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A INCIDÊNCIA DO FEMINICÍDIO NA CIDADE DE BARREIRAS-BA EM 2016

E 2017

Gabriel Fernandes Souza[1]

Gracileide Lisboa Dias1

Gustavo Muller Oliveira Sampaio1

Juliana Dias Fogliatto1 

Larêssa Muriá Costa Torres1

Mirian Elly Jesus Carvalho Souza!

Mayara Oliveira Ramos[2]

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo analisar a incidência do feminicídio na cidade de


Barreiras-Ba no período de 2016 e 2017, após a entrada em vigor da Lei 13.104 de
2015, que incluiu a figura do feminicídio como qualificadora do art. 121 do Código
Penal, buscou-se abordar os números de casos de feminicídio e o desempenho dos
órgãos competentes em investigar, denunciar e julgar tais casos na cidade de Barreiras -
BA. A primeira parte do artigo foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica acerca
do tema, além de expor o contexto histórico em que o feminicídio se formou.
Posteriormente, foi realizada uma pesquisa de campo quantitativa por meio de aplicação
de entrevistas nos órgãos públicos de Barreiras, tais como Ministério Público, Delegacia
de Homicídios, e 2° Vara Crime do Tribunal do Júri, as quais buscou-se inquirir sobre a
incidência do feminicídio, e a capacitação dos órgãos lidar com tal cenário. Em que
observou-se que a prática de feminicídio ainda possui o índice muito inferior equiparado
a outras cidades da Bahia, cerca de 2 casos de feminicídio por ano. Diante disso,
percebeu-se um êxito nas políticas de prevenção, bem como capacitação dos órgãos, vez
que demonstram um baixo índice de homicídios por questão de gênero.

Palavras-chaves: Feminicídio, Violência contra a mulher, Incidência.

SUMÁRIO: Introdução. 1.0 Conceito Histórico da Lei Maria da Penha (11.340/06), 1.1
Classificações dos tipos de violência, 1.1.1 Violência física, 1.1.2 Violência psicológica,
1.1.3. Violência Sexual, 1.1.4 Violência Patrimonial, 1.1.5 Violência Moral, 2.0
Feminicídio, 2.1 Feminicídio em Barreiras, BA, 3.0 Direito Penal Simbólico.
Considerações finais.

INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca tratar da Incidência do Feminicídio na cidade de Barreiras-Ba
no período de 2016 e 2017 visto que o feminicidio ele foi incluso no rol de qualificação
dos crimes hediondos, previsto do artigo 121 do Código Penal, em virtude da lei 13.104
de março de 2015, por se tratar de homicídio em desfavor da mulher na condição de ser
do sexo feminino, em situação de menosprezar e discriminar a condição de ser mulher
no âmbito da violência doméstica e familiar.

Ele vai trazer uma contextualização histórica da Lei Maria da Penha que foi criada em
2006 antes da Criação da Lei do Feminicídio, que tem o objetivo de descrever o crime
de feminicidio como sendo uma das qualificadoras no crime de homicídio, no cenário
jurídico.

O objetivo geral é verificar se houve um aumento desse crime na cidade de Barreiras-


BA, nos anos de 2016 e 2017, ademais conceituar a figura do feminicidio, analisar o
número de casos registrados e julgados pelos órgãos em Barreiras-BA verificando o
papel que os órgãos judiciários utilizam para a investigação e punição dos crimes de
feminicidio.

O presente artigo será desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica junto com
uma pesquisa de campo quantitativa por meio de aplicação de entrevistas nos órgãos
públicos de Barreiras, tais como Ministério Público, Delegacia de Homicídios, e 2°
Vara Crime do Tribunal do Júri, as quais buscou-se inquirir sobre a incidência do
feminicídio, e a capacitação dos órgãos lidar com tal cenário.

O trabalho visa a discutir e refletir sobre a Lei nº 13.104/2015, a “Lei do Feminicídio”,


a partir de uma parte das teorias feministas conhecidas, da análise do Projeto de Lei nº
292/2013, inicialmente apresentado, e o Projeto de Lei nº 8.305/2014, aprovado
recentemente pelo Congresso Nacional, além de uma análise e questionamentos acerca
das criminologias e feminismos a fim de explicar e combater a violência de gênero.

