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Resumo: o presente artigo teve como objetivo analisar a violência doméstica seus principais elementos
e como a legislação brasileira tenta preveni-la buscando, para tanto, fundamento no direito penal, as leis
nº 11. 340/2006, conhecida como lei maria da penha e 13.104/2015 e as jurisprudências das cortes
superiores pátrias, trazendo, por fim, uma exegese mais limpa sobre o tema.
1 INTRODUÇÃO
Graduandas em Direito pela Universidade de Brás Cubas – Artigo Cientifico de Conclusão de curso
apresentado à Universidade Braz Cubas como requisito para a conclusão do Curso de Direito.
Orientadores: André Ricardo de Souza Gomes e Deodato Rodrigues Leite .
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A mulher foi subjugada em várias culturas e povos antigos. Ela sofria a submissão de
seu pai, e depois de casada devia obediência à seu marido, que tinha o direito de puni-la
caso se sentisse contrariado, pois além de marido era seu senhor. Muitas culturas eram
patriarcais, e de acordo com Barros não havia espaço para a mulher na filosofia, política
e área religiosa. Seu papel se reservava a tecelagem, culinária, gestão da casa e cuidados
com os filhos e o marido.Como exemplo pode-se citar a Grécia Antiga que não
permitiam as mulheres educação formal, não podiam aparecer em público sozinhas e
não tinham direitos jurídicos.
Essa herança de submissão feminina estendeu-se ao Brasil desde os tempos coloniais até
os dias atuais. Porém, no decorrer dos tempos as mulheres têm ganhado cada vez mais
espaço na sociedade.
O Golpe Militar em 1964 trouxe uma repressão para os movimentos dos quais foram
censurados. O segundo movimento feminista no Brasil, aconteceu em 1970, como uma
refutaçãofeminina quanto a ditadura.
Com essa junção, também com parcerias estatais, foram criadas politicas voltadas para
as mulheres, assim como, a primeira Delegacia Especializada da Mulher (DEAM) e o
Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) em 1985 em Belo Horizonte, que
foi uma conjunçãodo movimento feministas do PMDB e o presidente Tancredo Neves,
no processo de transição (COSTA, 2009, p.62). A partir de então, com as propostas e
criação de políticas para as mulheres, o CNDM, abre espaço na Assembleia
Constituinte, obtendo assim, êxito nas reivindicações e propostas feministas. Porém,
essa união do CNDM com as feministas teve a oposição do governo Sarney, que ao
término de sua gestão,ordenou o fim da organização, por meio ditatorial,que não tinha
relação alguma com a democracia e participação social. A primeira Casa-Abrigo para
mulheres em situação de violência, foi criada em 1986.
Nos anos 90, os movimentos feministas, em decorrência do autoritarismo do Estado, se
encontravam enfraquecidos, então, algumas feministas criam organizações não
governamentais que visam reivindicar novamente seu espaço na esfera política em
busca dos direitos das mulheres. Uma grande vitória,foi a Convenção Interamericana no
cenário nacionalpara punição eextinçãoda violência contra a mulher em Belém do Pará
em 6 de julho de 1994, homologada pelo Brasil em 17 de novembro 1995, pelo
Congresso Nacional.
Em 1990 até o ano de 2002, os debatesno que se refere a violência contra a mulher,
foram debatidas em todos os âmbitos nacionais e internacionais, foram realizadas
conferencias e convenções, do qual ganharam força e se espalhou, com o intuito e
aperfeiçoar o reformular político, legislativo e executivo Instaurando assim, algumas
políticas construídas pelas mulheres como: Delegacias Especializadas da Mulher,
Casas-Abrigo, Centros de Referência, Centros de Reabilitação e Educação do Agressor,
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Defensorias da Mulher,
Centro de Atendimento à Mulher, Ouvidorias, Centro de Referência da Assistência
Social, Centro de Referência Especializado da Assistência Social, Polícia Civil e
Militar, Instituto Médico Legal, Hospitais e Serviços de Saúde voltados para o
atendimento dos casos de violência sexual. E a mais relevante vitóriapara as mulheres
foi criação da lei Maria da Penha sancionada em 07 de agosto de 2006, com o intuitode
vincular o movimento sindical para o combate à violência contra a mulher com o
objetivo de engatilhar alianças com o objetivo de construir uma sociedade igualitária,
justa e democrática.
