Você está na página 1de 15

1.

INQUÉRITO POLICIAL MILITAR


As Autoridades responsáveis pelo exercício da Polícia Judiciária Militar estão
elencadas no Art. 7º do CPPM, atribuindo ao Comandante Geral, aos demais
comandantes, chefes, diretores e coordenadores de OPM.
Portanto, ao tomar conhecimento de fato que figure como crime militar no
âmbito de sua jurisdição a Autoridade deve proceder imediatamente à instauração do
Inquérito.
O IPM pode ser iniciado:
1)Pela própria Autoridade cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrida a
infração penal
2) Por delegação de Autoridade militar superior.
3) A partir de requisição do Ministério Público
4) A requerimento da parte ofendida.
5)Por Sindicâncias realizadas em âmbito de jurisdição militar que resultem em
indício de existência de infração penal militar, nos casos que necessitem de
instrumentos próprios do IPM a fim de se constatar autoria e materialidade.
Em todos os casos, o Inquérito tem início a partir da Portaria instaurada pela
Autoridade.
No entanto, o IPM pode ser dispensado nos casos abaixo, passando a figurar
como peça exordial para a propositura da ação penal pelo MP.
1) Auto de Prisão em Flagrante,
2) Soluções de Sindicância,
3) Registro Policial Militar, ou
4) Qualquer outro documento ou prova material cujo fato e autoria já estejam
elucidados.
1.1 DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE PARA INSTAURAÇÃO DO IPM
Para fins de instauração de IPM, obedecidas as normas regulamentares de
jurisdição, hierarquia e comando, a delegação deve seguir conforme o § 2º do art. 7º do
CPPM, abaixo transcrito::
“Em se tratando de delegação para instauração de Inquérito policial
militar, deverá aquela recair em Oficial de posto superior ao do
indiciado, seja este Oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou
reformado.”
A Portaria de delegação é o documento pelo qual a Autoridade determina a
instauração do Inquérito, concedendo ao Encarregado, para esta finalidade, pelo prazo
de 40 (quarenta) dias, as atribuições de Polícia Judiciária Militar.
A Portaria deverá conter os requisitos abaixo, objetivando a compreensão quanto
a sua instauração e a linha de investigação que deverá ser adotada:
1) Riqueza de detalhes
2) Data,
3) Hora,
4) Local,
5) Tipo penal a ser Investigado,
6) Descrição do fato com a participação dos outros envolvidos.
1.2 IMPEDIMENTOS
Nos casos em que, no curso do Inquérito, Oficial de posto superior ou mais
antigo que o Encarregado passar a figurar como Investigado pelos crimes nele apurados,
este deverá declinar competência, restituindo os autos à Autoridade delegante.
Não há impedimento para a realização de oitiva de Oficial de posto superior ou
mais antigo na qualidade de testemunha.
Deve-se observar também o que prevê o Art. 142 do CPPM:
“Não se poderá opor suspeição ao Encarregado do Inquérito, mas
deverá este declarar-se suspeito quando ocorrer motivo legal, que lhe
seja aplicável.”
Desta forma, uma eventual suspeição do Encarregado não invalida o conjunto
probatório reunido, tampouco a ação penal dele advindo.
1.3 NOMEAÇÃO DO ESCRIVÃO
Caso não tenha sido feita pela Autoridade delegante, a nomeação do Escrivão
deverá ser realizada pelo Encarregado em ato seguinte ao recebimento de sua Portaria.
Segundo o art. 11 do CPPM,
A designação deverá recair em segundo ou primeiro tenente, se o
indiciado for Oficial, e em sargento ou subtenente, nos demais casos.
Parece claro que o objetivo do legislador neste artigo era dar maior importância
à função de Escrivão, excluindo a possibilidade de ser atribuída aos militares com pouca
experiência como os cabos e soldados.
Sendo assim, não se rejeita a admissibilidade de nomeação de oficiais
intermediários e superiores como escrivães em Inquéritos de maior complexidade,
sobretudo aqueles que envolvam oficiais de elevada patente.
A designação do Escrivão deve ser oficiada à Autoridade delegante para fins de
ciência e publicidade.
1.4 AUTUAÇÃO
O Encarregado determinará a autuação dos documentos exordiais em seu
primeiro despacho.
Não haverá necessidade de aposição dos despachos do tipo “AUTUE-SE” nas
folhas dos documentos juntados.
De posse dos autos, o Escrivão fará a autuação das peças que lhe foram
entregues.
