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EMENTA
Assinado eletronicamente por: FERNANDO LOPES E SILVA NETO - 13/09/2023 13:52:45 Num. 13175439 - Pág. 1
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Nacional – LOMAN, salientando-se que o novo Código de Processo Civil
eliminou a figura do revisor. 2 - A duplicidade de recursos, versando sobre o
mesmo acórdão, viola o princípio da singularidade ou unirrecorribilidade
recursal, impondo-se, assim, o não conhecimento dos segundos Embargos de
Declaração opostos pelo Ministério Público do Estado do Piauí. 3 – In casu, o
Órgão Colegiado, por maioria de votos, acolheu a questão de ordem sucitada
pelo ora recorrido, aplicando, equivocadamente, os efeitos benéficos da nova
lei de improbidade administrativa em seu favor, ao argumento que se sucedeu
a revogação expressa do ato ímprobo que lhe fora imputado e de ausência do
trânsito em julgado da condenação a ele imposta e, em consequência,
reformou tanto a decisão terminativa que não conheceu da Apelação Cível,
como a sentença prolatada pelo magistrado do primeiro grau, a fim de julgar
totalmente improcedentes os pleitos autorais. Contudo, deixou de se
manifestar sobre questão já levantada, discutida e reconhecida por esta
Câmara, bem como assentada nos autos pela certidão que atestou a
intempestividade do recurso de apelação, havendo omissão a ser suprida, sob
pena de restar incompleta a prestação jurisdicional. 4 – Não há como acolher
a questão de ordem arguida pelo ora embargado, porquanto, trata-se de
matéria afeta ao mérito da causa e, no caso, o recurso de apelação não fora
conhecido ante sua notória intempestividade, de forma que recurso
intempestivo é incapaz de devolver ao Tribunal a apreciação da matéria
impugnada. 5 - A intempestividade recursal gera o trânsito em julgado da
sentença, conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de
Justiça (REsp: 1984292 DF 2021/0207610-3, REsp: 1121966 PR
2009/0119836-1). 6 – Embargos de Declaração conhecidos e providos para
suprir a omissão apontada quanto à análise da evidente intempestividade da
Apelação Cível, e, em consequência, tornando sem efeito o acórdão
embargado que acolheu a questão de ordem suscitada pelo ora embargado e,
ato contínuo, quanto ao mérito dos embargos opostos por João Félix de
Andrade Filho (Id 6463633), nego-lhes provimento mantendo-se em sua
integralidade o acórdão que conheceu do Agravo Interno e, no mérito, negou-
lhe provimento para manter a decisão que não conheceu da Apelação Cível
em razão da sua flagrante intempestividade (Id 6326853).
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos em que são partes as acima indicadas, acordam
os componentes da Egrégia 3ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado do
Piauí, à unanimidade, em CONHECER dos presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (Id
9552215), pois, preenchidos os pressupostos processuais de admissibilidade para REJEITAR a
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preliminar de redistribuição dos autos ao Desembargador Olímpio José Passos Galvão e
ACOLHER a preliminar de não conhecimento dos segundos Embargos de Declaração opostos
pelo Ministério Público do Estado do Piauí (Id 9613699), ambas arguidas pela parte embargada
nas contrarrazões de recurso e, no mérito, DAR-LHES PROVIMENTO para suprir a omissão
apontada quanto à análise da evidente intempestividade da Apelação Cível, não sendo alcançada
pela reforma da Lei nº. 14.230/2021, e, em consequência, tornando sem efeito o acórdão
embargado que acolheu a questão de ordem suscitada pelo ora embargado e, ato contínuo,
quanto ao mérito dos embargos opostos por João Félix de Andrade Filho (Id 6463633), nego-lhes
provimento mantendo-se em sua integralidade o acórdão que conheceu do Agravo Interno e, no
mérito, negou-lhe provimento para manter a decisão que não conheceu da Apelação Cível em
razão da sua flagrante intempestividade (Id 6326853). Após, determinar que seja certificado o
trânsito em julgado da sentença, ocorrido no dia seguinte após expirado o prazo para interposição
do recurso extemporâneo, nos termos do artigo 1.006, do Código de Processo Civil, dando-se
baixa na distribuição do 2º Grau, bem como procedendo-se a remessa dos autos ao Juízo de
Direito da 2ª Vara da Comarca de Campo Maior-PI, para os fins cabíveis à espécie, no que
concerne ao cumprimento imediato da sentença. HOMOLOGO o pedido de desistência dos
EMBARGOS DECLARATÓRIOS opostos por ANTÔNIO JORDÉLIO PEREIRA PARENTE, nos
termos do artigo 998, caput, do Código de Processo Civil, na forma do voto do Relator.
