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De qualquer forma, essas são as três modalidades de prisão que podem ocorrer
antes do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória. Após a
reforma realizada em 2011, a prisão decorrente da pronúncia e a prisão
decorrente da sentença penal condenatória recorrível deixaram de existir.
Elas agora, como determinam os respectivos arts. 413, § 3º e 387, §1º do Código
de Processo Penal (CPP), passam a ser tratadas como modalidades de prisão
preventiva. Você pode ler mais sobre o tema na obra Fundamentos do Processo
Penal, de Aury Lopes Jr.
Conforme explica Rafael Dantas, o delegado de polícia não tem autoridade para
decretar a prisão temporária: “No atual cenário constitucional, somente um Juiz
de Direito pode decretar a prisão de uma pessoa. A própria lei 7960/89 é
expressa nesse sentido”.
O artigo 2º da Lei nº 7.960/89 diz que “a prisão temporária será decretada pelo
Juiz”.
“O mais natural é que esse pedido venha por meio de uma representação do
delegado de polícia. É essa autoridade que preside o inquérito policial e participa
das investigações. Mas a lei permite que membros do Ministério Público também
requeiram a prisão temporária”, explica.
III – Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida
na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
(vide rol).
“A prisão temporária somente pode ser decretada nos crimes em que a lei
permite a custódia. No entanto, afrontaria o princípio constitucional do estado de
inocência permitir a prisão provisória de alguém apenas por estar sendo suspeito
pela prática de um delito grave. Inequivocamente, haveria mera antecipação da
execução da pena.
Sem a presença de um destes dois requisitos ou fora do rol taxativo da lei, não
se admitirá a prisão provisória”, explica em seu livro.
O delegado Rafael Dantas, que nos concedeu entrevista para este artigo, se alia
à posição de Capez e explica que existe um delicado equilíbrio no instituto e em
sua decretação a partir dos incisos do art 1º:
5º) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas, previstas nos
arts. 319 e 320 do Código de Processo Penal (não cabimento de outra medida
cautelar – art. 282, § 6º, do Código de Processo Penal).
Além disso, a prisão temporária sempre foi entendida como uma medida
cautelar. Para adequar esta circunstância à CF/88, o julgado estabeleceu de
forma clara que a prisão temporária só pode ser aplicada como ultima ratio, ou
seja, como última alternativa.
f) Estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);
g) Atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223,
caput, e parágrafo único);
h) Rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo
único);
“Por envolver uma situação que afeta o estado de liberdade das pessoas, é
taxativo e demanda uma interpretação restritiva. A doutrina denomina esse rol
de fumus comissi delicti, que, literalmente, significa a fumaça da prática de um
crime.
Como sabemos que onde há fumaça provavelmente há fogo, a lei 7960/89 tratou
de destacar no rol quais crimes são considerados suficientemente graves. Os
indícios de sua prática autorizam a prisão de seu autor”.
No entanto, também existem outras hipóteses de decretação de prisão
temporária, também expressamente previstas em lei, no caso de crimes
hediondos, como explica Dantas:
“O rol é taxativo, porém, outra lei, a dos Crimes Hediondos (8072/90), também
possui um rol de delitos, os quais se submetem à prisão temporária”.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de
prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.
Prisão em flagrante (tratada pelo prof. Aury Lopes Jr. enquanto pré-
cautelar);
Prisões Cautelares:
o Prisão preventiva;
o Prisão temporária.
Em que pesem as diferenças, ambas são prisões provisórias, que envolvem uma
situação de cautelaridade. Uma pessoa é levada ao cárcere não porque é
considerada definitivamente culpada, mas porque sua liberdade traz risco à
sociedade ou à persecução penal”.
Por outro lado, a prisão preventiva não possui prazo pré-definido. Ela permanece
enquanto durarem as circunstâncias que embasaram sua decretação, observada
a razoabilidade.
Além disso, a prisão preventiva pode ser decretada de ofício pelo juiz, na fase
processual. A prisão temporária não pode ser decretada pelo juiz em nenhuma
circunstância.
Esquematizando
PRISÃO
TEMPORÁRIA
Base Legal Lei n. 7.960, de 21 de dezembro de 1989.
Prisão cautelar de natureza processual destinada a possibilitar
Conceito as investigações a respeito de crimes graves, durante o
inquérito policial.
Decretação Autoridade Judiciária
Art. 1º Lei 7.960/89: Imprescindibilidade da medida para as
investigações do inquérito policial; Indiciado não tem
residência fixa ou não fornece dados necessários ao
esclarecimento de sua identidade; Fundadas razões da autoria
ou participação do indiciado em qualquer um dos seguintes
Fundamentos crimes: homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado (art.
148 do CP), roubo, extorsão, estupro, atentado violento ao
pudor, rapto violento (art. 219 do CP, revogado pela Lei n.
11.106/2005), epidemia com resultado morte, envenenamento
de água potável ou substância alimentícia e, por fim, crimes
contra o sistema financeiro.
Em geral: cinco dias, prorrogáveis por mais cinco;Para crimes
Prazo
hediondos: 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 29ª. ed. – São Paulo : SaraivaJur,
2022.