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PRAZOS NO INQUÉRITO

Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de


10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente,
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de
30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou
sem ela.

§ 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que


tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
§ 2o  No relatório poderá a autoridade indicar
testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

§ 3o  Quando o fato for de difícil elucidação, e o


indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para
ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.

Se o inquérito não for concluído no referido prazo e o indiciado


estiver sob custódia, ele deverá ser libertado por excesso de
prazo. Se a autoridade assim não suceder, caberá pedido de
Habeas Corpus requerendo liberdade provisória por excesso de
prazo. – no 11º dia, o advogado requer à secretaria uma certidão
de que o inquérito não foi remetido ao fórum como forma de
comprovar o excesso de prazo.

Quando o indiciado está solto e o inquérito leva mais de 30


dias, a jurisprudência entende que a extrapolação desse prazo
não configura constrangimento ilegal, uma vez que a prioridade
são os inquéritos com investigados presos.

A prática de crimes se torna cada vez mais algo complexo, com


organizações sofisticadas que o aparato policial não está
adequado para investigar. Nesse sentido, o tempo-limite de 10
dias é um complicador. Por outro lado, um cidadão preso
injustamente por suposto crime simples, o prazo de 10 dias é
mais que suficiente para coletar indícios de autoria e
materialidade.

Exceções: A PF atua nos crimes em que há interesse da união ou


crimes contra patrimônio da União, além dos casos combatendo
crimes que atentem contra tratados internacionais: Lei 5.010:

Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito


policial será de quinze dias, quando o indiciado
estiver preso, podendo ser prorrogado por mais
quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da
autoridade policial e deferido pelo Juiz a que
competir o conhecimento do processo.

Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo


para conclusão do inquérito, a autoridade policial
deverá apresentar o preso ao Juiz.

Exceção 2.: Caso de tráfico de drogas Lei 11.343/06


Art. 51. O inquérito policial será concluído no
prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver
preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.

Parágrafo único. Os prazos a que se refere este


artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da
autoridade de polícia judiciária.

Exceção 3.: Código de processo penal Militar

Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte


dias, se o indiciado estiver prêso, contado esse
prazo a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o
indiciado estiver solto, contados a partir da data
em que se instaurar o inquérito.

Exceção 4.: Crimes contra a economia popular

RELATÓRIO POLICIAL

Ao final do Inquérito Policial, a autoridade policial deverá


fazer um relatório descritivo, em que a autoridade narra os
acontecimentos relevantes que aconteceram ao longo do inquérito
e que estão documentadas. Ao final, a autoridade fará o
indiciamento, ou seja, apontar em qual artigo da lei penal
incide a conduta do investigado.

Quando o inquérito se inicia por intermédio do auto de prisão em


flagrante, a autoridade deve entregar a nota de culpa ao preso,
que informa em qual artigo o preso provisório está sendo
“enquadrado”. Essa nota de culpa é uma forma de indiciamento.

Exceção: Artigo 52 11.343:

Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51


desta Lei, a autoridade de polícia judiciária,
remetendo os autos do inquérito ao juízo:

I - relatará sumariamente as circunstâncias do


fato, justificando as razões que a levaram à
classificação do delito, indicando a quantidade e
natureza da substância ou do produto apreendido, o
local e as condições em que se desenvolveu a ação
criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta,
a qualificação e os antecedentes do agente; ou
II - requererá sua devolução para a realização de
diligências necessárias.

Isso porque a mesma conduta, dependendo das circunstâncias e da


quantidade, pode enquadrar no artigo 28 da mesma lei ou no
artigo 33, porte ou tráfico, com penas, respectivamente, de
advertência ou de máxima de 15 anos.

Nesse sentido, a autoridade policial deve indicar no relatório


se os indícios levantados no inquérito policial indicam para o
delito de porte de entorpecentes ou se indicam para a
traficância. Importante ressaltar que esse juízo de valor não
vincula o titular da Ação Penal. Pode servir, inclusive, para
justificar a liberdade provisória do indiciado eventualmente
preso.

No relatório, a autoridade não fará juízo de valor, uma vez que


o Inquérito é um ato administrativo INFORMATIVO cuja finalidade
(no caso das ações penais públicas) é a formação de
convencimento do Ministério Público, o titular da ação penal.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Ao receber os autos do Inquérito policial, o MP pode:

1. Oferecer denúncia: quando entende que há justa causa para


tal (alicerçada nos indícios mínimos);

2. Devolução dos autos à DP para revisão de diligências:


nesses casos, se o indiciado estiver preso, o juiz deverá
soltar, uma vez que não há elementos para oferecer a
denúncia, o que implica na inexistência de elementos para
a manutenção da prisão.

3. Requerer o arquivamento do inquérito: o juiz poderá ir de


encontro à decisão do MP, remetendo os autos do inquérito
ao chefe do MP, o Procurador Geral. Assim, o chefe do MP
decidira se concorda ou não com seu subordinado,
oferecendo ou não a denúncia. Art. 28 CPP – está suspenso
em razão da liminar concedida pelo Min. Fux: o controle do
arquivamento do inquérito é feito exclusivamente pelo MP,
titular da ação penal, de modo que não deveria caber ao
juiz concordar ou discordar do oferecimento da denúncia.
ESTUDAR ARTIGO 28.

