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Cartilha sobre o

Enfrentamento à violência
contra a Mulher.
Prefeitura Municipal de São Gonçalo

Nelson Ruas dos Santos

Prefeito

Secretaria Municipal de Assistência Social

Edinaldo Basílio

Secretário

Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres

Ana Cristina da Silva

Subsecretária

Equipe Técnica

Claudia Leal

Laurence de Oliveira

Luzinete Araújo

Michelle Azevedo

Rafaela Gomes

Apresentação
É com muito orgulho que apresento a Cartilha de Enfrentamento à Violência
contra a Mulher. Nosso governo trabalha em muitas frentes e não poderíamos deixar
esse tema sem o cuidado que ele requer. O índice de violência contra mulheres ainda é
grande, e no nosso município não é diferente. Nenhum trabalho estrutural de uma
cidade tem sentido se sua população é desassistida. A gestão precisa alcançar as vidas
das pessoas, e a violência fere a dignidade humana de mulheres e crianças que estão
submetidas a ela. As informações contidas nessa cartilha buscam orientar a população
para que fique claro, temos política pública para mulheres em São Gonçalo. Estamos
dando à população as informações necessárias, meios de buscar seus direitos e se
sentirem protegidas.

Nelson Ruas dos Santos


Prefeito

Ao longo da história, as mulheres foram tratadas como seres de menos


importância que os homens, e essa construção se deu através da limitação do papel dela
no âmbito público e privado. Para a mulher, o destino esperado era o casamento e a
maternidade, e mesmo neste contexto as decisões estavam sob o domínio masculino.
Essa forma de organização social favoreceu uma naturalização da violência doméstica
contra a mulher. Esta, ainda hoje, é compreendida como natural dentro de uma relação
familiar e, portanto, não caberia a intervenção do Estado. Daí vem o ditado, “em briga
de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Mas é necessário desconstruir essa
concepção, o Estado deve intervir e assegurar os direitos e a segurança das mulheres.
Essa cartilha tem por objetivo informar a população sobre as origens da desigualdade de
gênero e sua relação com a violência doméstica, bem como pretende contextualizar e
apresentar os direitos assegurados pela Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/06). Ainda
nesta cartilha, a mulher terá as orientações pertinentes e saber onde encontrar
atendimentos especializados na Rede de Enfrentamento à violência. A Política Pública
para mulheres deve garantir que suas vozes sejam ouvidas. É inamissível qualquer tipo
de violência contra a mulher. Denuncie!

Ana Cristina da Silva


Subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres
Contextualização
A Constituição Federal (1988), em seu artigo 226 assegura a “assistência à
família, na pessoa de cada um dos que a integram”, criando assim, mecanismos para
coibir a violência no espaço privado da família. Desta forma, o Estado brasileiro
assumiu seu papel no enfrentamento da violência, no entanto, as mulheres continuaram
desprotegidas por não haver uma legislação específica que garantisse seus direitos e a
efetiva punição da violência doméstica. No ano de 2000, o Conselho de Segurança da
ONU elaborou a Resolução 1.325 de promoção da igualdade entre homens e mulheres,
que é fundamental para a garantia dos direitos, sendo a violência contra a mulher uma
afronta à dignidade da pessoa humana. Durante muito tempo a mulher foi excluída da
participação efetiva nos espaços públicos, tanto no que se refere ao trabalho fora do
âmbito doméstico, mas também da possibilidade de desenvolvimento científico e
intelectual por meio da educação formal. O direito à educação formal, o direito ao voto,
entre outros, são conquistas recentes quando as analisamos historicamente. Essa é a base
da desigualdade fundamentada no gênero. Gênero é uma classificação que diferencia e
identifica os homens e as mulheres, o gênero masculino e o gênero feminino. A noção
de gênero não tem, necessariamente, a ver com o sexo biológico, mas com a
identificação de um sujeito a um dos gêneros. O gênero feminino, por razões históricas
e culturais, dentre as quais citamos acima, tem desvantagens em relação ao masculino.
Os estereótipos que determinam os papéis sociais para cada um contribuem para a
desigualdade baseada no gênero, e interferem nas relações de poder que favorecem todo
tipo de violência contra as mulheres.

