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E.E.

WALTER NEGRELLI

YGOR GABRIEL SOUSA MARTINS – N° 43

Trabalho de Sociologia

Mulher na legislação:
Lei Maria da Penha e Lei contra o feminicídio

OSASCO 2022
E.E. WALTER NEGRELLI

YGOR GABRIEL SOUSA MARTINS – N° 43

Mulher na legislação:
Lei Maria da Penha e Lei contra o feminicídio
Trabalho avaliativo de
Sociologia para
construção da nota
bimestral no componente
curricular.

Professor(a): Teresinha
Sampaio

OSASCO 2022
RESUMO

O trabalho avaliativo disserta sobre a origem das leis Maria da Penha e do


feminicídio e suas formações dentro da Constituição. Além dos conceitos e
papeis sociais que contribuem para o aumento da violência contra a mulher.
A lei Maria da Penha ganhou seu nome a partir da história de Maria da Penha
Maia Fernandes, farmacêutica bioquímica, que sofreu violências e tentativas de
homicídio por parte do ex-marido Marco Antonio Heredia Viveros. Foram anos
de tentativas de prendê-lo pelos crimes, o que acarretou na atenção mundial e
sua criação.
A lei do feminicídio surgiu a partir da necessidade de combater os casos de
assassinatos contra mulheres, pelo motivo de serem mulheres.
Esses problemas sociais derivam da construção social e familiar impregnadas
estruturalmente. Apesar de contribuírem no aumento das penas e
consequências pelos atos e os meios de comunicar e relatar os crimes, para
que haja uma mudança significativa, é necessário mudança no comportamento
da sociedade.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO: VIOLÊNCIA E LEIS........................................................4


1.2. SURGIMENTO DA LEI MARIA DA PENHA........................................4
1.3. ART. 2° ; ART. 5°: Capítulo I,II E III.....................................................6
1.4. AS CINCO CATEGORIAS DE VIOLÊNCIA DE ACORDO COM A LEI
MARIA DA PENHA..............................................................................7
2. O QUE É E COMO SURGIU A LEI CONTRA O FEMINICÍDIO...............8
3. CONTRIBUIÇÃO DAS LEIS PARA A REDUÇÃO OU
ENCERRAMENTO DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA...................................8
4. CONCLUSÃO.........................................................................................10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................11
INTRODUÇÃO: VIOLÊNCIA E LEIS

As leis provém da necessidade do combate a determinada ação que afeta


negativamente a sociedade. Os papeis sociais que constroem o
comportamento e a estrutura familiar acabam gerando uma desigualdade
funcional e submissão feminina aos parentes masculinos, possibilitando que a
violência e as agressões sejam consideradas atitudes comuns, mundanas. A
seguir segue o caso Maria da Penha, que demonstra a dificuldade que as
mulheres tinham em adquirir direitos e serem ouvidas por conta desses fatores.

