário. Toda a informação utilizada na organização
deve ser protegida independente em que ambiente ela se encontra: ambiente
digital ou ambiente convencional. Esta proteção deve envolver todas as áreas
organizacionais e todos os tipos de usuários que tem contato com a
informação da organização ou sob responsabilidade da organização. A
responsabilidade por cada ação de segurança da informação deve estar
explicitamente definida e deve ser de conhecimento de cada usuário. Todas
as ações de segurança da informação devem estar rigorosamente
coordenadas e devem participar de um Programa Organizacional.
 Adotar uma abordagem baseada em riscos. As decisões para as ações de
segurança da informação devem ser baseadas na gestão de riscos de
segurança da informação. A decisão da rigidez dos controles de segurança
da informação deve ser baseada no apetite de risco da organização,
considerando a perda de vantagem competitiva, conformidade com a
legislação e regulamentação, indisponibilidade da informação, danos à
reputação e aos impactos financeiros ou possíveis impactos financeiros.
 A Governança de Segurança da Informação deve estabelecer a estratégia de
investimentos para os recursos necessários para a implantação da segurança
da informação, com base em resultados de negócio alcançados, resultando
na harmonia entre os requisitos de negócio e a rigidez dos controles de
segurança da informação. O Corpo Diretivo deve garantir que a segurança
da informação seja integrada com os processos da organização em relação
aos gastos (investimentos e despesas), conformidade legal e de
regulamentos, para considerar na avaliação dos riscos.
 Assegurar a conformidade com os requisitos internos e externos. A
Governança de Segurança da Informação deve assegurar que as políticas,
demais regulamentos e práticas de segurança da informação atendem à
legislação e regulamentos obrigatórios, assim como aos requisitos de negócio
e outros requisitos internos ou externos. Para garantir esta conformidade e
ter certeza que os controles de segurança da informação estão sendo
cumpridos satisfatoriamente, o Corpo Diretivo da organização deve autorizar
a realização de auditorias independentes para a segurança da informação.
A Governança de Segurança da Informação deve garantir que a abordagem
utilizada para proteger a informação está adequada à sua finalidade de suporte à
organização, proporcionando níveis coerentes de segurança da informação. O
desempenho e a rigidez dos controles de segurança da informação devem estar em
um nível suficiente para atender aos requisitos de negócio atuais e futuros da
organização.

