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Defesa pede absolvição de Lula e reforça o lawfare

Em alegações finais apresentadas hoje (31/10/2018) reforçamos que o ex-


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima de lawfare – que consiste no abuso
e mau uso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição
política — e que não cometeu os ilícitos que lhe foram atribuídos pelo
Ministério Público Federal nos Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000, em
trâmite perante a 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba.

A ementa da peça protocolada, como consta em seu bojo, é a seguinte:

• MPF da Lava Jato escolheu este Juízo — com nítida posição pré-
estabelecida para a condenação do Defendente como meio de lawfare1 —
mediante a mera afirmação, desacompanhada de um fiapo de prova, de
que o ex-Presidente teria sido beneficiado por imóveis adquiridos com
recursos provenientes de 8 contratos específicos firmados pela Petrobras:
incompetência manifesta deste Juízo segundo os critérios estabelecidos
pelo STF (Inq. 4130/QO);
• Lawfare evidenciado pelo direcionamento, pelo MPF, de narrativas em
delação sobre a prática de ilícitos na Petrobras apenas a partir de 2003,
ano em que o Defendente assumiu o cargo de Presidente da República
(Depoimento de Pedro Barusco2: “Defesa:- Mas tem propinas que o
senhor recebeu então antes de 2003? Pedro José Barusco Filho:- Tem”;
“Defesa:- O senhor vê essa delimitação, então, lavajato a partir de
1
O lawfare consiste no abuso e mau uso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.
Conferir: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/defesa-de-lula-diz-que-lava-jato-usa-leis-como-
arma-de-guerra-para-desmoralizar-inimigo/ (acesso em 31.10.2018).
2
Evento 353.
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2003? Pedro José Barusco Filho:- É”; “Defesa:- Certo. Mas, quer
dizer, então na realidade, esse recebimento de vantagens indevidas pelo
senhor começa antes de 2003. Começa... Então, essa planilha não
reflete todo o período em que o senhor recebeu vantagens indevidas?
Pedro Barusco:- Óbvio”);
• Prática de atos por este Juízo, antes e após o oferecimento da denúncia,
que indicam a impossibilidade de o Defendente obter julgamento justo,
imparcial e independente; participação atual do magistrado em processo
de formação do governo do Presidente eleito a partir de sufrágio que
impediu a participação do Defendente — até então líder nas pesquisas de
opinião — a partir de atos concatenados praticados ou com origem em
ações praticadas pelo mesmo juiz; aceite do juiz, por meio de nota
oficial3, para discutir participação em governo do Presidente eleito que
afirmou que iria “fuzilar petralhada”4, que o Defendente deve
“apodrecer na cadeia”5 e que seus aliados têm a opção de “deixar o país
ou cadeia”6: reforço do lawfare e da ausência de imparcialidade do
julgador;
• Repetição da acusação veiculada nos autos da Ação Penal nº 5046512-
94.2016.4.04.7000/PR (caso do tríplex), que levou à condenação do
Defendente sem reconhecimento de concurso material — questionada
nos Tribunais Superiores por recursos pendentes de julgamento — sob o
(falso) fundamento de que ele seria “o garantidor de um esquema maior,
assegurando nomeações e manutenções de agentes públicos em cargos