RELATÓRIO
Em suas razões de recurso, o Ministério Público Estadual aduz que o acórdão vê-se omisso
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quanto à apreciação da questão relativa à intempestividade da Apelação Cível interposta por
João Félix de Andrade Filho, ora embargado, porquanto, o Órgão Colegiado, por maioria de
votos, acatou questão de ordem referente às alterações implementadas pela nova lei de
improbidade administrativa, entre as quais, a revogação do inciso I do artigo 11 da Lei de
Improbidade Administrativa, aplicando, erroneamente, os efeitos benéficos da citada lei em favor
do embargado, ao argumento de que se sucedeu a revogação expressa do ato ímprobo que lhe
fora imputado e de ausência do trânsito em julgado da condenação a ele imposta, sem, contudo,
levar em consideração a intempestividade do recurso de apelação interposto pelo recorrido.
Argumenta que o Agravo Interno, meio de impugnação de decisão monocrática proferida pelo
Relator do recurso, não tratou do mérito da demanda, que sequer foi objeto de discussão, já que
seu móvel foi a intempestividade do recurso de apelação. E recurso intempestivo é considerado
ato inexistente.
Quanto à improbidade administrativa pela qual o ora embargado fora condenado, e transitada em
julgado a r. sentença em face da intempestividade do recurso de apelação, verifica-se equívoco
profundo na análise do ato ímprobo, já que a condenação do recorrido deu-se na modalidade
dolosa, ante provas robustas dos autos e antes da entrada em vigora da Lei nº. 14.230/21, que
em nada lhe beneficia, por tratar esta de excluir sanção apenas à modalidade culposa, e antes do
trânsito em julgado da condenação, razão pela qual, não se aplica o Tema 1.199 do Supremo
Tribunal Federal.
Pugna, ao final, pelo conhecimento e provimento dos embargos de declaração para sanar a
omissão apontada, bem como para fins de prequestionamento.
Após a oposição dos Embargos Declaratórios, o Ministério Público Estadual opôs novos
embargos (Id 9613699), aduzindo, em suma, omissão no acórdão quanto à intempestividade da
Apelação Cível.
Aduz que não há como ser afastada a intempestividade do recurso de apelação, visto que os
requisitos de admissibilidade recursal são matéria de ordem pública e devem ser apreciados a
qualquer tempo, por qualquer instância, ainda que o magistrado de piso já o tenha feito.
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No que se refere as mudanças concernentes a nova lei de improbidade administrativa, Lei nº
14.230/21, a qual promoveu diversas alterações no texto da Lei 8.429/92, assevera que este
Órgão Colegiado acolheu questão de ordem suscitada pela parte recorrida, aplicando,
equivocadamente, os efeitos benéficos da citada lei em favor do recorrido, ao argumento que se
sucedeu a revogação expressa do ato ímprobo imputado ao embargante e de ausência do
trânsito em julgado da condenação a ele imposta.
Contudo, no caso em espécie, houve a comprovação de dolo específico por parte do então gestor
municipal, haja vista que afrontou dolosamente o artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal –
LRF, fato que atenta contra os princípios da Administração Pública (legalidade), não havendo,
pois, que se falar em aplicação retroativa da nova lei de improbidade, mormente porque a nova lei
revoga apenas os casos relacionados a modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa, não se aplicando à hipótese dos autos, que tratou da prática inconteste de ato de
improbidade administrativa, inequivocamente e comprovadamente doloso.
