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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO -

UNIFACEMA
7º PERÍODO DO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: ATOS, CONTRATOS E BENS PUBLICOS
PROFESSORA: Ma. ANDYARA LETICIA DE SALES CORREIA

CONTEXTUALIZAÇÃO: SERVIÇOS PÚBLICOS DE ATENDIMENTO À


MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

ALUNOS: Diego Dos Santos Vieira/19205158


Eduarda Barroso Rocha/ 19205247
Edgar Costa Cunha/19205057
Gleyson Sousa Silva /19205236
Joyce Wendy Vales dos Santos/ 19205176
Odaciana Feitosa da Silva Sousa /19205309
Suzana Maria Sousa da Silva /19205051
Thiago Rayllan Soares Lima/ 22205163

CAXIAS-MA
2022
SERVIÇO PÚBLICO DE ATENDIMENTO À MULHER EM SITUAÇÃO
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência contra a mulher é um fenômeno histórico, porém somente nas


últimas décadas que a violência de gênero tem sido percebida como uma
questão de saúde da mulher e, conseqüentemente,de saúde pública.

A falta de informação e o medo de estar sozinha estão entre as


principais barreiras para que as mulheres vítimas de violência não busquem
ajuda. Partindo desta perspectiva é oportuno refletir sobre o trabalho de alguns
dos mais significativaos serviços de atenção à violência contra a mulher,
empreendidas por grupos feministas,ONGs ou iniciativas governamentais.

Relatos historicos indicam que foi nos anos 60 que os movimentos


feministas ganharam força e notoriedade, tornando públicas as questões
referentes à violência domestica contra as mulheres(VDCM) ,revelando serem
resultantes de uma estrutura de dominação Patriarcal .

Em resposta aos movimentos contra a violência de gênero intensificados


no final da década de 70,os olhares políticos e judiciais se voltaram para a
problemática que estava sendo desvelada, passando a ser foco de
políticas públicas e serviços especializados.

Contudo, tratando-se de políticas públicas de atendimento à mulher em


situação de violência doméstica, se constata que historicamente, sempre houve
um retrocesso, um descaso quanto a estas situações, conforme explicam
Camargo e Aquino (2003). Os autores argumentam que, desde meados dos
anos 80, observa-se no Brasil que a ação do Estado restringiu-se basicamente
“à proteção policial e ao encaminhamento jurídico dos casos, visando à
punição do agressor e reparação à vítima”. As avaliações em torno desta
política apontaram este como um dos aspectos de insuficiência para uma
intervenção de impacto sobre o problema.

O primeiro serviço de atendimento às mulheres em situação de


violência foi criado em outubro de 1980, denominado SOS Mulher.
Prestava atendimento social, jurídico e psicológico. Foi o primeiro grande
passo do longo caminho a ser trilhado rumo a visibilização da VDCM, à
garantia dos direitos femininos e o acesso à justiça.

Em agosto de 1985 o Decreto nº 23.769, cria as Delegacias


Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs). A primeira foi instituída em
São Paulo, em 1985. No dia da inauguração, uma fila com mais de 500
mulheres, que eram agredidas pelos companheiros se formou em frente à
delegacia. Neste momento, a violência contra as mulheres atingiu maior
visibilidade e passou a ser uma preocupação social.

Em 2006, a Lei Maria da Penha (LMP) foi implementada ampliando


o conceito de VDCM, apresentando inovações em relação ao Código
Penal, reafirmando que a violência encontrava-se arraigada nas
desigualdades sexistas, estabelecendo medidas de proteção às mulheres,
obrigando os agressores a comparecerem em programas de recuperação
e reinserção social.
A LEI Nº 11.340

A Lei Maria da Penha estabelece que toda mulher tem direito à proteção


social e do Estado inclusive contra atos de violência sofridos no ambiente
privado ou intrafamiliar.