3
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/convite-de-bolsonaro-sera-objeto-de-discussao-e-reflexao-
diz-moro/(acesso em 31.10.2018).
4
https://oglobo.globo.com/brasil/campanha-confirma-video-em-que-bolsonaro-fala-em-fuzilar-petralhada-do-
acre-foi-brincadeira-23033857 (acesso em 31.10.2018).
5
https://www.valor.com.br/politica/5939477/bolsonaro-afirma-que-lula-e-haddad-apodrecerao-na-cadeia (acesso
em 31.10.2018).
6
https://www.poder360.com.br/eleicoes/bolsonaro-diz-que-vermelhos-terao-duas-opcoes-deixar-o-pais-ou-
cadeia/ (acesso em 31.10.2018).
chaves para a empreitada criminosa”; violação à garantia do ne bis in
idem;
• O MPF jamais conseguiu superar a prova inequívoca, irrefutável e
incontestável de que o Instituto Lula — que não se confunde com a pessoa
do Defendente — jamais solicitou ou recebeu o imóvel situado na Rua
Haberbeck Brandão, nº 178, em São Paulo (SP); no imóvel funciona uma
concessionária de automóveis que comprou o espaço gerando lucro para
o grupo Odebrecht; o Defendente também jamais cogitou do recebimento
gratuito de qualquer imóvel para sediar o Instituto Lula; o imóvel nunca
esteve à disposição do Defendente para que procedesse à instalação do
Instituto Lula, seja porque não havia Instituto Lula antes de 15.08.2011,
seja porque a manifestação de desinteresse foi imediata e taxativa após a
única visita que o Defendente fez ao imóvel, juntamente com membros da
futura diretoria do Instituto Lula, em 26.07.2011;
• Diante da manifesta inviabilidade da tese acusatória, o MPF buscou, sem
amparo legal, inovar em sede de alegações finais, reconhecendo que o
interesse no imóvel foi de pronto descartado pelos membros do futuro
Instituto Lula, mas que o crédito correspondente teria ficado à disposição
do Defendente para compra e posterior entrega gratuita de outro imóvel;
manifesto abuso do direito de acusar e deslealdade processual;
• Além do vício processual, a nova tese ministerial é incompatível com o
fato de que o Instituto Lula buscou perante a Prefeitura de São Paulo em
02.12.2011 a cessão de uso de um imóvel para instalação do “Memorial
da Democracia e posteriormente litigou na Justiça para implementação
da Lei Municipal nº 15.573/2012, com essa finalidade;
• O MPF jamais conseguiu superar a prova inequívoca, irrefutável e
incontestável de que o Defendente jamais solicitou ou recebeu o
apartamento 121 do residencial Hill House, bloco 1, localizado na
Avenida Francisco Prestes Maia, nº 1.501; o imóvel foi alugado pela
esposa do Defendente do proprietário Glaucos da Costamarques, que
recebeu aluguel e emitiu recibos dos valores recebidos, que foram por ele
confeccionados e são compatíveis com as movimentações em espécie na
sua conta bancária;
• Os recibos de locação do apartamento dão plena quitação, a qual,
segundo a lei brasileira (CC, art. 319), é a prova mais plena e acabada
de adimplemento da obrigação contratual, tudo a afastar a inaceitável
tese ministerial de que o Defendente teria recebido a propriedade do
imóvel;
• A hipótese acusatória de pagamento de vantagem indevida ao Defendente
foi enfaticamente negada por diversos delatores – dentre corruptores,
intermediários e corrompidos – como se verifica nos depoimentos de
Augusto Ribeiro de Mendonça Neto7, Dalton dos Santos Avancini8,
Eduardo Hermelino Leite9, Alberto Youssef10, Fernando Falcão Soares11
e Pedro Corrêa12, conforme trechos que serão adiante transcritos;
• Depoimentos de ex-ocupantes dos cargos de Procurador Geral da
República, Ministro-Chefe da CGU, Diretor-Geral da Polícia Federal
demonstraram que o governo do Defendente que foi o que mais fortaleceu
e deu autonomia às instituições e o que mais adotou medidas a fim de
tornar mais eficiente o combate à criminalidade, incluindo-se a
corrupção e a lavagem de dinheiro;

7
Transcrição no evento 388.
8
Evento 388 da ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000/PR;
9
Evento 388 da ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000/PR.
10
Evento 417 da ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000/PR.
11
Evento 417 da ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000/PR.
12
Evento 394 da ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000/PR.
• Manifesta ausência de quid pro quo ou de qualquer ato capaz de revelar
a pratica de lavagem de dinheiro;
• Nulidade do processo; ausência de prova de culpa do Defendente;
presença inequívoca de prova de inocência do Defendente.

Cristiano Zanin Martins

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