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E SUAS VERTENTES

A responsabilidade social é uma estrutura ética e sugere que uma entidade,


seja uma organização ou indivíduo, tem a obrigação de agir em benefício da
sociedade em geral. Responsabilidade social é um dever que cada indivíduo tem
que executar de forma a manter um equilíbrio entre a economia e os ecossistemas.
Um trade-off pode existir entre o desenvolvimento econômico, no sentido material, e
o bem-estar da sociedade e do meio ambiente, embora isso tenha sido desafiado
por muitos relatórios ao longo da última década. Responsabilidade social significa
sustentar o equilíbrio entre os dois (PEIXE, 2000).
Refere-se não apenas às organizações empresariais, mas também a todas as
pessoas cuja ação impacta o meio ambiente. Essa responsabilidade pode ser
passiva, evitando se engajar em atos socialmente prejudiciais, ou ativos, realizando
atividades que avancem diretamente os objetivos sociais. A responsabilidade social
deve ser intergeracional, uma vez que as ações de uma geração têm consequências
sobre as seguintes (TINOCO, 2008).As empresas podem usar a tomada de decisões
éticas para proteger seus negócios, tomando decisões que permitem que as
agências governamentais minimizem seu envolvimento com a corporação (PEIXE,
2000).
Alguns críticos argumentam que a responsabilidade social corporativa (RSC)
desvia o papel econômico fundamental das empresas, outros argumentam que isso
não é nada mais que superficial, ou "lavagem verde", outros argumentam que é uma
tentativa de antecipar o papel dos governos como um cão de guarda sobre
corporações poderosas, embora não haja evidências sistemáticas para apoiar essas
críticas. Um número significativo de estudos não demonstrou nenhuma influência
negativa nos resultados dos acionistas da RSC, mas sim uma correlação levemente
negativa com melhor retorno aos acionistas (TINOCO, 2008).
A responsabilidade social é definida como uma teoria ética, na qual os
indivíduos são responsáveis por cumprir seu dever cívico; as ações de um indivíduo
devem beneficiar toda a sociedade. Desta forma, deve haver um equilíbrio entre o
crescimento econômico e o bem-estar da sociedade e do meio ambiente (TINOCO,
2008).
Responsabilidade social (ou, responsabilidade social corporativa) é uma
teoria que afirma que os negócios, além de maximizar o valor para os acionistas,
têm a obrigação de agir de uma maneira que beneficie a sociedade. A Organização
Internacional para Padronização (ISO) enfatiza que a capacidade de uma empresa
para manter um equilíbrio entre a busca de desempenho econômico e adesão às
questões sociais e ambientais é um fator crítico para operar de forma eficiente e
eficaz (MAZZEI, 2012).
A responsabilidade social corporativa (RSC) também é definida como um
modelo de negócios autorregulado que ajuda uma empresa a ser socialmente
responsável - para com ela mesma, com seus stakeholders e com o público. Ao
praticar a responsabilidade social corporativa, também chamada de cidadania
corporativa, as empresas podem estar conscientes do tipo de impacto que estão
tendo em todos os aspectos da sociedade, incluindo econômico, social e ambiental.
Engajar-se em RSC significa que, no curso normal dos negócios, uma empresa está
operando de maneira a melhorar a sociedade e o meio ambiente, em vez de
contribuir negativamente para eles (CARROLL, 1999).
A responsabilidade social corporativa é um conceito amplo que pode assumir
muitas formas, dependendo da empresa e do setor. Por meio de programas de RSC,
filantropia e esforços voluntários, as empresas podem beneficiar a sociedade
enquanto impulsionam suas próprias marcas. Tão importante quanto a RSC é para a
comunidade, é igualmente valiosa para uma empresa. As atividades de RSC podem
ajudar a forjar um vínculo mais forte entre empregado e corporação; eles podem
aumentar o moral e ajudar os funcionários e empregadores a se sentirem mais
conectados com o mundo ao seu redor (FROES, 2001).
Para que uma empresa seja socialmente responsável, primeira precisa ser
responsável perante si e seus acionistas. Muitas vezes, as empresas que adotam
programas de RSE aumentaram seus negócios ao ponto de poderem dar retorno à
sociedade. Assim, a RSE é principalmente uma estratégia de grandes corporações.
Além disso, quanto mais visível e bem-sucedida for uma corporação, mais
responsabilidade ela terá para estabelecer padrões de comportamento ético para
seus pares, concorrência e indústria (KUNSCH, 2003).
Responsabilidade social significa que indivíduos e empresas têm o dever de
agir no melhor interesse do meio ambiente e da sociedade como um todo. A
responsabilidade social, como se aplica aos negócios, é conhecida como
responsabilidade social corporativa (RSC) (SABOURIN, 2006).
O ponto crucial dessa teoria é estabelecer políticas que promovam um
equilíbrio ético entre os mandatos duplos de lutar pela lucratividade e beneficiar a
sociedade como um todo. Essas políticas podem ser de comissão (filantropia -
doações de dinheiro, tempo ou recursos) ou omissão (iniciativas "vá verde" como a
redução de gases de efeito estufa, respeitando os regulamentos da EPA para limitar
a poluição). Muitas empresas, como aquelas com políticas "verdes", fizeram da
responsabilidade social uma parte integrante de seus modelos de negócios
(SANTOS, 2008).
Além disso, cada vez mais investidores e consumidores estão considerando o
compromisso de uma empresa com práticas socialmente responsáveis antes de
fazer um investimento ou uma compra. Como tal, abraçar a responsabilidade social
pode realmente beneficiar a diretiva principal - maximização do valor do acionista.
Existe um imperativo moral também. As ações, ou a falta delas, terão um efeito nas
gerações futuras. Em outras palavras, ser socialmente responsável é apenas uma
boa prática comercial e, se isso não for feito, isso pode ter um efeito deletério no
balanço patrimonial (SANTOS,2008).
Em geral, a responsabilidade social é mais eficaz quando uma empresa a
assume voluntariamente, em oposição a ser exigida pelo governo para fazê-lo por
meio de regulamentação. A responsabilidade social pode aumentar o moral da
empresa, e isso é especialmente verdadeiro quando uma empresa pode envolver os
funcionários com suas causas sociais (CHIAVENATO, 1999).
Da parte dos acadêmicos, também a discussão foi elevada para um nível
diferente, mais abrangente, e que tem situado a reflexão no modo como a gestão
das empresas pode desenrolar o seu papel nas preocupações sociais da forma mais
eficiente (PEREIRA, 2007).