Ao autuá-las o Escrivão deverá citar a numeração das folhas que estão sendo
autuadas.
O documento que constituirá a capa do IPM inicia-se com os dados do
Encarregado e do Escrivão, sendo seguido pela indicação da origem do procedimento,
do tipo penal Investigado, do indiciado, caso já esteja claramente identificado, ou
simplesmente Investigado caso contrário, e do ofendido.
1.5 FORMAÇÃO DO INQUÉRITO
Conforme o previsto no art. 12 do CPPM:
“Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar,
verificável na ocasião, a Autoridade a que se refere o § 2º do art. 10
deverá, se possível:
a) dirigir -se ao local, providenciando para que não se alterem o estado
e a situação das coisas, enquanto necessário; (Vide Lei nº 6.174, de
1974)
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com
o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o dispositivo no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e
suas circunstâncias.
Segue o art. 13 do CPPM:
Atribuição do seu Encarregado
O Encarregado do Inquérito deverá, para formação deste:
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas (ART 368 A 370), e
acareações ART 365 A 367;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e
a quaisquer outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada,
destruída ou danificada, oi da qual houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos art. 172 a 184 e 185 a
189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas,
peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que
lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de
perícias ou exames.”
Além das medidas previstas no CPPM, o Encarregado e seu Escrivão deverão
inserir nos autos, sempre que possível:
a) Cópia do Registro Policial Militar ou Registro de Ocorrência referente ao
fato;
b) Cópia da escala de serviço e ordem de operações;
c) Cópia do controle de armamentos da RUMB;
d) Cópia do controle de circulação de viaturas;
e) Posicionamento GPS das guarnições envolvidas.
Entende-se que os procedimentos elencados representam algumas medidas que
devem ser adotadas pelo Encarregado no curso do Inquérito.
Não devem, porém, ser compreendidos como absolutos ou obrigatórios em sua
plenitude, tampouco, sequenciais.
O Investigador deve ter em mente que os resultados obtidos ao final de cada
Inquérito serão tão mais robustos quanto forem reunidas e apreciadas em detalhes as
provas.
1.6 SIGILO DO INQUÉRITO
Assim está definido no art. 16 do CPPM.
“O Inquérito é sigiloso, mas seu Encarregado pode permitir que dele
tome conhecimento o advogado do indiciado.”
O caráter sigiloso do Inquérito deve ser entendido como forma de proteção a
dois interesses distintos:
1) A eficácia das investigações, e;
2) A preservação da imagem do Investigado.
No que se refere ao primeiro objeto parece óbvio que ao ser revelada a linha
investigativa a ser adotada e os meios de obtenção de provas, principalmente na fase
inicial do Inquérito, a eficácia da investigação corre grande risco de ser afetada por
ações advindas do próprio Investigado, com o intuito de ocultar ou alterar a verdade dos
fatos.
É por esta razão que o Encarregado deve, sempre que possível, iniciar seus
trabalhos através da reunião das provas documentais, deixando para um segundo
momento a oitiva do ofendido, das testemunhas e do Investigado.
Necessário observar o que trata a Súmula Vinculante nº 14:
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.”
Já a Lei 13.245/16, que alterou a Lei 8.906/94 - Estatuto da Ordem dos Advogados
do Brasil traz o seguinte texto:
Art. 7º: São direitos do advogado:
XIV - “examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir
investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de
qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à Autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
XXI - assistir a seus clientes Investigados durante a apuração de infrações, sob
pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso
da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; [...]
§10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o
exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.
§11. No caso previsto no inciso XIV, a Autoridade competente poderá delimitar
o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em
andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
§12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento
incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de
peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização
criminal e funcional por abuso de Autoridade do responsável que impedir o
acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem
prejuízo do direito subjetivo do advogado requerer acesso aos autos ao juiz
competente.”
Portanto, qualquer advogado, independente de procuração, poderá ter acesso, a
qualquer momento, aos autos do IPM, podendo deles extrair cópia.
Para isso, é necessário que o mesmo requeira junto à Autoridade instauradora, a
fim de ser atendido no prazo máximo de 05 (cinco) dias úteis.
Não serão fornecidas cópias dos depoimentos às testemunhas, ofendido ou ao
próprio Investigado, a não ser por intermédio de advogado.
Obviamente que tal acesso se restringe aos documentos já produzidos e inseridos
nos autos.
Medidas cautelares, realizadas em caráter sigiloso, deverão ser autuadas em
apartado, nos Apensos Sigilosos e assim conduzidas até que seus objetivos elucidativos
sejam alcançados.
