Você está na página 1de 3

Curso/Disciplina: Segurança Pública

Aula: Características da persecução penal, contraditório do inquérito policial, prazos para conclusão
do inquérito policial, desindiciamento coacto e procedimento investigatório para aqueles que
possuem foro por prerrogativa de função. - 07
Professor (a): Luis Alberto
Monitor (a): Wilson Macena da Silva

Aula 07

Características da persecução penal e temas correlatos

1. Análise das características da persecução penal

Quando se fala em persecução penal, há, em regra, o inquérito policial e, posteriormente, a ação
penal. O próprio Delegado é quem preside o inquérito policial e, uma vez este esteja terminado e
devidamente relatado, segundo o CPP, art. 10, §1º, há a remessa dos autos ao Judiciário. Este abre vista para
o MP se manifestar. Nesse momento, pode o Promotor de Justiça oferecer denúncia, pedir arquivamento do
inquérito ou requisitar diligências ao Delegado.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.

Autores mais modernos defendem que o art. 10, §1º do CPP não foi recepcionado pela CRFB/88.
Contudo, o STF, na ADI 2.886/RJ, entendeu que o mencionado dispositivo é sim constitucional. Assim, o
relatório do inquérito policial, com os elementos de informação, deve ser enviado, primeiramente, ao
Judiciário.
1
Página

Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br


1.1. O que o juiz faz com o inquérito policial que recebeu?

Se o crime for de ação penal pública, o próprio juiz remeterá os autos ao MP e o promotor poderá
decidir:
a) Oferecer denúncia;
b) Requerer diligências;
c) Requerer arquivamento, caso conclua que não há crime ou não há provas suficientes; e
d) Suscitar incompetência do juízo.

1.2. Cabe contraditório no inquérito policial?

Sabemos que o princípio do contraditório se encontra no art. 5º da CRFB. O contraditório é a


possibilidade de se opor a uma acusação. No caso do inquérito policial, este é um procedimento
administrativo. Como tal, não se fala em contraditório e ampla defesa, via de regra.
Ocorre que há uma exceção, no Estatuto do Estrangeiro, que diz que quando o Ministro da Justiça
requisita que se instaure Inquérito Policial para expulsão de estrangeiro, cabe contraditório
obrigatoriamente.

1.3. O inquérito policial tem prazo para ser concluído?

O inquérito policial, no âmbito estadual, se o investigado estiver preso, deve ser concluído em até 10
dias, sem prorrogação. Se o investigado estiver solto, o inquérito durará ate 30 dias, com prorrogação por
igual período. Já na justiça federal, o prazo é de 15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias, se o
investigado estiver preso. Se ele estiver solto, o prazo é de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30.
Na lei de drogas, o inquérito pode durar 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período, se o
investigado estiver preso. Se estiver solto, o prazo é de 90 dias (podendo ser prorrogado). Por sua vez, no
âmbito da economia popular, o inquérito policial poderá durar 10 dias, podendo ser prorrogado,
independentemente da situação do investigado.
Por fim, em âmbito militar, o inquérito pode durar até 20 dias, com investigado preso e 40 dias,
podendo ser prorrogado por mais 20, se estiver solto.
2
Página

Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br


1.4. Procedimento administrativo equiparado a inquérito para investigar pessoas com prerrogativa de
função

Esse tipo de procedimento existe. O professor Renato Brasileiro diz que, contra quem tem foro por
prerrogativa de função, não se instaura tecnicamente inquérito policial. Quem vai investigar o delito é o
membro do MP responsável, através de um procedimento com o apoio da polícia.

1.5. Desindiciamento coacto

O Habeas Corpus trancativo ou profilático tem a capacidade de trancar o inquérito policial; isso é o
desindiciamento coacto. Ex.: trancar inquérito policial que investiga situação de clara atipicidade penal.

1.6. Quem será a autoridade coatora em um HC trancativo de inquérito policial instaurado mediante
requisição do ministério público ou da autoridade judicial?

Antigamente, numa situação em que o juiz ou o MP requisitava a instauração de inquérito,


considerava-se autoridade coatora o delegado de polícia, pois ele é quem instaura o inquérito. Hoje em dia
isso não é visto dessa forma, segundo o STF e a doutrina; a autoridade coatora são os requisitantes, ou seja,
o juiz e o membro do MP.
3
Página

Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br

Você também pode gostar