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Compliance: O Guia Essencial

By Alfredo Freitas -June 3, 2019

O compliance está cada mais demandado no mundo jurídico no Brasil e no Mundo. Na


verdade, o Brasil está crescendo na temática e usando muito da experiência dos EUA
na área de Compliance.

1. O que é Compliance?
Esse termo tem origem na expressão da língua inglesa “in compliance with”, ou seja,
“em conformidade com”. Estar em compliance é, portanto, estar em conformidade com
as obrigações legais da empresa, com a governança corporativa e com padrões éticos
de conduta.
Vale ressaltar também a expressão “observância da lei”, que designa o cumprimento
espontâneo do direito, diferente de “aplicação”, que é justamente o uso da coerção
pelo Poder Judiciário para produzir efeitos jurídicos.
No dia a dia, as pessoas convivem com normas que proíbem crimes, disciplinam o
tráfego de veículos, estabelecem tributos, criam deveres junto à família e afins.
Dentre esses diferentes conjuntos de regras, existem aquelas que delimitam a atuação
das empresas e de seus gestores, criando uma série de obrigações com o governo,
investidores, colaboradores, sócios, meio ambiente etc.
Pois bem, compliance diz respeito às medidas, geralmente de controle interno, que
visam a observância da legislação, das normas de governança corporativa e dos
padrões de conduta estabelecidos para a empresa.
Neste conteúdo, você vai ter uma visão geral de Compliance e recomendo também que
faça Download do E-book gratuito: Governança, Risco e Compliance. Vamos ao tema!

2. Compliance e responsabilidade empresarial


A vida em comunidade, ao mesmo tempo que traz seus benefícios, exige uma atuação
moderada, sustentável e consciente dos padrões éticos que devem orientar a conduta.
Sendo assim, é muito importante que os gestores atentem para a responsabilidade
empresarial em suas relações internas (com colaboradores, sócios etc.) e externas
(com os demais membros da sociedade).
Essa responsabilidade cria exigências de submissão às leis e controle interno de seu
cumprimento. Afinal, agir espontaneamente conforme as regras que circundam a
empresa abrange uma parcela significativa daquilo que se considera um
posicionamento social adequado.
Um gestor responsável cumpre as diretrizes de proteção ao meio ambiente, os
procedimentos da CLT, o pagamento de tributos e as normas antitruste, por exemplo.
Logo, o compliance é um dos meios pelos quais as empresas buscam uma participação
mais adequada dentro da sociedade. Por outro lado, como consequência dessa
posição, é possível identificar um caminho para valorização nacional e internacional do
negócio. Prossiga!

3. Compliance e valorização da Empresa


O sucesso de um programa de compliance modifica a forma como o negócio é visto por
profissionais, consumidores, empresas e governos, dentro e fora do seu país de
origem, o que se reflete em uma verdadeira valorização nacional e internacional da
organização.
Isso ocorre porque os problemas relacionados à ineficácia do direito (corrupção,
sonegação de tributos, descumprimento de leis trabalhistas etc.) existem, em maior ou
menor grau, em todos os países, bem como a insatisfação da população sobre tais
casos. Assim, o posicionamento ético coloca a empresa em um patamar distinto
daqueles que procuram atalhos na concorrência com os demais agentes do mercado.
Trata-se de uma vantagem competitiva para atrair investidores, talentos, parceiros e
afins.
Vale ressaltar, ainda, a tendência de endurecimento da legislação com a promulgação
de normas mais rígidas. De fato, há uma pressão externa cada vez mais forte para que
as empresas ajustem suas condutas e adotem medidas de controle.
Com efeito, o compliance se tornou uma forma de ganhar destaque nos cadernos de
economia e evitar as páginas policiais — fato que, em um contexto de internet e acesso
à informação, é determinante para a construção de uma imagem positiva.
Por outro lado, a própria entrada em um mercado estrangeiro pode ser obstada, caso o
negócio não atenda aos padrões legalmente estabelecidos. Por exemplo, uma nação
pode requerer o cumprimento de determinada ISO, de modelos contábeis etc.
Sendo assim, a implementação de uma política de compliance eficiente é peça-chave
no crescimento da empresa e, especialmente, na expansão de suas atividades
internacionalmente.

