Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Discente: Leonardo Soares da Costa1

Matrícula: 1210200307

DESAFIOS PARA GOVERNANÇA CORPORATIVA COM ÊNFASE NO CASO


PETROBRÁS S/A E SEUS EFEITOS

 Introdução

No âmbito empresarial, a concorrência entre as empresas demonstra que cada vez mais

se faz mister buscar formas variadas de captação de investimento, valendo tanto para o micro

e macroambiente organizacional. Antes de tudo, vale destacar o que se entende por

“governança corporativa”, em poucas palavras trata-se de um processo direcionador que tem

por objetivo determinar as maneiras como a empresa será gerida pelos administradores, o que

reflete diretamente na forma como deve ser formada sua cultura empresarial, políticas e

regulamentos internos, tendo como um dos seus pilares a nobre observância do princípio da

transparência, estabelecendo clareza nos seus atos tanto para os stakeholders como para o

ambiente externo dentro dos limites legais estabelecidos.

1
Bacharelando em Direito pela Universidade Veiga de Almeida, Técnico em Administração pelo Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí.
No tocante aos aspectos legais, a governança corporativa para alguns autores a razão

existencial é definida como um sistema gerencial que liga os interesses dos investidores com

os da empresa, de modo a conduzir um gerenciamento direcionado aos resultados esperados

pelos acionistas. Desse modo, entende-se que a governança corporativa, a priori, como

exemplifica o Administrador e Conselheiro de empresas, Fábio Colletti Barbosa, “No mundo

dos negócios, o jogo é duro, mas é na bola, e não na canela”. Em outras palavras, o citado

administrador se refere ao “fair play” ou “jogo limpo” a ser estabelecido entre empresa e seus

acionistas e o ambiente externo.

 Os Fundamento da Governança Corporativa

Os conceitos que são aplicados à Contabilidade, a governança corporativa utiliza-se de

muitos destes, pois é notório que são úteis a gestão, dentre eles vale citar alguns, tais como:

transparência; equidade; prestação de contas e responsabilidade corporativa. Assim, é

estabelecido um diálogo entre as ciências contábeis e a governança, de modo a objetivarem

meios de garantir não só o controle interno, mas também, a prestação de contas em um

processo que envolve não apenas os investidores, mas todos interessados a partir da

divulgação das informações.

Outros tipos de governança têm por finalidade a solução de problemas, desafios e

abordagem mais aprofundada de outras questões que gerem oportunidades para a

contabilidade. As empresas atuantes do mercado de capitais que possuem uma governança

definida como boa, segundo a OECD (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-

OPERATION DEVELOPMENT – OECD), deve observar os seguintes princípios:

1) Reconhece e protege os direitos dos acionistas;


2) Trata todos os acionistas equitativamente, incluindo os minoritários e estrangeiros;

3) Adota processos e procedimentos para corrigir as violações desses direitos;

4) Proíbe a negociação de ações com base em informações privilegiadas;

5) Reconhece e protege os direitos de outras partes interessadas;

6) Desenvolve mecanismos de informação para que todas as partes interessadas

participem do processo de governança.

 Caso Petrobrás S/A

Trata-se de um resultado efetivo da Operação Lava Jato, com repercussão

internacional, o caso constatou a deflagração de um esquema de corrupção envolvendo

lavagem de dinheiro na Petrobrás, que é a maior estatal do Brasil e uma das mais importantes

empresas do ramo do Petróleo no mercado mundial. A investigação conduzida pela Polícia

Federal, onde diversos executivos foram investigados e com respectiva apuração dos fatos

tiveram que sofrer com as consequências do caso. Além disso, os investidores que adquiriram

ações da estatal no período entre maio de 2010 e novembro 2014, na Bolsa de Nova York,

ingressaram com demandas judiciais junto a Corte de Nova York (Class Action).

A referida Class Action, é uma ação judicial de caráter especial prevista na legislação

norte-americana que vise a proteção dos investidores contra prejuízos causado por má

administração da companhia, nesse sentido, quando é deixado de lado a observância dos

princípios que devem ser um norte para a governança corporativa, leva a gestão rumo a

construir irregularidades no curso da gestão dos interesses dos stakeholders, como as fraudes,
corrupção entre outras irregularidades. Cumpre ressaltar que, a desvalorição das ações de

forma simples de uma companhia pela prática de mercada ou queda em bolsa de valores não

enseja a propositura da referida ação, todavia, uma vez que comprovada as más práticas,

apontando o nexo causal e o resultado danoso (prejuízo) para os investidores, estão presentes

os pressupostos para a propositura da Class Action.

Outrossim, é imprescindível, que haja uma análise da demanda judicial, em juízo, isto

é, cabe análise pelo magistrado, onde seria praticamente inviável em casos de ações movidas

individualmente por investidores. Além do mais, a união de diversos investidores junto a

assistência jurídica especializada. Tal ação não possui previsão na legislação brasileira.

No Brasil, o assunto abordado é tratado pelo Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC), que tem sua definição de governança corporativa como um sistema pelo

qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, com as práticas de

relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle.

Conforme o IBGC, as práticas de governança corporativa, visam a conversão dos princípios

em recomendações objetivas, formando um alinhamento entre interesses com o escopo de

preservar e otimizar o valor da organização, de modo a facilitar seu acesso ao capital e

contribuindo para a prosperidade da companhia.