No primeiro tópico se tem o conceito histórico de como houve a criação da Lei Maria da
Penha e depois tem a classificação dos tipos de violências que existem como, a
violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, em seguida a lei do
feminicidio, o feminicidio na cidade de Barreiras-BA e por fim o Direito Penal
Simbólico junto com as considerações finais.

A relevância da pesquisa é a analise da criminalidade em Barreiras-ba em relação dos


crimes praticados contra a mulher, por ódio, raiva, só pelo fato de ser mulher,
entrevistando os órgãos jurisdicional da cidade para saber quais foram os percentuais de
mortes no ano de 2016 a 2017.

1.0 CONCEITO HISTORICO ACERCA DA LEI 11.340 DE 07 DE AGOSTO DE


2006 (LEI MARIA DA PENHA)

No ano de 1983, a senhora Maria da Penha Fernandes foi vítima de uma dupla tentativa
de homicídio por seu ex-cônjuge no intuito de matá-la, mas, no entanto ela veio a ficar
paraplégica e posteriormente, o mesmo tentou eletrocutá-la, porém não obteve êxito ao
ensejar a sua morte. Antes da legislação mais vigente entrar em vigor, o réu foi
condenado pelo tribunal do júri, mas graças a recursos impetrados, nunca foi preso
conseguindo permanecer por mais de uma década em liberdade, mesmo após receber
sua sentença.

Após 18 (dezoito) anos do ocorrido, e sem nenhuma providencia por parte do estado
Brasileiro, a organização dos estados americanos deu a responsabilidade ao Brasil, por
negligência e omissão levando em consideração os relatos apontados por Maria da
Penha Fernandes, onde indicou ao Brasil a criação de políticas que inibissem a violência
no âmbito doméstico. Portanto esse ato de violência cometida contra a Maria da Penha
Fernandes foi que ocasionou a criação da lei 11340 de 7 de agosto de 2016.

Como fica evidenciado a autora necessitou buscar amparo internacional para que o
sistema legislativo Brasileiro começasse a perceber que era necessário o tratamento
diferenciado para determinada classe, podendo ter sido levado em consideração o
pensamento da família em que as mulheres em muitos dos casos devem esta submissas
aos homens. Portanto essa lei foi criada para punir quem pratica algum ato de violência
contra a mulher, pois ficou evidente que desde 1983 as mulheres na maioria das vezes
sofriam algum tipo de violência no âmbito doméstico.

1.1 CLASSIFICAÇÕES DOS TIPOS DE VIOLÊNCIA

 A Violência significa a pessoa usar de modo intencional ou excessivo algum ato


que resulte ameaça de forma agressiva onde cause morte, acidente ou trauma
psicológico. Logo abaixo estão classificados os tipos de violência:

1.1.1 Violência Física

O artigo 7º inciso I da lei 11.340/2006 dispõe que: “a violência física, entendida como
qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal” (BRASIL, 2006, ON-
LINE).  

Como o texto de lei logo explica esse tipo de violência ela acontece de forma de
agressão física, ela é mais fácil de ser reconhecida que é quando o agressor desfere
chutes, muros, socos, empurrões, etc.

1.1.2 Violência Psicológica

O inciso II do artigo 7º da lei 11.340/2006 dispõe:

 A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que


lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
(BRASIL, 2006, ON-LINE)
 

Esse tipo de violência não deixa marcas visíveis, ela mexe com o psicológico mesmo da
vítima lhe causando sérios danos emocionais.

1.1.3 Violência Sexual

Dispõe o artigo 7º inciso III que:

A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a


constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou
uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; (BRASIL,
2006, ON-LINE)

São atos ligados ao assédio sexual, praticar atos libidinosos como a prática do estupro
que acontece quando a vitima é forçada a ter conjunção carnal, ou seja, praticar sexo.

1.1.4 Violência Patrimonial

 “A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção,
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
destinados a satisfazer suas necessidades” (BRASIL, 2006, ON-LINE).

Como tipifica o artigo esse tipo de violência acontece quando o patrimônio é violado, de
forma que haja a destruição parcial ou total de seus objetos, ou mesmo se apossar de
objetos particulares da vítima.

1.1.5 Violência Moral

“A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação
ou injúria” (BRASIL, 2006, ON-LINE).

Esse artigo tipifica a pessoa que pratica algum tipo de calúnia, difamação ou injúria ela
está ferindo a integridade moral da vítima.
 

