Você está na página 1de 63

DOS CRIMES CONTRA A

DIGNIDADE

DOS CRIMES CONTRA A


LIBERDADE SEXUAL
Arts. 213 a 234-C
Conteúdo Programático:
3. Dos Crimes contra a Dignidade Sexual: estupro,
estupro de vulnerável, violação mediante fraude,
assédio sexual, lenocínio, tráfico de pessoas, exploração
sexual.
4. Dos Crimes contra a Família.

Arts. 121- 249


DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Arts. 213 a 234-C
• Art. 213 – ESTUPRO
• Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso:
• Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
• QUALIFICADORAS:
• § 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou
se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze)
anos:
• Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
• § 2º Se da conduta resulta morte:
• Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Art. 213 – ESTUPRO
• Trata-se de crime hediondo, simples ou qualificado, tentado ou
consumado.
• Conjunção carnal ou outro ato libidinoso: não houve abolitio criminis
em relação ao atentado violento ao pudor, em observância ao
princípio da continuidade típico-normativa (o fato continua sendo
criminoso, embora tratado em tipo penal diverso).
• O atual artigo 213 representa a junção dos antigos crimes de estupro e
atentado violento ao pudor (antiga figura do art. 214 do CP).
• Constranger (núcleo do tipo): retirar a liberdade de autodeterminação
de alguém.  “Constranger” – é obrigar alguém a fazer algo contra a sua
vontade.
• • Conjunção carnal: cópula vaginal; atos libidinosos: revestidos de
conotação sexual (sexo oral, anal, beijo lascivo, toque nas partes
íntimas).
• • As lesões leves e vias de fato são absorvidas pelo estupro. As
lesões graves, gravíssimas e a morte qualificam o crime.
Art. 213 – ESTUPRO
• Ação penal pública incondicionada em todos os casos, supera-
se definitivamente o debate a respeito da eficácia da Súmula
608 do STF: “No crime de estupro, praticado mediante violência
real, a ação penal é pública incondicionada.”
• • Em relação ao constrangimento para a conjunção carnal, a
relação deve ser, necessariamente, heterossexual (homem
contra mulher ou o contrário). Mulher também pode ser sujeito
ativo de estupro (como mandante ou auxiliando na execução).
• • Quanto à prática de outro ato libidinoso (praticar ou permitir
que com ele se pratique), o relacionamento pode ser hetero ou
homossexual.
• • Não é necessário o contato físico erótico entre estuprador e
vítima. A vítima necessariamente tem envolvimento no ato. Ex.:
sujeito que ordena a outro, mediante grave ameaça, que toque
em suas próprias partes íntimas
Art. 213 – ESTUPRO
• Objetividade jurídica
O estupro é um crime pluriofensivo – é aquele que atingem dois
ou mais bens jurídicos – pois é crime contra a dignidade sexual
(liberdade sexual) e a integridade física, quando praticado com
violência, ou a liberdade individual, quando praticado com grave
ameaça.
• Sujeitos do crime:
• - Crime bicomum: qualquer pessoa pode figurar como sujeito
ativo e passivo.
• Hoje se entende que pode haver o crime de estupro praticado
pelo marido contra a mulher e vice-versa. Inclusive essa pena é
aumentada até a metade
• Elemento subjetivo
• É o dolo de constranger + finalidade específica (conjunção carnal
ou ato libidinoso).
Art. 213 – ESTUPRO
• Consumação
• A consumação reclama a efetiva prática da conjunção carnal ou
do ato libidinoso. O estupro é crime material e causal.
• A consumação do estupro não reclama a ejaculação.
• Prática de conjunção carnal e de outro ato libidinoso contra a
mesma vítima, e no mesmo contexto fático ex. conjunção
carnal e sexo oral. Há unidade de crime?
• PREVALECE: 6ª Turma do STJ (HC 167.517) – Crime único. O
crime de estupro é tipo misto alternativo.
• - STJ e STF: trata-se de crime único, pois o art. 213 do CP
constitui um tipo misto alternativo.
• - A pluralidade de comportamentos não acarreta o concurso de
crimes, mas poderá ser valorada pelo magistrado na dosimetria
da pena (art. 59, CP).
Art. 213 – ESTUPRO
• Tentativa
• Possível, pois o estupro é crime plurissubsistente.
• Na tentativa de estupro tem que se examinar o dolo do agente.
Ex. ele queria a conjunção, mas só conseguiu tocar as partes
íntimas – tentativa de estupro.
• Quando o estupro consiste em penetração:

• A ejaculação precoce é tentativa, quando queria a conjunção.