Não obstante, tenha os mesmos objetivos, há diferenças técnicas entre os sistemas

brasileiro e o norte americano. No USA, está presente um conceito maduro de governança

corporativa que se deu a partir da primeira década do século 21, emergindo o tema à medida
que iam surgindo escândalos relevantes no contexto que se apresentava à época como no caso

da Tyco e WorldCom, resultando discussões acerca de demonstrações financeiras e o papel

das empresas de auditoria. Diante disso, foi criada a Lei Sarbanes-Oxley (SOx), que trouxe

importantes definições e conceitos par a governança corporativa. A referida lei tinha como

objetivo a criação de mecanismos de segurança e auditoria confiáveis nas empresas, sendo a

elaboração de regras para criação de comitês com o encargo de supervisionar as atividades e

operações de modo a mitigar os riscos aos negócios, evitar fraudes ou ter meios de proteção

para a identificação de possíveis problemas, a fim de garantir a transparência nas

organizações.

Diante do exposto, nas organizações a análise dos resultados são apurados a partir de

técnicas de evidenciação onde existem informações que devem ser obrigatórias e outras que

são complementares. Os testes buscam a verificação de divergências entre os dados, por

exemplo os testes de ANOVA e o teste de Kruskal-Wallis, ambos verificam os percentuais

médios de divulgação, o primeiro, os pressupostos básicos de normalidade e

homoscedasticidade sendo verificados, sendo, portanto, utilizado de modo seguro. Quanto ao

segundo, não requer quaisquer pressupostos básicos.

Adiante, o nível de evidenciação para análise das informações obrigatórias, utiliza-se o

total das informações obrigatórias identificadas para cada empresa componente amostra, tais

dados correspondem aos itens que serão apresentados no Relatório da Administração e Notas

Explicativas, a verificação de divergências entre informações podem apontar omissão de

informações por má administração. O nível de evidenciação das demonstrações

complementares está ligado àquelas demonstrações que as divulgações são incentivadas e são
formadas por: Demonstração do Fluxo de Caixa, Demonstração do Valor Adicionado,

Balanço Social, Informações Ambientais e Demonstrações em Correção Monetária Integral.

Nesse sentido, o nível de evidenciação é apurado a partir de um cálculo que é feito

dividindo-se o total de demonstrações complementares divulgadas pela empresa por 6 (total

de demonstrações complementares a serem divulgadas).

Por exemplo: uma determinada companhia (ABC Cia) apresenta todas as

demonstrações complementares, ou seja, a Cia. divulga a Demonstração do Fluxo de Caixa

auditada, a Demonstração do Valor Adicionado, o Balanço Social, Informações Ambientais e

Demonstrações em Correção Monetária Integral.

Assim, o nível de evidenciação das demonstrações complementares da Cia. ABC Cia

é: Cia. ABC SA= 6/6= 100%.

O caso da Petrobrás, as investigações resultaram em inúmeras do tipo em comento,

por isso teve repercussão mundial.

Os métodos de evidenciação tornam-se a chave de se estabelecer parâmetros com

mais precisão de informações de modo a ser passado ao investidor aquilo que realimente deve

ser mostrado na medida em que as companhias são obrigadas a divulgar dentro dos limites

cabíveis de informação, esse é o papel da governança corporativa que deve ser guiada pelos
princípios que a rege, quando tais princípios são colocados em segundo ou terceiro plano, o

plano pessoal de quem está na direção da companhia é sobreposto aos princípios norteadores

da governança corporativa, e, o caso em comento é um exemplo prático do que se buscou

discorrer no presente trabalho, os investigados no caso da Petrobrás, colocaram seus

interesses pessoais acima dos princípios com o intuito de adquirirem vantagens indevidas para

obterem maior lucro, o que não condiz com os fins da governança corporativa.

 Conclusão

Infere-se, portanto, que embora a Operação Lava Jato tenha sido um sucesso no caso

Petrobrás, é inegável que se tenha deixado uma insegurança tanto no âmbito econômico como

no âmbito jurídico-social de modo a se ter em mente qual será o novo escândalo no mercado

financeiro nacional e se será em uma grande estatal do país, urge que para reconquistar a

confiança do investidor, constitui um valor relevante para que as companhias cumpram

estritamente os princípios de governança corporativa. Desse modo, ainda é possível nos

depararmos com muitos acontecimentos relevantes nas investigações na Petrobrás, contudo, é

notório que os impactos no mercado internacional, dada tamanha repercussão do caso. Faz-se

necessários, a criação de órgãos, além dos já existentes que possibilitem a maior segurança

jurídica-econômica e também social visto que é uma estatal e todos tem olhos voltados aos

acontecimentos da maior empresa estatal do país, pois assim será possível dirimir os prejuízos

decorrentes de irregularidades decorrentes de má administração das companhias.


Referências

https://www.migalhas.com.br/depeso/215565/o-caso-petrobras-e-seus-feitos-sobre-a-
governanca-corporativa

https://www.scielo.br/j/rcf/a/R6LFCdnD937KkMHSPv5Q5Vj/?lang=pt#

Você também pode gostar