Nos casos de violência doméstica (física, psicológica, moral, patrimonial


ou sexual) a mulher tem direito a:

– acolhida e escuta qualificada de todos os profissionais da rede de


atendimento às mulheres em situação de violência doméstica e familiar, sem
pré-julgamentos, respeitando seu tempo de decisão sobre os próximos passos
a seguir e sem culpabilização;

– medidas protetivas de urgência que podem consistir na proibição de


aproximação do agressor;

– acesso prioritário a programas sociais, habitacionais e de emprego e


renda;

– manutenção do vínculo profissional por até seis meses de afastamento


do trabalho;

– escolta policial para retirar bens da residência, se necessário;

– atendimento de saúde e psicossocial especializado e continuado, se


necessário;

– registro do boletim de ocorrência;

– registro detalhado do relato que fizer em qualquer órgão público


(inclusive para evitar a revitimização com a necessidade de contar a história
repetidas vezes);

– notificação formal da violência sofrida ao Ministério da Saúde, para fins


de produção de dados estatísticos e políticas públicas;

– atendimento judiciário na região de seu domicílio ou residência, no


lugar onde ocorreu a agressão (se este for diferente) ou no domicílio do
agressor;

– assistência judiciária da Defensoria Pública, independentemente de


seu nível de renda;

– acesso a casa abrigo e outros serviços de acolhimento especializado


(DEAM, Defensoria Pública, centros de referência etc.);

– informações sobre direitos e todos os serviços disponíveis.


AS REDES COMO ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DAS MULHERES EM
SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Nos últimos 20 anos, foram criados serviços voltados para a questão da


violência, como as delegacias de defesa da mulher, as casas-abrigo e os
centros de referência multiprofissionais que têm enfocado, principalmente, a
violência física e sexual cometida por parceiros e ex-parceiros da mulher.

As Delegacias Especializadas no Atendimento a Mulher, os Postos de


Saúde, a Defensoria Publica, as Casas Abrigo, o IML, dentre outros, se
constituiriam como acessos significativos no atendimento à mulher em situação
de violência doméstica.

Na última década, foram criados os serviços de atenção à violência


sexual para a prevenção e profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis
(DST), de gravidez indesejada e para realização de aborto legal, quando for o
caso. Desde 2004, o Plano Nacional de Políticas para as mulheres, em seu 4º
tópico, orienta as ações voltadas à erradicação desta violência que se perpetua
diariamente no cotidiano destas usuárias.

A partir desta interação entre os serviços citados (serviços de saúde,


delegacias, casas-abrigos, IML, serviços sociais), surgiram as primeiras
parcerias e, em alguns estados e municípios, se formalizaram papéis e
vínculos entre eles, conformando uma rede de atendimento. Trabalho esse,
recomendado pelas experiências mundiais e locais e que corresponde a um
conceito de colaboração e integração de serviços que visa à assistência
integral.

A rede de atendimento à mulher vítima de violência pode ser acessada


rapidamente pelo Ligue 180. O serviço de ligação gratuita atua desde 2005
como principal acesso à rede de enfrentamento à violência contra a mulher do
país. Além do Ligue 180, casos de violações dos direitos humanos das
mulheres também podem ser atendidos pelo Disque 100.

As Coordenadorias Estaduais das Mulheres em Situação de Violência


Doméstica e Familiar assessoram os Tribunais de Justiça dos Estados e do DF
a aprimorar a estrutura e promover formação continuada e especializada dos
magistrados e servidores para o enfrentamento e a prevenção da violência
doméstica e familiar, além de receber e encaminhar reclamações e sugestões
referentes aos serviços de atendimento à mulher.

Além disso, sites trazem informações sobre serviços e acesso à justiça.


O Ministério da Justiça, por exemplo, disponibiliza o Atlas de Acesso à Justiça,
que facilita a busca por Varas e Centros de Referência da Mulher no seu
estado ou cidade.

A Defensoria Pública nos Estados atua nos tribunais de justiça e orienta


as mulheres, defendendo seus interesses e direitos. Dentro da Defensoria em
alguns Estados existem núcleos especializados de promoção e defesa dos
direitos da mulher.

Por fim, todos os instrumentos, serviços, políticas aqui citados são de


suma importância para garantir suporte às mulheres que se encontram em
situação de violência doméstica, familiar e sexual. E estão em acordo com o
que prevê a lei Maria da Penha, que traz a dimensões da prevenção, proteção
e punição da violência doméstica e familiar contra as mulheres, que atinge
diretamente as mulheres, mas que impacta em toda a sociedade. Portanto, é
preciso mais envolvimento de todos os setores e segmentos sociais para o seu
enfrentamento e, sobretudo, o fortalecimento da atuação em rede, no sentido
de garantir às mulheres, o direito a uma “vida sem violência”.

Referencias
Camargo, M. e Aquino, S. de. (2003). Redes de cidadania e parcerias- Enfrentando a
rota crítica. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Programa de
prevenção, assistência e combate à violência contra a mulher- plano nacional. Brasília

https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencias/acoes-direitos-
e-servicos-para-enfrentar-a-violencia/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm

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