4. Arquivamento tácito: Diversos indiciados, o MP oferece


denúncia contra alguns investigados e não cita os demais.
Nesses casos, o inquérito é arquivado no que tange aos que
não foram citados. Para o desarquivamento, a
Jurisprudência pacífica é de que o MP pode oferecer um
aditamento à denúncia para incluir os demais. Não
obstante, a doutrina, em sua maioria, entende que nesses
casos é como se houvesse uma preclusão temporal que pode
ser quebrada apenas ante existência de prova nova –
DOUTRINA PAULO ROGÉRIO.

OBS.:

Artigo 17 CPP: a autoridade policial não poderá


mandar arquivar o inquérito.

Uma vez arquivado, o Inquérito só poderá ser reaberto ante prova


nova que demonstra indícios de autoria e de materialidade,
nesses casos, o arquivamento formou coisa julgada FORMAL.
Entretanto, nos casos em que o arquivamento do Inquérito formar
coisa julgada MATERIAL, não poderá ser reaberto.

Art. 18 CPP: Depois de ordenado o arquivamento do


inquérito pela autoridade judiciária, por falta de
base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas
tiver notícia.

A nova prova capaz de permitir o desarquivamento do inquérito


deve satisfazer três requisitos: a) Tratar-se de prova
substancialmente nova, isto é, apta para alterar o convencimento
anteriormente formado sobre a desnecessidade da persecução
penal; b) Tratar-se de prova formalmente nova, assim
compreendida aquela até então desconhecida por qualquer das
autoridades; e c) Tratar-se de prova capaz de refletir no
contexto probatório a partir do qual realizada a postulação de
arquivamento do inquérito.

COISA JULGADA FORMAL – quando o fundamento do arquivamento for


inexistência de indícios de autoria / ausência de justa causa.

COISA JULGADA MATERIAL – quando o fundamento do arquivamento é


com cabe no artigo 107 do CP (extinção de punibilidade) ou em
casos de exclusão de punibilidade, o inquérito não poderá ser
desarquivado.

SIGILO

Artigo 20 CPP:

Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o


sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido
pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que


lhe forem solicitados, a autoridade policial não
poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes.

O sigilo cria alguns problemas para o indiciado preso, ainda


mais com as alterações que ocorreram em 2016 no estatuto do
advogado: Art. 7º, XIV:

XIV - examinar, em qualquer instituição responsável


por conduzir investigação, mesmo sem procuração,
autos de flagrante e de investigações de qualquer
natureza, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e
tomar apontamentos, em meio físico ou digital.

Permite que o advogado tenha acesso aos autos de inquérito


policial, entretanto, esse embate de leis federais gerou
diversos conflitos entre o CPP e o Estatuto do Advogado. Nesse
cenário, o STF elaborou a Súmula Vinculante nº 14: buscou
integrar o Artigo 20 do CPP com o inciso XIV do art. 7º do
referido Estatuto.

XIV: É direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
do direito de defesa.
+
§10: Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado
apresentar procuração para o exercício dos direitos
de que trata o inciso XIV.

Ex.: enquanto uma escuta policial estiver sendo realizada, o


advogado não tem acesso aos autos e às informações colhidas.
Apenas após a documentação de todos os fatos adquiridos, o
advogado tem acesso às informações.

INCOMUNICABILIDADE

Art. 21.  A incomunicabilidade do indiciado


dependerá sempre de despacho nos autos e somente
será permitida quando o interesse da sociedade ou a
conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não


excederá de três dias, será decretada por despacho
fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do Ministério Público,
respeitado, em qualquer hipótese, o disposto
no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril
de 1963).

Existem duas correntes doutrinárias acerca da recepção do artigo


21 pela Constituição Federal.

1º - MAIS ADOTADA NA DOUTRINA - Art. 5º LXII e LXIII e Art.


136, §3º, IV. VEDAM A INCOMUNICABILIDADE DO PRESO!!!!
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos
o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional, decretar estado de defesa para preservar
ou prontamente restabelecer, em locais restritos e
determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade
institucional ou atingidas por calamidades de
grandes proporções na natureza.
[...]
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
[...]
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

2º - MENOS ADOTADA NA DOUTRINA - A incomunicabilidade


subsiste no ordenamento jurídico, devendo-se, contudo, observar
a regra do art. 21, parágrafo único, do CPP, no sentido de que
não poderá exceder a três dias e deverá ser decretada por
decisão fundamentada do juiz, a requerimento da autoridade
policial ou do Ministério Público. E não procede o argumento de
que a restrição, sendo vedada no Estado de Defesa, não se
justifica nos estados de normalidade constitucional. Isto porque
a vedação à incomunicabilidade no Estado de Defesa ocorre apenas
em relação aos presos políticos e não aos criminosos comuns.
Entre os adeptos dessa orientação, estão Damásio E. de Jesus,
Hélio Tornaghi e Vicente Greco Filho.

ESTUDAR REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO 10.792/03

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