Origem da Lei Maria da Penha


A Lei nº 11.340/2006 conhecida como Lei Maria da Penha é uma lei distrital
brasileira, cujo objetivo principal é estipular punição adequada e coibir atos de violência
doméstica contra a mulher. Desde a sua publicação, é considerada pela Organização das
Nações Unidas como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à
violência contra as mulheres. Além disso, segundo dados de 2015 do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), ela contribuiu para uma diminuição de cerca de
10% na taxa de homicídios praticados contra mulheres dentro das residências das
vítimas.
A brasileira Maria da Penha Maia Fernandes vivenciou muitas formas de
violência doméstica. Quando decidiu romper o relacionamento sofreu duas tentativas
de homicídio intentadas por seu marido que não admitia a separação. Em uma delas,
ele simulou um assalto na residência e atirou nas costas da mulher, deixando-a
paraplégica e com outras lesões. Poucas semanas depois, outra tentativa, desta vez
usando eletricidade para eletrocutá-la enquanto tomava banho. Esses episódios
aconteceram em 1983. Quinze anos depois o agressor ainda estava em liberdade,
mesmo tendo dois julgamentos e duas condenações. Com a ajuda do Centro para a
Justiça e o Direito Internacional – CEJIL e do Comitê Latino-Americano e do Caribe
para a Defesa dos Direitos da Mulher – CLADEM, Maria da Penha levou o caso à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH da Organização dos Estados
Americanos – OEA. O que gerou uma pressão internacional a partir da qual foram
criados projetos de lei que resultaram, posteriormente, na Lei nº 11.340/2006 que é
popularmente conhecida como Lei Maria da Penha. Hoje, Maria da Penha é símbolo
nacional da luta das mulheres contra a opressão e a violência. Essa legislação alterou o
Código Penal garantindo que os agressores sejam presos em flagrante ou tenham a
prisão preventiva decretada, de modo que a segurança da mulher possa ser assegurada.

O que a Legislação 11.340/2006 estabelece?


O primeiro artigo da Lei N° 11340/2006 aponta a criação de mecanismos para
coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher dispõe sobre a criação
dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, e estabelece medidas
de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
A assistência será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as
diretrizes previstas na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde,
no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de
proteção, e emergencialmente quando for o caso. Caso necessário é garantido o acesso
aos benefícios e procedimentos cabíveis, além da manutenção do vinculo empregatício
quando houver o afastamento do emprego diante do risco de nova violência ou tentativa
de feminicídio.
Fica estabelecido o encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso,
inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de
anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente.
Em caso de agressão física e a inexistência de corpo de delito, serão admitidos como
meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de
saúde. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física
ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida. Nos casos de ações penais (processos judiciais contra o
agressor), a descontinuidade do processo só poderá ser solicitada pela mulher diante do
juiz.
Em relação às medidas protetivas de urgência, poderão ser concedidas pelo juiz,
a pedido do Ministério Público ou da ofendida. Podendo também ser concedidas de
imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério
Público. As medidas protetivas de urgência serão concedidas independentemente da
tipificação penal da violência, do ajuizamento de ação penal ou cível, da existência de
inquérito policial ou do registro de boletim de ocorrência. (Incluído pela Lei nº 14.550,
de 2023)

Para ler a lei na integra acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-


2006/2006/lei/l11340.htm
Violência contra a mulher
Muitas vezes, a mulher não percebe que está sofrendo violência doméstica ou
que está em um relacionamento abusivo. É preciso ficar atenta aos primeiros sinais, ao
que chamamos de violência psicológica. Atitudes de controle como não permitir que
encontre as amigas, que estude ou que trabalhe são sinais de alerta. Você pode ser
vítima de violência, sem necessariamente ter sofrido uma agressão física.
Nas próximas páginas explicaremos as violências tipificadas em Lei. Em relação
a violência psicológica, no ano de 2021 foi publicada a Lei 14.188 que incluiu no
Código Penal o crime de violência psicológica contra a mulher, a ser atribuído a quem
causar dano emocional.

Violência doméstica
A violência contra a mulher no âmbito da família ou unidade doméstica acontece
dentro de uma relação interpessoal. O agressor pode compartilhar ou não a mesma
residência, pode ainda ter qualquer tipo de vínculo com a vítima (irmão, tio, padrasto).
A violência também pode ser praticada por qualquer pessoa que possua vínculo afetivo
com a mulher agredida, independente de seu gênero. A Lei Maria da Penha
(11.340/2006) destaca 5 tipos de violência, sendo elas: psicológica, moral, física, sexual
e patrimonial.
Violência física: É aquela entendida como qualquer conduta que ofenda a
integridade ou a saúde corporal da mulher. É praticada com uso da força física do
agressor, que machuca a vítima de várias maneiras ou ainda com uso de armas.
Exemplos: empurrar, beliscar, puxar o cabelo, bater, chutar, queimar, cortar e mutilar.
A violência física pode chegar ao extremo, causando FEMINICÍDIO.
Violência patrimonial: Entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Exemplos: controlar o dinheiro, deixar de pagar pensão alimentícia, destruição de
documentos e objetos, entre outros.
Violência moral: É considerada qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
Exemplos: acusar a mulher de traição, fazer críticas mentirosas, expor a vida privada,
rebaixar a mulher por meio de xingamentos que afetam a sua índole.
Violência psicológica: É uma forma de agressão caracterizada por
constrangimentos, ameaças, humilhação, manipulação, chantagem, isolamento,
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outra situação que cause
prejuízo à saúde psicológica e autodeterminação da mulher.
Exemplos: insultos, chantagens, distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em
dúvida sobre a sua memória e sanidade (Gaslighting).
Violência sexual: É qualquer contato sexual não consentido ou ato contra a
dignidade sexual por meio de intimidação, ameaças, uso da força ou aproveitamento de
situação de vulnerabilidade, seja tentado ou consumado.
Exemplos: estupro; assédio sexual no trabalho ou no transporte público, entre outros.
Ciclo da violência

O relacionamento inicia-se com padrões abusivos disfarçados de cuidado, os


abusos podem ser psicológicos e aparecerem de uma forma sutil ou declarada. O
comportamento controlador do parceiro se esconde atrás de um discurso protetor.
O ciclo começa com a fase da tensão, em que as raivas, insultos e ameaças vão
se acumulando. Em seguida, vem a fase da agressão, com o descontrole e uma violenta
explosão de toda a tensão acumulada. Depois, chega-se a fase de fazer as pazes (ou da
"lua de mel"), em que ele pede perdão e promete mudar de comportamento, ou então,
age como se nada tivesse acontecido, mais calmo e carinhoso. A mulher acredita que
aquilo não vai mais acontecer ou reconsidera a separação por outras razões. E o ciclo
recomeça quando uma nova tensão surge.