SURGIMENTO DA LEI MARIA DA PENHA

Maria da Penha Maia Fernandes (Fortaleza-CE, 1º de fevereiro de 1945) é


farmacêutica bioquímica e se formou na Faculdade de Farmácia e Bioquímica
da Universidade Federal do Ceará em 1966, concluindo o seu mestrado em
Parasitologia em Análises Clínicas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo em 1977.
Maria da Penha conheceu Marco Antonio Heredia Viveros, colombiano,
quando estava cursando o mestrado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da Universidade de São Paulo em 1974. À época, ele fazia os seus estudos de
pós-graduação em Economia na mesma instituição.
Naquele ano, eles começaram a namorar, e Marco Antonio demonstrava ser
muito amável, educado e solidário com todos à sua volta. O casamento
aconteceu em 1976. Após o nascimento da primeira filha e da finalização do
mestrado de Maria da Penha, eles se mudaram para Fortaleza, onde nasceram
as outras duas filhas do casal. Foi a partir desse momento que essa história
mudou.
As agressões começaram a acontecer quando ele conseguiu a cidadania
brasileira e se estabilizou profissional e economicamente. Agia sempre com
intolerância, exaltava-se com facilidade e tinha comportamentos explosivos não
só com a esposa mas também com as próprias filhas.
O medo constante, a tensão diária e as atitudes violentas tornaram-se cada
vez mais frequentes.
No ano de 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio
por parte de Marco Antonio Heredia Viveros.
Primeiro, ele deu um tiro em suas costas enquanto ela dormia. Como
resultado dessa agressão, Maria da Penha ficou paraplégica devido a lesões
irreversíveis na terceira e quarta vértebras torácicas, laceração na dura-máter e
destruição de um terço da medula à esquerda – constam-se ainda outras
complicações físicas e traumas psicológicos.
No entanto, Marco Antonio declarou à polícia que tudo não havia passado de
uma tentativa de assalto, versão que foi posteriormente desmentida pela
perícia. Quatro meses depois, quando Maria da Penha voltou para casa – após
duas cirurgias, internações e tratamentos –, ele a manteve em cárcere privado
durante 15 dias e tentou eletrocutá-la durante o banho.
Quando ganhou coragem para denunciar seu agressor, Maria da Penha se
deparou com uma situação que muitas mulheres enfrentavam neste caso:
incredulidade por parte da Justiça brasileira. Por sua parte, a defesa do
agressor sempre alegava irregularidades no processo e o suspeito aguardava o
julgamento em liberdade.
Em 1994, Maria da Penha lança o livro “Sobrevivi...posso contar” onde narra
as violências sofridas por ela e pelas três filhas.
Da mesma forma, resolve acionar o Centro pela Justiça e o Direito
Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa
dos Direitos da Mulher (CLADEM). Estes organismos encaminham seu caso
para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos
Estados Americanos (OEA), em 1998.
O caso de Maria da Penha só foi solucionado em 2002 quando o Estado
brasileiro foi condenado por omissão e negligência pela Corte Interamericana
de Direitos Humanos.
Desta maneira, o Brasil teve que se comprometer em reformular suas leis e
políticas em relação à violência doméstica. Anos depois de ter entrado em
vigor, a lei Maria da Penha de número 11.340 pode ser considerada um
sucesso. Apenas 2% dos brasileiros nunca ouviram falar desta lei e houve um
aumento de 86% de denúncias de violência familiar e doméstica após sua
criação.
ART. 2° ; ART. 5°: Capítulo I,II E III

Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação


sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as
oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

 O artigo 2° indica que toda mulher independentemente das situações e


condições sociais deve ser assegurada de uma boa vida e construção
intelectual e moral. Ou seja, esse artigo garante a estabilidade em
todos os fatores.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar


contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)

I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de


convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais,
por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

 O artigo 5° garante a defesa doméstica e familiar da mulher contra


agressões e omissões que visem o gênero e acarretam em dano físico,
psicológico, moral e de patrimônio.
 Os capítulos I,II e III declaram as condições e ambientes nas quais as
ofensas e violências são empregadas, possibilitando o direito de
proteção em quaisquer situações e relações íntimas e familiares.
AS CINCO CATEGORIAS DE VIOLÊNCIA DE ACORDO COM A LEI MARIA
DA PENHA

As violências exercidas são classificadas, pela lei, de cinco formas:

1. Violência física: Que ofende fisicamente a integridade e a saúde


corporal;
2. Violência psicológica: Que ofende psicologicamente causando dano
emocional e redução da autoestima. Pode também se enquadrar em
casos de limitação das ações, escolhas, crenças etc. através da
manipulação, ridicularização e outros meios que prejudiquem a saúde
mental e autodeterminação;
3. Violência sexual: Que ofende através de atos sexuais não desejados e
forçados à serem presenciados ou participados, através de intimidações,
ameaças e o uso de força, afastando a liberdade de escolha em relação
às condições e consequências dos atos;
4. Violência patrimonial: Que ofende limitando ou cessando o acesso à
bens patrimoniais conjuntos, incluindo aqueles que seriam destinados à
satisfazer necessidades.
5. Violência moral: Que ofende através de calúnia, difamação ou injúria,
danificando a imagem, reputação e identidade.