Assim é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:
“A decisão referida reconhece o direito de acesso aos autos, ressalvando,
porém, as medidas cuja vista possa acarretar sua ineficiência, como
interceptação telefônica (STJ, Rel 2441/SP, Fischer, 3ª S., u., 27.06.07), busca e
apreensão, sequestro de bens (STJ, RMS 18673/PR, Dipp, 5ª T., u., 16.05.05;
TRF4, AGMS 20040401000113 - 4qPR, Paulo Afonso, TE, u., 21.04.04), e
prisão(...) Também com fins de preservação da segurança de testemunha que
teme represálias, cabível é a reserva quanto à sua qualificação, a ser divulgada
apenas ao magistrado, membro do MP e advogado (STJ, HC 51202/SP, Laurita
Vaz, 5ª Tu., u., 3.8.06)”
A divulgação de parte ou todo conteúdo do IPM em andamento, contrariando o
interesse da administração militar constitui crime, previsto no Art. 326 do CPM:
“Revelar fato de que tem ciência em razão de cargo ou função e
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação,
em prejuízo da administração militar.”
Portanto, todos os funcionários públicos que, em razão da função ou cargo,
tiverem acesso aos autos do Inquérito, em andamento ou arquivado, assumem o
compromisso de manter seu sigilo, tornando desnecessária a lavratura do termo de
compromisso de Escrivão.
1.8 TERMO DE DEPOIMENTO, DECLARAÇÃO E INTERROGATÓRIO
No IPM o Termo de Depoimento é destinado às testemunhas que prestarão o
compromisso de dizer a verdade sobre o que souber ou lhe for perguntado.
O CPPM disciplina da seguinte forma:
Art. 351. Qualquer pessoa poderá ser testemunha.
Art. 352. A testemunha deve declarar seu nome, idade, estado civil, residência,
profissão e lugar onde exerce atividade, se é parente, e em que grau, do acusado
e do ofendido, quais as suas relações com qualquer deles, e relatar o que sabe
ou tem razão de saber, a respeito do fato delituoso narrado na denúncia e
circunstâncias que com o mesmo tenham pertinência (...)
Além dos dados de qualificação previstos no artigo acima, a testemunha deverá
declarar sua filiação e CPF.
Art. 353. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que uma
não possa ouvir o depoimento da outra.
Art. 354. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Excetuam
-se o ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, e o irmão de acusado, bem como pessoa que, com ele, tenha vínculo
de adoção, salvo quando não for possível, por outro modo, obter -se ou integrar
-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Desta forma, doentes e deficientes mentais, menores de quatorze anos, o
ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, e o
irmão de Investigado, bem como pessoa que, com ele, tenha vínculo de adoção, além do
próprio Investigado se ouvido antes de seu interrogatório, deixarão de prestar o
compromisso de dizer a verdade, devendo ser ouvidas em Termo de Declaração.
Visando atender ao princípio da oportunidade, em certos casos, pode-se admitir
que a tomada de depoimentos/declarações seja substituída pelo termo de diligência,
onde o Encarregado fará registrar todos os dados reunidos acerca dos fatos, bem como
os detalhes sobre a sua forma de obtenção.
O Interrogatório, geralmente realizado na fase final do Inquérito, será precedido
do ato de indiciamento.
A requisição do indiciado deverá ser encaminhada com prazo mínimo de 05
(cinco) dias úteis, contendo em seu texto a informação da qualidade de indiciado.
Antes de iniciá-lo, o Encarregado informará ao indiciado que, embora não esteja
obrigado a responder às perguntas que lhe forem formuladas, o seu silêncio, mesmo não
importando em confissão, poderá resultar em prejuízo da própria defesa.
As perguntas não respondidas deverão ser consignadas, bem como as razões que
forem invocadas para não fazê-lo.
No termo de interrogatório deverão constar, além dos itens previstos no Art. 306
do CPPM, unidade de lotação e função exercida à época dos fatos, e se já respondeu a
qualquer procedimento apuratório sobre fato semelhante.
Os registros dos diversos termos podem ser realizados através da formal
transcrição de seus relatos ou mediante a gravação em vídeo, previamente informada e
consentida pelo interrogado/testemunha.
Na mesma linha de raciocínio surge a possibilidade da realização de oitiva
através de videoconferência ou outro recurso similar de testemunhas que estejam
residindo em cidade distinta da sede onde se realiza o Inquérito policial militar.
