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RAIMUNDO MARINHO
FACULDADE RAIMUNDO MARINHO
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Maceió/AL
2023
JULIANA SANTOS DE MORAIS
Maceió/AL
2023
A EFICÁCIA DA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA COMO
UM INSTRUMENTO NO COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a eficácia dos atendimentos
prestados pela ASSOCIAÇÃO DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA - AME, na
cidade de Maceió- AL. Para tanto, foi realizado uma pesquisa investigativa de caráter
bibliográfico documental qualitativo. Como resultado, constatou-se que a AME
desempenha um papel crucial no combate à violência doméstica no Estado de
Alagoas, oferecendo apoio emocional, jurídico e, muitas vezes, financeiros às vítimas,
além de conscientização e programas de prevenção em que as mulheres aprendem
a perceber os sinais de uma possível agressão. Além disso, as organizações não
governamentais - ONGs atuam como intermediárias entre as vítimas e o estado,
auxiliando as mulheres a acessar recursos como abrigo, aconselhamento psicológico
e orientação legal, além de trabalhar arduamente para a sensibilização da sociedade
sobre a violência doméstica, promovendo campanhas de conscientização, palestras
educativas em escolas e na comunidade; assim como também lutam por políticas
públicas mais eficazes e leis mais rigorosas para proteger as vítimas e responsabilizar
os agressores, desempenhando um papel vital na luta contra a violência doméstica.
ABSTRACT: This article aims to analyze the effectiveness of services provided by the
ASSOCIATION OF WOMEN VICTIMS OF VIOLENCE- AME, in the city of Maceió-AL.
To end, investigative research of a qualitative documentary bibliographic nature was
carried out. As a result, it was found that AME plays a crucial role in combating
domestic violence in the State of Alagoas, offering emotional, legal and often financial
support to victims, as well as awareness and prevention programs where women learn
to notice the signs of possible aggression. Furthermore, non-governmental
organizations- NGOs act as intermediaries between victims and the state, helping,
women access resources such as shelter, psychological counseling and legal
guidance, in addtiin to working hard to raise awareness in society about domestic
violence, promoting campaigns awareness campaigns, educational lectures in school
and the community, they also fight for more effective public policies and stricter laws
to protect victims and hold perpetrators accountable, playing a vital role in the fight
against domestic violence.
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Formanda do 10° período do curso de Bacharel em Direito pela Faculdade Raimundo Marinho-FRM.
E-mail:jujuliayan@hotmail.com
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Professora Orientadora e docente regular da Faculdade Raimundo Marinho-FRM. Graduada em
Direito, Mestre em Propriedade Intelectual pela UFAL. E-mail: rafaela_ambrosio@hotmail.com
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INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por esteio a Lei Maria da Penha e o suporte oferecido
pela Associação de mulheres vítimas de violência (AME), no enfrentamento e combate
à violência doméstica contra a mulher. Desta forma, podemos visualizar que entre
todos os instrumentos do Estado, um dos setores mais acionados é a patrulha Maria
da penha.
Diante do exposto, poderemos notar a grande procura de mulheres por ajuda;
mulheres que são vítimas de relacionamentos abusivos por parte de seus cônjuges, e
que muitas vezes se calam porque dependem financeiramente do seu agressor. São
donas de lares que sofrem com traumas profundos na alma, precisando, assim, de
acolhimento por parte dos órgãos competentes.
A violência contra a mulher não é uma ação danosa atual, uma vez que se trata
de um problema histórico e cultural, que está presente na humanidade desde a
antiguidade. Nesse ínterim, as mulheres sempre estiveram submetidas a violências
doméstica tanto por parte de familiares como pelo próprio cônjuge. Essa violência
ultrapassa todas as camadas da sociedade, não deixando marcas somente para as
mulheres que sofrem a agressão, pois gera inúmeros problemas familiar e social.
Segundo o SSP/AL, foram registrados 7.078 casos de violência doméstica
somente no ano de 2022, diante deste dado, podemos observar o crescente número
de mulheres que sofrem violência, que não se limita apenas a violência física, ou seja,
destacam-se ainda a violência moral, patrimonial, psicológica, entre outras, que
podem chegar até o último estágio, que é o feminicídio, afetando a vida e o bem estar
dessas mulheres.
A delegacia especializada de atendimento à mulher (DEAM’s) registrou, desde
o início do ano, aproximadamente 1.400 prisões por violência doméstica contra
mulheres. De acordo com dados da DEAM’s, somente em Maceió 402 prisões foram
realizadas, deixando claro que os órgãos competentes pela defesa da mulher estão
atuando dentro da esfera em busca de soluções mais rápidas e assim fornecendo
mais segurança para a vítima.