2.0 O FEMINICÍDIO

Feminicídio significa a perseguição e morte intencional pela condição de ser mulher,


classificado como um crime hediondo no Brasil. A lei 13.104/15 que dispõe sobre o
feminicídio, entrou em vigor como qualificadora no Código Penal Brasileiro do artigo
121 que preceitua o homicídio. Ele se configura quando são comprovadas as causas do
assassinato, devendo este ser exclusivamente por questões de gênero, ou seja, quando
uma mulher é morta simplesmente por ser mulher.

Entende a lei que existe feminicídio quando a agressão envolve


violência doméstica e familiar, ou quando evidencia menosprezo
ou discriminação à condição de mulher, caracterizando crime
por razões de condição do sexo feminino. Devido às limitações
dos dados atualmente disponíveis, entenderemos por feminicídio
as agressões cometidas contra uma pessoa do sexo feminino no
âmbito familiar da vítima que, de forma intencional, causam
lesões ou agravos à saúde que levam a sua morte.
(Waiselfisz,2015 on-line)

A lei de feminicídio nasce com a função de coibir e prevenir à violência existente contra
as mulheres. Devido ao aumento dos casos de homicídio e violência contra o sexo
feminino.

Nesse intuito no ano de 2015 foi criada a referida lei que o denomina como crime
hediondo.  Na busca pela divulgação dessa nova lei, a mídia tem um papel importante,
aonde o poder da informação pode ser eficaz na preservação desse crime.

Com esse impacto a TV Bahia com sede em Salvador, junto com mais cinco emissoras
do estado criaram a campanha SOU MULHER QUERO RESPEITO que objetiva
despertar a atenção da sociedade e nas mulheres que sobrem qualquer que seja o tipo de
violência, que denuncie seus agressores. A campanha trata do caso de baianas que já
sofreram, ou que ainda sofrem violência doméstica, moral, psicológica ou sexuais e
relata história de mulheres vítimas de feminicidio, com grande aceitação pelo público a
campanha foi recepcionada e teve sua divulgação por várias mulheres da região que
aderiram à campanha e através de vídeos curtos expressaram seu pedido de respeito
(REDE BAHIA, 2017).

Em 1970 a socióloga sul-africana Diana EH Russell tratou do crime relacionado à


mulher nomeando-o como, “femicide” em inglês. Enfatizando a importância da
percepção em relação ao crime e buscando reverter a sua invisibilidade pela sociedade.
Ela visava uma necessidade ampla da lei da mais relevância a esse tipo de crime
diferenciando-o do homicídio comum. Segundo Russell, o conceito foi inicialmente
formulado para conter as diferentes modalidades de violência que reapresentam um
risco de morte imediata ou potencial para elas (ROMIO, 2017).
Dentro do Código Penal Brasileiro encontramos a figura do homicídio de maneira geral, como
forma de descrever a ação de matar alguém, no mesmo seguimento, nasce à figura do femicídio,
que é o homicídio contra mulher, onde se encontra tipificado no artigo art. 121, § 2º, VI, do código
penal que nos mostra que matar uma mulher em virtude da mesma ser do sexo feminino.

Conforme defende Pereira (2015), a doutrina divide o feminicidio de 3 (três) formas


sendo por conexão, intimo e não intimo. Por conexão temos uma forma de feminicídio
que ocorre por não ser a vítima pretendida, ou seja, um homem tenta matar uma mulher,
mais a vitima acaba sendo outra, podendo ocorrer na aberratio ictus, este previsto no
artigo 73 do código penal;

Art. 73 – Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de


execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no §
3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art.
70 deste Código.

A figura do “aberratio ictus” presentes nesse artigo 73 quer tipificar o erro na execução,
ou por acidente, ou seja, a pessoa atingiu a pessoa diversa que deveria ser atingida e
nesse caso como deslumbra o artigo, ele responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela.

De acordo com a pesquisa mais recente treze mulheres foram assassinadas por dia no
Brasil somente em 2013, isso é quase cinco mil no ano, segundo dados do Mapa da
Violência 2015 (Waiselfisz,2015).

O crime de feminicídio é um tanto diferente por se tratar de um homicídio ou


descriminação relacionado ao gênero feminino, ou seja, é o crime de ódio contra a
mulher. Trata-se de algo grave, que vem se mostrando muito presente na sociedade.
Casos recentes mostram o quanto esse crime vem crescendo e se tornando mais gravoso,
afetando diretamente a sociedade.