Tal procedimento visa dar maior celeridade e economia ao ato, em crescente
substituição às cartas precatórias e rogatórias.
Importante ressaltar que, apesar de recomendável sua inclusão, a ausência de
declarações do indiciado não invalida o Inquérito como peça de informação, sobretudo,
quando a materialidade delitiva estiver devidamente comprovada através de outros
dados reunidos e analisados no curso do investigatório.
Por outro lado, o interrogatório representa também a possibilidade de
apresentação dos argumentos de defesa para eventuais residuais administrativos
disciplinares, tornando dispensável a extração de Documento de Razão de Defesa e
antecipando a solução deste mérito já na solução do IPM.
Os termos de depoimento, declarações e interrogatório serão inseridos nos autos
principais sem a necessidade de Termo de Juntada.
1.9: INDICIAMENTO
Trata-se de ato formal pelo qual o Encarregado do Inquérito declara sua
convicção de autoria do fato delituoso Investigado.
Para tanto, após reunidas as provas necessárias, deve-se passar por uma análise
de autoria, materialidade e circunstâncias.
O indiciamento ocorrerá através de despacho da Autoridade delegada, na qual
apresentará seus elementos de convicção, formados pelo conjunto probatório reunido ao
longo do IPM, extraindo-se cópia ao indiciado para o exercício de sua defesa.
Deve-se considerar, para o efetivo indiciamento, a existência ou não do crime.
Desta forma, havendo excludente de ilicitude, não haverá crime e, portanto,
deverá a Autoridade optar pelo não indiciamento.
1.10 PRAZOS
O prazo inicial para conclusão do IPM é de 20 (vinte) dias, estando o indiciado
preso e de 40 (quarenta dias) caso o mesmo esteja em liberdade ou ainda não
identificado.
A primeira prorrogação será de no máximo 20 (vinte) dias e deverá ser
encaminhada à Autoridade delegante.
Tanto a solicitação quanto seu resultado deverão ser informados à Corregedoria
para fins de controle.
As demais prorrogações deverão ser encaminhadas, juntamente com os autos
originais, à apreciação da Promotoria de Justiça junto à Auditoria de Justiça Militar.
Tanto a solicitação quanto seu resultado deverão ser informados à Corregedoria
para fins de controle.
1.11: ANÁLISE PRELIMINAR DE DADOS
Visando a preservação e melhor compreensão dos dados reunidos, o
Encarregado deverá realizar análises preliminares ao longo do Inquérito.
Por diversas vezes encontramos nos relatórios finais a simples menção a trechos
de áudio e vídeo contidos em mídias inseridas nos autos, prejudicando sobremaneira a
posterior consulta e arquivamento.
O fato se agrava quando essas mídias sofrem danos após manuseio ou
transporte, inviabilizando o acesso ao seu conteúdo.
Assim, é de fundamental importância a transcrição do conteúdo considerado
pertinente e relevante para elucidação dos fatos, podendo-se utilizar dos diversos
recursos disponíveis para o print, zoom e destaque de imagens.
O uso de gráficos e tabelas são altamente recomendáveis como forma de facilitar
a visualização dos números e a identificação de padrões.
Não há como desconsiderar a contribuição que a qualificação técnica, a
experiência profissional, o nível cultural e o empenho da Autoridade policial trará para
o resultado final do Inquérito, ao realizar suas análises à medida que os dados forem
sendo reunidos no curso do apuratório.
1.12: RELATÓRIO FINAL E SOLUÇÃO
No relatório final o Encarregado apresentará a descrição sucinta dos fatos que
originaram o IPM, as providências adotadas com a referência aos “Apensos”, a síntese
das investigações e sua parte conclusiva.
Deve-se evitar a produção de textos enfadonhos, prolixos e abster-se da
transcrição de depoimentos e diligências.
A parte conclusiva do relatório deverá conter a interpretação técnico-jurídica de
seu presidente, apresentando a descrição dos tipos penais cuja investigação preliminar
venha a apontar os indícios, ratificando ou não o juízo formulado pela Autoridade
delegante quando da instauração do Inquérito.
A identificação dos possíveis autores também servirá como confirmação do
eventual indiciamento anteriormente realizado.
Os indícios de autoria e materialidade não excluem a incidência de transgressão
disciplinar, que deverá constar no relatório do Encarregado.
Da mesma forma, a identificação de outros crimes no curso do IPM, mas que, no
entanto, não tenham sido objeto daquela apuração deverão ser mencionados para fins de
apuração em procedimento distinto.