Ademais, podemos visualizar a demanda presente em nosso estado e a
necessidade da presença das ONGs para auxiliar no cuidado com essas mulheres,
oferecendo um suporte humanizado, de forma que venha a ser minimizado tanto
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seguir adiante com a denúncia. É neste momento que ela necessita de uma rede de
acolhimento mais atuante, efetiva e organizada.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência contra a mulher
é um problema de saúde pública, sendo uma violação aos direitos humanos
fundamentais das mulheres. A violência doméstica traz consequências devastadoras,
podendo levar a vítima a grandes problemas de saúde. Nessa esteira, cabe destacar
que a violência contra as mulheres não escolhe classe, raça, cultura e religião, ela
atinge mulheres de os tipos, e independentemente de suas funções, ocorrendo em
todas as camadas sociais e vivenciada no cotidiano das mulheres.
Segundo o art. 5° da Lei Maria da Penha, violência doméstica e familiar contra a
mulher é “[...] qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial’’. Desta
forma, compreende-se que a violência doméstica é um grave desrespeito à dignidade
humana das mulheres e que a mesma segue um padrão cultural que inclui fases de
tensão crescente, um incidente de violência e uma fase de reconciliação ou até
mesmo de arrependimento, podendo se repetir por várias vezes e trazendo graves
consequências físicas, emocionais e psicológicas para as vítimas, que podem ainda
apresentar lesões, transtornos de estresse pós-traumáticos, depressão, autoestima
baixa e até mesmo o suicídio.
Destarte, a prevenção da violência doméstica envolve a conscientização da
população, educação voltada para o reconhecimento de um relacionamento saudável,
sendo importante, portanto, que a violência contra a mulher seja abordada com
seriedade, oferecendo apoio às vítimas e responsabilizando os agressores, criando-
se, assim, comunidades mais seguras e livres de violência.
A lei Maria da Penha tem estimulado a discussão sobre o tema da violência contra as
mulheres na mídia, encorajando-as a lutar com determinação. Embora a lei por si só
não seja a solução definitiva, ela auxilia na autonomia das mulheres, permitindo que
elas se libertem e denunciem seus agressores, eliminando a violência e a
discriminação presente na sociedade.
Entende-se por violência moral qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou
injúria, como, por exemplo: acusações, expor a vida intima, desvalorizar a vítima pelo
seu modo de se vestir, expor imagens intimas sem autorização, entre outros.
Durante a triagem, a AME ouve e entende o drama que aquelas mulheres estão
vivendo, para a partir deste momento encaminha-las aos profissionais competentes,
que, de forma voluntária, trabalham na associação, seguindo o atendimento com
advogados, psicólogos, assistentes sociais, entre outros, sempre sendo tratada com
carinho e dedicação de forma humanizada, tentando diminuir as marcas dos traumas
sofrido. A atuação da AME é voltada para evitar mais revitimização, ou seja, que a
vítima não seja obrigada a reviver a violência em cada passo do processo de
denúncia, como acontece em função do próprio sistema judiciário e da persecução
penal a partir do momento em que a queixa contra o agressor é registrada.
Nesse caso, ouvir o que a vítima tem a dizer e respeitar suas vontades são valores
fundamentais no enfrentamento do trauma, que geralmente envolve o rompimento de
um relacionamento, família, filhos, situação socioeconômica, pontos que possuem
peso emocional para quem sofre a violência doméstica.
É preciso considerar que essas mulheres estão envolvidas com planos e projetos de
vida que não deu certo; logo é neste momento que necessitam de um olhar mais
direcionado para a solução deste conflito. Destarte, a AME atua de forma imparcial,
fornecendo o acolhimento necessário para que essas mulheres sigam sua vida com
mais segurança, tratando seu emocional e auxiliando na sobrevivência financeira
dessas mulheres. Esse entendimento deveria estar presente no poder judiciário e na
segurança pública, já que é previsto e assegurado pela nossa legislação.
A Lei Maria da Penha foi criada para contemplar vítimas de violência doméstica e
buscar o reconhecimento da importância de um sistema que atue de forma que a
mulher seja a protagonista, e seus cuidados e vontades sejam considerados
prioridades. Por esta razão é que a associação de mulheres vítimas de violência -
AME, auxilia o Estado de Alagoas, cuidando das mulheres que sofrem violência por
parte de seus cônjuges ou familiares, desafogando assim o Estado e fornecendo
atendimento qualificados para cada mulher.
Por mês, a AME tem uma total de 120 atendimentos na área de psicologia e 90 na
área jurídica. É importante frisar que o aumento no número de casos de violência
doméstica também indica que o número de mulheres que denunciam vem
aumentando cada dia mais. Diante disto, percebemos que a vítima tem ficado cada
vez mais consciente e segura em denunciar seu agressor.
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Informações colhidas através do e-mail: @associacaoame.ong.br.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
atenção, pois as políticas públicas criadas pelo Estado ainda são insuficientes para
diminuir os casos de violência doméstica.
REFERÊNCIAS
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doméstica e familiar contra a mulher. Boletim IBCCRIM, São Paulo, 2018.
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 24
nov. 2023.
CAMPOS, Carmem Hein de Campos. Lei Maria da Penha: Necessidade de um novo giro
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CARAVANTES, Lily. Violência intrafamiliar em la reforma del sector salud. In: COSTA,
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Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica.
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