• Disfunção erétil
Art. 213 – ESTUPRO
• • A depender da idade da vítima, três situações distintas podem se apresentar:
• 1) Vítima com idade igual ou superior a 18 anos: estupro simples
(art. 213, caput).
• 2) Vítima maior de 14 e menor de 18 anos: estupro qualificado
(art. 213, § 1º, parte final).
• 3) Vítima menor de 14 anos: estupro de vulnerável (art. 217-A
caput).
• - Pessoa com idade igual ou superior a 14 anos, ausente outra causa de
vulnerabilidade, pode praticar consensualmente conjunção carnal ou outro ato
libidinoso.
• • A lei protege o direito de escolha ao parceiro sexual.
• a) Estupro (art. 213)
• b) Violação sexual mediante fraude (art. 215)
• c) Importunação sexual (art. 215-A, Lei 13.718/18)
• d) Assédio sexual (art. 216-A)
Violação sexual mediante fraude  
• Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)          
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

• O crime do antigo art. 214, CO (atentado violente ao


pudor) foi revogado no ano de 2009. Pelo princípio da
força normativo-típica, a conduta as condutas diversas
da conjunção carnal passaram a ser tratadas no tipo do
art. 213, CP (estupro). Portanto, não há que falar em
abolitio criminis, já que a conduta continua sendo
crime, mas tratada em dispositivo legal distinto.
Violação sexual mediante fraude  
• Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima:            (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.             
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Parágrafo único.  Se o crime é cometido com o fim de obter
vantagem econômica, aplica-se também multa.          
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Violação sexual mediante fraude  
• Este crime é comumente chamado de “estelionato sexual”, uma
vez que há a junção das figuras da posse sexual e atentado
violento ao pudor mediante fraude.
• • São empregados meios fraudulentos para a obtenção da
conjunção carnal ou outro ato libidinoso. A vítima é levada a
erro e, assim, não expressa o seu consentimento quanto à
relação sexual, que é obtida por meio de fraude.
• • Somente pode ser praticado na forma dolosa.
• • Se houver o consentimento válido da vítima, a conduta passa a
ser atípica.
• - Sujeito ativo: é quem pratica atos na vítima. o crime é
comum, podendo qualquer pessoa ser sujeito ativo.
• - Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Violação sexual mediante fraude  
• Exemplo: embriaguez incompleta, sedação ou anestesia
incompleta, falso médico que se vale da suposta profissão para
realizar exames íntimos, rituais espirituais, etc.
• A vítima tem a capacidade de escolha ludibriada, ela não fica
sem total capacidade de escolha ou discernimento.
• Se a embriaguez ou sedação ou qualquer outra forma de retirar
por completo o discernimento da vítima, o crime será de
estupro de vulnerável (art. 217-A, CP), ante à mais absoluta
incapacidade da vítima manifestar consentimento.