4. Como implementar uma política de compliance


O compliance se desdobra em uma série de medidas relacionadas ao controle das
atividades e à conscientização dos integrantes de uma empresa. A seguir, você
encontrará as principais ações do programa:
4.1. Criar um setor especializado
A implementação do compliance passa, inicialmente, pela criação de um setor
especializado, com a autonomia necessária para assegurar que todos atuem em
conformidade com as normas estabelecidas pela empresa. Esse departamento é
composto por profissionais de múltiplas disciplinas (analistas de risco, auditores
contábeis, gestores, advogados, dentre outros), embora, na maioria dos casos, eles
contem com alguma especialização emcompliance.
Há também a possibilidade de terceirização desse serviço, o que, embora reduza o
controle da empresa sobre o processo, pode significar um aumento de credibilidade
por meio da validação externa.
De todo modo, as responsabilidades desse setor são, dentre outras, as seguintes:

 produzir normas internas;


 integrar e controlar as atividades de compliance;
 monitorar os mecanismos de controle interno;
 identificar erros e aperfeiçoar as políticas de compliance.
Por fim, uma possibilidade interessante é a junção desse departamento com o setor de
gerenciamento de riscos, a fim de permitir uma atuação mais homogênea.

4.2. Mapear processos internos


As rotinas de uma empresa levam à incidência de diferentes conjuntos de regras, como
normas trabalhistas, contábeis, tributárias, criminais, civis etc.
Tais regras podem atuar de maneira singular ou conjunta, criando exigências distintas
para os diferentes processos de uma empresa. Para demitir, pede-se “x”, para pagar
impostos, “y”, para contratar com o Poder Público, “z”, por exemplo.
Por isso, o mapeamento desses processos é uma ação essencial. Somente por meio da
identificação e detalhamento das atividades da empresa é que os ajustes de conduta
podem ser realizados. Até porque é praticamente impossível mudar aquilo que não se
conhece, não é mesmo?
Esse mapeamento pode ser atribuído ao departamento de compliance e serve como
subsídio para o desenvolvimento de uma política adequada às necessidades específicas
do negócio.

4.3. Realizar auditorias


Uma terceira ação importante é auditar as atividades da empresa. Isso porque apenas
por meio da análise sistemática dos processos internos é que os erros no cumprimento
de regras serão identificados, especialmente os potenciais focos de corrupção.
Vale ressaltar que, além da auditoria externa, realizada por empresas especializadas, é
fundamental a manutenção de modelos internos de checagem. Afinal, o quanto antes
um problema for identificado, mais eficiente será a contenção dos seus danos.
Sendo assim, o ideal é combinar os dois métodos, beneficiando-se da agilidade da
auditoria interna e da especialização da auditoria externa. Afinal, a segunda tem
também o objetivo de validar os processos e práticas do negócio.
De todo modo, para as finalidades do compliance, o mais importante é compreender
os feedbacks dos auditores e efetuar tantos ajustes quantos forem necessários para
estabelecer uma situação de conformidade com as leis.

4.4. Planejar a política de compliance


Após a reunião de informações sobre o negócio e o atual estado de seus processos, a
empresa tem de definir sua política de compliance e estabelecer seus objetivos. Esse
planejamento pressupõe a atuação conjunta dos diversos departamentos, além, é
claro, dos profissionais especializados.
A partir dele, os agentes tentarão alinhar as expectativas dos gestores, as
possibilidades de cada setor e as medidas necessárias, determinando a forma e o
modo de ser do programa de compliance do negócio.
No futuro, tais planos exigirão constantes revisões, sendo adaptados conforme os
feedbacks periódicos de auditores e profissionais do departamento especializado.

4.5. Editar um código de conduta


Como, muitas vezes, o compliance leva à aplicação de medidas punitivas, a empresa
precisa dar ciência de suas regras de conduta aos colaboradores, acionistas, parceiros e
afins.
Contudo, a edição de um código de conduta (ou código de ética) não é apenas uma
forma de legitimar as ações de controle, mas principalmente o estabelecimento dos
modelos de conduta que farão parte da cultura organizacional.
Trata-se, ao mesmo tempo, de uma medida preventiva (fixar punições para conduta
ímproba) e educativa (orientar acerca da forma correta de agir).
Por outro lado, merece destaque a chamada tese da eficácia horizontal dos direitos
fundamentais, inclusive dos direitos ao procedimento e organização. Isto é, o devido
processo legal, a ampla defesa, o contraditório e outras posições jurídicas
anteriormente tuteláveis apenas contra o Estado agora são exigíveis dos particulares
nas relações privadas.
Assim, o código de conduta e outros atos normativos da empresa devem possibilitar a
real apuração dos fatos, a apresentação de defesa e o respeito à dignidade mesmo
daqueles supostamente envolvidos em desvios.
Tal entendimento ganha cada vez mais espaço nos tribunais brasileiros. Por isso, o
respeito a esses novos critérios é fundamental para evitar a cassação de decisões pela
via judicial, bem como demandas de indenização por dano a imagem, honra,
intimidade, nome etc.

