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Nº 1.0394.17.

003075-0/004
REXT COM AGRAVO Nº 1.0394.17.003075-0/004

COMARCA: MANHUAÇU

AGRAVANTE(S): THIAGO CESAR HOTT


Advogado(a): Maikon Vilaca Silva

AGRAVADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Trata-se de agravo em recurso extraordinário que deve ser obstado de plano,


por sua manifesta inadequação.
O Supremo Tribunal Federal, pela decisão de fls. 243v/244, devolveu os
presentes autos afirmando que não há razão jurídica para a remessa dos autos
àquele Tribunal, uma vez que o artigo 1.042 do Código de Processo Civil é expresso
sobre o não cabimento de agravo dirigido ao STF nas hipóteses em que a negativa
de seguimento do recurso extraordinário tiver-se dado exclusivamente com base na
sistemática da repercussão geral, sendo decisão passível de impugnação somente
por agravo interno. E concluiu pela não caracterização de usurpação de
competência o não conhecimento pela Corte Local deste agravo.
Consoante dispõe o artigo 1.042 do Código de Processo Civil:

Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do


tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso
especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento
firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de
recursos repetitivos.”

O artigo 1.030, no § 2º, também do Código de Processo Civil, prevê que: “Da
decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos
termos do art. 1.021”.
Nesse sentido, é a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

Ementa: DIREITO PROCESSUAL PENAL. AGRAVO EM RECURSO


EXTRARDINÁRIO COM AGRAVO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
EM CONCURSO DE PESSOAS. DECISÃO DE ADMISSIBILIDADE
DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE APLICA A SISTEMÁTICA DA

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REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO CABÍVEL. AUSÊNCIA DE
DESCONSTITUIÇÃO DE TODOS OS FUNDAMENTOS
UTILIZADOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM PARA INADMITIR O
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL.
1. Nos termos do art. 1.030, § 2º, do CPC/2015, o agravo interno é
recurso próprio à impugnação de decisão que aplica entendimento
firmado em regime de repercussão geral, configurando erro
grosseiro a interposição do agravo do art. 1.042 do CPC/2015.
Nessa linha, veja-se o ARE 1.338.409-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli.
2. A parte recorrente não se desincumbiu do dever processual de
desconstituir especificamente todos os fundamentos utilizados pelo
Tribunal de origem para inadmitir o recurso extraordinário.
Precedente: ARE 695.632-AgR, julgado sob a relatoria do Ministro
Luiz Fux.
3. Agravo a que se nega provimento.
(ARE 1383470 AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira
Turma, julgado em 27/06/2022, DJE 04-07-2022) (grifei)

E, ainda:

EMENTA RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. ALEGAÇÃO DE


USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO STF. RECLAMAÇÃO
PROPOSTA COM O INTUITO DE DISCUTIR ATO JUDICIAL JÁ
ACOBERTADO PELA COISA JULGADA. ART. 988, 5º, I, DO CPC.
IMPUGNAÇÃO DA DECISÃO QUE NEGA SEGUIMENTO A
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM FUNDAMENTO EXCLUSIVO
EM PRECEDENTE DE REPERCUSSÃO GERAL. INTERPOSIÇÃO
DE AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO (ARE).
RECURSO MANIFESTAMENTE INCABÍVEL. AUSÊNCIA DE
USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. IMPROCEDÊNCIA DO
PEDIDO.
1. Incabível reclamação constitucional ajuizada para discutir ato
decisório que já tenha transitado em julgado, a teor do art. 988, 5º, I,
do CPC/2015. Aplicação da Súmula 734/STF.
2. A reclamação constitucional é ação vocacionada para a tutela
específica da competência e autoridade das decisões proferidas por
este Supremo Tribunal Federal, pelo que não consubstancia
sucedâneo recursal ou ação rescisória.
3. Na forma do art. 1.042 do CPC, cabe agravo em face da decisão
singular do Presidente ou do Vice-presidente do Tribunal recorrido
que não admite recurso extraordinário, excetuados os casos em que
fundada a decisão na aplicação de entendimento firmado em regime
de repercussão geral.
4. A Corte reclamada negou seguimento ao agravo em recurso
extraordinário, por se tratar de recurso manifestamente incabível e,
por isso, deixou de remeter os autos a esta Suprema Corte.

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5. Além de transitada em julgado, a decisão reclamada está em
conformidade com a sistemática recursal estabelecida no Código de
Processo Civil de 2015, no sentido de não ser cabível a interposição
do agravo em recurso extraordinário quando o Tribunal a quo aplica
o instituto da repercussão geral. Não se divisa usurpação de
competência deste Supremo Tribunal Federal.
6. Improcedência do pedido.
(Rcl 50168, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
23/05/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 24-05-
2022 PUBLIC 25-05-2022) (grifei)

Evidente, pois, o equívoco do peticionário, a impedir o seguimento do


recurso, uma vez que o apelo a ser corretamente oferecido está devidamente
previsto no ordenamento processual. Qualquer outra interposição constitui erro
grosseiro.
Assim, não sendo o caso de aplicação do princípio da fungibilidade, visto que
o recurso cabível seria o agravo interno previsto no artigo 1.021 do Código de
Processo Civil e não o agravo em recurso extraordinário, com base no artigo 1.042
do mesmo diploma, não conheço do agravo interposto.
Intimem-se.

Desembargadora Ana Paula Caixeta


Terceira Vice-Presidente
LAO

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