O documento trata de uma medida cautelar requerida pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo para destrancar um recurso especial interposto contra uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. A medida cautelar foi concedida pelo relator para permitir o juízo de admissibilidade do recurso especial, mas posteriormente foi extinta devido ao julgamento do mérito do recurso especial pelo STJ.
O documento trata de uma medida cautelar requerida pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo para destrancar um recurso especial interposto contra uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. A medida cautelar foi concedida pelo relator para permitir o juízo de admissibilidade do recurso especial, mas posteriormente foi extinta devido ao julgamento do mérito do recurso especial pelo STJ.
O documento trata de uma medida cautelar requerida pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo para destrancar um recurso especial interposto contra uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. A medida cautelar foi concedida pelo relator para permitir o juízo de admissibilidade do recurso especial, mas posteriormente foi extinta devido ao julgamento do mérito do recurso especial pelo STJ.
REQUERENTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : CAROLINA DALLA VALLE BEDICKS - DEFENSORA PÚBLICA REQUERIDO : UMBERTO SALOMONE - ESPÓLIO REPR. POR : LÚCIO SALOMONE - INVENTARIANTE ADVOGADO : SABRINA BERARDOCCO CARBONE E OUTRO(S) - SP138405
DECISÃO
1. Trata-se de medida cautelar, com pedido de liminar, objetivando o
destrancamento e a concessão de efeito suspensivo a recurso especial interposto contra acórdão prolatado pelo TJ/SP, em sede de agravo de instrumento. Noticia a requerente que foi ajuizada pelo requerido ação de reintegração de posse de área onde residem cerca de 4.600 pessoas, sendo certo que somente 30 foram citadas pessoalmente, não tendo sido publicado edital para a citação das demais. Acrescentou que não houve intervenção do Ministério Público no curso da ação. Não obstante, foi concedida liminar para permitir a reintegração, momento em que a Defensoria Pública alegou as aludidas nulidades, ensejando a suspensão do cumprimento do mandado pelo Juízo singular. Foi interposto agravo de instrumento contra essa decisão, que restou provido pelo Tribunal a quo, nos termos da ementa, ao fundamento de que desnecessária a citação quando muitos os réus, sem a possibilidade de identificação de todos, bem como que a falta de intervenção do parquet não geraria nulidade, uma vez que a liminar não fora cumprida. Confira-se: POSSE. Reintegração. Sustação de reintegração ordenada por esta Corte. Inexistência de fato ou nulidade supervenientes a afastar o cumprimento da ordem. Direito do agravante à posse perdida, em torno da qual gira a discussão. Agravo provido.
Nas razões do recurso especial interposto com fundamento na alínea "a" do
permissivo constitucional, foi apontada violação dos arts. 82, III e 231, I, do CPC. Apontou como fumus boni juris a ensejar a cautelar a manifesta ofensa aos arts. 82, III, e 231, I do CPC, tendo o Ministério Público se manifestado no sentido da configuração das nulidades. O periculum in mora consubstancia-se no fato de que a área litigiosa é ocupada desde 2005, contando com cerca de 645 famílias e 4.600 pessoas, havendo 800 crianças, inclusive matriculadas em escolas municipal e estadual próximas ao local, que serão removidas sem possibilidade de exercerem seu direito de defesa na ação de reintegração, caso se dê cumprimento ao mandado.
Outrossim, trouxe à colação precedentes desta Corte, que entenderam pela
excepcional possibilidade de mitigação da regra do art. 542, § 3º, do CPC, destrancando-se o recurso especial ante o iminente e irreversível prejuízo à parte. Documento: 77071518 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 03/10/2017 Página 1 de 3 Superior Tribunal de Justiça A liminar foi concedida apenas para destrancar o recurso especial, possibilitando o seu juízo de admissibilidade na instância a quo.
É o relatório.
2. Com efeito, o REsp 1.314.615, ao qual se referia a presente cautelar, foi
julgado em decisão assim ementada: RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. INVASÃO COLETIVA DE IMÓVEL POR NÚMERO INDETERMINADO DE PESSOAS. CITAÇÃO POR EDITAL DOS INVASORES NÃO ENCONTRADOS PELO OFICIAL DE JUSTIÇA. NECESSIDADE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO MULTITUDINÁRIO FORMADO POR RÉUS INCERTOS. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO FICTA. NULIDADE DO FEITO. 1. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que a ausência de intimação do Ministério Público não enseja, por si só, a decretação de nulidade do julgado, salvo a ocorrência de efetivo prejuízo demonstrado nos autos. 2. Nas ações possessórias voltadas contra número indeterminado de invasores de imóvel, faz-se obrigatória a citação por edital dos réus incertos. 3. O CPC/2015, visando adequar a proteção possessória a tal realidade, tendo em conta os interesses público e social inerentes a esse tipo de conflito coletivo, sistematizou a forma de integralização da relação jurídica, com o fito de dar a mais ampla publicidade ao feito, permitindo que o magistrado se valha de qualquer meio para esse fim. 4. O novo regramento autoriza a propositura de ação em face de diversas pessoas indistintamente, sem que se identifique especificamente cada um dos invasores (os demandados devem ser determináveis e não obrigatoriamente determinados), bastando a indicação do local da ocupação para permitir que o oficial de justiça efetue a citação daqueles que forem lá encontrados (citação pessoal), devendo os demais serem citados presumidamente (citação por edital). 5. Na hipótese, deve ser reconhecida a nulidade de todos os atos do processo, em razão da falta de citação por edital dos ocupantes não identificados. 6. Recurso especial provido. (REsp 1314615/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 09/05/2017, DJe 12/06/2017)
Dessarte, o superveniente julgamento do recurso evidencia ainda mais o
exaurimento dos efeitos da presente cautelar, haja vista que ela foi concedida tão somente para determinar ao juízo a quo que efetuasse o juízo de admissibilidade do recurso especial. 3. Ante o exposto, julgo extinto o processo.
Documento: 77071518 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 03/10/2017 Página 2 de 3
Superior Tribunal de Justiça Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 29 de setembro de 2017.
MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO
Relator
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