Existem muitas violências físicas e psicológicas que se enquadram como tal,


alguns exemplos que podem ser citados são:

 Físicas: Espancamento, lesões, cortes, sufocamento, arremesso de


objetos, utilização de armas de fogo. Podem ocorrer por conta de algo
que fora contra às ordens abusivas do marido ou companheiro, por
conta da utilização não autorizada de determinado patrimônio, por conta
emocional, de quebra de restrições sociais etc.
 Psicológicas: Ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação,
vigilância constante, isolamento, perseguição contumaz, insultos.
Ocorrem por conta das mesmas condições, porém geralmente
antecedem a violência física.
O QUE É E COMO SURGIU A LEI CONTRA O FEMINICÍDIO

A Lei 13.104/15 foi criada a partir de uma recomendação da CPMI (Comissão


Parlamentar Mista de Inquérito) sobre Violência contra a Mulher do Congresso
Nacional, que investigou a violência contra as mulheres nos estados brasileiros
entre março de 2012 e julho de 2013.
Esta lei alterou o Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime
de homicídio o feminicídio e o colocou na lista de crimes hediondos, com
penalidades mais altas. No caso, o crime de homicídio prevê pena de seis a 20
anos de reclusão, mas quando for caracterizado feminicídio, a punição parte de
12 anos de reclusão.
É importante esclarecer que a Lei do Feminicídio não enquadra,
indiscriminadamente, qualquer assassinato de mulheres como um ato de
feminicídio. A lei prevê algumas situações para que seja aplicada:

 Violência doméstica ou familiar: quando o crime resulta da violência


doméstica ou é praticado junto a ela, ou seja, quando o autor do crime é
um familiar da vítima ou já manteve algum tipo de laço afetivo com ela;

 Menosprezo ou discriminação contra a condição da mulher: ou seja,


quando o crime resulta da discriminação de gênero, manifestada pela
misoginia e pela objetificação da mulher, sendo o autor conhecido ou
não da vítima.

O Brasil é considerado o quinto país do mundo com maior número de


feminicídios.

CONTRIBUIÇÃO DAS LEIS PARA A REDUÇÃO OU ENCERRAMENTO DA


VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

É uma missão complexa acabar com a violência simbólica direcionada à


mulher nos diversos ambientes, principalmente o domiciliar e familiar, porque é
algo estrutural, construído através da inserção dos papeis sociais e restrição
das funções familiares de acordo com os gêneros.
Portanto, apesar da criação da lei Maria da Penha e da lei contra o
feminicídio, reduzir as taxas de violência e assassinatos direcionados à
indivíduos do gênero feminino se provou algo complicado, considerando ainda
o aumento exponencial das taxas que compõem o crime.
De uma forma mais detalhada, é preciso exercer mudanças desde a formação
intelectual e moral da sociedade. O patriarcalismo, por exemplo, é um conceito
impregnado socialmente e define a predominância masculina na configuração
familiar, um fator crucial para a violência contra a mulher. A subordinação
feminina ao homem e seus parentes do gênero masculino é uma questão
hereditária e cultural, vista em prática há séculos e que, ainda se insere
socialmente na atualidade.
É possível notar, claramente, uma mudança positiva no comportamento e
papeis sociais. Ainda é um problema, mas a construção familiar se tornou mais
equilibrada ao longo dos anos.
Concluindo que, na minha opinião, as leis na constituição contribuem para o
combate e até mesmo a prevenção da violência, de todas as espécies,
direcionada à mulher. Porém, é incapaz de contê-la totalmente, afinal a
formação intelectual defasada manipula o comportamento masculino e o
influência a acreditar que deve exercer superioridade dentro da formação
familiar, interferindo na capacidade de gerar um convívio igual e que entrega as
mesmas oportunidades de gênero dentro da sociedade.
Algo que auxiliou no funcionamento das leis foram os meios de comunicar as
práticas criminosas. Sejam elas através de sinais, ligações disfarçadas e outras
formas de acionar ajuda dos centros e delegacias. Favorecem positivamente,
de fato, porém são soluções momentâneas. Para acabar, de fato, com as
tamanhas e constantes atrocidades, é necessário uma mudança na estrutura,
no comportamento social.
CONCLUSÃO