Requer, por fim, o conhecimento e provimento dos embargos de declaração para sanar a
omissão alegada, bem como para fins de prequestionamento.
No mérito, aduz que de acordo com a tese em repercussão geral fixada pelo STF, as alterações
promovidas pela Nova Lei de Improbidade Administrativa aplicam-se aos atos de improbidade
administrativa culposos praticados na vigência do texto anterior da lei, sem condenação
transitada em julgado, em virtude da revogação expressa do texto anterior.
Alega que inexiste omissão, contradição ou obscuridade no acórdão, tendo os aclaratórios sido
opostos apenas com a finalidade protelatória e de reexame da matéria, o que é inviável nesta via
recursal, razão pela qual, devem os aclaratórios serem improvidos (Id 10737829).
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É o que importa relatar.
VOTO DO RELATOR
I - DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
O artigo 1.023, do Código de Processo Civil dispõe que: “Os embargos serão opostos, no prazo
de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou
omissão, e não se sujeitam a preparo”.
Embargos declaratórios opostos tempestivamente. Além de tempestivos, foram opostos por parte
legítima, de forma regular, constituindo-se na via adequada, útil e necessária à pretensão do
recorrente. Portanto, restando preenchidos os requisitos intrínsecos e extrínsecos de
admissibilidade recursal, CONHEÇO dos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (Id 9552215).
A respeito da matéria, esclareço que na 98ª Sessão Ordinária de Julgamento, de caráter Judicial,
do TRIBUNAL PLENO, realizada na data de 2 de setembro de 2019, fora julgado o CONFLITO
DE COMPETÊNCIA Nº. 0703714-85.2019.8.18.0000, sob minha Relatoria, tendo os
componentes do Tribunal Pleno, por maioria de votos, julgado procedente o referido conflito para
declarar competente o suscitado, Desembargador Ricardo Gentil Eulálio Dantas, em consonância
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com o parecer ministerial de grau superior, nos moldes do voto deste Relator.
Vê-se, pois, que de acordo com o referido acórdão, apenas nas hipóteses em que o
Desembargador, quando da posse no cargo de Corregedor, já tenha solicitado pauta de
julgamento, tenha recebido o processo como revisor ou cujo julgamento tenha sido iniciado ficará
vinculado, não ficando sujeitado à mesma situação nos processos em que tenha proferido
decisão interlocutória, sob pena de configurar afronta ao artigo 103 da Lei Orgânica da
Magistratura Nacional – LOMAN, salientando-se que o novo Código de Processo Civil eliminou a
figura do revisor.
Ressaltou-se, ainda, na fundamentação do voto, que este Tribunal de Justiça realizou Consulta nº
00022589020122000000 ao Conselho Nacional de Justiça, onde o Relator, conselheiro José
Lúcio Munhoz em sua resposta destacou a complexidade da função correicional, a qual, exige
dedicação e exclusividade.
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CONSULTA. RESOLUÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
PIAUÍ. CUMULAÇÃO DE FUNÇÕES PELO CORREGEDOR GERAL DE
JUSTIÇA. DISSONÂNCIA DO REGRAMENTO ESTABELECIDO PELA
LOMAN. ILEGALIDADE. ALTERAÇÃO DA NORMA. I – O Tribunal de Justiça
do Estado do Piauí pleiteia seja respondida Consulta dirigida a este Conselho
acerca da legalidade da Resolução nº 21/2012, editada pela Corte, que faculta
ao Desembargador nomeado para exercer o cargo de Corregedor-Geral de
Justiça a opção de se afastar das funções exercidas nos órgãos fracionários
ou conciliá-las com as atividades correcionais. II – A norma editada pela Corte
piauiense afronta o disposto no art. 103 da Lei Complementar nº 35, de 14 de
março de 1979 – LOMAN, que estabelece que o Presidente e o Corregedor da
Justiça não integrarão as Câmaras ou Turmas. III – Devem ser ressalvadas,
em razão do princípio do juiz natural, apenas as hipóteses em que
o desembargador, quando da posse no cargo de Corregedor, já tenha
solicitando pauta de julgamento, tenha recebido o processo como revisor ou
cujo julgamento tenha sido iniciado. IV – Consulta respondida no sentido de
que seja alterada a Resolução publicada pelo Tribunal de Justiça do Estado do
Piauí, no prazo de 30 dias em observância ao que determina a Lei Orgânica
da Magistratura Nacional – LOMAN. (CNJ - CONS: 00022589020122000000,
Relator: JOSÉ LUCIO MUNHOZ, Data de Julgamento: 05/06/2012).