Outros tipos de violência fora do contexto doméstico


A violência contra a mulher pode ocorrer fora do ambiente doméstico e/ou
familiar, isto é, em relações e contextos em que não há uma relação interpessoal entre a
vítima e o agressor. Ela acontece na vida social, em diferentes lugares por onde a
mulher circula ou espaços em que ocupa. Neste caso, o agressor pode ser qualquer
pessoa. Essas violências têm como característica principal serem motivadas pelo gênero.
Alguns tipos de violência deste tipo: abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres,
prostituição forçada, sequestro, além de assédio sexual no local de trabalho, nas
instituições de ensino, serviços de saúde ou qualquer outro local, violência obstétrica,
entre outras. A importunação sexual também é um crime deste tipo e possui uma
legislação específica (Lei 13718/18). Este crime pode ser compreendido como qualquer
prática de cunho sexual que acontece sem o consentimento da mulher. Esta Lei tipifica
os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro. Ela também
estabelece como causas de aumento de pena o estupro coletivo e o estupro corretivo.

Feminicídio
O feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Suas
motivações mais usuais são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e
da propriedade sobre as mulheres, comuns em sociedades marcadas pela associação de
papeis discriminatórios ao feminino, como é o caso brasileiro. Trata-se de um problema
global e se caracteriza como crime de gênero ao carregar traços como ódio, que exige a
destruição da vítima, e também pode ser combinada com as práticas da violência sexual,
tortura e/ou mutilação da vítima antes ou depois do assassinato. A Lei 13.104/2015
alterou o código penal e qualificou o Feminicídio como crime hediondo no Brasil.

Rede de serviços e referência de atendimento à mulher do


Município de São Gonçalo
Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres

R. Dr. Porciúncula, 395 – Venda da Cruz/ São Gonçalo

subsecretariademulheressg@gmail.com

CEOM- Centro especial de Orientação á Mulher Zuzu Angel

Rua: Camilo Fernandes Moreira s/n- Neves –SG


Atendimento das 09h: 00h às 17h: 00

Telefone: (21) 96427-0012

DEAM- Delegacia de Atendimento à Mulher-SG

Avenida Dezoito do forte, 578- Mutua- SG

Telefone: (21) 98596-7213

Patrulha Maria da Penha

Telefone: (21) 99063 0026

Central de Atendimento à Mulher

Disque 180

Sala Lilás-Atendimento Especializado à Mulher Vítimas de Violência/ IML

Rua Capitão Juvenal Figueiredo, 3381- Tribobo- SG

Telefone: 2701-5622 /3715-2155

Movimento de Mulheres em São Gonçalo

Rua: Rodrigues da Fonseca, 215 centro – SG.

Telefone. 2606-5003 / 98464-2179

Núcleo de Defensoria Pública e Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a


Mulher

Localizado no Fórum Regional de Alcântara-Juíza Patrícia Acioli. Juizado de Violência


Doméstica Familiar – sala 404

Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira, 12h:00 às 17h:00. Endereço: Rua Osório


Costa, s/nº - Colubandê - São Gonçalo

Outros Serviços
Coordenação do Cadastro Único e Programa Bolsa Família de São Gonçalo.

Rua: Sá Carvalho, 1341 - Boaçu, São Gonçalo

Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira, 08h: 00 às 16h: 00

Alguns serviços dos CREAS: Acolhimento de vítimas de violência e acompanhamento


para que não haja recorrência. Desenvolvimento de projetos e ações sociais que
auxiliam na promoção de direitos sociais e na diminuição de violações de direitos
humanos.

CREAS Arsenal

Avenida Doutor Eugênio Borges – 00 Bairro Tribobó, São Gonçalo.

Telefone: 3605-1570

CREAS Jardim Catarina

Rua Leão Gambeta nº 533 (antiga Rua 13) Jardim Catarina, São Gonçalo.

Telefone: 3712-7148

CREAS Luiz Caçador

Avenida Trindade, 07 (loja 2) - Itaúna, São Gonçalo.

Telefone: 3708-7845

CREAS Mutondo

Rua Maria Cândida, 40 - Mutondo, São Gonçalo.

Telefone: 3708-7920

CREAS Vista Alegre

Rua São Pedro nº2 - Vista Alegre, São Gonçalo.

Telefone: 3708-2114

Horário de atendimento: Segunda a sexta de 08h: 00 às 16h: 00

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