4.6. Adaptar os processos internos


Evidentemente, não basta o mapeamento e a definição dos padrões de conduta que
orientarão a empresa, é preciso colocar as ideias em prática e adaptar os
procedimentos internos.
Para isso, a descentralização será fundamental. Sob a supervisão e auxílio do
departamento de compliance, os responsáveis de cada setor devem ajustar suas
rotinas e atividades às regras internas e externas.
Posteriormente, esses profissionais passam a atuar no controle das atividades diárias,
fiscalizando as ações e evitando desvios.
Por fim, eles serão a primeira fonte de feedback a respeito da eficácia da política de
compliance, por meio de informações sobre a adaptação do setor sob sua vigilância.

4.7. Praticar o endomarketing


O engajamento dos colaboradores é uma condição necessária para o sucesso da
política de compliance. Afinal, corretas ou erradas, as condutas são realizadas por
pessoas, as ações de uma empresa serão sempre uma projeção de como atuam seus
agentes.
Se um banco empresta dinheiro, é porque algum colaborador aprovou o crédito; se
uma loja vende um produto, é porque um colaborador convenceu o cliente; se uma
pizzaria entregou a encomenda na hora certa, é porque o colaborador se deslocou até
a casa do freguês, por exemplo.
Por isso, compliance, em certa perspectiva, significa uma mudança de postura das
pessoas que integram uma companhia — dos sócios aos colaboradores.
Essa mudança, quase sempre, dependerá da estratégia de comunicação. De fato, a
implementação do endomarketing voltado para o compliance é peça-chave na
conscientização e transformação da postura dos integrantes de uma organização.
O marketing interno precisa difundir e incentivar os padrões de conduta éticos, por
meio de ações estruturadas, publicidade institucional, políticas de benefícios, dentre
outros.
Nesse sentido, ele mesmo acaba se tornando parte da política de compliance.

4.8. Investir em uma consultoria


A implementação do compliance pode ser uma tarefa bastante complicada,
principalmente para as empresas que ainda não contam com nenhum mecanismo de
controle. Isso porque ela exige a integração de conhecimento de diferentes áreas,
como direito, contabilidade, marketing, gestão etc.
Sendo assim, é recomendável a procura por uma consultoria especializada. Esse auxílio,
ao menos inicial, facilitará a criação de normas, políticas, documentos, processos de
controle e demais práticas direcionadas ao cumprimento de regras.
5 – Os benefícios do compliance
Com a implementação do compliance e o consequente aumento da aderência da
empresa às regras, alguns benefícios são identificados:
aumento da segurança jurídica do negócio, ou seja, reduz-se a probabilidade de a
empresa ser punida pelo descumprimento da legislação;
redução do custo do direito, do quanto a empresa gasta para cumprir a lei e decisões
judiciais, em virtude da maior eficiência dos processos internos;
construção de uma imagem positiva, vinculada à ideia de comportamento ético e
responsabilidade empresarial e social;
transparência, diante do cumprimento das regras de prestação de contas;
maior competitividade para a conquista de investidores, parceiros, contratos com o
governo etc.
Tais vantagens podem ser ampliadas sempre que o compliance for integrado em
processo de GRC, Governança Risco e Compliance.

5.1. Compliance e responsabilidade empresarial


A vida em comunidade, ao mesmo tempo que traz seus benefícios, exige uma atuação
moderada, sustentável e consciente dos padrões éticos que devem orientar a conduta.
Sendo assim, é muito importante que os gestores atentem para a responsabilidade
empresarial em suas relações internas (com colaboradores, sócios etc.) e externas
(com os demais membros da sociedade).
Essa responsabilidade cria exigências de submissão às leis e controle interno de seu
cumprimento. Afinal, agir espontaneamente conforme as regras que circundam a
empresa abrange uma parcela significativa daquilo que se considera um
posicionamento social adequado.
Um gestor responsável cumpre as diretrizes de proteção ao meio ambiente, os
procedimentos da CLT, o pagamento de tributos e as normas antitruste, por exemplo.
Logo, o compliance é um dos meios pelos quais as empresas buscam uma participação
mais adequada dentro da sociedade.
Por outro lado, como consequência dessa posição, é possível identificar um caminho
para valorização nacional e internacional do negócio. Prossiga!

