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Direito Processual Penal | Paulo Henrique

Curso de Reta Final

EDITAL

8 Inquérito policial.
8.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento,
titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de instauração, notitia
criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento, garantias
do investigado; conclusão.

9 Prova.
9.1 Preservação de local de crime. 9.2 Requisitos e ônus da prova. 9.3 Nulidade
da prova. 9.4 Documentos de prova. 9.5 Reconhecimento de pessoas e coisas. 9.6
Acareação. 9.7 Indícios. 9.8 Busca e apreensão.

10 Restrição de liberdade.
10.1 Prisão em flagrante.

INQUÉRITO POLICIAL

1. DEFINIÇÃO

É o procedimento administrativo, presidido pela Autoridade Policial, que visa


colher indícios de autoria e prova da materialidade da infração penal, para que
posse ser proposta a ação penal.

DICA  Tem natureza instrumental com função preservadora (evitar acusações


infundadas) e preparatória (colher elementos de informação para a ação penal) e
se desenvolve num procedimento flexível.

2. POLÍCIA JUDICIÁRIA

Composta por polícias civil ou federais e dirigida por Autoridade Policial de


carreira, é o órgão estatal com atribuição para exercer as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais.

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NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas


autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim
a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de


autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

DICA  A Polícia Militar não tem função investigatória, mas apenas função
administrativa (Polícia administrativa), de caráter ostensivo, ou seja, sua função é
agir na prevenção de crimes, não na sua apuração.

3. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO

O inquérito policial pode ser instaurado por portaria baixada pela autoridade
policial, por representação ou requerimento do ofendido, pela requisição do juiz
ou membro do Ministério Público ou pela lavratura de auto de prisão em
flagrante.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial
será iniciado:

I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;


b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá


recurso para o chefe de Polícia.
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-
la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.

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§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,


não poderá sem ela ser iniciado.

§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder


a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

 O QUE É NOTITIA CRIMINIS?

Segundo Renato Brasileiro, notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou


provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato delituoso.

Subdivide-se em:

a) notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea): ocorre


quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por
meio de suas atividades rotineiras. É o que acontece, por exemplo, quando
o delegado de polícia toma conhecimento da prática de um crime por meio
da imprensa;

b) notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): ocorre quando


a autoridade policial toma conhecimento da infração penal através de um
expediente escrito. É o que acontece, por exemplo, nas hipóteses de
requisição do Ministério Público, representação do ofendido, etc.

c) notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre quando a autoridade


policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do
indivíduo preso em flagrante

 O QUE É DELATIO CRIMINIS?

De acordo com Renato Brasileiro, a delatio criminis é uma espécie de notitia


criminis, consubstanciada na comunicação de uma infração penal feita por
qualquer pessoa do povo à autoridade policial, e não pela vítima ou seu
representante legal.

Pode ser:

- Delatio criminis simples – Comunicação feita à autoridade policial por


qualquer do povo (art. 5º, §3º do CPP).

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- Delatio criminis postulatória – É a comunicação feita pelo ofendido nos


crimes de ação penal pública condicionada ou ação penal privada, mediante
a qual o ofendido já pleiteia a instauração do IP.
- Delatio criminis inqualificada – É a chamada “denúncia anônima”, ou
seja, a comunicação do fato feita à autoridade policial por qualquer do povo,
mas sem a identificação do comunicante.

DICA  Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de


instaurar o inquérito policial, verificar a procedência e veracidade das informações
por ela veiculadas por meio de um procedimento preliminar chamado de
verificação de procedência das informações (VPI). Na dicção da Suprema Corte, a
instauração de procedimento criminal originada apenas em documento apócrifo
revela-se contrária à ordem jurídica constitucional, que veda expressamente o
anonimato.

4. NEGATIVA DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO

Se a Autoridade Policial se recusar a instaurar o procedimento investigatório,


caberá recurso administrativo ao CHEFE DA POLÍCIA.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 5º, § 2º Do despacho que indeferir o


requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.

5. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

A) ESCRITO – todos os atos praticados devem ser reduzidos a termo.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão,


num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso,
rubricadas pela autoridade.

B) INQUISITÓRIO – busca colher elementos para a propositura da ação penal,


não se aplicando o princípio do contraditório e da ampla defesa.

C) SIGILOSO – os atos de investigação não estão sujeitos à publicidade.

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NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo


necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a


autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes.

NA LETRA DA SÚMULA! – (STF) Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no


interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa.

D) DISPENSÁVEL – pode ser substituído por outras peças de informação que


contenham os elementos necessários para propor a ação penal.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia


ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.