O gênero é construído, dentro da sociedade, através dos papeis sociais.


Homens e mulheres são influenciados e expostos à diferentes comportamentos
e funções dentro da construção familiar através dos processos de socialização,
realizados desde muito cedo. Este processo acarreta na estrutura embasada
no patriarcalismo, conceito que define superioridade masculina dentro da
família. Gerando a aplicação desigual de oportunidades, ou seja, estratificação
social. A valorização da figura masculina e a submissão feminina é algo
hereditário e cultural, mesmo que houve progresso na distribuição das funções
e dignidade entre ambos os gêneros ao longo dos anos, esse conceito se
mantém enraizado nos diversos ambientes sociais.
Justamente o fato da figura da mulher ter que ser submissa ao seu
companheiro e membros familiares masculinos possibilitou a opressão e
objetificação, provinda da superioridade, ser considerada comum, e que não
deve ser interferida, acarretando na violência de todas as espécies: física,
psicológica, moral, de patrimônio e sexual.
Os casos ocorrem constantemente dentro dos ambientes domiciliares e até
mesmo públicos. Um caso muito influente e que contribuiu para a criação da lei
11.340, Maria da Penha, foi da luta da mulher de mesmo nome, Maria da
Penha Maia Fernandes, farmacêutica bioquímica.
Maria da Penha iniciou uma relação amorosa com Marco Antonio Heredia
Viveros na Universidade Federal. Conhecido como um homem carinhoso e
bondoso, não havia problemas até que estabeleceram uma casa e família. Os
traços agressivos logo se expuseram, Maria sofria constantes ameaças e
agressões, que logo se transformaram em tentativas de homicídios. Ela quase
foi morta levando um tiro nas costas e se tornando paraplégica. Diversas
tentativas de prisão foram pintadas na justiça, porém nunca favorecem a
mulher. O seu caso recebeu atenção mundial, e logo influenciou na criação da
lei no Brasil.
A lei do feminicídio, à grosso modo, surgiu a partir do aumento de homicídios
realizados contra mulheres pelo simples fato de serem mulheres, com a
finalidade de reduzi-los, foi construída e incluída na constituição.
Apesar da contribuição na redução da violência domiciliar e familiar e nas
tentativas de assassinatos, as leis em si não são capazes de conter e cessar
os crimes cometidos. De fato, os meios para comunicar uma situação sofrida
por mulheres através de gestos, sinais, ligações etc. foram de extrema
importância, porém só contribuem no momento. Para que haja um impacto
significante é necessário uma mudança e influência no comportamento cultural
e social, aplicando uma distribuição igualitária de dignidade e oportunidades,
desconstruindo conceitos como o patriarcalismo e acabando com a
estratificação social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

QUEM É MARIA DA PENHA. Instituto Maria da Penha. Disponível em:


www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html. Acesso em:
01/04/2023

BEZERRA, Juliana. Lei Maria da Penha. Toda Matéria. Disponível em:


https://www.todamateria.com.br/lei-maria-da-penha/ . Acesso em: 01/04/2023

LEI N° 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. Planalto.gov. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm

Lei do Feminicídio. Câmara Municipal de São Paulo. Disponível em:


https://www.saopaulo.sp.leg.br/mulheres/legislacao/lei-do-feminicidio/#:~:text=A
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MANSUIDO, Mariane. Entenda o que é feminicídio e a lei que tipifica esse


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