• Ex doutrinário: a prostituta (o) ser vítima da violação sexual


mediante fraude. Se o cliente, após combinar o programa e uma
vez realizado o ato, foge sem pagar a quantia previamente
acertada, a prostituta foi vítima do crime, vez que a falsa
promessa de pagamento caracterizou-se em fraude.
Art. 215-A – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018
• Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua
anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o
ato não constitui crime mais grave
Art. 215-A – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
• Ato libidinoso
• Ato libidinoso é todo ato de cunho sexual capaz de
gerar no sujeito a satisfação de seus desejos sexuais.
• Exs: penetração do pênis na vagina (chamada de
conjunção carnal), penetração anal, sexo oral,
masturbação, toques íntimos etc.
• Lascívia
• Lascívia é o prazer sexual, o prazer carnal, a luxúria.
• Obs: luxúria não tem nada a ver com luxo, mas sim
com sexo.
• Fonte: Dizer o Direito
Art. 215-A – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
• Este tipo penal surge no contexto em que certas
práticas com caráter libidinoso e para satisfação da
lascívia estavam subtuteladas de forma deficiente pelo
ordenamento jurídico pátrio, visto que não havia um
meio termo entre o estupro, o estupro de vulnerável e
a contravenção penal da importunação ofensiva ao
pudor.
• Exemplo: sujeito que, no transporte coletivo, para
satisfazer a própria lascívia, se masturba e ejacula em
outra passageira.
Art. 215-A – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
• Obs.: O fato não podia ser enquadrado como estupro (art. 213
do CP), considerando que não houve violência ou grave ameaça.
- Diante disso, essa conduta era “punida” como contravenção
penal, prevista no art. 61 do DL 3.688/41.
• - Agora, com a Lei nº 13.718/2018, este fato é tipificado como
importunação sexual, delito do art. 215-A do CP.
• Revogada a contravenção penal do art. 61 do Decreto-lei
3.688/41 (importunação ofensiva ao pudor). No entanto, as
condutas do artigo supracitado passaram a ser tuteladas na
figura do art. 215-A.
• Sujeitos do crime: qualquer pessoa. Crime bicomum.
• • Núcleo do tipo penal: Praticar significa fazer, realizar, um ato
libidinoso (ação com propósito lascivo). Ex.: masturbação, toque
nas parte íntimas, desde que o ato seja destinado a alguém
específico.
Art. 215-A – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
• O tipo exige que o ato libidinoso seja praticado contra
alguém. O ato deve se dirigir a pessoa específica. Se
não for direcionado a alguém determinado, tem-se o
crime de ato obsceno.
• • Subsidiariedade expressa contida no preceito
secundário (se o ato não constitui crime mais grave).
Se há constrangimento, o crime é de estupro.
• - A importunação envolve um desconforto, mal estar.
Crime material, que se consuma com a prática do ato
libidinoso.
• Elemento subjetivo: Exige-se um elemento subjetivo específico
(“dolo específico”): satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro
Art. 215-A – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
• Tentativa: na teoria, é possível. Isso porque se trata de
crime plurissubsistente.
• - Crime plurissubsistente é aquele no qual a execução
pode ser fracionada em vários atos.
• • Ação penal: pública INCONDICIONADA.
• Obs.: A partir da Lei nº 13.718/2018, todos os crimes
contra a dignidade sexual são crimes de ação pública
incondicionada (art. 225 do CP).
Art. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL

• Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito


de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes
ao exercício de emprego, cargo ou função.
• Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
• Parágrafo único. (VETADO)
• § 2º A pena é aumentada em até um terço se a
vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
Art. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL
• Parte da doutrina entende desnecessário esse tipo
penal, pois o assédio pode ser tutelado pelo Direito
Civil, do Trabalho e Administrativo.
• • Para que se configure o assédio, é imprescindível
haver a condição de hierarquia ou ascendência em
detrimento da condição de subordinação/inferioridade
hierárquica da vítima, no âmbito do exercício de
emprego, cargo ou função.
• Bem jurídico tutelado: liberdade sexual e exercício do
trabalho em condições dignas, desprovidas de
constrangimentos e humilhações.
• • Núcleo do tipo: constranger.
Art. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL
• Exemplos: promoção funcional condicionada a satisfação sexual
do superior hierárquico; ameaça de demissão caso não pratique
atos libidinosos.
• • Deve haver relação entre o constrangimento e o exercício
laboral. Assédio fora do ambiente de trabalho, desvinculado da
posição de hierarquia ou ascendência, não tipifica a conduta.
• • Crime bipróprio ou especial: somente pode ser cometido por
superior hierárquico (relação de direito público – poder
hierárquico) da vítima ou que tenha ascendência sobre ela
(relação de direito privado – ex: patrão e empregada
doméstica).
• • Não são relevantes o sexo e a orientação sexual (pode haver
uma relação homossexual de assédio).
Art. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL
• O crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) é geralmente
associado à superioridade hierárquica em relações de emprego,
no entanto pode também ser caracterizado no caso de
constrangimento cometido por professores contra alunos.
• Caso concreto: o réu, ao conversar com uma aluna adolescente
em sala de aula sobre suas notas, teria afirmado que ela
precisava de dois pontos para alcançar a média necessária e,
nesse momento, teria se aproximado dela e tocado sua barriga e
seus seios.
• STJ. 6ª Turma. REsp 1759135/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
Rel. p/ Acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
13/08/2019 (Info 658).
Art. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL
• Elemento subjetivo: dolo + especial fim de agir (com o
intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual)
• • Crime formal: consuma-se com o constrangimento,
independentemente da realização do ato desejado
pelo superior.
• • Se a vítima tiver menos de 14 anos, ou for vulnerável
(deficiência, doença mental), a doutrina indica ser a
hipótese de estupro de vulnerável, tentado ou
consumado, a depender da situação fática concreta.
• Classificação: Crime próprio; de forma livre;
comissivo; instantâneo; unissubsistente ou
plurissubsistente conforme o caso; unissubjetivo.
Art. 216-B – Registro não autorizado da intimidade
sexual
• Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por
qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem
autorização dos participantes: (Incluído pela Lei nº
13.772, de 2018)
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
multa.
• FIGURA EQUIPARADA
• Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza
montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro
registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
• Segundo Rogério Sanches, o tipo preenche a lacuna que existia em
relação à punição da conduta de indivíduos que registravam a prática
de atos sexuais entre terceiros. Foi grande a repercussão quando, em
janeiro de 2018, um casal alugou um apartamento para passar alguns
dias no litoral de São Paulo e, depois de se instalar, percebeu uma
pequena luz atrás de um espelho que guarnecia o quarto. O inusitado
sinal faz com que um deles vistoriasse o espelho e, espantado,
descobrisse que ali havia uma câmera instalada. O equipamento foi
imediatamente desligado e, logo em seguida, o casal recebeu uma
ligação do proprietário do imóvel, que indagou se havia ocorrido
algum problema, o que indicava que as imagens estavam sendo
transmitidas em tempo real. Embora se tratasse de conduta violadora
da intimidade e que inequivocamente dava ensejo a indenização por
danos morais, o ato – não tão incomum – de quem instalava um
equipamento de gravação nas dependências de um imóvel para
captar imagens íntimas sem o consentimento dos ocupantes não se
subsumia a nenhum tipo penal. A partir de agora, é classificado como
crime contra a dignidade sexual.
Art. 216-B – Registro não autorizado da intimidade
sexual
• Bem jurídico protegido: a intimidade sexual da vítima.
• • Sujeitos: tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem
ser qualquer pessoa. Trata-se, portanto, de crime bicomum.
• • Elemento subjetivo
• - É o dolo. Não se exige especial fim de agir.
• - Não admite modalidade culposa.
• • Caráter íntimo e privado: a cena registrada deve ter sido
praticado em caráter íntimo e privado.

• Obs.: Se o agente filma um casal mantendo relações sexuais em


uma praça, por exemplo, não configura o crime.
• • Sem autorização dos participantes
Art. 216-B – Registro não autorizado da intimidade
sexual
• - Se há autorização, o fato é atípico, salvo em se tratando de
crime ou adolescente, situação na qual configura o crime do art.
240 do ECA.
• - Vale ressaltar que, para não ser crime a autorização deve ter
sido dada por todos os participantes. Se faltar a autorização de
um dos participantes do ato, haverá crime. Imagine que Rodrigo
irá manter relações sexuais com uma garota que conheceu na
festa. Ele autoriza que seu irmão Ricardo, escondido, filme a
cena. Ocorre que a garota não autorizou o registro. Obviamente,
haverá o crime.
• • Tentativa: na teoria, é possível. Isso porque se trata de crime
plurissubsistente.
• - Crime plurissubsistente é aquele no qual a execução pode ser
fracionada em vários atos.
Art. 216-B – Registro não autorizado da intimidade
sexual
• • Princípio da especialidade: Rogério Sanches explica que, se o
agente faz o registro indevido e posteriormente divulga a cena,
deve responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em
concurso material.
• Ação penal: trata-se de crime de ação pública
INCONDICIONADA.
• • Infração de menor potencial ofensivo.
• - No caput, a cena registrada é verdadeira.
• – NO parágrafo único, por outro lado, a fotografia, vídeo ou
áudio não é verdadeiro. Foi feita uma montagem, ou seja, foram
acrescentados elementos que não ocorreram na realidade. Ex: o
agente pega imagem de uma modelo nua e, por meio do
programa de computador Adobe Photoshop troca o rosto da
modelo pelo da vítima.
Art. 217-A. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
• Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
menor de 14 (catorze) anos:               
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.              
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• § 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.             
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• § 2o  (VETADO)               (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• § 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:            
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.             
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 217-A. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
• Art. 217-A.  § 4o  Se da conduta resulta morte:              
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.           
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• § 5º  As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste
artigo aplicam-se independentemente do consentimento da
vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais
anteriormente ao crime.  (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

