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Supremo Tribunal Federal

PETIÇÃO 9.645 PIAUÍ

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


REQTE.(S) : ANTONIO JOSE DE OLIVEIRA
ADV.(A/S) : ISRAEL NONATO DA SILVA JUNIOR
REQDO.(A/S) : COLIGAÇÃO UNIDOS POR JUAZEIRO
ADV.(A/S) : MARIA ELVINA LAGES VERAS BARBOSA E
OUTRO(A/S)

Petição. Tutela de urgência. Efeito


suspensivo ao recurso ordinário em
mandado de segurança impetrado perante o
Tribunal Superior Eleitoral. Ausente juízo
positivo de admissibilidade. Autos não
remetidos ao STF. Não instaurada a
competência desta Suprema Corte.
Negativa de seguimento à Petição.
Vistos etc.
1. Trata-se de Petição, ajuizada por Antônio José de Oliveira, por
meio da qual deduzido pedido de tutela de urgência, para conferir efeito
suspensivo ativo ao Recurso Ordinário – interposto em face do acórdão
proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral que não admitiu o Mandado de
Segurança nº 0600105-84/PI –, a fim de assegurar-lhe o exercício do cargo
de Prefeito de Juazeiro do Piauí/PI.
2. Afirma ser competência desta Suprema Corte o exame do pedido
de tutela de urgência “relativo a recurso ordinário interposto contra acórdão do
TSE denegatório de mandado de segurança, ainda que pendente de distribuição
no Tribunal”.
3. Extrai-se da exordial que impetrado o mandado de segurança pelo
requerente em face de decisão do Tribunal Superior Eleitoral que
indeferiu seu registro de candidatura ao cargo de Prefeito de Juazeiro do
Piauí/PI, ante a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, item 1, da LC nº
64/1990, assentada a natureza de crime pluriofensivo ao delito do art. 183
da Lei nº 9.472/1997.
4. Aponta o requerente a manifesta ilegalidade do ato coator
proferido pela Corte Superior Eleitoral que conferiu interpretação

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extensiva ao art. 183 da Lei nº 9.472/1997, divergindo da jurisprudência


dominante do Supremo Tribunal Federal.
Sustenta, em abono de sua tese, que “não pode o TSE adotar postura
negacionista em relação aos precedentes da Suprema Corte”, que possui
jurisprudência pacífica, desde 2010, “no sentido de que o bem jurídico
tutelado pelo art. 183 da Lei 9.472/1997 é a segurança dos meios de
comunicação” e não a Administração Pública ou o patrimônio público, o
que afastaria sua suposta inelegibilidade para o exercício do cargo.
5. Suscita, com fundamento no art. 1.021, § 3º, do CPC, a nulidade do
voto do Ministro Relator no TSE, ao julgamento do Agravo Interno no
Mandado de Segurança, ante a mera reprodução das razões da decisão
agravada.
6. Alega cabível o mandado de segurança como forma de colmatar
eventual lacuna decorrente da ineficiência do sistema recursal, quando
inevitável dano na esfera jurídica do recorrente, como na hipótese
vertente, em que “o autor não dispõe de meios para salvaguardar o seu direito
fundamental à elegibilidade”, ausente análise de seus argumentos no
acórdão recorrido.
7. Requer a suspensão dos efeitos do acórdão proferido pelo
Tribunal Superior Eleitoral, nos autos do MS nº 0600105-84/PI, até
julgamento final do Recurso Ordinário interposto perante esta Suprema
Corte.
É o relatório.
Decido.
1. Consoante relatado, cuida-se de pedido de tutela de urgência,
deduzido por Antônio José de Oliveira, para conferir efeito suspensivo
ativo ao Recurso Ordinário interposto em face do acórdão proferido pelo
Tribunal Superior Eleitoral em que não admitido o Mandado de
Segurança nº 0600105-84/PI, por se tratar o ato supostamente coator de
decisão recorrível e devidamente fundamentado em precedentes da Corte
Superior Eleitoral.
2. Com efeito a Corte Superior Eleitoral negou provimento ao agravo
regimental interposto em face da negativa de seguimento do Mandado de

