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Inquérito Policial

O Inquérito policial é uma espécie do gênero Não vigora, nesta fase, o princípio do contraditório
investigação policial que, nos termos do art. 5º, LV, da Constituição
Federal, só existe após o início efetivo da ação
O inquérito policial é um procedimento, de caráter penal, quando já formalizada uma acusação
administrativo, conduzido pela polícia judiciária, admitida pelo Juiz (por este motivo, como regra, não
presidido por Delegado de Polícia e voltado à se colhe prova no inquérito, mas sim elementos de
apuração da existência de uma infração penal e de informação). Este caráter inquisitivo torna
sua autoria. desnecessário à autoridade policial intimar o
investigado das provas produzidas para que possa
Cuidado: procedimento ≠ processo, pois embora debatê-las.
todo processo seja um procedimento, nem todo
procedimento é um processo. Procedimento Sigiloso
Ao contrário do que ocorre em relação ao processo
Para instauração de Inquérito Policial exige-se:
criminal, que se rege pelo princípio da publicidade
Existência do crime: indícios
(salvo exceções legais), no inquérito policial é
Autoria: nada
possível resguardar sigilo durante a sua realização.
Observação: esse sigilo não se aplica ao juiz e ao
Para propositura de Ação Penal exige-se:
Ministério Público. Quanto ao advogado, depende:
Existência do crime: certeza
no que tange às diligências em andamento, se
Autoria: indícios
aplica; nas já encerradas e documentadas, não se
aplica (Súmula Vinculante 14).
Características do Inquérito
DOSIDET Procedimento dispensável
(prescindível)
Discricionário Embora importante, o inquérito policial não é
Oficialidade necessário para que exista um processo penal. O
Sigilosidade titular da ação penal pode, inclusive, desprezar o
Inquisitoriedade colhido no inquérito para iniciar a ação penal,
Dispensabilidade desde que por outra forma tenha conseguido os
Escrita elementos necessários para tanto. Cuidado: o
Temporário inquérito deverá acompanhar a denúncia ou queixa,
sempre que servir de base a uma ou outra (art. 12,
Procedimento Oficial CPP).
Trata-se de investigação que deve ser realizada por
autoridades e agentes integrantes dos quadros CPI
públicos, sendo vedada a delegação da atividade O principal meio investigatório é o Inquérito Policial,
investigatória a particulares, inclusive por força da também temos a CPI
própria Constituição Federal. A presidência do
inquérito é exclusiva do Delegado de Polícia. A CPI pode:
- Quebrar o sigilo fiscal (IR) e de dados (dados
Procedimento Escrito pessoais e bancários);
- Ouvir testemunhas;
Todos os atos realizados no curso das investigações
- Ouvir vítimas;
policiais serão formalizados de forma escrita e
- Fazer interrogatório;
rubricados pela autoridade (art. 9º do CPP).
- Condução coercitiva;
- Pode prisão em flagrante.
Procedimento Inquisitivo
A CPI não pode:
- Indisponibilidade dos bens; É a comunicação feita por qualquer pessoa do povo,
- Determinar a prisão preventiva; incluindo a vítima, à autoridade policial (ou a
- Determinar a interceptação (grampear telefone). membro do Ministério Público ou Juiz) acerca da
ocorrência de infração penal em que caiba ação
PIC (Procedimento Investigatório Criminal) penal pública incondicionada (art. 5º, § 3º, CPP).
Caso haja anonimato, será chamada de delatio
- PEC 37 - dizia que o MP não poderia investigar. criminis inqualificada.
(não foi aprovada).
- ADI 4318 - uniformizou um instrumento de → Atenção: denúncia anônima, por si só, não pode
investigação próprio do MP, o chamado PIC. embasar a instauração de inquérito policial.

→ O MP pode investigar por causa dos poderes Diligências Investigatórias


implícitos
A teoria dos poderes implícitos nasce em 1.819 no
Dispõem os arts. 6º e 7º do CPP determinadas
precedente americano McCULLOCH Vs.
providências que, sendo cabíveis e mostrando-se
MARYLAND. Segundo a teoria dos poderes
adequadas à espécie investigada, deverão ser
implícitos, na hipótese da Constituição Federal
adotadas com vistas à elucidação do crime. Esta
atribuir poderes a determinado órgão está, também,
relação não é exaustiva, mas sim exemplificativa
ainda que implicitamente, conferindo os meios
necessários para a execução.
Art. 7º: Para verificar a possibilidade de haver a
"Se você pode o mais, você pode o menos"
infração sido praticada de determinado modo, a
- Se o MP é titular da ação penal, está implícito
autoridade policial poderá proceder à reprodução
que ele pode investigar. simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública

Início do inquérito policial → O local do crime é decisivo para revelar em que


circunstâncias o delito foi praticado.
Dependerá do tipo de ação penal prevista para o
crime que será investigado. A regra no processo Atenção
penal é a seguinte: se a ação é pública a) O prazo de conclusão do inquérito, com
incondicionada, o tipo penal incriminador, previsto investigado solto, é prorrogável e a contagem deste
no Código Penal, nada mencionará a respeito. Do prazo possui natureza processual (artigo 798, CPP).
contrário, se a ação é pública condicionada, estará Para a prorrogação deste prazo, exige-se
escrito: “somente se procede mediante autorização judicial, segundo o artigo 10, § 3o, do
representação” ou “mediante requisição”. Caso seja CPP;
privada, estará escrito: “somente se procede b) O prazo de conclusão do inquérito, com
mediante queixa”. investigado preso, é improrrogável e a contagem
deste prazo possui natureza penal (artigo 10, CPB).
Notitia Criminis Em se tratando de crime hediondo ou equiparado e
(Notícia Crime) estando o investigado preso a título de prisão
temporária, o prazo para a conclusão de inquérito
É a ciência da autoridade policial da ocorrência de será igual ao tempo possível de prisão (30 dias,
um fato criminoso, podendo ser: prorrogáveis uma única vez).
a) direta, imediata: quando o próprio delegado,
investigando, por qualquer meio, descobre o
acontecimento;
Conclusão do inquérito policial
b) indireta, mediata: por meio de requisição;
c) coercitiva: prisão em flagrante. Ao considerar encerradas as diligências, a
autoridade policial deve elaborar um relatório
descrevendo as providências tomadas durante as
Delatio Criminis investigações.
Esse relatório é a peça final do inquérito, que será, da notícia de novas provas, independentemente do
então remetido ao juízo. A ausência do relatório é motivo que fundamentou o arquivamento antes
irrelevante, não passando de mera regularidade. promovido.
Indiciamento: ato privativo do delegado de polícia
por meio do qual ele atribui a alguém a condição Continuação - Investigação e Juiz de Garantias
de autor ou partícipe de uma infração penal, Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a
fundamentadamente, com base na análise técnico- devolução do inquérito à autoridade policial, senão
jurídica do fato, indicando os motivos de imputação para novas diligências, imprescindíveis ao
da autoria, materialidade do crime e suas oferecimento da denúncia.
circunstâncias. - Arquivar
→ Desindiciamento: ocorre quando o Poder - Denunciar ou
Judiciário, mediante apreciação de habeas corpus, - Requerer Diligências (Apenas quando for
determina a anulação do indiciamento, por motivos imprescindível)
de ausência dos requisitos legais.
→ Cuidado: o Ministério Público e o Poder Resolução 181 criou uma quarta opção! O
Judiciário não podem determinar um indiciamento; o Oferecimento do Acordo de Não Persecução
desindiciamento, contudo, pode ser determinado Penal
pelo Poder Judiciário, se provocado e de forma O delegado instaura o Inquérito Policial através de
excepcional. uma portaria
-O relatório no inquérito, em regra geral, é apenas
Destino do inquérito policial após a um relatório demonstrativo do que ocorreu, sem
indicar materialidade ou opiniões. É um relato!
conclusão Atribuição exclusiva do delegado: Ele é o único
capaz de indiciar (Lei 12.830/13 - Art. 2°)
Recebimento do inquérito por parte do Ministério -Termo Circunstanciado (Lei 9.099): Procedimento
Público de Menor Potencial Ofensivo (Contravenção Penal)
a) oferecimento de denúncia; -Nos crimes e contravenções da Lei 9.099, não será
b) requisição de diligências; instaurado o inquérito!
c) promoção de arquivamento. -Nesses crimes e contravenções, as vítimas e
testemunhas são ouvidas, instaurando-se um Termo
Arquivamento do inquérito policial (antes do Circunstanciado - Audiência de Conciliação
pacote anticrime) (Preliminar) no Juizado Especial. Juiz Conciliador é
a) Delegado não pode requerer arquivamento e diferente do Juiz Togado.
não pode desarquivar um inquérito já arquivado (o *Na Ação Penal Pública Condicionada (Nas
artigo 18 do CPP não se refere a desarquivamento); Contravenções, por exemplo), pode-se renunciar e
Cuidado: o artigo 18 do CPP não trata de arquivar o processo.
desarquivamento.
b) O Ministério Público, e somente ele, pode CPP - Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito
requerer o arquivamento e o desarquivamento, policial será iniciado:
contudo ele não pode o arquivar, nem desarquivar. I - de ofício;
c) O Juiz é responsável por determinar o II - mediante requisição da autoridade judiciária ou
arquivamento e o desarquivamento, porém jamais do Ministério Público, ou a requerimento do
poderá fazer isso sem que haja promoção ofendido ou de quem tiver qualidade para
(requerimento) do Ministério Público. Da Decisão de representá-lo.
arquivamento NÃO cabe recurso. § 1º O requerimento a que se refere o no II conterá
sempre que possível:
Atenção: a partir do pacote anticrime, não sendo a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
mais o arquivamento do inquérito policial ou de b) a individualização do indiciado ou seus sinais
qualquer outro expediente de investigação da característicos e as razões de convicção ou de
mesma natureza sujeito à apreciação judicial, tal presunção de ser ele o autor da infração, ou os
deliberação não se submeterá aos efeitos da coisa motivos de impossibilidade de o fazer;
julgada formal ou material, podendo, então, a c) a nomeação das testemunhas, com indicação de
autoridade policial retomar as investigações diante sua profissão e residência.
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe
de Polícia.
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal em
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública
depender de representação, não poderá sem ela
ser iniciado.
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade
policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para
intentá-la.

→ O indiciamento pode ocorrer no início do


inquérito, mas ainda há outras diligências, como a
atribuição do valor, no caso do furto, por exemplo:
-Depois de oferecida a denúncia, o indiciado passa
a ser réu;
-Inquérito --> Investigado --> Indiciado --> A partir do
recebimento da Denúncia --> Réu --> Setenciado ou
Condenado --> Trânsito em Julgado --> Executado ou
Apenado (Lei 7.210 - Lei de Execução)

→ Quando houver uma autoridade com foro de


prorrogativa de função (“foro privilegiado”), o
delegado de polícia tem que requerer à autoridade
policial com competência para julgar a autoridade
com foro.

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