• Súmula 593 do STJ: "O crime de estupro de vulnerável configura com


a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14
anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a
prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente."
Art. 217-A. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
• São os indivíduos em situação de fragilidade (idade ou outra
condição). São aqueles que biologicamente não têm capacidade
para compreender o que seja ou quais o efeitos de um ato
sexual, ou por estarem em outra condição de saúde ou psíquica
que não permita saber ou discernir o que que venha a ser ato
sexual.
• • A lei despreza o consentimento dos vulneráveis, isto é, ainda
que ele ocorra, o crime restará configurado.
• • A vulnerabilidade tem natureza objetiva e não comporta a
discussão sobre presunção relativa ou absoluta. A partir de um
laudo técnico que comprova a idade, a doença, a incapacidade
de discernir, não há que falar em consentimento, visto que a
análise é objetiva.
• • Ausência de vontade penalmente relevante.
Art. 217-A. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
• - Enfermidade ou doença permanente ou temporária,
congênita ou adquirida, desde que retire completamente a
capacidade de consentir. Necessidade de laudo médico pericial
para atestar o grau da enfermidade. Adoção do sistema
biopsicológico. - Exemplos: coma profundo, sedação, anestesia
geral. O agente pode tanto provocar a situação, como se
aproveitar de uma situação já existente.
• • O estupro de vulnerável é hediondo em todas as suas formas.
• • Não se exige a violência ou grave ameaça como meio de
execução. A vulnerabilidade já afasta a capacidade de
consentimento.
• • Admite tentativa.
• • Ação penal pública incondicionada.
Art. 217-A. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
• - Sujeito Ativo: Qualquer pessoa
• - Sujeito Passivo: a pessoa vulnerável
• Objeto jurídico: A proteção a liberdade sexual.
• Elemento subjetivo: Dolo
• Consumação: Com a conjunção carnal ou qualquer outro
ato libidinoso, independentemente de ejaculação ou
satisfação do prazer sexual efetiva.
• Classificação: Criem comum, material; de forma livre;
comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente.
Art. 218 Corrupção de menores 
• Art. 218.  Induzir alguém menor de 14 (catorze)
anos a satisfazer a lascívia de outrem:           
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.               
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Parágrafo único.  (VETADO).            
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 218 Corrupção de menores 
• Cleber Masson sugere que o nomen iuris mais adequado seria
“mediação de menor vulnerável para satisfazer a lascívia de
outrem”.
• • Percebe-se que a mediação pressupõe um triângulo constituído
pelo mediador (sujeito ativo), a vítima (menor de 14 anos induzida)
e o destinatário da atividade criminosa do mediador.
• • Consuma-se o crime com o comportamento erótico do menor de
14 anos para satisfazer a lascívia de outrem.
• Ex.: indivíduo que induz menor de 14 anos a dançar nu para um
terceiro. Ainda que este terceiro não tenha despertado interesse
sexual pela conduta pratica, o crime já estará caracterizado.
Art. 218 Corrupção de menores 
• A conduta deve atingir menores de 14 anos determinados. Se
forem indeterminados, o crime será de favorecimento da
prostituição ou outra forma de exploração sexual, estabelecido
no art. 218-B, CP.
• • Guillherme Nucci entende ser o tipo desnecessário, pois seria
uma exceção pluralística à teoria monista quanto ao concurso
de agentes no que diz respeito à participação moral no estupro
de vulnerável ao induzir o menor à conduta erotizada.
• • Crime comum. Sujeito ativo: proxeneta (mediador da lascívia
alheia). Ressalte-se que o proxeneta é diferente do cafetão ou
rufião.
• • Crime material (não confundir com o art. 244-B do ECA, que é
formal – Súmula 500, STJ).
Art. 218 Corrupção de menores 
• - Sujeito Ativo: Qualquer pessoa
• - Sujeito Passivo: a pessoa menor de 14 anos
• Objeto jurídico: A proteção a liberdade sexual.
• Elemento subjetivo: Dolo
• Consumação: Com o ato sexual entre o menor de 14 e
terceiro.
• Classificação: Criem comum, material; de forma livre;
instantâneo; comissivo; unissubjetivo e plurissubsistente.
Art. 218-A Satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente
•         Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém
menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a
presenciar, conjunção carnal ou outro ato
libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem:          (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.             
