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Favorecimento da Prostituição ou de Outra

Forma de Exploração Sexual de Criança ou


Adolescente ou de Vulnerável
(art. 218-B do CP)

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à enfermas ou deficientes mentais que não
prostituição ou outra forma de exploração sexual possuem o necessário discernimento para a
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por prática do ato sexual – todas elas consideradas
enfermidade ou deficiência mental, não tem o vulneráveis.
necessário discernimento para a prática do ato,
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
Sujeitos
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter
Sujeito Ativo
vantagem econômica, aplica-se também multa.
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado
§ 2º Incorre nas mesmas penas:
por qualquer pessoa.
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato
Se autor da infração é ascendente, padrasto ou
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita
tutor, curador, preceptor ou empregador da
no caput deste artigo;
vítima ou por qualquer outro título tiver
II – o proprietário, o gerente ou o responsável
autoridade sobre ela a pena será aumentada de
pelo local em que se verifiquem as práticas
metade nos termos do art. 226, II, do Código
referidas no caput deste artigo. § 3º Na hipótese
Penal.
do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório
da condenação a cassação da licença de
Sujeito Passivo
localização e de funcionamento do
A vítima pode ser qualquer pessoa, desde que
estabelecimento.
menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário
Considerações Iniciais discernimento para a prática do ato sexual.

A Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009, inseriu o Obs. 1: a lei penal não diferencia a pessoa já
artigo 218-B ao Código Penal sob a rubrica corrompida daquela que conta com sua moral
favorecimento da prostituição ou outra forma de intacta.
exploração sexual de vulnerável, criando uma
modalidade específica do crime já tipificado no Obs. 2: a pessoa já prostituída será vítima do
artigo 228 do Código Penal, qual seja, o delito de delito em apreço, pois as condutas são
favorecimento da prostituição ou outra forma de “submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”. No
exploração sexual. caso, a vítima já sem encontra em estado de
Enquanto no tipo penal do artigo 228 o objeto de prostituição ou outra forma de exploração
tutela são as pessoas com idade igual ou superior sexual. Sendo possível, no entanto, a
a 18 (dezoito) anos, o artigo 218-B visa a caracterização do delito em relação aos núcleos
proteção das vítimas menores de 18 (dezoito) “impedir” e “dificultar” que a pessoa menor de
anos e aquelas que, embora maiores de 18 18 (dezoito) anos ou portadora de enfermidade
(dezoito) anos, por enfermidade ou deficiência ou deficiência mental abandone tais práticas
mental, não têm o necessário discernimento para libidinosas.
a prática do ato sexual.
Conduta
Objeto Jurídico
“Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou
O objeto jurídico de proteção penal é a dignidade outra forma de exploração sexual alguém menor
sexual de crianças, adolescentes, e de pessoas de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário No caso do inciso II, refere-se ao proprietário, o
discernimento para a prática do ato, facilitá-la, gerente ou o responsável pelo local em que se
impedir ou dificultar que a abandone” verifiquem as práticas de prostituição ou outra
forma de exploração sexual.
São seis as ações previstas no “caput”: submeter É imprescindível, para a configuração do injusto,
(subjugar, dominar, sujeitar), induzir (compelir, que o agente – proprietário, gerente ou o
cativar, atrair, convencer) e atrair (aproximar-se, responsável pelo local em que se verifiquem as
incutir) a vítima à prostituição ou outra forma de práticas proibidas – tenha conhecimento da
exploração sexual, facilitá-la (contribuir, prostituição ou outra forma de exploração sexual
propiciar, possibilitar), ou impedir (opor-se) ou que ocorre em tais locais, já que, se ausente o
dificultar (atrapalhar, criar obstáculos) que dolo, inexiste a infração penal.
alguém a abandone. O disposto no parágrafo 3º do artigo 218-B,
prevê-se, como consequência obrigatória da
Manter página na internet em que prostitutas condenação, a cassação da licença de localização
anunciam seus serviços? e de funcionamento do estabelecimento, cujo
efeito precisa ser expressamente declarado na
Trata-se de crime de forma livre, onde o sujeito sentença, o que favorecerá a execução imediata
ativo pode valer-se de qualquer meio para a após o seu trânsito em julgado.
prática do crime.
Não se exige a efetiva prática de conjunção
carnal ou outro ato libidinoso com a vítima para
Elemento Subjetivo
que o crime do artigo 218-B se configure, pois, o
O elemento subjetivo é constituído pela vontade
sujeito ativo do crime é punido em face de
consciente de praticar qualquer das ações
agenciar as relações sexuais entre as vítimas e
descritas no tipo penal, representado pelo dolo,
terceiros.
diante dos núcleos submeter, induzir ou atrair à
prostituição ou outra forma de exploração sexual
Figura Equiparada
qualquer das vítimas elencadas no tipo penal,
Art. 218-B. [...]
assim como, facilitar, impedir ou dificultar que a
§ 2º Incorre nas mesmas penas:
abandone.
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita Consumação e Tentativa
no caput deste artigo;
II – o proprietário, o gerente ou o responsável O delito consuma-se nas modalidades
pelo local em que se verifiquem as práticas “submeter”, “induzir” ou “atrair”, no momento
referidas no caput deste artigo. em que a pessoa menor de 18 anos ou portadora
de doença ou enfermidade mental passa a se
No caso do inciso I, pretende-se punir o cliente dedicar à prática da prostituição ou de outra
da pessoa prostituída e que tenha conhecimento forma de exploração sexual, de modo habitual.
da exploração sexual. Na modalidade “facilitar”, o delito consuma-se
A configuração do crime do artigo 218-B não com a prática de ato do agente que vise afastar
pressupõe a existência de terceira pessoa, ou qualquer dificuldade para que a vítima seja
seja, o parágrafo 2º, inciso I, na situação de prostituída ou explorada sexualmente, enquanto
exploração sexual, não exige a figura do terceiro que nas modalidades “impedir” e “dificultar” o
intermediador. Logo, o “cliente” pode ser punido crime consuma-se com as condutas que
sozinho, ou seja, mesmo que não haja um atrapalhem ou impossibilitem a vítima
proxeneta. Portanto, ainda que o próprio cliente abandonar a prostituição ou a exploração sexual
tenha negociado o programa sem intermediários, na qual ela já se encontra inserida.
haverá o crime. A tentativa é perfeitamente admissível em todas
as hipóteses.

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