De acordo a consulta, o Conselho Nacional de Justiça esclareceu que deve ser cumprida a
norma contida no artigo 103 da LOMAN, no sentido de que: “O Presidente e o Corregedor da
Justiça não integrarão as Câmaras ou Turmas. (...)”
Assim, inobstante o Desembargador Olímpio José Passos Galvão ter relatado e julgado o Agravo
Interno em epígrafe, bem como os Embargos de Declaração outrora opostos (Id 6463633), tal
fato por si só não o vincula ao julgamento dos presentes aclaratórios ante a ausência de pedido
de inclusão em pauta de julgamentos pelo referido Relator, sob pena de acarretar a inviabilidade
do exercício do cargo de Corregedor Geral da Justiça, assim como, configurar afronta ao artigo
103 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN, conforme decido no Conflito de
Competência.
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PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA UNICIDADE RECURSAL
Aduz o embargado que, de acordo com o princípio da unicidade recursal, é vedada a interposição
simultânea de mais de um recurso contra a mesma decisão judicial, razão pela qual, os
Embargos de Declaração de Id 9613699 não devem ser conhecidos.
No caso em comento, em face do acórdão (Id 9255191) foram opostos dois Embargos de
Declaração pelo Ministério Público do Estado do Piauí, o primeiro, na data de 12 de dezembro de
2022 (Id 9552215) e o segundo, datado de 16 de dezembro de 2022 (Id 9613699).
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15/3/2021).
Assim, apenas os primeiros Embargos de Declaração (Id 9552215) poderão ser submetidos à
análise, em face da preclusão consumativa e do princípio da unicidade recursal, que proíbe a
interposição simultânea de mais de um recurso contra a mesma decisão judicial.
Preliminar ACOLHIDA para não conhecer dos segundos Embargos de Declaração (Id 9613699).
Na hipótese dos autos, o Ministério Público Estadual, ora embargante, alega a existência de
omissão no acórdão quanto à apreciação da questão relativa à intempestividade da Apelação
Cível interposta por João Félix de Andrade Filho, ora embargado, porquanto, o Órgão Colegiado,
por maioria de votos, acatou questão de ordem referente às alterações implementadas pela nova
lei de improbidade administrativa, sem, contudo, levar em consideração a intempestividade do
recurso de apelação interposto pelo recorrido.
Preliminar REJEITADA.
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III – DO MÉRITO RECURSAL
Antes de adentrar ao mérito dos presentes embargos, é importante fazer um breve retrospecto do
trâmite processual, para melhor elucidação dos fatos.
3 - Em face da sentença foram opostos Embargos de Declaração pelo réu, os quais, foram
conhecidos, porém, improvidos.
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8 - Os autos foram redistribuídos ao Desembargador Olímpio José Passos Galvão que, na data
de 19 de novembro de 2020, proferiu despacho determinando o retorno dos autos em diligência
para o Juízo de origem, a fim de que a Secretaria da Vara certificasse se o recurso de apelação
foi protocolado dentro do prazo legal, devendo, em caso positivo, ratificar a certidão de Id nº
665681 – pág. 220, mas, por outro lado, em caso negativo, retificar a sobredita certidão,
procedendo com a remessa dos autos a este juízo ad quem tão logo seja atendida a referida
diligência.