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 218-A Satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente
• Bem jurídico tutelado: dignidade sexual do menor de 14 anos
(desenvolvimento sadio e formação moral)
• • Não há envolvimento do corporal do vulnerável com qualquer
pessoa; o menor limita-se a presenciar a conjunção ou outro ato
libidinoso, despertando, com isso, a lascívia do indivíduo ou de
terceiros.
• • Tipo misto alternativo, de conteúdo múltiplo ou variado (a prática
de duas condutas contra a mesma vítima, no mesmo contexto fático,
caracteriza crime único).
Art. 218-A Satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente
• Não é necessária a presença física do menor, isto é, basta que a
relação sexual seja presenciada ou assistida (por meios tecnológicos).
• • Especial fim de agir: a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem.
• • Crime formal: consuma-se quando o menor presencia a prática da
conjunção carnal ou outro ato libidinoso. O crime não exige
habitualidade, nem a efetiva satisfação sexual da pessoa envolvida.
• • Para Cleber Masson, não havendo a satisfação da própria lascívia
ou de outrem, o fato é atípico; Ex.: pais que tomam banho com seus
filhos; em hipóteses de pobreza, em que não há como os pais
evitarem a prática de atos sexuais em frente as crianças, não haverá o
crime.
Art. 218-A Satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente
• - Sujeito Ativo: Qualquer pessoa
• - Sujeito Passivo: a pessoa menor de 14 anos
• Objeto jurídico: A proteção a liberdade sexual.
• Elemento subjetivo: Dolo
• Tentativa: admissível.
• Consumação: Com a visualização pelo menor de 14 anos,
da prática sexual.
• Classificação: Crime comum, formal; de forma livre;
instantâneo; comissivo; unissubjetivo e plurissubsistente.
Art. 218-B. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável.                
• Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma
de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar
que a abandone:               (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.             
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• § 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica,
aplica-se também multa.               
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 218-B. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável.                
• Art. 218-B.  § 2o  Incorre nas mesmas penas:             
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém
menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação
descrita no caput deste artigo;          
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se
verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.              
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
• § 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da
condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento
do estabelecimento.                (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 218-B. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável.                
• Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém
menor de 18 e maior de 14 anos na situação descrita no caput deste
artigo;
• - Isso porque, se o indivíduo praticar com menor de 14 anos, haverá
estupro de vulnerável. Mas se o agente se vale do adolescente maior
de 14 anos e menor de 18 anos para a prática de ato sexual, já que foi
inserido na prostituição, incidirá nas mesmas penas do caput.O tipo é
misto-alternativo, pois prevê pessoas que ainda não lidam com a
prostituição (submeter, induzir, atrair ou facilitar) e impedir ou
dificultar (indivíduo já prostituído, que já exerce o comércio sexual).
• art. 244-A do ECA foi revogado tacitamente pelo art. 218-B.
• • Prostituição é definia como comércio sexual exercido com
habitualidade. Pressupõe contato físico.
Art. 218-B. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável.                
• • O tipo penal abrange também condutas que não dependem de
contato físico para a satisfação sexual. Ex.: shows eróticos, de strip-
tease, disk-sexo.
• A prostituta pode ser sujeito passivo deste crime?
- Sim, nas hipóteses dos verbos submeter, induzir, atrair e facilitar, a
vítima ainda não se dedica ao comércio sexual. Logo, quem já é
prostituído não pode ser vítima.
• - Contudo, poderá ser vítima nas modalidades impedir ou dificultar
que a abandone.
• • Crime instantâneo. Será permanente nas modalidades “impedir” e
“dificultar”.
Art. 218-C Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia  