5.2. Compliance e valorização da empresa


O sucesso de um programa de compliance modifica a forma como o negócio é visto por
profissionais, consumidores, empresas e governos, dentro e fora do seu país de
origem, o que se reflete em uma verdadeira valorização nacional e internacional da
organização.
Isso ocorre porque os problemas relacionados à ineficácia do direito (corrupção,
sonegação de tributos, descumprimento de leis trabalhistas etc.) existem, em maior ou
menor grau, em todos os países, bem como a insatisfação da população sobre tais
casos.
Assim, o posicionamento ético coloca a empresa em um patamar distinto daqueles que
procuram atalhos na concorrência com os demais agentes do mercado. Trata-se de
uma vantagem competitiva para atrair investidores, talentos, parceiros e afins.
Vale ressaltar, ainda, a tendência de endurecimento da legislação com a promulgação
de normas mais rígidas. De fato, há uma pressão externa cada vez mais forte para que
as empresas ajustem suas condutas e adotem medidas de controle.
Com efeito, o compliance se tornou uma forma de ganhar destaque nos cadernos de
economia e evitar as páginas policiais — fato que, em um contexto de internet e acesso
à informação, é determinante para a construção de uma imagem positiva.
Por outro lado, a própria entrada em um mercado estrangeiro pode ser obstada, caso o
negócio não atenda aos padrões legalmente estabelecidos. Por exemplo, uma nação
pode requerer o cumprimento de determinada ISO, de modelos contábeis etc.

Sendo assim, a implementação de uma política de compliance eficiente é peça-chave


no crescimento da empresa e, especialmente, na expansão de suas atividades
internacionalmente.
5.3. Como implementar uma política de compliance
O compliance se desdobra em uma série de medidas relacionadas ao controle das
atividades e à conscientização dos integrantes de uma empresa. A seguir, você
encontrará as principais ações do programa:

5.3.1. Criar um setor especializado


A implementação do compliance passa, inicialmente, pela criação de um setor
especializado, com a autonomia necessária para assegurar que todos atuem em
conformidade com as normas estabelecidas pela empresa.
Esse departamento é composto por profissionais de múltiplas disciplinas (analistas de
risco, auditores contábeis, gestores, advogados, dentre outros), embora, na maioria
dos casos, eles contem com alguma especialização emcompliance.
Há também a possibilidade de terceirização desse serviço, o que, embora reduza o
controle da empresa sobre o processo, pode significar um aumento de credibilidade
por meio da validação externa.
De todo modo, as responsabilidades desse setor são, dentre outras, as seguintes:
produzir normas internas;
integrar e controlar as atividades de compliance;
monitorar os mecanismos de controle interno;
identificar erros e aperfeiçoar as políticas de compliance.
Por fim, uma possibilidade interessante é a junção desse departamento com o setor de
gerenciamento de riscos, a fim de permitir uma atuação mais homogênea.

5.3.2. Mapear processos internos


As rotinas de uma empresa levam à incidência de diferentes conjuntos de regras, como
normas trabalhistas, contábeis, tributárias, criminais, civis etc.
Tais regras podem atuar de maneira singular ou conjunta, criando exigências distintas
para os diferentes processos de uma empresa. Para demitir, pede-se “x”, para pagar
impostos, “y”, para contratar com o Poder Público, “z”, por exemplo.
Por isso, o mapeamento desses processos é uma ação essencial. Somente por meio da
identificação e detalhamento das atividades da empresa é que os ajustes de conduta
podem ser realizados. Até porque é praticamente impossível mudar aquilo que não se
conhece, não é mesmo?
Esse mapeamento pode ser atribuído ao departamento de compliance e serve como
subsídio para o desenvolvimento de uma política adequada às necessidades específicas
do negócio.
5.3.3. Realizar auditorias
Uma terceira ação importante é auditar as atividades da empresa. Isso porque apenas
por meio da análise sistemática dos processos internos é que os erros no cumprimento
de regras serão identificados, especialmente os potenciais focos de corrupção.
Vale ressaltar que, além da auditoria externa, realizada por empresas especializadas, é
fundamental a manutenção de modelos internos de checagem. Afinal, o quanto antes
um problema for identificado, mais eficiente será a contenção dos seus danos.
Sendo assim, o ideal é combinar os dois métodos, beneficiando-se da agilidade da
auditoria interna e da especialização da auditoria externa. Afinal, a segunda tem
também o objetivo de validar os processos e práticas do negócio.
De todo modo, para as finalidades do compliance, o mais importante é compreender
os feedbacks dos auditores e efetuar tantos ajustes quantos forem necessários para
estabelecer uma situação de conformidade com as leis.

5.3.4. Planejar a política de compliance


Após a reunião de informações sobre o negócio e o atual estado de seus processos, a
empresa tem de definir sua política de compliance e estabelecer seus objetivos. Esse
planejamento pressupõe a atuação conjunta dos diversos departamentos, além, é
claro, dos profissionais especializados.
A partir dele, os agentes tentarão alinhar as expectativas dos gestores, as
possibilidades de cada setor e as medidas necessárias, determinando a forma e o
modo de ser do programa de compliance do negócio.
No futuro, tais planos exigirão constantes revisões, sendo adaptados conforme os
feedbacks periódicos de auditores e profissionais do departamento especializado.