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6463633).
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Alencar (vinculado) proferiu questão de ordem quanto à desnecessidade de ampliação de quórum
no processo em epígrafe, tendo sido acolhida pelo Desembargador Relator. Concedida a palavra
à representante do Ministério Público Superior, assim como, ao patrono da parte
embargante, ambos manifestaram-se no sentido de acompanhar a questão de ordem quanto à
desnecessidade de ampliação de quórum. O Juiz de Direito Dioclécio Sousa da Silva não
concordou com a questão de ordem e foi voto vencido. Deste modo, superada e acolhida a
questão de ordem suscitada pelo Desembargador Raimundo Nonato da Costa Alencar, por
maioria de votos, prosseguiu-se ao julgamento, que deu-se no sentido de: “CONHECER do
recurso de Embargos de Declaração, para acolher a questão de ordem suscitada pelo
embargante, reformando a decisão monocrática que inadmitiu a apelação, bem como a sentença
primeva, a fim de julgar totalmente improcedentes os pedidos iniciais, afastando-se, por
consequência, a condenação imposta ao embargante de perda dos direitos políticos pelo prazo
de 5 (cinco) anos, de imposição das sanções correspondentes ao pagamento de multa civil e de
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente. Mérito dos embargos de declaração prejudicado.
O Juiz de Direito Convocado Dioclécio Sousa da Silva manteve seu voto divergente
(certidão de julgamento – Id 9250338).
Conforme certificado nos autos (Id 2820108) a sentença proferida pelo magistrado
do primeiro grau foi movimentada no sistema THEMIS em 17/07/2018 e disponibilizado(a) no
Diário nº 8477, página 176, na Quarta-feira, 18 de Julho de 2018, computando-se a publicação na
Quinta-feira, 19 de Julho de 2018, tendo a defesa do réu apresentado RECURSO DE APELAÇÃO
conforme Petição Eletrônico. Nº 0001970-91.2014.8.18.0026.5001, em data de 24/08/2018 –
12:02. Portanto fora do prazo estipulado no artigo Art. 1.003, § 5º, do Código de Processo Civil,
sendo o recurso intempestivo.
Isso porque, o prazo previsto para o ex-gestor Municipal recorrer não é contado em
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dobro, porquanto, a condenação fora imposta à pessoa do gestor e não ao ente público.
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destes autos, a par da inexistência de qualquer certidão cartorária neste
sentido". V. Considerando a fundamentação do acórdão objeto do Recurso
Especial, os argumentos utilizados pela parte recorrente somente poderiam ter
sua procedência verificada mediante o necessário reexame de matéria fática,
não cabendo a esta Corte, a fim de alcançar conclusão diversa, reavaliar o
conjunto probatório dos autos. VI. Esta Corte possui firme entendimento no
sentido de ser incabível a inovação recursal, em sede de Agravo interno.
Precedentes do STJ. VII. Agravo interno improvido. (STJ, AgInt no AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL Nº 1788264 - RJ (2020/0295976-3), Órgão
Julgador: SEGUNDA TURMA, Relatora: Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
Data do Julgamento: 14 de junho de 2021).
Desta forma, uma vez que não ultrapassado o juízo de inadmissibilidade recursal, é defeso o
julgamento do mérito da causa.