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Segurança, em acórdão assim ementado:

“AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. ATO COATOR. DECISÃO JUDICIAL
RECORRÍVEL. INEXISTÊNCIA DE SITUAÇÃO
TERATOLÓGICA OU MANIFESTAMENTE ILEGAL.
DESPROVIMENTO.
1. O agravante impetrou mandado de segurança contra
acórdão do Tribunal Superior Eleitoral que, por unanimidade,
indeferiu o seu pedido de registro de candidatura,
determinando a anulação dos votos que lhe foram conferidos e
a realização de nova eleição para a chefia do poder executivo
municipal.
2. Por meio da decisão agravada, foi negado seguimento
ao mandado de segurança, nos termos do art. 36, § 6º, do
Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.
3. “O mandado de segurança contra atos decisórios de índole
jurisdicional, sejam eles proferidos monocraticamente ou por órgãos
colegiados, é medida excepcional, somente sendo admitida se atendidos
os seguintes pressupostos: (i) não cabimento de recurso, com vistas a
proteger o direito líquido e certo que se invoca; (ii) inexistência de
trânsito em julgado; e (iii) tratar-se de decisão teratológica” (AgR-MS
1832-74, rel. Min. Luiz Fux, DJE de 13.2.2015), o que não se
verifica no caso concreto.
4. O provimento do recurso especial foi devidamente
fundamentado por esta Corte Superior, invocando-se, para
tanto, precedentes desta Corte e do Superior Tribunal de
Justiça, o que afasta eventual situação teratológica.
5. A impetração contra ato judicial não é cabível na
espécie, notadamente em face de acórdão desta Corte, cuja
eventual revisão é de competência do Supremo Tribunal
Federal. Incide na espécie o verbete da Súmula 22 do TSE.
Agravo regimental a que se nega provimento.”

3. Anoto, de plano, não instaurada a jurisdição deste Supremo


Tribunal Federal, tendo em vista ausente determinação de remessa do

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recurso ordinário a esta Corte, quadro a inviabilizar o exame, em caráter


incidental, do pedido.
4. A análise, por esta Suprema Corte, de pedido de tutela de urgência
demandaria o juízo positivo de admissibilidade do recurso ordinário,
ainda que pendente de distribuição, circunstância não evidenciada em
consulta ao sítio eletrônico do Tribunal de origem.
5. O mesmo entendimento firmado por esta Suprema Corte para
apreciação de medidas urgentes voltadas à atribuição de efeito
suspensivo a recurso extraordinário aplica-se ao recurso ordinário.
É o que se extrai dos arts. 1.027, § 2º e 1.029, § 5º, III, do CPC, cuja
redação reproduzo:

“Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:


[...]
§ 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts.
1.031, § 3º e 1.029, § 5º.

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial,


nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos
perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido,
em petições distintas que conterão:
[...]
§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso
extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por
requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período
compreendido entre a publicação da decisão de admissão do
recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu
exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal
recorrido, no período compreendido entre a interposição do
recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso,
assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos
termos do art. 1.037.”

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No mesmo rumo, destaco, ainda, o entendimento vertido na Súmula


nº 634/STF:

“Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder


medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso
extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de
admissibilidade na origem.”

6. Desse modo, enquanto não admitido o recurso pelo Tribunal


Superior Eleitoral, não se instaura a competência do Supremo Tribunal
Federal para apreciar pedido de tutela cautelar para atribuir efeito
suspensivo ao RMS.
7. Destaco, por fim, que, diante da legislação processual em vigor, a
presente Petição não se mostra a via adequada aos fins pretendidos.
8. Ante o exposto, com fundamento no art. 21, § 1º, do RISTF, nego
seguimento à presente Petição, prejudicado o pedido cautelar.
Publique-se.
Brasília, 11 de maio de 2021.

Ministra Rosa Weber


Relatora

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