A solução será dada pela Autoridade delegante, homologando ou discordando da
conclusão do Encarregado, através de publicação em boletim e posterior remessa dos
autos à PJ/AJMERJ.
1.13: LEI 9.296/96 e LEI 12.850/13
Dadas as suas peculiaridades, os Inquéritos que envolvam a necessidade de
interceptação das comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou ainda
aqueles contemplados pela lei das organizações criminosas deverão ser presididos por
oficiais lotados na Corregedoria ou suas unidades subordinadas.
2. ASPECTOS FORMAIS
O IPM inicia sua formação nas mãos do Encarregado e seu Escrivão.
No entanto, seus autos passarão pelo manuseio de diversos outros atores durante
sua confecção, solução, utilização pela defesa do indiciado, MP, Judiciário até seu
arquivamento.
Assim como o excesso de formalidades pode ser prejudicial ao conteúdo
investigatório, a ausência de padrões mínimos de uniformidade não trará qualquer
benefício ao objeto principal de sua existência, a formação de uma peça de informação
confiável, com significado e bem apresentada.
2.1 CAPA:
A capa deverá ser a própria autuação realizada pelo Escrivão, numerada como
folha 01 (Apêndice A).
Poderá ser confeccionado em papel do tipo cartão ou nele afixado em folha do
tipo A4.
Para preservação de sua integridade é admitido a aplicação de papel adesivo
transparente sobre sua superfície.
As contra-capas não serão numeradas, servindo apenas como proteção da última
folha de cada volume.
As capas de outros procedimentos que venham a ser inseridos nos autos deverão
ser substituídas por suas cópias ou simplesmente retiradas, caso não haja prejuízo para o
conteúdo probatório.
2.2 NUMERAÇÃO:
Todas as folhas deverão ser numeradas de forma sequencial, junto com o
carimbo e a rubrica do Escrivão no quadrante superior direito.
O verso das folhas que forem utilizadas receberão a numeração de sua frente
acrescidos do letra “v”, além do carimbo e da rubrica do Escrivão no quadrante superior
esquerdo.
Não se fará a inutilização do verso das folhas em branco.
2.3 VOLUMES:
Recomenda-se a abertura de novo volume a cada vez que forem atingidas 200
(duzentas) folhas do volume anterior.
O Termo de Abertura de Volume constituirá a primeira folha e capa do novo
volume, seguindo a sequência numérica do volume anterior.
A fim de não haver prejuízos a sequência lógica da leitura das peças, pode-se
utilizar um desvio de 10 (dez) a 15 (quinze) folhas para abertura de novo volume, caso
necessário.
2.4 APENSOS
Constituir-se-ão em autos apartados, com numeração e volumes independentes
nos quais serão inseridos os documentos que não interessarem diretamente à
investigação ou sem valor probatório.
São exemplos de documentos que deverão compor o Apenso, os documentos
expedidos, os ofícios de apresentação, reportagens, pesquisas em SISPES, INFOSEG,
Portal da Segurança, etc
O Termo de Apensação constituirá a folha de número 01 (um) e capa do Apenso.
Capa, numeração e volumes dos Apensos seguirão conforme as orientações
contidas nos números 2.1, 2.2e 2.3.
2.5: FORMATAÇÃO
Os autos serão constituídos por folhas brancas no formato A4 (21 cm x 29,7
cm).
O texto deverá ter espaçamento entre linhas de 1,5 cm e ser digitado em Arial ou
Times New Roman, tamanho 12.
As margens direita e superior serão de 3 cm e as margens esquerda e inferior de
2 cm.
2.6: CONCLUSÃO
Toda vez que os autos forem ao Encarregado do Inquérito o Escrivão fará sua
Conclusão na forma de carimbo no verso da última folha dos autos principais, juntando
a ela seu carimbo e rubrica.
2.7: DESPACHO
Os despachos serão realizados pelo Encarregado em folha própria, que deverá
seguir nos autos principais.
Aqueles que se destinarem às medidas sigilosas serão inseridos em Apensos
Sigilosos.
2.8: CERTIDÃO
Após cumprir o contido no despacho o Escrivão dará Certidão do ato sob a
forma de carimbo no verso da folha, juntando a ela seu carimbo e rubrica.
A Certidão poderá ser lavrada em folha própria caso o Escrivão não tenha obtido
sucesso no cumprimento do despacho.
Neste caso deverá registrar o motivo do não cumprimento.
2.9: DOCUMENTOS EXPEDIDOS
Os documentos expedidos serão inseridos nos Apensos. Exceto as solicitações
de prorrogação de prazo e a remessa dos autos que deverão seguir no bojo do Inquérito.