• Art. 218-C.  Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou


expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio -
inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro
audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:  
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui
crime mais grave.   (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 218-C Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia  

• Aumento de pena   (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


• § 1º  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o
crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido
relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação.   (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• Exclusão de ilicitude   (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• § 2º  Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas
no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística,
científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que
impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia
autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.  
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 218-C Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia  

• - Crime tipificado na época em que houve a invasão ao computador


de uma atriz famosa, possibilitando a divulgação de foto íntimas.
• - Este tipo penal não era capaz de tutelar outras situações que vinha
ocorrendo em razão, sobretudo, do avanço tecnológico. Na
atualidade, é comum o compartilhamento de dados contendo
conteúdo pornográfico. Ex.: troca de “nudes”, cenas de sexo, etc.
Crime de médio potencial ofensivo. Admite a suspensão condicional
do processo.
• • Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa).
• • Subsidiariedade expressa – se o fato não constitui tipo mais grave:
condutas mais graves serão apenas nos termos dos artigos 241 e 241-
A do ECA.
Art. 218-C Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia  
• § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o
crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação
íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação.
• Ex.: Expressão conhecida como revenge porn - vingança/humilhação
ocorrida após fim do relacionamento por meio da divulgação da
intimidade do casal. - Nesta hipótese, não há o dolo do agente em
provocar qualquer prejuízo, de humilhar ou expor a vítima a qualquer
constrangimento.
1ª Parte  

• O art. 218-C contém nove verbos núcleos do tipo. Tipo misto


alternativo. 1ª parte
• O agente...
• - oferece, disponibiliza ou divulga
• - de qualquer forma (gratuitamente ou não)
• - por qualquer meio (digital ou não)
• - pela internet ou fora dela
• - fotografia, vídeo ou qualquer registro audiovisual
• - que contenha cena de estupro (art. 213 do CP)
• - ou cena de estupro de vulnerável envolvendo as pessoas do § 1º do
art. 217-A
• - ou cena que faça apologia (“propaganda”) ou induza a sua prática.
2ª Parte  
• O agente...
• - oferece, disponibiliza ou divulga
• - de qualquer forma (gratuitamente ou não)
• - por qualquer meio (digital ou não)
• - pela internet ou fora dela
• - fotografia, vídeo ou qualquer registro audiovisual
• - que contenha cena de sexo, nudez ou pornografia
• - sem que a(s) pessoa(s) que está(ão) aparecendo
na fotografia ou vídeo tenha(m) autorizado a sua
publicação.
• • Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio.
• • Objeto material: fotografias, vídeos ou outros registros
audiovisuais.
• • Não se exige especial fim de agir ou objetivo de lucro.
• • Majorantes do §1º. Penas aumentadas de 1/3 a 2/3 se o crime é
praticado:
• Segundo Rogério Sanches Cunha:
• A) por quem mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima:
casamento, união estável ou namoro. Não se inserem nesta definição relações
casuais, sem maior vínculo entre o agente e a vítima, situações que se subsumem à
forma básica do caput. Afinal, o fundamento da punição mais severa é a traição da
confiança normalmente existente entre pessoas que mantêm ou mantiveram um
relacionamento por relevante período de tempo.
• B) se tiver finalidade de vingança ou humilhação: no caso da finalidade de
vingança ou humilhação por outro lado, não há necessidade de prévia relação
íntima de afeto, embora o mais comum seja que ela exista.
• Trata-se aqui do denominado revenge porn, em que alguém,
normalmente depois de terminado um relacionamento amoroso,
divulga na internet imagens ou vídeos íntimos do ex-parceiro. Mas o
aumento pode incidir ainda que o autor e a vítima tenham tido
apenas um encontro casual, desde que fique caracterizada o intento
de vingança ou humilhação.
• • Bem jurídico protegido: é a liberdade sexual.
• • Sujeito ativo: crime comum, pode ser praticado por qualquer
pessoa (homem ou mulher).
• - O agente que divulgou o vídeo não precisa ter sido o mesmo
indivíduo que participou ou filmou o ato. Se for a mesma pessoa,
poderá haver concurso de crimes.
• Ex: imagine que o indivíduo praticou o estupro e filmou o ato. Em
seguida, ele divulgou o vídeo na deep web. Neste caso, ele terá
praticado dois delitos em concurso material: estupro e o crime do art.
218-C do CP.
• Sujeito passivo: o pessoa que aparece na fotografia ou no vídeo.
• - Se a vítima for pessoa menor de 18 anos, o delito será o do art. 241
ou o do art. 241-A do ECA:
• • Elemento subjetivo: o crime é punido a título de dolo.
• - Não se exige qualquer elemento subjetivo específico.
• - Não admite modalidade culposa.
• • Intenção do agente pode servir para majorar o crime
• - Se a intenção do agente ao praticar o crime era a de se vingar da
vítima ou humilhá-la, haverá um aumento de pena de 1/3 a 2/3 (§ 1º
do art. 218-C do CP).
• • Tipo misto alternativo: o legislador descreveu várias condutas
(verbos), porém, se o sujeito praticar mais de um verbo, no mesmo
contexto fático e contra o mesmo objeto material, responderá por
um único crime, não havendo concurso de crimes nesse caso.
• • Consumação: ocorre no momento em que o agente pratica
qualquer dos verbos ali descritos, ou seja, oferece, troca,
disponibiliza, transmite, vende, expõe à venda, distribui, publica ou
divulga.
• • Tentativa: na teoria, é possível. Isso porque se trata de crime
plurissubsistente. Crime plurissubsistente é aquele no qual a
execução pode ser fracionada em vários atos.
Disposições gerais
• Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública incondicionada (Lei
13.718/2018).
• - Técnica legislativa inadequada. Quando a lei nada diz, a ação é
pública incondicionada. Bastaria ter revogado o art. 225, CP.
• - Supera-se o debate a respeito da eficácia da Súmula 608 do STF: “No
crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é
pública incondicionada.”
• - Críticas: strepitus judicii (constrangimento gerado pelo processo).
Hipóteses de vulnerabilidade transitória, como a embriaguez
completa. Para parcela da doutrina, o legislador deveria ter deixado à
vítima maior a decisão de expor e reviver fatos relativos à sua
intimidade, se quer ou não a punição do agente. Preocupação com a
revitimização.