5.3.5. Editar um código de conduta


Como, muitas vezes, o compliance leva à aplicação de medidas punitivas, a empresa
precisa dar ciência de suas regras de conduta aos colaboradores, acionistas, parceiros e
afins.
Contudo, a edição de um código de conduta (ou código de ética) não é apenas uma
forma de legitimar as ações de controle, mas principalmente o estabelecimento dos
modelos de conduta que farão parte da cultura organizacional.
Trata-se, ao mesmo tempo, de uma medida preventiva (fixar punições para conduta
ímproba) e educativa (orientar acerca da forma correta de agir).
Por outro lado, merece destaque a chamada tese da eficácia horizontal dos direitos
fundamentais, inclusive dos direitos ao procedimento e organização. Isto é, o devido
processo legal, a ampla defesa, o contraditório e outras posições jurídicas
anteriormente tuteláveis apenas contra o Estado agora são exigíveis dos particulares
nas relações privadas.
Assim, o código de conduta e outros atos normativos da empresa devem possibilitar a
real apuração dos fatos, a apresentação de defesa e o respeito à dignidade mesmo
daqueles supostamente envolvidos em desvios. Tal entendimento ganha cada vez mais
espaço nos tribunais brasileiros. Por isso, o respeito a esses novos critérios é
fundamental para evitar a cassação de decisões pela via judicial, bem como demandas
de indenização por dano a imagem, honra, intimidade, nome etc.

5.3.6. Adaptar os processos internos


Evidentemente, não basta o mapeamento e a definição dos padrões de conduta que
orientarão a empresa, é preciso colocar as ideias em prática e adaptar os
procedimentos internos.
Para isso, a descentralização será fundamental. Sob a supervisão e auxílio do
departamento de compliance, os responsáveis de cada setor devem ajustar suas
rotinas e atividades às regras internas e externas.
Posteriormente, esses profissionais passam a atuar no controle das atividades diárias,
fiscalizando as ações e evitando desvios.
Por fim, eles serão a primeira fonte de feedback a respeito da eficácia da política de
compliance, por meio de informações sobre a adaptação do setor sob sua vigilância.

5.3.7. Praticar o endomarketing


O engajamento dos colaboradores é uma condição necessária para o sucesso da
política de compliance. Afinal, corretas ou erradas, as condutas são realizadas por
pessoas, as ações de uma empresa serão sempre uma projeção de como atuam seus
agentes.
Se um banco empresta dinheiro, é porque algum colaborador aprovou o crédito; se
uma loja vende um produto, é porque um colaborador convenceu o cliente; se uma
pizzaria entregou a encomenda na hora certa, é porque o colaborador se deslocou até
a casa do freguês, por exemplo.
Por isso, compliance, em certa perspectiva, significa uma mudança de postura das
pessoas que integram uma companhia — dos sócios aos colaboradores.
Essa mudança, quase sempre, dependerá da estratégia de comunicação. De fato, a
implementação do endomarketing voltado para o compliance é peça-chave na
conscientização e transformação da postura dos integrantes de uma organização.
O marketing interno precisa difundir e incentivar os padrões de conduta éticos, por
meio de ações estruturadas, publicidade institucional, políticas de benefícios, dentre
outros.
Nesse sentido, ele mesmo acaba se tornando parte da política de compliance.

5.3.8. Investir em uma consultoria


A implementação do compliance pode ser uma tarefa bastante complicada,
principalmente para as empresas que ainda não contam com nenhum mecanismo de
controle. Isso porque ela exige a integração de conhecimento de diferentes áreas,
como direito, contabilidade, marketing, gestão etc.

Sendo assim, é recomendável a procura por uma consultoria especializada. Esse auxílio,
ao menos inicial, facilitará a criação de normas, políticas, documentos, processos de
controle e demais práticas direcionadas ao cumprimento de regras.

5.4. Compliance para Fornecedores do Governo


Atualmente, vários Estados do Brasil estão solicitando que fornecedores tenham
programas de Compliance implementados para realizarem contratações públicas.
Esse demanda é nova e abre grandes oportunidades para consultorias de compliance,
bem como vagas de para Profissionais em empresas.
Conheça mais sobre Compliance para fornecedores do Governo.

6. Compliance nas mais diversas áreas


O compliance está envolvido em diversas áreas. Veja a seguir como ele pode ser
dividido:
Compliance ambiental
Compliance criminal
Compliance digital
Compliance eleitoral
Compliance empresarial
Compliance fiscal
Compliance na saúde
Compliance no setor público
Compliance sanitário
Compliance trabalhista
Compliance tributário
etc
6.1 Compliance ambiental
O compliance ambiental que visa garantir que a empresa não infrinja a legislação
ambiental, evitando responsabilizações civis, criminais ou administrativas decorrentes
de danos causados ao meio ambiente em razão das atividades corporativas.
6.2 Compliance criminal
O compliance criminal é uma área cujo foco é implementar diretrizes gerais dentro de
empresas, a fim de coibir condutas danosas de colaboradores e gestores que violam
leis e trazem prejuízos para a instituição.