O Brasil registrou ao menos oito casos de feminicídio por dia


entre março de 2016 e março de 2017, segundo dados dos
Ministérios Públicos estaduais. No total, foram 2925
ocorrências, o que representa um aumento de 8,8% em relação
ao ano anterior. Na Bahia não é diferente. Somente no primeiro
mês de 2018, três mortes, 21 tentativas de homicídio e 1.213
casos de lesão corporal foram registrados. (Silveira, 2018 on-
line)

Além das injustiças relacionadas com os aspectos econômicos da sociedade, as


mulheres também sofrem com a injustiça cultural, já que, em sua maioria, cresceram em
um uma sociedade patriarcal, que tem a figura masculina como sendo mais dominadora.
Diante disso, pode ter de exemplo de injustiça, a violência doméstica, violência física,
violência psicológica, verbal e sexual; isso acontece, principalmente, pelo fato de que na
sociedade brasileira, as mulheres ainda são vistas como sendo inferiores e
desvalorizadas.

Os relacionamentos abusivos são os principais apontadores do feminicídio, por se tratar


de agressões gradativas, que evolui com o passar do tempo. Um relacionamento abusivo
se dar início por agressões verbais, pressões, e pequenas privações e/ou violência
psicológica, que com tempo evolui para agressões físicas, como: tapas, socos, puxões de
cabelo, estrangulamento, estupro, que pode culminar a morte da vítima, configurando-se
crime de feminicídio.

O relacionamento abusivo traz consigo a violência doméstica, que pode induzir ao


feminicídio. Basicamente a maioria dos casos desse tipo de violência se origina desse
ciclo: relacionamento abusivo/violência doméstica/feminicídio.

A violência de gênero contra a mulher é entendida como problema de saúde pública


pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estimativas globais publicadas pela OMS
indicam que aproximadamente uma em cada três mulheres (35%) em todo o mundo
sofreram violência física e/ou sexual por parte do parceiro ou de terceiros durante a vida
(OMS, 2017 online). Dados publicados pela OMS mostram o número crescente de
violência e homicídio de mulheres, tanto é que atualmente a violência contra o gênero
feminino é trato como, problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos
das mulheres.

2.1 FEMINICÍDIO EM BARREIRAS-BA

O aumento das mortes de mulheres no Brasil ligou o alerta da necessidade de uma lei
reguladora do crime específico contra o gênero feminino. Surge então em 2015 a lei
13.104 que versa sobre o feminicídio, que pode ser encontrado no artigo 121, inciso VI,
do Código Penal Brasileiro.

São três os órgãos principais e importantes em Barreiras-BA que cuidam desse tema.
Segundo a Promotora de Justiça Rita de Cássia Cavalcanti, do Ministério Publico os
órgãos judiciais funcionam como filtro, que primeiro passa pela Delegacia de
Homicídios que vai identificar se configura feminicídio ou não e mandar o inquérito
para o Ministério Publico, que faz a Denúncia ao Judiciário.

Em entrevista com a Delegada Titular da Delegacia de Homicídios, Dr. Marineide Pires


Pereira Paranhos, ela definiu o feminicídio como perseguição e morte intencional de
uma mulher, e a perseguição citada trata-se da ameaça ou tortura psicologia de forma
constante. E o feminicídio não esta relacionado apenas ao cônjuge, portanto não se trata
apenas de âmbito domestico.

No município de Barreiras-BA os casos de feminicídio registrados após a sanção da lei


13.104/15 felizmente não são alarmantes, segundo dados da Delegacia de Homicídios
foram registrados quatro casos de feminicídio na cidade.

 
Fonte: pesquisa de campo (2018)

Questionada acerca do impacto da lei 13.104/15 para a diminuição da ocorrência do


feminicídio, a Promotora Rita de Cássia Cavalcanti, responde que:

Desde 2006, o Brasil vem traçando alternativas para ver se


combate o feminicídio principalmente a partir da lei Maria da
penha, foi uma determinação que veio da corte interamericana
de direitos humanos, para que o Brasil criasse mecanismos
para coibir o feminicídio basicamente a partir do caso da
Maria da Penha, seguindo-se a isso, agora em recente
alteração legislativa do código penal aí criou também um
dispositivo a mais, trazendo uma preocupação ainda maior 
com essa questão do feminicídio, se vai trazer menores
impactos na questão do feminicídio, eu acredito que
isoladamente não,  porque já existia o crime de homicídio e já
existia algumas qualificadoras que poderiam ser adaptadas, é
preciso que haja todo um controle da prática a partir também
de campanhas educacionais  a partir da atuação do CREIAS e
desse ativismo da população e dos órgãos de controle para
poder combater isso não apenas na consequência na causa de
morte, mas também em suas causas.