E) PROCEDIMENTO SEM RITO – não há uma sequência de atos predefinida que


deva ser observada pela autoridade policial, embora haja um resultado final
pretendido, que é a elucidação do fato investigado.

6. VALOR PROBATÓRIO

Embora não sejam provas chanceladas pelo contraditório e ampla defesa e com
um desvalor legal preestabelecido (no art. 155, CPP, se comparados às provas do
processo), os elementos informativos angariados na investigação têm a sua valia,
valia preponderantemente subsidiária e complementar em relação às provas
produzidas no processo.

Isoladamente, jamais devem legitimar a fundamentação de uma sentença.

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7. DILIGÊNCIAS (art. 6º e 7º, CPP)

A Autoridade Policial deverá realizar as diligências de acordo com a sua


discricionariedade.

Trata-se de um rol ilustrativo, sendo que não necessariamente todas as


providências ali elencadas devem ser realizadas.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da


infração penal, a autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto


no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado
por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a


quaisquer outras perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se


possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,


familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para a apreciação do seu temperamento e caráter.

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se


possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

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NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a


infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública.

8. PEDIDO DE DILIGÊNCIAS PELAS PARTES (art. 14, CPP)

O ofendido, o investigado e o indiciado, por si ou por meio dos seus


representantes legais, poderão requerer que sejam efetuadas diligências a fim de
auxiliar nas investigações.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o


indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo
da autoridade.

9. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO

A incomunicabilidade do indiciado não foi recepcionada pela Constituição


Federal.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá


sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da
sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.

10. NULIDADE

Não existem nulidades no inquérito policial, isso porque a lei não estabelece
formas procedimentais definidas para a sua feitura.

11. PRAZOS DO INQUÉRITO POLICIAL

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10


dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela.

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§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará


autos ao juiz competente.

§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido


inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a


autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

CPP - Em regra, o inquérito deve ser encerrado no prazo de 10 (dez) dias, para
indiciado preso, e 30 (trinta) dias, no caso de investigado solto.

ATENÇÃO - Caso o indiciado esteja preso, o novo art. 3º-B, §2º do CPP (com
eficácia suspensa pelo STF – ADI 6298) estabelece que o prazo pode ser
prorrogado pelo Juiz uma vez, por até 15 dias.

MAS CUIDADO!!!

Existem exceções previstas em outras leis:

 Crimes de competência da Justiça Federal – 15 dias para indiciado preso


(prorrogável por até 15 dias) e 30 dias para indiciado solto.

 Crimes da lei de Drogas – 30 dias para indiciado preso e 90 dias para


indiciado solto. Podem ser duplicados em ambos os casos.

 Crimes contra a economia popular – 10 dias tanto para indiciado preso


quanto para indiciado solto.

 Crimes militares (Inquérito Policial Militar) – 20 dias para indiciado


preso e 40 dias para indiciado solto (pode ser prorrogado por mais 20
dias).

12. ACOMPANHAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES POR AGENTES DE


SEGURANÇA PÚBLICA EM CRIMES RELACIONADOS AO USO DA FORÇA
LETAL
NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às
instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como

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investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais


procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados
ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada
ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir
defensor.

§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado
da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no
prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.

§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação


de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá
intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência
dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor
para a representação do investigado.

§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).

§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares


vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde
que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da
Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

DICA  Em resumo, a Lei Anticrime trouxe foi a obrigatoriedade de que, em


investigações criminais relativas ao uso da força letal em serviço por tais agentes
públicos, o indiciado tenha, necessariamente, um defensor, seja constituído por
ele mesmo ou, na falta de constituição pelo indiciado, indicado pela Instituição a
qual estava vinculado o agente público à época dos fatos.

13. ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Quando a autoridade policial entender que não há mais diligências ou


investigações a serem feitas, determina o encerramento do inquérito policial,
elaborando relatório final, dirigido ao juiz.

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14. ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS AO MINISTÉRIO PÚBLICO

O inquérito policial relatado deverá ser remetido ao juízo competente, que o


encaminhará ao Ministério Público.

15. PEDIDO DE DILIGÊNCIAS (art. 16, CPP)

O Ministério Público poderá requisitar diligências complementares àquelas


realizadas pela Autoridade Policial.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a
devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

16. ARQUIVAMENTO

O Delegado não pode determinar o arquivamento dos autos do inquérito.


Por outro lado, se o Ministério Público entender que todas as diligências possíveis
foram executadas pela Autoridade Policial, nada mais havendo para encontrar os
elementos necessários à propositura da ação penal, deverá requerer o
arquivamento dos autos.

NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar
arquivar autos de inquérito.

*NA LETRA DA LEI! – (CPP) Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés
de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao
qual só então estará o juiz obrigado a atender.

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