As técnicas de compliance abrangem as práticas preventivas de controle, análise


financeira e tributária, treinamento de pessoas e monitoramento de operações.

6.3 Compliance digital


Atualmente, o mundo está cada dia mais digital sendo importante que as entidades
estejam em conformidade com as regras e normas de tecnologia da informação.
É pelo fato de as organizações desejarem alcançar esse objetivo que o conceito de
compliance digital está se tornando cada vez mais importante.

6.4 Compliance empresarial


Abrange as normas e os controles internos e externos aos quais as organizações
precisam se adequar.
A verdade é que todas as sociedades empresárias devem direcionar suas atuações
conforme as regras definidas — seja pelos regimentos internos da empresa, seja pelos
organismos de controle; tanto pelos funcionários como pela alta administração.
O compliance empresarial tem a finalidade de mostrar à instituição que os parâmetros
seguidos estão em conformidade com as regras de controle em todas as áreas.
6.5 Compliance fiscal
É necessário em razão da complexidade e burocracia da legislação, com atualizações
frequentes, instruções normativas, documentos expedidos pela Receita Federal,
calendário fiscal extenso, entre outras especificidades.
Diante disso, levando em conta a grande quantidade de questões que englobam as
informações fiscais — como compras, vendas, números patrimoniais, estoque, folhas
de pagamentos, transações bancárias, entre outras —, é preciso estar em
conformidade com cada uma delas.
Nesse contexto, o compliance fiscal vai contribuir para a organização das matérias
fiscais e para o cumprimento de todas as diretrizes, regulamentações e políticas
estipuladas em lei.
Os benefícios dessa atividade são diversos e incluem o acompanhamento das
obrigações fiscais pendentes, o correto preenchimento das notas fiscais, o
armazenamento dos arquivos fiscais, o controle de prazos, a conferência do pagamento
de impostos, entre outros.
Além disso, uma outra vantagem é a elaboração de um conjunto de mecanismos que
ajudam a empresa a reduzir as más condutas no que tange ao departamento
financeiro. Aliás, é importante ressaltar que os investidores estão a todo momento
procurando aplicar em negócios com solidez, normas de controle e ferramentas de
estruturação interna.

6.7 Compliance na saúde ou healthcare compliance


Quando pensamos na área da saúde, essa máxima se torna ainda mais aplicável. O
compliance na saúde visa estabelecer normas para as instituições do ramo, de modo a
priorizar sempre o bem-estar do paciente e o alinhamento com a governança
corporativa, normas gerais e regulação setorial.
Normalmente, profissionais de gestão, direito e da área de saúde atuam em
compliance na saúde.

6.8 Compliance no setor público


Iniciativas que buscam a implementação de ações de compliance no setor público são
uma tendência. Recentemente, o Brasil está incentivando e até determinando boas
práticas de compliance para empresas e organizações do setor público.
6.9 Compliance trabalhista
O compliance trabalhista é primordial para estabelecer os direitos, os deveres, as
normas e as obrigações de todos os gestores, colaboradores, direção, gerentes, entre
outros colaboradores. Toda a equipe precisa ter conhecimento do código de conduta
da empresa e colocá-lo em prática.
Além disso, deve haver um canal de denúncia no qual o colaborador possa alertar
sobre o descumprimento de alguma regra, sem que exista qualquer tipo de pressão de
alguém com um nível hierárquico acima do seu.

6.10 Compliance tributário


A eficácia do compliance tributário está diretamente relacionada à importância dos
padrões de ética e integridade implementados nas normas internas.
Nele, a junção de medidas e regras é ligada à prevenção de riscos de descumprimento
às legislações tributárias.
É preciso compreender que os mecanismos de compliance tributário buscam, como
finalidade principal, eliminar os riscos e ilegalidades que podem ocorrer quanto à lei
tributária — especialmente no que diz respeito a isenções, subsídios ou concessões de
benefícios irregulares.

7. Compliance e Anticorrupção
O compliance é uma importante e essencial estrutura para prevenir e combater a
corrupção.
Assim como outros países do mundo, o Brasil possui uma Lei Anticorrupção e a
implementação de Compliance em empresas públicas ou privadas que são
fornecedores para o Governo está tornando-se essencial.