Neste sentido:
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EMBARGANTE : LEOPOLDO HERMANN EMBARGANTE : LIANA HERMANN
EMBARGANTE : ALEXANDRE JOEL HERMANN ADVOGADOS : ANTONIO
AUGUSTO GRELLERT - PR038282 EMERSON CORAZZA DA CRUZ -
PR041655 LEANDRO MENDES - PR053535 GABRIELLE KACZALOVSKI
MARIN - PR066510 HEITOR CAETANO BEMVENUTTI HEDEKE - PR045834
KEILA DOS SANTOS - PR066316 SOC. de ADV : A. AUGUSTO GRELLERT
ADVOGADOS ASSOCIADOS EMBARGADO : AUTOPISTA LITORAL SUL
S/A ADVOGADOS : GUSTAVO PEREIRA DEFINA - SP168557 JÚLIO
CHRISTIAN LAURE - SP155277 JUCÉLIA CORRÊA - SC020711 DANILO
CÉSAR HERCULANO CORREIA - SP274940 MORGANA TALITA TRONCO -
SP237251 ANA PAULA MARTINS SUGINOHARA - SP256092 GUSTAVO
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SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M DECISÃO Trata-se de
embargos de declaração opostos contra despacho desta relatoria, o qual
determinou o encaminhamento dos autos à Secretaria desta Corte Superior
até o julgamento do AgInt no AREsp n. 1.481.810/SP na Corte Especial (e-STJ
fl. 907). Os embargantes aduzem que "a questão acerca da tempestividade do
recurso foi superada, uma vez que, conforme razões trazidas no agravo
interno, há orientação dessa Corte Superior que, em casos de feriados locais,
a comprovação poderia ser feita posteriormente para aqueles recursos que já
estavam em trâmite. Seguindo a orientação, o Ministro João Otávio de
Noronha, da Presidência do STJ, admitiu o processamento do Agravo em
Recurso Especial, determinando a distribuição dos autos ao relator" (e-STJ fl.
909) [...] A título de esclarecimento, a tempestividade deve sempre ser
analisada, inclusive de ofício, antes do julgamento do mérito recursal, não se
sujeitando à preclusão. Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE
RECURSAL. NÃO OCORRÊNCIA DE PRECLUSÃO. RECURSO ENVIADO
VIA FAX. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. 1. A tempestividade constitui
requisito genérico de admissibilidade dos recursos, matéria de ordem pública
cognoscível de ofício, quer no juízo a quo, quer no juízo ad quem, razão pela
qual não se sujeita à preclusão. [...] (STJ - EDcl no AREsp: 1572379 PR
2019/0254889-9, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de
Publicação: DJ 23/06/2020).
Desta forma, não há como acolher a questão de ordem arguida pelo ora embargado, porquanto,
trata-se de matéria afeta ao mérito da causa e, no caso, o recurso de apelação não fora
conhecido ante sua notória intempestividade, de forma que recurso intempestivo é incapaz de
devolver ao Tribunal a apreciação da matéria impugnada.
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nulidades procedimentais ou de mérito suscitadas pelo recorrente, ainda que elas sejam
consideradas de ordem pública, porquanto as questões de fundo do recurso para serem
apreciadas precisam antes passar pelo crivo da admissibilidade recursal.
Passa-se, então, à análise do mérito dos Embargos Declaratórios opostos por JOÃO FÉLIX DE
ANDRADE FILHO (Id 6463633).
Os Embargos de Declaração, nos termos do artigo 1.022, do Código de Processo Civil, não se
prestam ao propósito de reexame da matéria já enfrentada, constituindo instrumento hábil para
esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir questão de ponto ou questão sobre o qual
devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento e corrigir erro material constante em
qualquer decisão judicial.
Alega o embargante João Félix de Andrade Filho a existência de omissão no acórdão (Id
6326853) quanto ao exame da existência de juízo de admissibilidade anterior e preclusão pro
judicato.
Ocorre que referidas matérias não foram ventiladas nas razões do Agravo Interno por ele
interposto, porquanto, limitou-se a pugnar pela nulidade do processo ante a ausência de
intervenção do Ministério Público no primeiro grau, bem como pela nulidade da decisão que não
conheceu da apelação por considerá-la intempestiva, tendo em vista que não fora intimado para
manifestar-se previamente sobre o tema, configurando-se decisão surpresa.
Não houve qualquer manifestação no Agravo Interno acerca da preclusão pro judicato, tratando-
se, pois, de inovação recursal, incabível, via embargos declaratórios, ainda que sobre matéria de
ordem pública, razão pela qual, deixo de apreciá-la.