OS IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA VOLTADA PARA


SUSTENTABILIDADE

Com o crescimento do interesse empresarial em desenvolver atividades


sociais e devido ao reconhecimento da importância desse tema para os negócios
cada vez mais companhias estão buscando novas formas de agregar valor social a
suas atividades, porém esse movimento se intensificou no Brasil a partir de 1990,
com o surgimento de diversas organizações não governamentais e com o
desenvolvimento do terceiro setor.
Segundo Borger (2001) conceito de responsabilidade social está relacionado
a diferentes ideias, para alguns ele está associado a ideias de reponsabilidade legal,
já para outros pode significar um comportamento socialmente responsável no
sentido ético, e para outros ainda pode transmitir a ideia de contribuição social
voluntaria e associação a uma causa especifica. Trata-se de um conceito complexo
e dinâmico, com significados diferentes em contextos diversos, portanto não é
possível estabelecer um manual para as empresas visando adotar práticas para uma
gestão socialmente responsável, sem antes compreender a sua evolução dinâmica.
Como coloca Soares (2004, p.7):

A responsabilidade social corporativa pode ser entendida como uma dupla


resposta à atual crise vivenciada pelo capital. A primeira delas, nos termos
da dominação da empresa na sociedade atual, que, como se examinará
mais adiante, busca se tornar a instituição das instituições. A outra, no
sentido que a mudança nos padrões da concorrência, decorrente da crise
econômica, obriga as organizações a adaptarem seu processo de trabalho
às novas exigências do mercado globalizado e a adequarem sua estrutura
aos padrões de parceiros internacionais ou aos requisitos decorrentes de
processos de fusão e incorporação.

De acordo com Tenório (2006) as empresas estão em processo de transição


em sua atuação social, de u modelo individualizado para a atuação coletiva e
profissional, nas quais algumas tendências dessa nova forma de atuação social
refere a profissionalização do processo como um todo com a mensuração dos
resultados obtidos, indicando uma mudança na gestão da ação voluntaria como
também na forma de atuação empresarial ou do empresário, de uma ação individual
em projetos específicos para a atuação em grupos com objetivos coletivos e com o
desenvolvimento de empreendedores sociais.
A responsabilidade social corporativa surge com mudanças de valores
proposta pela sociedade pós industrial, a valorização do ser humano, o respeito ao
meio ambiente, a busca pela sociedade mais justa e uma organização empresarial
com múltiplos objetivos. A sobrevivência empresarial no ambiente competitivo
passou a depender de como a estratégia de negócios lida com essas variáveis, de
maneira a obter eficiência e lucratividade com a preservação da imagem e da
reputação das companhias do mercado e na sociedade, nessa perspectiva torna-se
necessário a agregação de valor social ao negócio além da redefinição dos objetivos
de marketing da empresa .
Podemos destacar como exemplo a Governança Corporativa voltada para a
Sustentabilidade da Empresa Suzano Papel e Celulose, com o programa
desmatamento Zero:

A Suzano valoriza e se compromete com a conservação da biodiversidade e


dos recursos naturais como parte integral da sua estratégia de negócio.
Com uma das maiores áreas naturais privadas do país, detém mais de 965
mil hectares distribuídos nos biomas Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado.
Defendemos o combate ao desmatamento ilegal e zelamos para que ele
não esteja presente em nenhum estágio da nossa cadeia de abastecimento
e fornecimento de madeira. Monitoramos e adotamos ações para coibir a
destruição de florestas naturais, atuando da mesma forma e rigor em áreas
próprias ou de terceiros. Toda madeira utilizada em nosso processo de
produção advém de eucaliptos plantados para esta finalidade. Participamos
ativamente de iniciativas de proteção de áreas naturais, em parcerias com
ONGs, governos locais e institutos de pesquisa, que combatem o
desmatamento, promovem a restauração ecológica e criam condições para
estabelecer um modelo de desenvolvimento sustentável. Seguimos a
legislação brasileira e somos aderentes aos compromissos internacionais
para desmatamento zero e certificações florestais, sendo auditados
anualmente, garantindo padrões elevados de governança em
sustentabilidade. Desmatamento zero para a Suzano significa que não
plantamos ou adquirimos eucalipto plantado em áreas que foram
previamente ocupadas por vegetação nativa e que foram desmatadas, legal
ou ilegalmente, sob a influência ou pela presença da Suzano no território. A
Suzano somente consome (produz ou compra) eucalipto proveniente de
áreas que possuíam outros usos previamente, não compactuando com o
desmatamento de vegetação natural para a sua produção

Diante disso foi constatado que o Balanço Social é uma demonstração


contábil que contempla a união de informações demonstradas de uma entidade
privada, direcionada para a sociedade com objetivo de divulgar sua gestão
econômico-social, e sobre o seu relacionamento com a comunidade, apresentando o
resultado de sua responsabilidade social.
Segundo Laasch e Conaway (2016), temas como: o papel do indivíduo, o
sentido de viver, o equilíbrio no uso dos recursos naturais, o respeito pelas minorias
tomou corpo ultimamente e passou a pautar as organizações indicando certo
esgotamento do modelo de negócios até então em vigor. Em decorrência do novo
cenário reflexões sobre valores e atitudes vieram à tona, em uma vigilância ética que
extrapolou o indivíduo, ecoando na sociedade, que passou a ser mais vigilante.
Conceitos como liderança, participação, parceria, cooperação,
comprometimento, moral, sustentabilidade, responsabilidade social e outros
princípios democráticos ilustram, já há algum tempo, os discursos gerenciais e
possibilitam entender a complexidade das organizações, do comportamento humano
e das práticas gerenciais.
De acordo com Gibson et al (2006), essa mais recente abordagem nas
organizações veio se somar à temática do lucro, da produtividade, do prazo, da
meta, da concorrência e outros princípios capitalistas e vem transformando
gradativamente a cultura organizacional.
Conforme Laasch e Conaway (2016), a importância da conscientização da
sociedade sobre a preservação ambiental e a sustentabilidade da vida no planeta é
de conhecimento de todos, razão pela qual é crescente o questionamento das
pessoas sobre o que se deve ou não fazer a respeito para a preservação da
natureza em prol de uma vida futura melhor. A sociedade está buscando um novo
estilo de vida, que respeite os limites da natureza, agregando para isso mudanças
comportamentais e atitudinais importantes.
Tamayo et al. (2000) consideram que os indivíduos que “existem” pelo
trabalho, e trabalham conforme valores e princípios da cultura organizacional são
reconhecidos conforme os resultados que agregam, pelo seu trabalho, aos objetivos
organizacionais, portanto são incentivados a investir em contínuo aprendizado,
tornando-se mola propulsora de seu próprio desenvolvimento.
É preciso que as pessoas encontrem significado naquilo que fazem no
trabalho, na busca da satisfação pessoal, da autorrealização, para gerarem uma
contrapartida de igual valor. Neste contexto, para os autores, valores e atitudes
éticas, antes restritas a ações individuais, uma vez que a dimensão ética implica em
relações reflexivas do indivíduo consigo mesmo, ressoam na sociedade como um
todo.
Particularmente, no interior das empresas, diante da necessidade de resgatar
o sentido do trabalho pelo homem, o discurso e o exercício da ética recobraram
força levando a reflexões sobre as práticas e as realidades vividas nas empresas.
De qualquer modo, cabem ao homem a capacidade reflexiva e a realização
de ações capazes de dar novas perspectivas para as formas de organização da
sociedade.
Outro Exemplo de Governança Corporativa sob a ótica Sustentável da
Suzano e Celulose consiste em buscar a gestão territorial na Veracel:

Veracel Celulose é uma companhia organizada sob as leis do Brasil, na qual


Suzano e Stora Enso detém 50% de participação acionária cada. A Veracel
desenvolve o manejo de plantios de eucalipto, além de operar uma planta
de celulose localizada na cidade de Eunápolis, no Estado da Bahia, com
capacidade de produção anual de 1,12 milhão de toneladas, gerando mais
de 2.900 empregos próprios e de terceiros na região. A Veracel sempre
esteve comprometida com a construção de relacionamentos fortes junto às
comunidades locais nas áreas em que atua. As áreas da Veracel são
produtivas e a empresa possui toda a documentação legítima de suas terras
onde os projetos de plantio da Veracel somente são executados mediante a
obtenção prévia de licença ambiental, concedida pelo órgão ambiental
competente além de seguir os rigorosos requisitos das certificações
florestais. Em situações nas quais foram necessárias ações de reintegração
de posse, todo o processo foi conduzido pelas autoridades competentes,
realizado de acordo com a legislação pertinente, e os ocupantes foram
notificados com a devida antecedência, tendo a possibilidade retirarem seus
pertences e deixar a área ocupada antecipada e voluntariamente. A
empresa repudia veementemente qualquer ato de violência assim como
quaisquer abusos ou arbitrariedades. A Veracel defende que o diálogo é
sempre o melhor caminho e tem uma longa história de cooperação com as
comunidades locais. Nos últimos anos, celebrou importantes acordos para o
desenvolvimento de assentamentos agrários em seu território, envolvendo
representantes de trabalhadores rurais, movimentos sociais, órgãos
governamentais, ONGs e entidades acadêmicas e sempre considerando as
necessidades e os interesses de todos os envolvidos. Os acordos e as
parcerias desenvolvidas permitem alcançar resultados positivos no âmbito
da segurança alimentar, do desenvolvimento da agricultura familiar com
base na agroecologia e do desenvolvimento rural sustentável na região do
Sul da Bahia.

Segundo Dias (2010), a principal motivação das empresas para a


preservação dos recursos naturais veio das pressões do mercado, das exigências
legais, da preocupação com a imagem institucional e do alinhamento com uma
melhor qualidade de vida; levando-a a transformar e aperfeiçoar processos, com
consequente ganho financeiro aderente a uma nova imagem conquistada pela
adoção do que se denomina Sistema de Gestão Ambiental, em adoção crescente
pelas empresas.
Considerando, então, o comportamento ético exercido pelos colaboradores de
uma organização, na atitude de responsabilidade socioambiental desta perante a
sociedade e o mercado, o tema deste trabalho proporá métodos para identificação,
avaliação e qualificação dos processos organizacionais sustentáveis e alinhados à
perspectiva da responsabilidade socioambiental de uma organização.
Processos estes que, pela geração e oferta de valores ao mercado,
demonstrem vantagens competitivas perceptíveis pelo mercado de modo a gerar
satisfação do consumidor, riqueza para a sociedade e lucratividade para a
organização. Resultado este desejável pelas empresas e razão de sua existência
para o desenvolvimento sócio responsável da sociedade da qual faz parte e principal
motivação para o presente estudo.
Considerando-se que a sustentabilidade está no equilíbrio entre as três
dimensões, haverá sempre o risco do desequilíbrio puxado pelo o lado econômico,
face ao poder financeiro nas empresas, sempre que a incerteza exista e possa
ocorrer, apesar do movimento dos stakeholders pela estabilização do tripé
dimensional, principalmente porque trazem experiências externas ao ambiente
organizacional que alavancam a competitividade. Caberá à Gestão Ambiental
Sustentável exercida pela empresa a manutenção do equilíbrio saudável.
Na visão de Lipovetsky (2005), o indivíduo que toma decisões passou de um
profissional manipulado e inconsciente para alguém que responde pelo bem-estar de
todos. Este alargamento do alcance da responsabilidade individual, que passou a
incluir o impacto social de atos praticados é um fato novo, criado na pós-
modernidade pela invasão midiática, um maremoto de informações, em todas as
telas disponíveis no mundo. O indivíduo hoje é responsável por si e pelo bem-estar
de todos os outros. Na difusão digital da informação, muitas alterações ocorrem e o
referencial é distorcido ou definitivamente perdido.
A responsabilidade socioambiental é a resposta natural das empresas ao
novo cliente, o consumidor verde e ecologicamente correto. A empresa verde
passou a ser sinônimo de bons negócios e, no futuro, será a principal forma de
empreender negócios de forma duradoura e lucrativa. Em outras palavras quanto
antes as organizações começarem a enxergar a sustentabilidade como o seu
principal desafio e como oportunidade competitiva, maior será a chance de
sobreviverem.
Se constatou que o ritmo da mudança em cada mercado dependera do grau
que as pressões exercem sobre ele e também da disponibilidade dos insumos
existentes para efetuar as mudanças necessárias, pois em alguns mercados pode
não haver disponibilidade de matéria prima para a criação de um mercado
totalmente verde e assim, este mercado desaparecerá com esgotamento das fontes
naturais. O produto ou serviço oferecido por este mercado terá que ser atendido,
posteriormente, por algum outro produto viável para o consumidor no atendimento
de suas necessidades. O esgotamento dos recursos naturais e as pressões para
adquirir novos produtos ecologicamente responsáveis farão com que mercados
migrem da produção convencional para uma produção mais sensível as questões
ambientais, porém alguns mercados demorarão anos talvez décadas para efetuar
totalmente a mudança.