A importância do código de conduta ética para um plano de Compliance

O código de ética e compliance é demasiadamente importante e é papel dos


advogados compreenderem esse processo, uma vez que podem orientar os seus
clientes sobre o assunto.
Isso se justifica pelo fato de a reputação e a imagem de uma empresa estarem
diretamente relacionadas à sua permanência no mercado, pois os consumidores ou
clientes atentam para esses detalhes. Apesar disso, muitas pessoas não entendem do
que o assunto trata.
Foi esse o fator motivador para que desenvolvêssemos este post, que falará sobre a
importância do código de conduta ética para um plano de compliance. Acompanhe
mais informações sobre o tema nos tópicos a seguir!

O que é código de conduta ética e compliance?


A palavra compliance é de origem inglesa, derivada do verbo “to comply”, que significa
algo como “agir segundo uma regra”. De tal modo, um código de conduta ética e
compliance pode ser interpretado como um conjunto de regras e normativas que as
empresas precisam adotar.
Entre essas regras, destaca-se a transparência, algo tido como fundamental nos dias de
hoje. Assim, todos que tiverem interesse poderão ter acesso a informações
importantes sobre a empresa, que pode agir estrategicamente para manter ou
aumentar a confiança de seus públicos.
Por que as empresas estão adotando um código de conduta ética?
Quando uma companhia implementa a ética como premissa básica, ela cria potencial
para se desenvolver de forma sustentável, tendo em vista que será reconhecida pelos
clientes como uma empresa séria e responsável, aumentando sua competitividade.
As instituições que agem com desrespeito aos clientes, realizando falsas ofertas ou
propagandas enganosas, por exemplo, têm como consequência o fracasso.
A ética empresarial gera uma boa relação entre os seus funcionários, clientes,
fornecedores e demais membros que envolvem as operações, tornando tudo mais
nítido e agradável em todos os níveis.
Por isso, nos dias atuais, a ética empresarial passou a ser entendida como um objetivo
fundamental a ser atingido, e o cultivo dela dentro dos negócios passou a ser lidado
com tanta importância quanto os resultados esperados.
As organizações estão optando pelo código de conduta ético porque esse documento
tem a função de:

 assegurar a padronização na forma de encaminhar questões específicas;


 apresentar critérios ou norteamentos para que as pessoas sintam segurança
ao adotar maneiras éticas de se conduzir;
 estimular o comprometimento de todos os envolvidos na criação do
documento;
 melhorar a integração entre os colaboradores da empresa;
 favorecer um bom ambiente de trabalho, gerando o aumento da qualidade
da produção, bons rendimentos, expansão do negócio e lucratividade;
 conquistar a fidelidade do cliente;
 motivar os funcionários a terem mais sensibilidade, possibilitando a procura
pela satisfação dos fornecedores e consumidores;
 proteger os interesses profissionais e públicos de todos que contribuem
para a organização;
 gerar valor e fortificar a imagem do negócio;
 garantir a sustentabilidade da companhia.

Qual é o papel do código de conduta ética para o plano de compliance?

Ao elaborar um plano de compliance, a empresa estará desenvolvendo um documento


que tem objetivos específicos na organização. Entre eles, destacam-se os seguintes.
Confira!

Ser a base da forma de agir de todos

O código de conduta ética deve ser enraizado na cultura organizacional da empresa.


Desse modo, ele deve ser incorporado ao dia a dia dos colaboradores, sendo uma base
para que todos possam agir da forma responsável.

Aperfeiçoar os relacionamentos internos e externos

Engana-se quem pensa que um plano de compliance serve apenas para estreitar o
relacionamento com clientes. Ele deve ser a base para trocas com qualquer grupo
interessado na organização, como os funcionários, a imprensa, a comunidade em que
a empresa está inserida etc.

Administrar conflitos de interesses

Com base nas normativas éticas estabelecidas, será possível que o plano de
compliance atue com um papel de administrar conflitos de interesses nas
organizações.

Estabelecer princípios éticos e formais de conduta

Conforme já dito, esse plano tem como objetivo estabelecer regras. Tais regras
precisam ser cumpridas por todos os colaboradores da organização, sob comando dos
líderes.
Quais são as vantagens em ter um código de conduta ética?

Um código de ética pode gerar várias vantagens para a empresa. Conheça as principais
delas:

 fortalecimento da imagem do negócio perante a sociedade;


 resolução de conflitos e problemas internos;
 aproximação de toda equipe da instituição, já que ela também
deverá participar da elaboração do código;
 aprimoramento da conduta moral da constituição da empresa e a forma
como é direcionada;
 melhora na relação entre colaboradores, consumidores, fornecedores e
governo;
 aumento da transparência e credibilidade do negócio, por proporcionar
coerência, considerando que tudo ficará documentado.