Nenhum documento será preso ou grampeado nas capas ou contracapas.
2.10: DOCUMENTOS RECEBIDOS
Os documentos recebidos em atendimento à requisição do Encarregado e que
tenham relevância para a investigação serão inseridos nos autos principais após o Termo
de Juntada.
Todos os demais deverão ser inseridos nos Apensos.
2.11 UNIÃO DAS PEÇAS:
As folhas processuais deverão ser unidas em colchetes, grampos trilho ou
plásticos, com quatro furos, sendo vedada a união com espirais ou cola.
Os volumes e Apensos serão unidos por amarração simples entre os grampos,
através de barbantes com cerca de 10 cm de comprimento.
2.12: SEQUÊNCIA DAS PEÇAS:
Os autos principais seguirão a seguinte sequência:
01 – Autuação (capa)
02 - Despacho de autuação
03 – Cópia da publicação de nomeação do escrivão
04 – Portaria de instauração (Delegação)
05 à X - Demais peças exordiais
Xy - Conclusão
Xv - Despacho
(X+1) v – Certidão
... As demais peças seguem a mesma sequencia lógica
Y – Relatório
Y+1 – CI de remessa (última folha dos autos)
Y+2 – Solução
3. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
Conforme disciplina o CPPM em seu
Art. 244: Considera-se em flagrante delito aquele que:
a) está cometendo crime;
b) acaba de cometê-lo;
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele
o seu autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que
façam presumir a sua participação no fato delituoso. Infração permanente.
Parágrafo único. Nas infrações permanentes, considera-se o agente em
flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
Ao tomar conhecimento da cometimento do delito, sendo a ele apresentado seu
autor, o militar que presidir o APF fará imediatamente a designação do Escrivão.
Após ouvir o condutor, as testemunhas e o indiciado, a Autoridade policial
decidirá sobre o recolhimento à prisão, de tudo lavrando auto a ser encaminhado à
AJMERJ.
A confecção do Auto de Prisão em Flagrante (APF) seguirá, no que couber, os
mesmos ritos do IPM.
3.1 TERMO DE DEPOIMENTO E INTERROGATÓRIO
Os termos que irão compor o APF poderão ser tomados em apartados, sobretudo
se observada necessidade de adoção de medidas previstas no...
Art. 13 do CPP: ...“i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de
testemunhas, peritos e do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação
que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de
perícias ou exames.”
3.2 COMUNICAÇÃO IMEDIATA
O APF deverá ser confeccionado em duas vias e imediatamente encaminhado a
AJMERJ, sendo composto pelos seguintes documentos:
01 – Autuação (capa)
02 - Portaria do Presidente do APF
03 à X – Auto de prisão em flagrante
X + 1 - Conclusão
X + 2 - Despacho
X+3 – Certidão
X+4 – Nota de culpa
Y+5 – Ofício de remessa (última folha dos autos)

Assim como no IPM, a conclusão e a certidão poderão ser realizadas sob a


forma de carimbo no verso da folha.
Da documentação acima mencionada se fará cópia e remessa às seguintes
Autoridades:
a) Promotoria de Justiça/AJMERJ
b) Defensoria Pública/AJMERJ
c) Corregedoria PMERJ
d) Unidade Prisional PMERJ
e) OPM do preso
3.3: NOTA DE CULPA
Uma terceira via será fornecida ao preso.
Caso o indiciado se recuse a passar recibo da mesma, as três vias deverão ser
assinadas por duas testemunhas.
3.4: DOCUMENTOS EXPEDIDOS
Nº Tipo Assunto Destino
01 OF Comunicação de APF AJMERH
02 OF Comunicação de APF Ministério Público
03 OF Comunicação de APF Defensoria Público
04 CI Comunicação de APF Corregedoria
PMERJ
05 CI Comunicação de APF e solicitação de OPM do indiciado
documentação
06 CI Apresentação de indiciado para condução escolta
07 CI Apresentação de indiciado para exame de saúde HCPM
08 CI Apresentação de indiciado para recolhimento UP/PMERJ
09 GR Guia de recolhimento de preso UP/PMERJ

3.5: REMESSA DOS AUTOS


Em até 05 (cinco) dias úteis serão juntados aos documentos iniciais todos os
documentos expedidos, recebidos e o relatório final, fazendo remessa de todo o
conteúdo à AJMERJ.

Você também pode gostar