O BALANÇO SOCIAL NO CONTEXTO DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

O Balanço Social, tem por finalidade divulgar sua gestão econômico-social,


destacando seu relacionamento com a sociedade, apresentando assim, a resultante
de seus aspectos de responsabilidade social (CANCINO, 1991). No Brasil, a
elaboração e divulgação do Balanço Social passou a ser obrigatório após o
surgimento da Lei 11.638/07 para as organizações de captal aberto.
O balanço social, se configura como uma ferramenta capaz de
mostrar com clareza informações socioeconômicas e financeiras a
cerca da atuação de cada empresa no meio social, ou seja, é uma
forma de transparecer, reunir e tornar pública sua responsabilidade
social através de informações estruturadas (CANCINO, 1991, p. 48).

Ao longo dos anos, estas empresas privadas, vem se comprometendo com o


meio social em que estão inseridas, criando assim um bom relacionamento com o
meio aonde vivem, pois não é admissível que retirem lucros da sociedade sem uma
contrapartida significativa de responsabilidade social (PEIXE, 2000).
Neste aspecto, a responsabilidade social é definida como uma teoria ética, na
qual os indivíduos são responsáveis por cumprir seu dever cívico; as ações de um
indivíduo devem beneficiar toda a sociedade. Desta forma, deve haver um equilíbrio
entre o crescimento econômico e o bem-estar da sociedade e do meio ambiente
(TINOCO, 2008).
Assim, a contabilidade como uma ciência, vem evoluindo com a finalidade de
aprimorar informações, tais como comunicar os efeitos sociais e ambientais das
ações econômicas das organizações a determinados grupos de interesse dentro da
sociedade e à sociedade em geral (PEIXE, 2000).
Empresas que se engajam na causa identificam a possibilidade de melhores
resultados econômicos e estratégicos. Elas precisam se conscientizar que estes
resultados não se viabilizam de imediato, eles requerem planejamento e
organização de todos os passos para a interiorização da variável ambiental na
organização, para só então correr atrás da excelência ambiental, trazendo com isso
vantagem competitiva. (SERRÃO et al, 2014).
Conforme Moura (2004, p.53), a organização busca sempre melhorar seu
desempenho para satisfazer melhor as necessidades dos consumidores, razão
primordial para que a empresa sobreviva, pois apenas os consumidores satisfeitos
adquirem serviços e produtos e se dispõem a pagar pela qualidade dos mesmos.
Os consumidores tradicionalmente, de acordo com Moura (2004), exigem três
características para a aquisição de bens e serviços:
 Satisfação de suas necessidades e desejos dentro de um padrão de
qualidade percebido;
 Preço compatível com o valor percebido para a oferta;
 Disponibilidade para entrega na quantidade e no tempo esperado.
. As empresas que buscam esse comprometimento necessitam de mudanças
na sua filosofia, com repercussão direta nas questões relativas a valores,
estratégias, objetivos, produtos e programas por elas adotados (ZANATTA, 2017).
Como destaca Osinki (2015 p.184):