Disposições
   Aumento de pena
gerais
•         Art. 226. A pena é aumentada:               
(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)  
•         I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso
de 2 (duas) ou mais pessoas;          
(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
•         II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela;  
(Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
•         III -   (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Disposições gerais
• • Aumento de pena
• - Art. 226. A pena é aumentada (aplicável aos crimes
dos capítulos I e II, isto é, artigos 213, 215, 215-A, 216-
A, 217-A, 218, 218-A, B e C)
• I – de quarta parte (1/4), se o crime é cometido com o
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
• II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;
• III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Disposições
   Aumento de pena
gerais
•         Art. 226. A pena é aumentada:                 
• IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado:   (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• Estupro coletivo   
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;   
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• Estupro corretivo   
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• b) para controlar o comportamento social ou sexual da
vítima.  (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Disposições gerais
• Estupro coletivo (art. 226, IV, “a”)
• - Forma de concurso de pessoas, já existente no inciso
I e cuja única diferença é a fração de aumento.
• - Deslize do legislador porque previu novamente uma
hipótese de aumento de pena para a prática do crime
em concurso de pessoas? Para Saches Cunha, é
plenamente possível compatibilizar ambos os
dispositivos.
• - O inc. I é aplicável a todos os delitos dos capítulos I e
II. Já o inciso IV é específico para o crime de estupro,
inclusive o de vulnerável.
Disposições gerais
• • Estupro corretivo (art. 226, IV, “b”)
• - Abrange, em regra, crimes contra mulheres lésbicas,
bissexuais e transexuais.
• - Estuprador deseja “corrigir” a orientação sexual ou o gênero
da vítima.
• - Motivação: ódio e preconceito.
• - Sanches Cunha: a violência é usada como um castigo pela
negação da mulher à masculinidade do homem. Os meios de
comunicação indicam casos em que os agressores chegam a
incitar a “penetração corretiva” em grupos das redes sociais e
sites na internet (o que, isoladamente, pode caracterizar o
crime do art. 218-C – apologia ou induzimento à prática do
estupro – caso sejam veiculados fotografias ou registros
audiovisuais).
• Vigência Disposições gerais
• - A Lei nº 13.718/2018 entrou em vigor na data de sua
publicação (25/09/2018). Como se trata de lei penal
mais gravosa (novatio legis in pejus), ela é irretroativa,
não alcançando fatos praticados antes da sua vigência.
• - Essa regra de irretroatividade vale, inclusive, para as
ações penais. Assim, por exemplo, se, em 24/09/2018,
o agente cometeu contra uma mulher maior de 18
anos um assédio sexual (art. 216-A do CP), a ação
penal continua sendo pública condicionada à
representação.

Você também pode gostar