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recursal às hipóteses em que existente vício no julgado" ( EDcl no REsp
1.776.418/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 09/02/2021, DJe de 11/02/2021). 3. Embargos de declaração rejeitados.
(STJ - EDcl no AgInt no AREsp: 1827049 DF 2021/0020167-0, Relator:
Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 14/03/2022, T4 - QUARTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 07/04/2022).
Desta forma, não restou demonstrada omissão no julgado a ensejar a sua modificação,
porquanto, a fundamentação adotada no acórdão que julgou o Agravo Interno é clara e suficiente
para respaldar a conclusão alcançada, razão pela qual, devem os embargos opostos por JOÃO
FÉLIX DE ANDRADE FILHO (Id 6463633) serem improvidos.
Ressalte-se, por fim, que a intempestividade recursal gera o trânsito em julgado da sentença,
conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
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sucumbenciais é o dia seguinte ao transcurso do prazo recursal. 8. Recurso
especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 1984292 DF 2021/0207610-3,
Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 29/03/2022, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/04/2022).
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O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso”.
Desta forma, resta evidente a completa falta de interesse recursal, razão pela qual, HOMOLOGO
o pedido de desistência dos EMBARGOS DECLARATÓRIOS opostos pela parte supracitada e, o
faço com base no artigo 998, caput, do Código de Processo Civil.
V - DISPOSITIVO
Após, determino que seja certificado o trânsito em julgado da sentença, ocorrido no dia seguinte
após expirado o prazo para interposição do recurso extemporâneo, nos termos do artigo 1.006,
do Código de Processo Civil, dando-se baixa na distribuição do 2º Grau, bem como procedendo-
se a remessa dos autos ao Juízo de Direito da 2ª Vara da Comarca de Campo Maior-PI, para os
fins cabíveis à espécie, no que concerne ao cumprimento imediato da sentença.
É o voto.
DECISÃO
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ACOLHER a preliminar de não conhecimento dos segundos Embargos de Declaração opostos
pelo Ministério Público do Estado do Piauí (Id 9613699), ambas arguidas pela parte embargada
nas contrarrazões de recurso e, no mérito, DAR-LHES PROVIMENTO para suprir a omissão
apontada quanto à análise da evidente intempestividade da Apelação Cível, não sendo alcançada
pela reforma da Lei nº. 14.230/2021, e, em consequência, tornando sem efeito o acórdão
embargado que acolheu a questão de ordem suscitada pelo ora embargado e, ato contínuo,
quanto ao mérito dos embargos opostos por João Félix de Andrade Filho (Id 6463633), nego-lhes
provimento mantendo-se em sua integralidade o acórdão que conheceu do Agravo Interno e, no
mérito, negou-lhe provimento para manter a decisão que não conheceu da Apelação Cível em
razão da sua flagrante intempestividade (Id 6326853). Após, determinar que seja certificado o
trânsito em julgado da sentença, ocorrido no dia seguinte após expirado o prazo para interposição
do recurso extemporâneo, nos termos do artigo 1.006, do Código de Processo Civil, dando-se
baixa na distribuição do 2º Grau, bem como procedendo-se a remessa dos autos ao Juízo de
Direito da 2ª Vara da Comarca de Campo Maior-PI, para os fins cabíveis à espécie, no que
concerne ao cumprimento imediato da sentença. HOMOLOGO o pedido de desistência dos
EMBARGOS DECLARATÓRIOS opostos por ANTÔNIO JORDÉLIO PEREIRA PARENTE, nos
termos do artigo 998, caput, do Código de Processo Civil, na forma do voto do Relator.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs.: Des. Fernando Lopes e Silva Neto, Des. Agrimar
Rodrigues de Araújo e Dra. Haydeé Lima de Castelo Branco (Juíza designada).
O referido é verdade e dou fé. SALA VIRTUAL DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DO PIAUÍ, em Teresina, data e assinatura registradas no sistema eletrônico.
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