A promotora ainda resaltou que  em termos quantitativo em relação a cidades vizinhas


Barreiras possui um baixo indice de feminicídio. E que dos casos dencuciados pelo
Ministerio Publico pelo menos um teria sido exatamente por menosprezo, pela condição
de mulher e caso de violência domestica, nesse último o crime teria sido cometido pelo
ex-namorado da vítima. 

Além disso, a promotora Rita de Cássia Cavalcanti explica que nem tudo resulta em
denuncia e nem tudo que chega aqui da delegacia resulta em denúncia. Mas que há um
índice bastante alto  no que diz respeito a ameaças e a lesões corporais, com tudo o
feminicídio ainda é um índice inexpressivo.

            Fonte: pesquisa de campo (2018)

            Segundo o magistrado Mauricio Álvares Barra, da 2ª Vara Crime de Barreiras-


BA, ainda é muito recente para ser notado de maneira significativa o impacto da lei
13.104/15. Em relação ao impacto após a criação da lei 13.104/15 obtivemos a seguinte
resposta do magistrado:

Infelizmente eu acho que ainda é uma lei recente, então assim


como vocês já devem saber questão de direito penal, a lei penal
não retroage para prejudicar o acusado, então os casos que já
tinham sido praticados o agente não pode condenar com base
nessa qualificadora então assim os dados nós vamos ter eles de
acordo com o passar do passar do tempo.

                Sobre as leis de proteção as mulheres o Juiz ressaltou a importância, eficácia,


cultura machista existente na sociedade e constitucionalidade das mesmas:

E aí não só essa lei mais todas as leis de proteção da mulher


elas com certeza trazem uma proteção maior às mulheres e é
uma norma necessária essencial para a gente mudar a cultura
masculina, a cultura da população que é uma cultura machista.
Então nós temos que mudar a cultura e infelizmente nos
precisamos de uma lei pra isso é aí questão de direito
constitucional ela é uma norma, todas essas normas protetivas
que tratam de forma diferenciada a mulher buscando a
igualdade material e é uma norma que o supremo diz que
padece de inconstitucionalidade progressiva, daqui uns anos se
Deus quiser quando a gente tiver igualdade entre homens e
mulheres a lei certamente irá ser declarada inconstitucional
porque nós temos aí essa igualdade atingida mais até atingir
essa igualdade a gente não tem outro meio para salvaguardar
as mulheres.

3.0 DIREITO PENAL SIMBÓLICO

O clamor do povo, pode se caracterizar como fundamento para produção de normas


como citado em tópicos anteriores percebemos que o ordenamento jurídico Brasileiro
não é muito preventivo deixando com que crimes violentos ou calamidades aconteçam
para tomar a devida providencia temos como exemplo a Lei Carolina Dieckmann e a
própria lei Maria da Penha dentre outras normas deixando claro que a resposta é a
criação de medidas mais rigorosa.

Para Roxin (apud DUARTE, 2018, ON-LINE)

Assim, portanto, haverá de ser entendida a expressão "direito


penal simbólico", como sendo o conjunto de normas penais
elaboradas no clamor da opinião pública, suscitadas geralmente
na ocorrência de crimes violentos ou não, envolvendo pessoas
famosas no Brasil, com grande repercussão na mídia, dada a
atenção para casos determinados, específicos e escolhidos sob o
critério exclusivo dos operadores da comunicação, objetivando
escamotear as causas históricas, sociais e políticas da
criminalidade, apresentando como única resposta para a
segurança da sociedade a criação de novos e mais rigorosos
comandos normativos penais.
Portanto o direito penal simbólico são normas penais que são elaboradas observando a
opinião pública que tem grande repercussão na mídia envolvendo famosos no Brasil, o
direito tem a principal finalidade de dirimir os conflitos existentes na sociedade,
buscando garantir a segurança dos indivíduos, mantendo o equilíbrio social.

