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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 55.070 - MS (2014/0336072-9)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


RECORRENTE : CARMEM REGINA DUTRA VALÉRIO (PRESA)
ADVOGADO : ANTONIO EDILSON RIBEIRO
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO
SUL
EMENTA

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS


CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO.
I - A prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta
medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do pronunciamento condenatório
definitivo, consubstanciado na sentença transitada em julgado. É por isso que tal medida
constritiva só se justifica caso demonstrada sua real indispensabilidade para assegurar a
ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do
Código de Processo Penal. A prisão preventiva, portanto, enquanto medida de natureza
cautelar, não pode ser utilizada como instrumento de punição antecipada do indiciado ou
do réu, nem permite complementação de sua fundamentação pelas instâncias superiores
(HC 93498/MS, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 18/10/2012).
II- No caso dos autos, a douta Subprocuradoria-Geral da República
manifestou-se favoravelmente ao provimento do recurso, por vislumbrar, no presente
caso, a existência de constrangimento ilegal, uma vez que "ausentes fundamentos
idôneos para a decretação da prisão preventiva da recorrente, deve ela ser
revogada", requerendo, ao final, "sejam aplicadas à denunciada, ora recorrente,
medidas cautelares diversas da prisão, a serem detalhadas pelo Juízo perante o
qual tramita a ação penal" (fls. 166/167, e-STJ).
III - O decreto que impôs a prisão preventiva à paciente não apresenta a
devida fundamentação, uma vez que a simples invocação da gravidade genérica ou da
repercussão social do delito não se revela suficiente para autorizar a segregação cautelar
com fundamento na garantia da ordem pública e aplicação da lei penal.
Recurso ordinário provido para revogar a prisão preventiva decretada em
desfavor da recorrente, salvo se por outro motivo estiver presa, e sem prejuízo da
decretação de nova prisão, desde que concretamente fundamentada, determinando que
o juízo de primeiro grau aplique, como entender de direito, alguma das medidas
cautelares diversas da prisão, previstas no art. 319 do Código de Processo Penal.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


Documento: 45488959 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 25/03/2015 Página 1 de 2
Superior Tribunal de Justiça
acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar
provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Gurgel de Faria, Newton Trisotto
(Desembargador convocado do TJ/SC) e Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador
convocado do TJ/PE) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 10 de março de 2015 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

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