Contudo, o fato é que a violência doméstica está em todas as esferas sociais. A mídia,
frequentemente divulga crimes de ordem passionais contra a mulher ou caso de pessoas
famosas que agridem suas mulheres, ou companheiras. O que distingue é que as classes
sociais baixas se destacam por prestarem mais queixas, dando maior lucidez as
estatísticas.
A luta da mulher brasileira pela cidadania plena, afirma Maciel (2007), só começou a
produzir resultados a partir da criação em 1922, por Bertha Lutz, da primeira
Organização de Mulher a Federação Brasileira para o Progresso Feminino cuja principal
palavra de ordem era a conquista do direito de voto em igualdade de condições com o
homem.
Mais de dez anos após sua criação o, veio à primeira vitória da organização, quando nas
eleições para a Constituinte em 1934, as mulheres conquistaram o reconhecimento do
direito de voto e a permissão de comparecerem ás urnas como eleitoras e candidatas.
Durante cinco décadas de árdua luta , ainda conforme Maciel (2007), numa sociedade
tradicionalmente dominada pelos homens, as mulheres foram conquistando condições
de igualdade, contra as mais variadas discriminações,assim mesmo depois dos inegáveis
avanços da Constituição de 1988, as mulheres ainda se defronta, com o preconceito, seu
maior adversário, arraigado principalmente nos costumes de aparência, vestimenta e
comportamento que foram modificados com os anos.
Nas reformas penais é possível observarmos que em alguns casos pontuais, o legislador
é remetido a imaginar novos crimes, novas penas, que não tem resolvido o problema da
criminalidade, pois é um fenômeno complexo, ele não diminui apenas se manteve, a
punição embora seja necessária na sociedade, o que resolveria o problema da
criminalidade em geral seria uma mudança no processo educativo de mentalidade nas
relações sociais que colocassem os valores sociais como os costumes presentes na Carta
Magna em prática no dia a dia no plano das relações sociais.
CONCLUSÃO
Diante de toda pesquisa e estudo, com base histórica, conceitual e estatística, é possível
notar que, quando determinada lei favorece e dá assistência ás mulheres vitimas de
violência domestica, seja essa violência física, moral, sexual, emocional ou financeira, a
sociedade de modo geral se solidariza e dá á elas força e segurança para que busquem
juntas á justiça célere e eficaz que tanto precisam.
Sabemos que o maior índice de homicídios de mulheres ocorre em ataques dentro de seu
âmbito familiar, e são cometidos por seus parceiros íntimos ou conhecidos, na maioria
dos casos por namorados, maridos, pais, padrastos. Justamente dentro de seu próprio lar,
onde a vítima deveria se sentir segura e amparada pela família, e não voltar pra casa
com medo do que pode lhe acontecer.
A Lei Maria da Penha visa punir os infratores que cometerem violência doméstica
contra a mulher, seja ela qual for. Já o feminicídio,é um agravante na pena porque o
infrator, além de usar de violência, atentou à vida da mulher, e a vida é um dos
principais direitos assegurados pela Carta Magna, a qual não devemos infringi-la.
Infelizmente, a Lei ainda é falha em muitos aspectos e não é cumprida com rigidez, o
que nos dá a sensação de impunidade, fazendo com que muitas mulheres não procurem
esse amparo. Porém, as mudanças que ocorrem na legislação, tem a finalidade de
contribuir para as novas realidades sociais e também de assegurar cada vez mais ás
mulheres encorajando-as á lutarem por seus direitos e a não terem medo, por mais
difícil e cruel que a vida pareça ser á elas no ambiente em que deveriam estar mais.
REFERÊNCIAS
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e execução penal : apresentações esquemáticas da matéria : [atualizado até 02-2006]. 6.
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TELES, Maria A. de Almeida. MELO, Mônica. O que é violência contra a mulher. São
Paulo: Brasiliense, 2002.