Como a lei anticorrupção deu força ao código nas empresas?

A lei anticorrupção, em vigor desde 2013, pune severamente as empresas que forem
condenadas por atos de corrupção contra a administração pública. De tal modo, essa
legislação fez com que os códigos de compliance ganhassem mais força e valor dentro
das organizações.

Quais são os principais desafios para a implementação do Código de ética na


empresa?
Entre os principais desafios estão a necessidade de projetar seus valores pensando no
público externo, por exemplo, pensar em se tornar uma empresa cidadã, que preza
pela sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, responsabilidade social, entre
outros.
Além disso, é preciso refletir a respeito de todos os membros que envolvem as
operações externas, como colaboradores, executivos, fornecedores, acionistas, entre
outros, de forma a garantir a implementação de um sistema que garanta uma forma
ética de operar, sempre obedecendo os princípios da instituição e os conceitos da
moral e do direito.
São muitos os ônus imputados à companhia que, omissa com a ética, enfrenta
problemas que em muitos casos, em somente um dia, acabam com toda a reputação
que demorou tempos para conquistar, por exemplo, indicação de fraudes, aplicação e
penalidade de multas pesadas, desmotivação dos funcionários, entre outros.
Isso explica a busca pelas empresas em adotar altos padrões pessoais de conduta para
a escolha de seus colaboradores, tendo em mente que a integridade dos negócios
compreende o auxílio de profissionais capazes de alinhar valores empresariais e
convicções pessoais.
Conhecer sobre o código de ética e compliance é relevante para os advogados, uma vez
que seus clientes podem ter dúvidas sobre esse assunto e precisar de suporte para não
serem penalizados por legislações fiscalizadoras, como é o caso da lei anticorrupção.
Atuar como um consultor nessa área pode ser uma opção de carreira interessante para
os advogados. Para saber mais, leia o nosso artigo “Confira agora as principais
informações da carreira de Compliance Officer”.
O que é um compliance officer?
O Compliance officer é o profissional responsável por garantir que todos os
regulamentos internos e externos à empresa sejam cumpridos esse profissional
trabalha com compliance e governança corporativa.
A palavra “compliance” vem do verbo em inglês “comply”, que significa “cumprir”. Ou
seja, é aquele que verificará o cumprimento das regras estabelecidas por clientes,
fornecedores e órgãos regulamentadores.
Sua principal função é criar e gerenciar um programa de integridade de uma
companhia, garantindo a ética na conduta da empresa. Essa responsabilidade exige o
conhecimento de questões jurídicas, portanto, é muito comum que advogados ocupem
essa função, seja como funcionário ou consultor externo.

O que faz esse profissional?


Na prática, esse profissional cria um plano de trabalho para garantir o compliance
interno e externo na empresa. Inicialmente, o profissional de compliance deve
conhecer as atividades diárias da empresa, seus funcionários e investigar a que tipo de
situações de risco ela está exposta, como, por exemplo, um risco financeiro. Isso faz
com que o cargo seja de confiança, exigindo atuação com a diretoria da empresa.
A partir disso, seu papel é implementar um programa que informe a empresa sobre os
riscos observados, exigindo o controle e o cumprimento de leis e regulamentos. Em
serviços governamentais, pode ser exigida também a fiscalização de corrupção.
A função também garante que a empresa cumpra com as regulações governamentais
impostas ao setor de atuacão da empresa.
Assim, é sua função proteger a empresa ou instituição, agindo como um verdadeiro
conselheiro. Mas, em casos em que ela não siga os princípios éticos necessários ou
descumpra uma lei, é seu dever informar à justiça o ocorrido.
Como é possível perceber, ser um CCO demanda diversas habilidades diferentes,
confira quais são elas a seguir.

Quais são as habilidades necessárias?


Como já afirmamos, o compliance officer ocupa um cargo de confiança, que exige
ética. Para tal, é indispensável ter integridade. Mas não é somente isso que esse
profissional precisa. Como ele atua monitorando a empresa no geral, isso
requer facilidade de comunicação e capacidade de relacionamento, já que ele deverá
ser capaz de transitar por todas as áreas.

Além disso, o CCO é responsável por gerir tecnicamente a legislação de um negócio, o


que exige autoridade. Mas ele não deve ser visto como um inimigo pela empresa, ou
seja, aquele que só sabe aplicar leis e não defende a companhia.

Pelo contrário, deve saber negociar e ser capaz de convencer uma organização sobre a
melhor atitude a ser tomada, mesmo que ela não seja a estratégia mais popular.

No dia a dia da profissão, precisará lidar não só com conhecimentos jurídicos, mas


também de administração, gestão de empresas, contabilidade e finanças. Dessa forma,
é um profissional multidisciplinar.

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