A criação de índices e outras tentativas de mensuração ocorrem, dentre


outros fatores, pelo fato de a literatura apontar que a Responsabilidade
Social Corporativa traz benefícios organizacionais em longo prazo. Além da
possibilidade de gerar potenciais benefícios, a Responsabilidade Social
Corporativa também se refere ao Desenvolvimento Sustentável por meio de
relações justas com seus stakeholders. Nesse processo é abordado o
desenvolvimento econômico, o meio ambiente e, ainda, a dimensão social
As práticas de Governança Corporativa e Responsabilidade Social são
chamadas de práticas diferenciadas de gestão. Ainda com relação aos
índices supracitados, que é possível calcular o retorno financeiro das
empresas que adotam práticas diferenciadas separadamente do retorno das
demais empresas que, por sua vez, representam o mercado de maneira
global. que empresas comprometidas com sustentabilidade e
responsabilidade social buscam participar do Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) da BM&F Bovespa. O referido índice mede o retorno total
de determinada carteira teórica composta por ações de organizações
socialmente responsáveis.

Uma estratégia sustentável segue o modelo genérico de qualquer estratégia e


considera para suas decisões, segundo Gravronski, (2009, p. 57) quatro fatores
interdependentes: O contexto externo (ambiente, concorrência, legislação, etc.);
 As dimensões competitivas (preço, qualidade, etc.);
 As atividades da rede de valor (desenvolvimento, suprimento,
produção, etc.);
 A aprendizagem/conhecimento (troca de conhecimento interno e
externo, clima organizacional, etc.).
No caso da sustentabilidade como valor empresarial, segundo Brock (2012), é
recomendável uma visão estratégica das empresas sobre os recursos pela
observação em três dimensões:
1. Econômica – pelo aperfeiçoamento do sistema de produção,
pela adoção da cadeia de valor, etc.;
2. Social – pela capacitação técnica e gerencial de seus
colaboradores, pela criação de novos postos de trabalho, pela inclusão social,
etc.;
3. Ambiental – pelas práticas de preservação e recuperação do
meio ambiente, pelo aproveitamento de resíduos e efluentes, etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema governança nas organizações é relativamente novo, considerando


outros conceitos de administração em organizações. Porém já existe uma boa
literatura sobre o assunto permitindo que os profissionais interessados busquem o
conhecimento sobre governança, disponível, inclusive, em abundância nas
plataformas digitais. É possível que o entendimento acerca dos conceitos de
governança, principalmente se tratando da Governança Corporativa que por existir
exigências legais possui orientações diretas, explícitas e que facilitam o seu
desenvolvimento, implantação e sustentabilidade. O foco nesse tipo de governança
é privilegiar o cliente, ou seja, seu investidor, estabelecendo com ele relações
transparentes e que exibam bons resultados, além de conduta ética.
Para os públicos externos à organização como sócios não envolvidos com a
gestão diária, credores e público em geral, o movimento da Governança Corporativa
visa a fazer com que as empresas sejam transparentes, justas, responsáveis e
sustentáveis, de modo a contribuir significativamente para uma sociedade melhor,
além dos stakeholders internos e externos precisam ser agraciados com
comportamento irrepreensível da empresa, porque cabe aos líderes corporativos de
empresas de capital aberto, sobretudo altos executivos, conselheiros e
empreendedores, fazer isso acontecer.
A boa governança vai muito além de um tecnicismo que pode ser delegado a
terceiros e implantado de maneira fragmentada na organização. Diante do exposto
no conteúdo desse artigo se obteve os seguintes resultados que a Governança
Corporativa depende, na verdade, do equacionamento de questões inerentemente
humanas nas empresas. Isto exige, sobretudo, um substancial investimento de
tempo e envolvimento das principais lideranças. Já com relação ao fator humano
dentro das organizações no âmbito da boa governança é criar um ambiente no qual
as pessoas desejem voluntariamente, por conta própria, cumprir as regras, agir
eticamente e tomar decisões no melhor interesse de longo prazo da organização.
Pode-se constatar que as empresas que se engajam aos princípios éticos e
sustentáveis, identificam a possibilidade de melhores resultados econômicos e
estratégicos. Estas devem ter a consciência de que estes resultados não se
viabilizam de imediato, eles requerem planejamento e organização de todos os
passos para a interiorização da variável ambiental na organização, para só então
correr atrás da excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva.

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