No contexto atual do Brasil, o direito penal é fundamentado nas garantias


constitucionais, ou seja, nos princípios básicos da constituição federal, tais como o
princípio da dignidade da pessoal humana, princípio da legalidade, princípio da
insignificância dentre outros, que, portanto, estão presentes nos crimes de violência
contra a mulher como Homicídios contra mulheres, estupro, violência física,
psicológica, moral, patrimonial etc.

O tema do trabalho é a violência contra a mulher que é o Feminicídio só pelo fato dela
ser mulher, onde o direito penal simbólico está inserido no trabalho pela prática penal
desses tipos de crimes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito principal deste trabalho foi de apresentar e analisar a incidência do


feminicídio na cidade de barreiras nos anos de 2016 e 2017 através de entrevistas, com
uma abordagem sobre o feminicídio e suas classificações, e a Lei Maria da Penha,
identificados segundo os órgãos públicos de Barreiras, ministério público, delegacia de
homicídio, e 2° vara crime do tribunal de justiça, com intuito de trazer conhecimentos
acerca do tema proposto.

Através da entrevista aplicada a promotora, a delegada e o juiz da cidade, conseguimos


alcançar o objetivo deste trabalho, identificando a quantidade de mortes de mulheres
que configuram feminicídio.

Portanto, trata-se de um crime de ódio contra o gênero feminino. Considera-se que ele é
um assunto polêmico por se tratar de algo assombroso, e de pouco conhecimento pela
sociedade, motivo esse da lei 13.104/15 não ter chegado ao conhecimento da população
de forma efetiva, muitas pessoas ainda desconhecem a lei de Feminicídio.

Apesar do alto índice do crime no Brasil, a cidade de Barreiras-BA mantém um cenário


pacífico, com um registro abaixo da média de outras cidades, cerca de 4 casos por ano.

Após três anos da lei sancionada, a lei 13.104/15 trouxe para a mulher mais uma
proteção e segurança em relação à vida, despertado sobre relacionamentos abusivos e
mobiliza a sociedade a denunciar casos de violência contra a mulher.

REFERÊNCIAS
DUARTE, Júlio Gomes Neto. O Direito Penal simbólico, o Direito Penal mínimo e
a concretização do garantismo penal [on-line] Disponível em http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista
%20_artigos_leitura&artigo_id=6154 Acesso em 06 de novembro de 2018.

BRASIL. Presidente da Republica. Lei n° 11.340, de7 de agosto de 2006.Dispõe sobre


Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
providências Disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm, Acessado em 4 de outubro de 2018.

________. Presidente da Republica lei nº 13.104, de 9 de março  de 2015. Dispõe sobre
Altera o art. 121 do Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal,
para prever o feminicidio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o
art. 1° da lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicidio no rol dos
crimes hediondos. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13104.htm Acessado em 10 de outubro de 2018.

________. Presidente da República DECRETO Nº 1.973, de 1º de agosto de1996.


Promulga a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994. Disponível em
http:\\www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1996/D1973.htm Acesso em 10 de
outubro de 2018.

   

________. Presidente da República DECRETO-LEI No 2.848, de 7 de dezembro de


1940. Código penal.Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848.htm Acesso em 4 de outubro de 2018.

DIREITOS Brasil.Lei do feminicídio: o que é e qual a importância? Disponível em


https://direitosbrasil.com/lei-feminicidio-o-que-e-e-qual-importancia/#forward Acesso em 4 de
outubro de 2018.

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 18. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016.

INSTITUTO PATRÍCIA GALVÃO. Feminicidio Disponível em


https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencias/feminicidio/ Acesso em
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PEREIRA, Jeferson Botelho. Breves apontamentos sobre a lei n° 13.104/2015, que


cria o crime de feminicidio no ordenamento jurídico brasileiro 2015 Disponível em
https://jus.com.br/artigos/37061/breves-apontamentos-sobre-a-lei-n-13-104-2015-que-
cria-de-crime-feminicidio-no-ordenamento-juridico-brasileiro. Acesso em 23 de
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abusivo-pode-levar-feminicidio/ Acesso em 4 de outubro de 2018.

REDE BAHIA (TV Bahia). Campanha 'Sou Mulher Quero Respeito' pede o fim da violência contra
a mulher Disponível em https://redeglobo.globo.com/redebahia/noticia/campanha-sou-mulher-
quero-respeito-pede-o-fim-da-violencia-contra-a-mulher.ghtml Acesso em 4 de outubro de 2018.

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https://www12.senado.leg.br/noticias/entenda-o-assunto/lei-maria-da-penha Acesso em
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